LIVRO UNICO ergonomia - Ergonomia (2024)

ESTÁCIO

Luana Jocosk 25/10/2024

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<p>K</p><p>LS</p><p>ERG</p><p>O</p><p>N</p><p>O</p><p>M</p><p>IA</p><p>E D</p><p>ESEN</p><p>H</p><p>O</p><p>D</p><p>E M</p><p>Ó</p><p>V</p><p>EIS</p><p>Ergonomia e</p><p>desenho de</p><p>móveis</p><p>Viviane Mantovani Aiex</p><p>Flávio Augusto Carraro</p><p>Ergonomia e desenho de</p><p>móveis</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)</p><p>Aiex, Viviane Mantovani</p><p>ISBN 978-85-522-0000-0</p><p>1. Mobiliário – Desenho. 2. Ergonomia. I. Carraro, Flávio</p><p>Augusto. II. Título.</p><p>CDD 749</p><p>Aiex, Flávio Augusto Carraro. – Londrina : Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A.,</p><p>2017.</p><p>256 p.</p><p>A288e Ergonomia e desenho de móveis / Viviane Mantovani</p><p>© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer</p><p>modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo</p><p>de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e</p><p>Distribuidora Educacional S.A.</p><p>Presidente</p><p>Rodrigo Galindo</p><p>Vice-Presidente Acadêmico de Graduação</p><p>Mário Ghio Júnior</p><p>Conselho Acadêmico</p><p>Alberto S. Santana</p><p>Ana Lucia Jankovic Barduchi</p><p>Camila Cardoso Rotella</p><p>Cristiane Lisandra Danna</p><p>Danielly Nunes Andrade Noé</p><p>Emanuel Santana</p><p>Grasiele Aparecida Lourenço</p><p>Lidiane Cristina Vivaldini Olo</p><p>Paulo Heraldo Costa do Valle</p><p>Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro</p><p>Revisão Técnica</p><p>Andre Luis Orthey</p><p>Carolina Belei Saldanha</p><p>Flávio Augusto Carraro</p><p>Viviane Mantovani Aiex</p><p>Editorial</p><p>Adilson Braga Fontes</p><p>André Augusto de Andrade Ramos</p><p>Cristiane Lisandra Danna</p><p>Diogo Ribeiro Garcia</p><p>Emanuel Santana</p><p>Erick Silva Griep</p><p>Lidiane Cristina Vivaldini Olo</p><p>2017</p><p>Editora e Distribuidora Educacional S.A.</p><p>Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza</p><p>CEP: 86041-100 — Londrina — PR</p><p>e-mail: editora.educacional@kroton.com.br</p><p>Homepage: http://www.kroton.com.br/</p><p>Unidade 1 | Estilos históricos do mobiliário</p><p>Seção 1.1 - Mobiliário na antiguidade</p><p>Seção 1.2 - Mobiliário medieval e renascentista</p><p>Seção 1.3 - Mobiliário barroco</p><p>Seção 1.4 - Mobiliário neoclássico e protomoderno</p><p>7</p><p>9</p><p>24</p><p>38</p><p>52</p><p>Sumário</p><p>Unidade 2 | Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Seção 2.1 - Mobiliário de vanguarda</p><p>Seção 2.2 - Estilo internacional</p><p>Seção 2.3 - Designers de móveis brasileiros do século XX</p><p>Seção 2.4 - Desenvolvimento projetual de mobiliário</p><p>67</p><p>69</p><p>84</p><p>98</p><p>114</p><p>Unidade 3 | Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis</p><p>residencial</p><p>Seção 3.1 - Ergonomia e antropometria e o desenvolvimento de</p><p>mobiliário</p><p>Seção 3.2 - Metodologia de projeto para mobiliário residencial</p><p>Seção 3.3 - Processo criativo e desenvolvimento de projeto de mobiliário</p><p>residencial</p><p>Seção 3.4 - Materiais e processos para produção de mobiliário residencial</p><p>133</p><p>135</p><p>149</p><p>163</p><p>178</p><p>Unidade 4 | Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis</p><p>comerciais</p><p>Seção 4.1 - Metodologia de projeto para mobiliário comercial</p><p>Seção 4.2 - Processo criativo e desenvolvimento de projeto de mobiliário</p><p>comercial</p><p>Seção 4.3 - Materiais e processos para produção de mobiliário comercial</p><p>Seção 4.4 - Produtos do processo metodológico de desenvolvimento de</p><p>projeto residencial e comercial</p><p>195</p><p>197</p><p>211</p><p>223</p><p>236</p><p>Palavras do autor</p><p>Caro aluno, seja bem-vindo a este novo estudo.</p><p>Este conteúdo foi elaborado com o intuito de apresentar a</p><p>Ergonomia e Desenho de Móveis, seus principais períodos e</p><p>suas principais características. No mercado atual é necessário</p><p>conhecer a evolução dos mobiliários, suas alterações e premissas,</p><p>para estar à frente no campo de trabalho. Estudaremos temas</p><p>importantes que fizeram parte da história do mundo e poderemos</p><p>vinculá-los ao momento atual. Este material foi desenvolvido com</p><p>a intenção de ajudá-lo a desenvolver um perfil criativo, reflexivo</p><p>e crítico, com capacidade para verificar os problemas e propor</p><p>soluções em projeto de móveis. Você conhecerá o panorama</p><p>histórico sobre os estilos e a produção de mobiliário nacional e</p><p>internacional. Confira o que estudaremos neste livro: na primeira</p><p>unidade, você verá conteúdos desde o mobiliário na antiguidade</p><p>até o mobiliário neoclássico e protomoderno, verificará os</p><p>principais estilos e características que nortearam esses períodos.</p><p>Na segunda unidade, serão vistos os seguintes temas: mobiliário</p><p>de vanguarda e as tendências para o desenvolvimento projetual de</p><p>mobiliário. Então, você perceberá o legado histórico do mobiliário</p><p>e da arte em geral, como os estilos pertencentes aos diferentes</p><p>períodos influenciaram nossas vidas, e em que interferiram em</p><p>nosso cotidiano e continuam servindo de inspiração para novas</p><p>ideias e propostas no mobiliário. Na terceira unidade, serão vistos</p><p>itens referentes à projetação de produtos ergonômicos alusivos</p><p>ao mobiliário, assim como assuntos pertinentes à produção,</p><p>materiais, funcionalidade e modularidade. Para tanto, métodos,</p><p>ferramentas e estratégias de suporte ao processo criativo serão</p><p>abordados para que se consiga avaliar da concepção à definição de</p><p>material e obter resultados satisfatórios incorporando requisitos do</p><p>cliente. Será dada certa ênfase em design de mobiliário residencial.</p><p>Na quarta unidade, a proposta será evoluir seus conhecimentos</p><p>obtidos em metodologia de projeto e ergonomia para projeto de</p><p>design de mobiliário comercial. Convidamos você, caro aluno,</p><p>a se entusiasmar neste caminho de inovações, descobertas e</p><p>ponderações, em direção a uma imensidão de informações e</p><p>conhecimentos. Muito bem-vindo a disciplina de Ergonomia e</p><p>Desenho de Móveis!</p><p>Bons estudos!</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 7</p><p>Unidade 1</p><p>Estilos históricos do</p><p>mobiliário</p><p>É interessante observarmos como foi a evolução do</p><p>homem no decorrer dos séculos. A partir do momento que</p><p>deixou de ser nômade, passando a uma habitação fixa, instala-</p><p>se o marco histórico do início do mobiliário. Sendo assim,</p><p>caro aluno, é pertinente verificar ao longo dos tempos os</p><p>processos de fabricação, os materiais, os estilos, entre outros</p><p>fatores que marcaram os diferentes momentos do mobiliário,</p><p>desde os tempos mais remotos. Teremos uma introdução</p><p>sobre a evolução histórica do mobiliário e os principais</p><p>aspectos que nortearam cada período e influenciaram suas</p><p>formas, estética e todo cenário participante.</p><p>Agora, vamos conhecer Júlio, comerciante que mora</p><p>em São Paulo e é responsável por um “bar temático” com</p><p>um aspecto antigo. A ideia dele é criar um local peculiar,</p><p>diferenciado e que atenda aos diferentes estilos e gostos dos</p><p>seus clientes. Como proposta inicial, ele gostaria de conhecer</p><p>as características e estilos históricos do mobiliário.</p><p>Como Júlio quer algo bastante específico, terá que</p><p>contratar alguns profissionais da área da arquitetura e de</p><p>design de interiores para projetar os móveis com um novo</p><p>conceito, e estilo que se adeque ao que ele deseja em seu</p><p>bar temático. Várias reformas serão iniciadas para construção</p><p>da bancada, iluminação e o desenho dos móveis, como</p><p>mesa, cadeira, entre outros. Você foi o designer de interiores</p><p>selecionado para ajudar nessa empreitada!</p><p>Para apresentar suas propostas a Júlio, você deverá</p><p>explorar o período na antiguidade e seus principais estilos,</p><p>Convite ao estudo</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário8</p><p>e, para sua tarefa projetual você terá que definir: quais foram</p><p>esses estilos? Quais suas características marcantes? Como</p><p>propor uma mesa e cadeira inspiradas nesses temas e que</p><p>possam ser adotadas no bar? Qual o estilo mais indicado</p><p>para criar e projetar uma mesa e cadeira? Quais aspectos</p><p>devem ser analisados na escolha dos mobiliários? Qual a</p><p>importância da escolha dos mobiliários considerando o estilo</p><p>que o cliente quer adotar no restaurante? Como saber se a</p><p>ergonomia será atendida?</p><p>Nesta unidade você aprenderá as características de</p><p>diversos estilos, como o mobiliário na antiguidade, nos</p><p>períodos medieval e renascentista, além do mobiliário barroco</p><p>e o neoclássico e protomoderno, e suas contribuições para a</p><p>ergonomia e desenho de móveis.</p><p>Acesso em: 27 jul. 2016.</p><p>Figura 1.17 | Sofá estilo Luís XVI</p><p>Sem medo de errar</p><p>Caro aluno, como designer, você deverá adotar algumas atitudes,</p><p>como ser capaz de expor os estilos que possam ser efetivamente</p><p>explorados e que possibilitem resultados que fortaleçam a relação</p><p>do estabelecimento com o cliente. Sendo assim, por exemplo, na</p><p>situação-problema proposta, você poderia escolher o estilo rococó</p><p>ou Luís XV, que possuem características que se enquadrariam</p><p>perfeitamente no bar temático de Júlio.</p><p>É importante que sejam exploradas as formas curvas e</p><p>contracurvas, pela sinuosidade e ondulações das linhas, pois ambos</p><p>os estilos trabalham com essas qualidades. O rococó, por exemplo,</p><p>não utiliza linhas retas. Além disso, poderão ser utilizados móveis</p><p>como mesas, poltronas e banquetas para fazer parte do conjunto.</p><p>Pode-se optar pelas formas curvas, suaves, os materiais (madeira</p><p>natural ou pintada na cor dourada), entalhes de desenhos nas</p><p>madeiras, feitos em mármore, bronze ou madrepérola e, para</p><p>acabamento, pode-se usar laca ou verniz.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário48</p><p>Furniture - Mobiliário de antiquário</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>A Furniture - Mobiliário de antiquário é uma loja comercial</p><p>com 25 anos de mercado que comercializa móveis nos mais</p><p>diferentes estilos, como: mesas, estantes, camas, sofás, consoles,</p><p>entre outros acessórios e enfeites. Além disso, a Furniture também</p><p>realiza restaurações e construções de réplicas, prestando serviços a</p><p>entidades públicas e particulares. Como sua atuação vem fazendo</p><p>sucesso no mercado, ela deseja expandir seu negócio, abrindo</p><p>uma loja somente de construção de réplicas.</p><p>Sendo assim, o Grupo Furniture está em busca de profissionais</p><p>que posam auxiliá-los nesse novo empreendimento, favorecendo</p><p>mudanças no modo de expor e catalogar os produtos na loja.</p><p>Você foi convidado a auxiliá-los! Necessitará conhecer o grupo</p><p>pessoalmente e ver de perto a comercialização de seus objetos.</p><p>Como você poderá auxiliá-los de forma adequada na catalogação</p><p>e organização dos móveis, enfeites e acessórios? Como fazer essa</p><p>No mosaico, as imagens exploradas deverão estar relacionadas</p><p>aos elementos da fauna e flora, pois trabalhava-se com elementos</p><p>da natureza, como desenho de flores ou de animais.</p><p>Em geral, os mobiliários que farão parte do conjunto são as</p><p>cadeiras, poltronas e sofás que tinham encosto e assento forrado</p><p>de seda com emprego de flores ou folhas que repetiam o mesmo</p><p>motivo dos outros móveis.</p><p>Atenção</p><p>Lembre-se dos estilos mais marcantes e que você possa explorar mais.</p><p>Procure definir os estilos que serão utilizados, pois, assim, precisará</p><p>conhecer um pouco mais sobre sua história e predominância, como</p><p>os hábitos, as cores, formas, materiais empregados, entre outros</p><p>fatores pertinentes e que serão responsáveis pelo sucesso do bar de</p><p>Júlio. Conforme abordado no “Diálogo Aberto”, no início desta seção,</p><p>você precisará entregar uma pesquisa final com suas avaliações e</p><p>opiniões acerca da decoração de interiores do restaurante, levando</p><p>em consideração os itens citados anteriormente.</p><p>Avançando na prática</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 49</p><p>catalogação e a exposição dos produtos na loja? Que fatores serão</p><p>pertinentes para execução dessa tarefa? Como ter controle dos</p><p>materiais? Como proceder para melhor organização dos produtos?</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Para resolução desse problema, primeiramente, devemos saber</p><p>quantos e quais materiais farão parte da nova loja. Após essas</p><p>tarefas, é necessário fazer uma visita ao local onde serão vendidos</p><p>os produtos. Com isto, pode-se verificar o tamanho do espaço e a</p><p>possibilidade de setorizar o ambiente conforme os estilos de cada</p><p>produto. Também é importante direcionar a exposição desses</p><p>produtos para uma unidade formal estruturada, onde há uma</p><p>ordenação dos móveis conforme os estilos, e organizar de modo</p><p>atraente e coerente para um bom atendimento aos clientes. Isso</p><p>pode ser feito conforme a evolução dos períodos e seus estilos,</p><p>por ano ou por setorização do ambiente.</p><p>É importante montar um esquema organizativo que facilite</p><p>a manutenção dos móveis com fichas, formulários ou etiquetas</p><p>que podem ajudá-lo a fazer essa seleção de modo coerente e</p><p>assertivo. Também esteja atento à sensibilidade dos materiais</p><p>quanto à quebra ou iluminação. Dessa forma, você adquirirá uma</p><p>boa base e fundamentos imperativos que o ajudarão a escolher os</p><p>elementos e componentes corretos para o sucesso de vendas dos</p><p>produtos na loja.</p><p>Lembre-se</p><p>Aplique uma metodologia que possa seguir e o ajudar na organização</p><p>dos objetos e mobiliários. A catalogação pode ser feita pela</p><p>designação do material, título principal ou outras informações que</p><p>sejam relevantes, como descrição física do produto ou período. Então,</p><p>pesquisar maneiras diferentes que possam facilitar sua organização</p><p>será de grande importância para você!</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário50</p><p>Faça você mesmo</p><p>Que tal, neste momento, você pesquisar materiais de seis</p><p>estilos diferentes e estruturá-los em uma tabela, em três partes?</p><p>Primeiramente, você pode fazer uma coluna com as fotos dos</p><p>objetos, uma segunda coluna para falar a que período pertencem e,</p><p>na terceira coluna, falar sobre os materiais utilizados, a concepção do</p><p>produto, entre outros elementos que podem ser abordados, como</p><p>fabricação ou inspiração.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. O estilo Luís XVI provém da mistura de outros, conjuga nas suas peças</p><p>muitos elementos opostos, com um visual marcante e próprio.</p><p>Referente ao mobiliário do estilo Luís XVI, suas principais características</p><p>foram:</p><p>a) Luxo, opulência, colagens, cor dourada.</p><p>b) Status, exagero, adesivos, coloridos.</p><p>c) Formas curvilíneas, desenhos abstratos, cor verde.</p><p>d) Arabescos, simplicidade, reservado, austero.</p><p>e) Superfícies em alto e baixo relevo, formas curvas, abstratas.</p><p>2. Para Castenoul (1999), o estilo Luís XVI foi um retorno ao estilo antigo,</p><p>porém visto com um novo olhar: voltado para as ruínas de Herculano e</p><p>de Pompéia, revelação da arte grega, após viagem de estudos, realizada</p><p>por um grupo de artistas, pela Grécia e Ásia Menor.</p><p>Sendo assim, qual estilo de decoração ficou marcado no Luís XVI?</p><p>a) Abstrata.</p><p>b) Psicodélica.</p><p>c) Forte.</p><p>d) Marmorizada.</p><p>e) Neutra.</p><p>3. Segundo Battistoni (1987, p. 74), “ao barroco, como estilo artístico</p><p>vinculam-se diretamente acontecimentos , ,</p><p>e de grande importância para a história da humanidade”.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta os corretos complementos da</p><p>afirmação apresentada.</p><p>a) Emotivos, festivos, sociais e esportivos.</p><p>b) Históricos, religiosos, econômicos e sociais.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 51</p><p>c) Românticos, esportivos, religiosos e contra sociais.</p><p>d) Medievos, escravistas, emotivos e festivos.</p><p>e) Iluministas, cívicos, pacíficos e nutricionais.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário52</p><p>Seção 1.4</p><p>Mobiliário neoclássico e protomoderno</p><p>Caro aluno, vamos dar continuidade ao nosso trabalho da</p><p>disciplina de Ergonomia e Desenho de Móveis. É importante</p><p>observarmos o que fazia parte do Período Neoclássico (o estilo</p><p>diretório, império, restauração, Adam: Hepplewhytw, Sherato e</p><p>Regency, gustaviano e Biedermeier) e do Período Protomoderno</p><p>(o estilo art nouveau e art déco). No entanto, abordaremos nesta</p><p>seção somente os estilos que mais se destacaram: império,</p><p>restauração; art nouveau e art déco, respectivamente.</p><p>O trabalho que você realizou como designer na Seção 1.3</p><p>propiciou uma visão mais abrangente da profissão e maiores</p><p>conhecimentos sobre os estilos dos mobiliários no decorrer de</p><p>cada período estudado. Para iniciar esta quarta etapa, você precisa</p><p>finalizar seu trabalho no bar temático de Júlio. Nessa etapa final, o</p><p>desafio apresentado a você é terminar de elaborar os ambientes e,</p><p>agora, está faltando criar uma bancada, inspirada em um estilo do</p><p>mobiliário na antiguidade.</p><p>Lembre-se que Júlio deseja para este último trabalho um estilo</p><p>diferenciado, algo desafiador. Fundamentando-se no período</p><p>da antiguidade, qual estilo você poderá propor agora? Como</p><p>justificar a escolha desse estilo? Quais características poderão</p><p>ser empregadas? Além disso, como você, designer responsável</p><p>pelo desenvolvimento do trabalho, poderia fazer isso? Será que é</p><p>viável? Está de acordo com o público-alvo, jovens e adultos? Quais</p><p>materiais seriam ideais?</p><p>Já vimos muitos períodos, então, já possuímos conhecimento</p><p>suficiente do que poderemos fazer e quais materiais utilizar. No</p><p>entanto, você será o responsável por esse novo projeto, terá de</p><p>pesquisar outros estilos do mobiliário. Aproveite que esta última</p><p>seção proporcionará conhecimento de novos parâmetros que</p><p>poderão direcioná-lo na sua empreitada.</p><p>Diálogo aberto</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 53</p><p>Esta seção relata vários aspectos referentes à perfeição,</p><p>exatidão das técnicas, diferentes formas e materiais. Perceba que</p><p>você já possui algumas diretrizes, então pense em criar algo que</p><p>se destaque esteticamente, mas que seja simples e sólido, que seja</p><p>fácil de limpar e possua ergonomia.</p><p>Bons estudos!</p><p>Não pode faltar</p><p>Período Neoclássico</p><p>O Neoclassicismo surgiu em Roma, em 1750, com dois alemães,</p><p>Mengs e Winckelmann. Segundo Venturi (1984), esse período foi</p><p>único. Dizia-se que o sentimento precisava se espiritualizar, e até</p><p>mesmo moralizar a arte.</p><p>Segundo Castenoul (1999, p. 141):</p><p>Em termos de arte, a primeira metade do século XIX</p><p>caracterizou-se pela dicotomia entre duas correntes</p><p>antagônicas: o Neoclassicismo, que tinha por</p><p>fundamento a imitação das formas do classicismo greco-</p><p>romano, a exemplo do que ocorrera na Renascença; e</p><p>o Romantismo, que se caracterizou pelo emprego de</p><p>referências medievais e barrocas.</p><p>O neoclassicismo foi uma nostalgia da Antiguidade Clássica</p><p>(Grécia e Roma antigas). Havia grande admiração pela moral e</p><p>estética e ocorreu em decorrência do exagero de elementos vistos</p><p>no barroco e no rococó (excessos, peso, futilidade estética, falta</p><p>de decoro, irregularidades). Esse novo estilo estava conectado</p><p>à decadência da religião e à evolução dos ideais do Iluminismo,</p><p>que tinham por fundamentação o racionalismo, eram contra as</p><p>superstições e às leis impostas pela religião. Buscavam o crescimento</p><p>pessoal e social, através de uma moldura ética.</p><p>Para Battistoni (1987, p. 88), o período “Neoclássico</p><p>caracterizou-se pelo excesso de convencionalismo”. Suas principais</p><p>características foram: formalismo e racionalismo, estilo greco-</p><p>romano, academicismo, perfeição das técnicas utilizadas, precisão</p><p>nos contornos e sensação do desenho predominar sobre a cor,</p><p>algo mais sóbrio.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário54</p><p>De acordo com Proença (2001, p. 122), a tendência do</p><p>neoclássico foi de os artistas imitarem com perfeição o que os</p><p>gregos e renascentistas italianos haviam criado. E, para isso, era</p><p>necessário um cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções</p><p>da arte clássica. Já o Romantismo marcou pela oposição ao rigor</p><p>clássico. Fazendo apologia à natureza, ao sentimentalismo e ao</p><p>individualismo. Também foi influenciada pelos pensamentos de</p><p>Rousseau e pela ampliação dos meios de comunicação e expressão</p><p>artísticas (exposições, coleções, uso da imprensa, entre outros). Para</p><p>Farthing (2010), o Neoclassicismo não se originou pelos artistas,</p><p>mas deveu-se aos pensadores (filósofos) da época, os porta-vozes</p><p>do Iluminismo na França. Exigiam uma arte voltada para o racional,</p><p>a moral e o intelecto.</p><p>No estilo império, dois arquitetos alemães influenciaram</p><p>bastante: Percier e Fontaine, nomeados por Napoleão Bonaparte e</p><p>especialistas nas artes inspiradas na antiguidade. Eles decoraram salas</p><p>do Louvre com lareiras espetaculares, copiadas do Renascimento.</p><p>Sempre buscando um efeito grandioso em suas obras.</p><p>Observa-se que a utilização de elementos da natureza é muito</p><p>pouco usada, rara, nos ornamentos decorativos e, quando o são,</p><p>possuem características vindas da arte greco-romana e do estilo</p><p>pompeano. Na Figura 1.18, a seguir, é possível visualizar a lareira de</p><p>Percier e Fontaine.</p><p>Fonte: http://www.arthermitage.org/Pierre-Charles-Fontaine-Percier/View-of-the-Guard-s-Hall-in-the-</p><p>Old-Louvre.html. Acesso em: 21 jul. 2016.</p><p>Figura 1.18 | Lareira Percier e Fontaine, Louvre/Paris</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 55</p><p>Do estilo greco-romano, são copiados: as gregas (esculturas),</p><p>os óvalos (ornamento arquitetônico em forma de ovo, que serve</p><p>para decorar as molduras e, às vezes, os capitéis), os motivos</p><p>cordiformes (que têm forma de coração), as palmetas (desenho</p><p>estilizado da folha da palmeira), os atributos guerreiros (escudos,</p><p>gládios, elmos), coroas, frisos de guirlandas seguros por crianças,</p><p>as ânforas (vasos). “Do estilo Pompeano, usaram-se as palmetas</p><p>frágeis, cujas asas terminam em volutas, e a cauda, em folhagens</p><p>espiraladas, as cabeças de Górgonas, de Baco” (DUCHER, 1992, p.</p><p>170). Os emblemas de Napoleão são as abelhas, o “N” e a águia.</p><p>No momento em que na arquitetura privada se emprega</p><p>dos modelos anteriores, de vocabulário palladiano (um estilo</p><p>arquitetônico proveniente da obra prática e teórica do arquiteto</p><p>italiano Andrea Palladio (1508-1580), e fachadas uniformes, a</p><p>arquitetura pública passa por uma nova investida, caracterizando-</p><p>se pelas grandes proporções, pela nudez, pela geometria das</p><p>superfícies e pela uniformidade dos ritmos muitas vezes repetitivos</p><p>nas fachadas. Também surgem os chafarizes, com temas alegóricos,</p><p>egípcios e exóticos.</p><p>Assimile</p><p>Verifique que, no estilo império, vigorou maior rigidez das linhas,</p><p>simetria e unificação dos temas, com grande repetitividade, tanto</p><p>externa quanto internamente na decoração dos ambientes. Veja a</p><p>cômoda na Figura 1.19.</p><p>Fonte: Ducher (1992).</p><p>Figura 1.19 | Cômoda estilo império</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário56</p><p>Ducher (1992) relata que os primeiros móveis tinham um caráter</p><p>impessoal, a escultura era rara. Introduziram a psichê (espelho móvel</p><p>e inclinável numa armação fixa), que podia ter formas quadradas ou</p><p>ovais. Também existiam as psichês portáteis de gavetas.</p><p>Para Castenoul (1999), o mogno era a madeira mais utilizada.</p><p>As cadeiras tinham pernas retas e encosto e assento forrados com</p><p>tecidos esplendidamente trabalhados.</p><p>Já as mesas possuíam a forma redonda com tampo geralmente</p><p>em mármore e a base formada por três pés. As camas eram menores</p><p>e tinham a forma de bote, com as duas extremidades na mesma</p><p>altura. As poltronas e os sofás transmitiam mais suntuosidade do que</p><p>conforto: suas linhas eram muito rebuscadas. Surgem dois móveis</p><p>novos: o méridienne (conhecido como chaise longue, que possui</p><p>lados desiguais e braços decorados com volutas), e o recamier</p><p>(espécie de sofá sem encosto e sem braço). As Figuras 1.20 e 1.21</p><p>mostram os estilos méridienne e recamier, respectivamente.</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:WLA_ima_mahogany_sofa.jpg. Acesso em: 16 ago. 2016.</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Madame_R%C3%A9camier_-_Jacques-Louis_David.jpg .</p><p>Acesso em: 16 ago. 2016.</p><p>Figura 1.20 | Sofá méridienne, no Museu de arte de Indianápolis, nos Estados</p><p>Unidos</p><p>Figura 1.21 | Sofá recamier</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 57</p><p>O estilo restauração teve preocupação com o conforto e</p><p>bem-estar da ascensão da burguesia ao poder. De acordo com</p><p>Ducher (1992), usou-se mais formas graciosas, redondas e abertas.</p><p>Eram muito usadas as madeiras claras: limoeiro, avezinho e</p><p>sicômoro. Substituíram os apliques de bronze dourado por simples</p><p>incrustações de madeiras escuras, como acaju e jacarandá.</p><p>Para Castenoul (1999, p. 150), “palmetas, ramos, rosetas, flores</p><p>e guirlandas inspiravam-se agora na Antiguidade, mas estavam</p><p>marcadas por uma graça quase feminina”. Cresceram o número</p><p>de modelos, principalmente no estilo dos móveis pequenos. Os</p><p>assentos tinham geralmente encostos confortáveis, sendo que as</p><p>cadeiras apresentavam um rebaixo modelado denominado main</p><p>de prise, que facilitava o transporte; as cômodas</p><p>possuíam gavetas</p><p>ocultas por portas decoradas. A seguir, a Figura 1.22 mostra vários</p><p>exemplos desse estilo.</p><p>O estilo restauração foi marcado por um gosto delicado,</p><p>explorando flores e folhagens reunidas em buquês, em guirlandas,</p><p>arabescos, na roseta, nos móveis e nos bibelôs.</p><p>Fonte: Ducher (1992).</p><p>Figura 1.22 | Modelos do estilo restauração</p><p>Reflita</p><p>Observe agora ao seu redor se existe algum móvel ou objeto com</p><p>características do Período Neoclássico, relate suas diferentes formas, cores,</p><p>materiais e, se puder, fotografe-os para fazer parte de seus conteúdos.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário58</p><p>Período Protomoderno</p><p>A primeira iniciativa criativa surgiu na Inglaterra, com o arquiteto</p><p>William Morris (1834-1896), o qual impulsionou, com base no</p><p>artesanato medieval e seus processos de criação, o Movimento</p><p>Arts & Crafts. Situado entre 1880 e 1890, o movimento constituiu-</p><p>se da ação de um grupo de artesãos que visava uma renovação do</p><p>artesanato, em menosprezo às artes industriais.</p><p>O estilo art nouveau, segundo Tambini (1997), por volta de</p><p>1900, já havia se consolidado, tendo nascido do Artes e Ofícios e</p><p>do movimento estético do século XIX. Estavam dispostos a aceitar</p><p>a utilização de novos materiais e a produção em massa. Possuía</p><p>um estilo fluido, orgânico, muito fácil de detectar, sendo sua</p><p>característica principal a curva em forma de correia de chicote.</p><p>O auge desse movimento foi marcado na Exposição Universal</p><p>de Paris, em 1900. Segundo Ducher (1992), esse movimento</p><p>europeu possuía aspectos como a linha “chicotada”, transmitindo</p><p>vida, dinamismo, inspirando-se estreitamente no naturalismo. Vasto</p><p>emprego de temas florais, botões de flores, formas orgânicas</p><p>(inspiradas pela natureza, principalmente a vegetal), ondulações,</p><p>caules, lírio, orquídea, crisântemo etc.</p><p>Também explorou temas da fauna, nenúfares, libélulas, rãs,</p><p>borboletas; o simbolismo e marchetarias escritas (obra realizada por</p><p>vários pedaços de madeiras preciosas, de marfim, de metal e de</p><p>cores variadas, que se unem em uma peça de madeira, exibindo à</p><p>vista um desenho, um mosaico ou uma escrita). Os motivos florais e</p><p>animais muitas vezes foram associados à mulher. Usou-se também</p><p>desenhos abstratos, criações vindas através das formas orgânicas,</p><p>adquirindo modelos torcidos e ondulações que submeteram</p><p>o material como o ferro, ferro fundido, vidro e pedra aos mais</p><p>diferentes objetos.</p><p>Para Proença (2001, p. 137), “a produção do Art Nouveau envolveu</p><p>principalmente os objetos ornamentais e a arquitetura”. Detentores</p><p>de linhas sinuosas, inspiradas na fauna e flora, seu principal legado foi</p><p>criar uma verdadeira unidade das artes. Tudo possuía uma mesma</p><p>tendência criativa, os móveis, o edifício, objetos, entre outros. A</p><p>Figura 1.23 mostra uma sala de jantar completa e o emprego do</p><p>estilo art nouveau, nos menores detalhes, em todos os mobiliários.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 59</p><p>Fonte: Wikimedia</p><p>Figura 1.23 | Espaço com móveis estilo art nouveau, no Museu de l'École de Nancy</p><p>Farthing (2010) relata que esse estilo gerou imensa popularidade</p><p>por toda a Europa e nos Estados Unidos, influenciando todas as</p><p>artes, desde a pintura, arquitetura, quanto ao design gráfico e de</p><p>produtos. No interior dos ambientes usou-se muito a madeira</p><p>como: cornijas, molduras de lareiras, tetos, tremós (aparador com</p><p>espelho alto) e lambris (revestimento de parede feito de faixas de</p><p>madeira, mármore ou estuque). No mobiliário foram usados cadeira</p><p>e mesa, mesinha, móvel de canto, vitrina de bibelô, tudo inspirado</p><p>na fauna e na flora.</p><p>O estilo art déco surgiu por volta de 1920-1929. De acordo com</p><p>Tambini (1997), foi inspirado pela arte não-ocidental, como as da</p><p>África e do Egito. Considera-se que a art déco não tenha sido um</p><p>movimento de design, mas o compartilhamento de um enfoque</p><p>estilístico. Possuía as seguintes características: formas geométricas,</p><p>padrões abstratos de ziguezagues, asnas (espécie de armação de</p><p>madeira ou de ferro, de forma triangular, sobre a qual se assenta o</p><p>telhado), cores brilhantes e uso do bronze, marfim e ébano.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário60</p><p>É interessante observar que a art déco não foi utilizada somente</p><p>pelos ricos, já que materiais baratos como baquelite (resina</p><p>sintética, quimicamente estável e resistente ao calor), concreto</p><p>armado, compensado de madeira e aço tubular eram flexíveis e</p><p>populares, possibilitando que o desenvolvimento da produção em</p><p>série contribuísse para diminuir o preço individual de cada produto.</p><p>Exploraram uso de vidro na arquitetura, com formas geométricas,</p><p>marcando o estilo desse movimento.</p><p>Para Ducher (1992), os elementos de decoração como flores e</p><p>frutos continuaram a ser usados, mas agora sob influência cubista</p><p>e de forma estilizada. Elementos da antiguidade também são</p><p>utilizados, por meio de figuras mitológicas, suas liteiras, suportes de</p><p>mesa em forma de animais.</p><p>Verifica-se que na produção dos objetos realizada industrialmente</p><p>também existem peças feitas de modo artesanal, porém em número</p><p>limitado de cópias. Diferente do design surgido pela Bauhaus, na</p><p>art déco não há predileção pela funcionalidade, podendo ser vista</p><p>como uma tentativa de modernizar o estilo art nouveau.</p><p>No mobiliário introduziu a camiseira e penteadeira, com</p><p>alto acabamento e luxo, possuíam linhas elegantes,</p><p>pés afunilados de cantos facetados ou canelados, com</p><p>materiais devidamente escolhidos; madeiras de cores</p><p>quentes, filetes de marfim lineares ou em losango, pele</p><p>de raia e de tubarão tratada. (DUCHER, 1992, p. 216)</p><p>Exemplificando</p><p>Escadaria circular estilo art déco e relevos da Câmara Municipal de</p><p>Burbank, na Califórnia (EUA), construída em 1943.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 61</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:City_Hall_Rotunda2.jpg. Acesso em: 21 jul. 2016.</p><p>Figura 1.24 | Câmara Municipal de Burbank</p><p>Sem medo de errar</p><p>Caro aluno, para criação da bancada do bar de Júlio, é</p><p>importante fazer uma pesquisa com fundamentação teórica e</p><p>literária de vários períodos do mobiliário, no entanto também é</p><p>necessário escolher um estilo que deve estar de acordo com o</p><p>público-alvo para quem será projetado. Você deverá argumentar</p><p>qual melhor estilo servirá ao ambiente e que poderá propiciar</p><p>maiores chances de sucesso perante seu público.</p><p>Dessa forma, primeiramente convém conhecer o espaço do</p><p>bar temático, talvez escolher estilos mais conhecidos, como o art</p><p>nouveau ou déco, para explorar, pois possuem características bem</p><p>marcantes e que favorecem a criatividade. Pode-se trabalhar com</p><p>tampo em mármore, utilizar texturas e formas pertencentes ao</p><p>estilo que se empregará. Também se pode usar combinação de</p><p>diferentes materiais, enriquecendo o seu projeto.</p><p>Atenção</p><p>Muitas vezes, alguns períodos nos chamam a atenção por sua</p><p>exuberância, luxo e popularidade. No entanto, pedimos que avalie</p><p>cuidadosamente cada estilo e perceba os detalhes que possam</p><p>favorecer maiores chances de emprego, seja nos móveis, nos</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário62</p><p>acessórios e nos produtos em geral. Pois de nada adianta um estilo</p><p>majestoso e pouco aplicável criativo ou ergonomicamente.</p><p>Jardim móvel para loja comercial</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Estão abrindo uma loja comercial na sua cidade, para o público</p><p>feminino e masculino. Pretendem criar um “jardim móvel” para essa</p><p>loja, onde as pessoas possam apreciar o ambiente, descansar e até</p><p>mesmo ler um livro ou uma revista. Além disso, esse jardim servirá</p><p>para separar as alas masculina e feminina, dando mais privacidade</p><p>aos seus consumidores.</p><p>Contudo, há questionamentos sobre como criar esse espaço de</p><p>forma segura, eficiente e atraente. Assim, você foi convidado para</p><p>integrar uma equipe de profissionais experientes e ajudar a propor</p><p>soluções viáveis e originais para o espaço.</p><p>Sua tarefa será pesquisar tipos de mobiliários que podem ficar em</p><p>ambiente externo, ou seja, que resistam às intempéries. Também foi</p><p>solicitada a criação de mosaicos e ornamentações para</p><p>compor o</p><p>ambiente. Os donos da loja querem um lugar exclusivo e inédito, que</p><p>transmita conforto e paz, e ao mesmo tempo possa servir para atrair</p><p>mais clientes. Dessa maneira, deixaram em aberto a possibilidade de</p><p>usar no projeto os mais diversos materiais, formas e acabamentos.</p><p>Assim, você precisará pesquisar como anda esse setor no</p><p>mercado, quais jardins existentes, os tipos de mobiliários externos,</p><p>entre outros elementos e, com isso, criar um ambiente com</p><p>personalidade e competência.</p><p>Pense qual estilo poderá ser explorado nesse espaço. Quais</p><p>cores e formas podem ser aplicadas? O emprego da ergonomia</p><p>é importante? Quais materiais devem ser usados? Como ter um</p><p>espaço aconchegante? Esses são alguns fatores que podem</p><p>fazer a diferença no momento de escolher os caminhos a serem</p><p>percorridos para o sucesso do projeto.</p><p>Avançando na prática</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 63</p><p>Lembre-se</p><p>Pense que muitos estilos usaram apliques e materiais diversos. Pode-</p><p>se também explorar inúmeras texturas, relevos (altos ou baixos), frisos</p><p>e detalhes que possam fazer a diferença visualmente.</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Primeiramente, você deverá ter conhecimento das</p><p>características de cada estilo e escolher um que lhe possibilite as</p><p>melhores soluções criativas: formais, estruturais e estéticas. Pense</p><p>que material é mais fácil de limpar e conservar, e quais objetos</p><p>ficarão expostos no jardim.</p><p>Sendo assim, preveja que a estrutura esteja coerente e clara,</p><p>pense em escolher um estilo que propicie essas informações,</p><p>como a art déco, que explora bastante o vidro na arquitetura, com</p><p>formas geométricas, marcando o estilo deste movimento. Será que</p><p>podemos incluir um méridienne (chaise longue) ou um recamier</p><p>no ambiente? Verifique como as peças ficarão expostas, de forma</p><p>que possam combinar com diferentes materiais. Se possível, tente</p><p>fazer um rascunho para tentar visualizar o espaçamento dos</p><p>mobiliários e sua posição no ambiente.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Que tal irmos um pouco mais longe nos estudos? Pesquise na</p><p>internet ambientes que possuam “Jardins em espaços internos”.</p><p>Verifique como propuseram as mais diferentes soluções. Faça uma</p><p>pasta com ideias em referência de jardim vertical. Conheça alguns</p><p>modelos nos link:</p><p>http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Paisagismo/</p><p>noticia/2015/12/jardim-vertical-25-ideias-para-montar-o-seu.html</p><p>Acesso 9 nov. 2017.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário64</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. O Neoclassicismo foi um movimento cultural revivalista que se voltou</p><p>para a Antiguidade Clássica. Para Battistoni (1987, p. 88), o período</p><p>“Neoclássico caracterizou-se pelo excesso de ”.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna no texto-base.</p><p>a) Luxo.</p><p>b) Futilidade.</p><p>c) Peso.</p><p>d) Falta de decoro.</p><p>e) Convencionalismo.</p><p>2. Entre as várias características do Período Neoclássico, marque a</p><p>alternativa correta que elenca duas de suas características.</p><p>a) Falta de estética e simetria.</p><p>b) Perfeição das técnicas e precisão dos contornos.</p><p>c) Desapego moral e assimetria.</p><p>d) Desestruturação formal e alegoria visual.</p><p>e) Irracionalismo e religiosidade excessiva.</p><p>3. Para Farthing (2010, p. 260), “o neoclassicismo, não se originou pelos</p><p>artistas, mas sim se deve pelos pensadores (filósofos) da época, os porta-</p><p>vozes do iluminismo na França”.</p><p>O Neoclassicismo surgiu em Roma, em 1750, com dois alemães, Mengs e</p><p>Winckelmann. Segundo Venturi (1984), esse período foi único. Dizia que</p><p>o sentimento precisava se espiritualizar, e até mesmo moralizar a arte.</p><p>Exigiam uma arte que englobasse quais características?</p><p>a) A maioridade, a luxuosidade e a frivolidade.</p><p>b) A redenção, futilidade e o amor.</p><p>c) O racional, a moral e o intelecto.</p><p>d) O informal, o imoral e o irracional.</p><p>e) O sentimentalismo, a futilidade estética e a irregularidade.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 65</p><p>Referências</p><p>ALTET, Xavier Barral I. História da arte. 2. ed. Campinas: Papirus, 1994.</p><p>SUAPESQUISA.COM. Arte Greco-romana. Disponível em: http://www.suapesquisa.</p><p>com/temas/arte_greco_romana.htm. Acesso em: 17 jun. 2016.</p><p>BATTISTONI FILHO, Duílio. Pequena história da arte. 2 ed. Campinas: Papirus,</p><p>1987.</p><p>BRACONS, José. Saber ver a arte gótica. São Paulo: Martins Fontes, 1992.</p><p>CARVALHO, B. A História da Arquitetura. 3 ed. Rio de Janeiro: Tecnoprint/Edições</p><p>de Ouro, 1993.</p><p>CASTENOUL, Antônio. Estilos históricos da decoração e mobiliário. Londrina:</p><p>Unopar, 1999. 214p. Disponível em: http://arquiteturadeinteriores.weebly.com/</p><p>uploads/3/0/2/6/3026071/apos1999_unopar.pdf. Acesso em: 15 jun. 2016.</p><p>______ . História do mobiliário e da decoração. Belo Horizonte: UTFPR, 2007.</p><p>CORREIA, Telma de Barros. Art Déco e indústria – Brasil, décadas de 1930 e 1940.</p><p>Anais Museu Paulista, São Paulo, v. 16, n. 2, jul./dec. 2008. Disponível em: http://</p><p>www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142008000200003.</p><p>Acesso em: 18 jul. 2016.</p><p>MARÍN, Cristina Fernández. Mesopotamia: escultura, pintura y arquitectura. Domus</p><p>Sapientiae, 24 set. 2010. Disponível em: https://domusapientiae.wordpress.</p><p>com/2010/09/24/mesopotamia-escultura-pintura-yarquitectura/. Acesso em: 17</p><p>jun. 2016.</p><p>DUCHER, Robert. Características dos Estilos. São Paulo: Martins Fontes, 1992.</p><p>FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2010.</p><p>GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1998.</p><p>LISE, G. Como Reconhecer a Arte Egípcia. Lisboa: Edições 70, 1986.</p><p>PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Ática, 2001.</p><p>TAMBINI, Michael. O design do século XX. São Paulo: Ática, 1997.</p><p>TRINDADE, Jaelson Bitran. O Império dos Mil Anos e a arte do tempo barroco:</p><p>a águia bicéfala como emblema da Cristandade. Anais do Museu Paulista, São</p><p>Paulo, v. 18, n. 2, p. 11-91, jul./dez. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/</p><p>anaismp/v18n2/v18n2a02.pdf. Acesso em: 6 jul. 2016.</p><p>UNIVERSO DA ARQUITETURA. Arquitetura greco-romana parte 1: características.</p><p>14 dez. 2011. Disponível em: http://universodaarquitetura.blogspot.com.</p><p>br/2011/12/caracteristicas-da-arquiteturagreco.html. Acesso em: 21 jul. 2016.</p><p>VENTURI, Lionello. História da crítica de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1984.</p><p>Unidade 2</p><p>Mobiliário europeu do século</p><p>XX e mobiliário no Brasil</p><p>Prezado aluno, bem-vindo à Unidade 2! Nesta,</p><p>estudaremos elementos mais avançados na História do</p><p>mobiliário, compreendido do final do século XIX até o</p><p>momento atual. Já estudamos, na Unidade 1, o Mobiliário do</p><p>Período da Antiguidade até o Protomoderno, período entre</p><p>os séculos III e meados do século XIX.</p><p>Você conhecerá agora o panorama histórico sobre os</p><p>estilos e a produção de mobiliário nacional e internacional,</p><p>os aspectos metodológicos no desenvolvimento de projetos</p><p>e os parâmetros ergonômicos e antropométricos. E você</p><p>também conhecerá os aspectos históricos de mobiliário.</p><p>O objetivo desta unidade é fazer com que você compreenda</p><p>as dinâmicas didáticas apresentadas referentes à evolução</p><p>histórica do mobiliário e tenha capacidade de analisar e</p><p>identificar cada momento e suas principais características,</p><p>como: a forma, o estilo empregado, as cores, as texturas,</p><p>entre outros elementos significativos e pertinentes.</p><p>Como situação de realidade, temos o seguinte contexto:</p><p>você, como designer de interiores, está com um novo</p><p>desafio: uma escola infantil tem apresentado necessidades</p><p>de adaptação em alguns espaços por conta da falta de</p><p>armários (guarda-volumes), bancos e mesas próprias para as</p><p>crianças, além de bebedouros, lixeiras com identificação para</p><p>recicláveis e não recicláveis e um playgound adequado às</p><p>crianças. Dessa forma, uma equipe de designers e arquitetos</p><p>foi contratada para trabalhar neste projeto, que atenderá às</p><p>necessidades dessa escola e suas problemáticas.</p><p>Convite ao estudo</p><p>Diante disso, que atitudes criativas você utilizaria para</p><p>obter um resultado satisfatório por parte dos alunos? Qual</p><p>o dimensionamento adequado do mobiliário, considerando</p><p>os usuários? Que materiais transmitem</p><p>modernidade e são</p><p>mais resistentes? Que formas são mais adequadas? Quais</p><p>estilos ficariam mais atraentes? Seria interessante empregar o</p><p>estilo Bauhaus? Quais suas principais características criativas</p><p>e construtivas? Quais mobiliários farão parte do conjunto?</p><p>Podemos utilizar cores, imagens ou estampas para tornar o</p><p>ambiente mais aconchegante?</p><p>Você deverá compreender de forma adequada os estilos</p><p>abordados, inclusive informações referentes às influências</p><p>dos períodos de vanguarda e seus reflexos no cotidiano</p><p>das pessoas. Observe os materiais explorados e os novos</p><p>processos de fabricação e produção, e também as normas</p><p>que regem a construção de “móveis infantis”, que também</p><p>podem ser encontradas na ABNT – Associação Brasileira</p><p>de Normas Técnicas. Reflita sobre como você poderá</p><p>contribuir para que esse projeto tenha sucesso, seja eficiente,</p><p>ergonômico e transmita a personalidade do seu público-alvo</p><p>no estabelecimento.</p><p>69U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Seção 2.1</p><p>Mobiliário de vanguarda</p><p>Olá, aluno! Nesta unidade, você conhecerá a história do</p><p>mobiliário de vanguarda e o mobiliário presente no funcionalismo</p><p>e na Bauhaus, obterá informações referentes aos seus processos</p><p>produtivos e sobre a sua influência na sociedade, modificando</p><p>hábitos e cultura. Você também verificará os aspectos positivos</p><p>e negativos introduzidos pela industrialização e a produção em</p><p>massa relacionadas aos móveis.</p><p>Na situação-problema desta seção temos a seguinte abordagem:</p><p>você, como designer de interiores, atuará na criação de um plano</p><p>para ajudar na construção de um espaço de refeições adequado</p><p>às crianças da escola. Para iniciar essa etapa, você foi contratado</p><p>para criar um conjunto de mesa e cadeira, com design moderno e</p><p>materiais resistentes, para uma praça de alimentação para o público</p><p>infantil.</p><p>Dessa forma, qual o dimensionamento adequado que você</p><p>deverá utilizar para esses usuários? Que materiais transmitem</p><p>modernidade e são mais resistentes? Que linhas e formas são mais</p><p>adequadas? Quais estilos ficariam mais atraentes? É interessante</p><p>empregar o estilo Bauhaus? Será mais adequado afixar os móveis</p><p>ao chão? Podemos utilizar cores, imagens ou estampas para tornar</p><p>o ambiente mais aconchegante?</p><p>Será importante que você defina os fatores imprescindíveis para</p><p>esse tipo de ambiente e público-alvo, como: as cores, as texturas</p><p>mais indicadas, os materiais mais resistentes, forma dos mobiliários e</p><p>o dimensionamento, com o emprego da ergonomia (facilidade para</p><p>sentar-se e levantar-se, e para a limpeza e manutenção dos móveis).</p><p>Você terá muitas informações nesta seção que poderão ajudá-</p><p>lo. No entanto, precisará também ter algum conhecimento sobre</p><p>os períodos e seus respectivos estilos estudados anteriormente,</p><p>Diálogo aberto</p><p>70 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>A industrialização tecnológica propiciou grandes avanços nos</p><p>processos produtivos e contribuiu com benefícios e malefícios</p><p>a uma grande parte da população, pois colaborou para que</p><p>ocorresse o êxodo rural, por exemplo, com o deslocamento dos</p><p>camponeses e artesãos, que se transformaram em uma nova</p><p>classe social nas grandes cidades: o proletariado. À época, houve</p><p>protestos de alguns profissionais e artesãos, que denunciavam a má</p><p>qualidade e pouca durabilidade dos produtos de escala industrial.</p><p>Eles desejavam que os consumidores se tornassem mais exigentes</p><p>e forçassem uma melhor evolução dos produtos.</p><p>Assim, ocorreram muitos movimentos entre o fim do século</p><p>XIX e o começo do século XX. Schneider (2010) afirma que</p><p>profissionais e artesãos não agiam de forma isolada, ao contrário,</p><p>as revoltas e os movimentos inter-relacionavam-se.. O Arts and</p><p>Crafts inglês somava às suas ideias criativas um teor social e moral.</p><p>Isso deveu-se à revolta da sociedade e à qualidade estética dos</p><p>produtos que estavam no mesmo emaranhado de insatisfação. O</p><p>principal movimento reformista, de acordo com Schneider (2010),</p><p>foi o Arts and Crafts (que exigia a volta da qualidade dos produtos</p><p>feitos de modo artesanal, cujo maior representante foi William</p><p>Morris – 1834-1896), que se chamou Jugendstil, na Alemanha; Art</p><p>Nouveau, na França; Stile Floreale, na Itália; e, depois, Werkbund,</p><p>na Alemanha.</p><p>Não pode faltar</p><p>para uma base e fundamento teórico e criativo. A partir disso,</p><p>poderá questionar quais aspectos serão mais indicados para serem</p><p>empregados nas mesas e cadeiras desse espaço alimentício.</p><p>Reflita que, talvez, seja interessante adicionar um espaço para</p><p>pendurar ou guardar as bolsas escolares ou, talvez, um porta-livros</p><p>que sirva de incentivo à leitura. Também é válido definir o uso de um</p><p>estilo para o ambiente, pois configura uma personalidade maior ao</p><p>espaço e uma identificação com os alunos e sua faixa etária.</p><p>71U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Assimile</p><p>Muitas dessas revoltas resultaram em grandes melhorias nas condições</p><p>de trabalho e várias modificações foram inseridas na execução das</p><p>tarefas e na fabricação dos produtos. Veja a Figura 2.1, que apresenta</p><p>o desenho dos moinhos de Marshall, nos quais Holbeck mostra os</p><p>operadores em suas máquinas.</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Marshall%27s_flax-mill,_Holbeck,_Leeds_-_interior_-</p><p>_c.1800.jpg. Acesso em: 12 nov. 2016.</p><p>Figura 2.1 | Moinho, de Marshall Mills (1890)</p><p>A produção da Art Nouveau refletia principalmente produtos</p><p>ornamentais, e a arquitetura utilizava formas sinuosas e curvilíneas.</p><p>Segundo Proença (2012), William Morris, arquiteto e sociólogo,</p><p>começou a relatar a importância de retomar ao artesanato e,</p><p>consequentemente, melhorar o design, pois tinha medo que</p><p>a produção industrial em massa retirasse a qualidade estética</p><p>dos produtos e os tornasse comuns. Para ele, o extermínio da</p><p>relação entre a beleza e a vantagem na produção de um objeto</p><p>de uso ocorria por conta do excesso do trabalho mecanizado e</p><p>da procura por lucro pelos investidores capitalistas, e tinha como</p><p>72 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Reflita</p><p>Essa evolução forçou os artesãos e artistas a se profissionalizarem,</p><p>para que pudessem criar produtos com melhor qualidade e em maior</p><p>quantidade. Com isso, surgiu a profissão do designer de produtos,</p><p>especialista em projetar objetos para a indústria. Observe os objetos</p><p>ao seu redor e pense: como foram produzidos? Que tipo de produção</p><p>foi necessária para o desenvolvimento de cada material?</p><p>Fonte: Droste (1994).a</p><p>Figura 2.2 | Cômoda para quarto infantil</p><p>Proença (2012) relata que, no final do século XIX, em Viena,</p><p>vários artistas estavam insatisfeitos com a arte austríaca do</p><p>momento, diziam que eram pouco atrativas e representativas.</p><p>Reuniram-se, então, e deram o nome de Secessão para marcar</p><p>o rompimento das manifestações artísticas da época. Esse</p><p>movimento queria elevar os critérios referentes à arte e produção</p><p>resultado a poluição ambiental. Desejava a alteração das artes e</p><p>dos ofícios, buscando uma volta ao estilo medieval, no qual havia</p><p>a maior valorização do artesanato.</p><p>No entanto, Morris notou que seria difícil vincular o consumo</p><p>cada vez maior com a técnica da produção industrial. Tornara-se</p><p>necessário aceitar o trabalho artístico mecanizado. Porém, esse</p><p>movimento contribuiu para que surgissem profissionais especialistas</p><p>em desenhar produtos para a indústria, para a produção seriada.</p><p>73U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>e promover um intercâmbio com os centros europeus produtores</p><p>de arte moderna. Assim, várias exposições começaram a ser feitas,</p><p>a fim de estimular produtos de boa qualidade.</p><p>Segundo Denis (2000), após o aparecimento do Futurismo, do</p><p>Cubismo, do Construtivismo e do Neoplasticismo, as populares</p><p>vanguardas se alinhariam de modo participante junto da máquina</p><p>como ideal estético e parâmetro para produção e reprodução</p><p>artística.</p><p>Pesquise mais</p><p>Acesse o link que apresenta uma análise da residência Schiavinato,</p><p>em Uberlândia - MG, que expõe</p><p>a busca entre a linguagem plástica</p><p>e algumas expressões das vanguardas modernas. A análise do artigo</p><p>foi realizada por meio da questão formal da superfície, advinda do</p><p>Cubismo e do Neoplasticismo. Disponível em: http://www.seer.ufu.</p><p>br/index.php/horizontecientifico/article/view/14589/11929. Acesso</p><p>em: 12 nov. 2016.</p><p>Após muito tempo, décadas de repulsa em relação à</p><p>industrialização, surgiu um ideário que refletia sobre a máquina</p><p>e a criação de uma nova estética que não precisava mais ser</p><p>escondida. Houve um avanço em relação às formas mecanizadas</p><p>e os movimentos vanguardistas “aceitaram” a industrialização.</p><p>Porém, poucos artistas de vanguarda se propuseram a</p><p>projetar e a executar projetos de produtos, sendo que apenas</p><p>alguns ornamentos de luxo e de decoração foram realizados.</p><p>A indústria de mobiliário foi a maior exceção desta afirmação:</p><p>muitos arquitetos e designers conectados ao primeiro período do</p><p>movimento modernista celebrizaram-se na projetação de cadeiras</p><p>e outros móveis.</p><p>Exemplificando</p><p>Muitos arquitetos e designers do movimento modernista se</p><p>destacaram, entre eles: Alvar Aalto, Gerrit Rietveld, Mies van der Rohe,</p><p>Marcel Breuer, Wilhelm Wagwnfeld e Le Corbusier. Podemos observar</p><p>nas figuras 2.3 e 2.4 móveis desses grandiosos criadores.</p><p>74 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>No Brasil, o período modernista foi marcado pelo incentivo aos</p><p>elementos da cultura brasileira que buscou favorecer as características</p><p>regionais, culturais e sociais do país.</p><p>Fonte: http://milideasparadecorar.modaencalle.com/2014/04/decoracion-lc4-le-corbusier.html.</p><p>Acesso em: 1 ago. 2016.</p><p>Fonte: http://milideasparadecorar.modaencalle.com/2014/04/decoracion-lc4-le-corbusier.html.</p><p>Acesso em: 1 ago. 2016.</p><p>A utilização de materiais industrializados, como o aço tubular e</p><p>a madeira compensada, é uma característica dos trabalhos desses</p><p>designers, que desejavam criar móveis com qualidade acessível a</p><p>uma grande parcela de consumidores.</p><p>Segundo Denis (2000), pode-se afirmar que os movimentos</p><p>vanguardistas influenciaram fortemente o ensino nas artes,</p><p>design e arquitetura. A Bauhaus tornou-se a mais forte escola de</p><p>design do século XX. A mecanização da produção trouxe com ela</p><p>grandes modificações sociais, mas também conseguiu baratear os</p><p>produtos, tornando-os mais acessíveis a diversos públicos.</p><p>De acordo com Tambini (1997), a Bauhaus foi construída na</p><p>Alemanha, em 1919, por Walter Gropius, que a liderou até 1933</p><p>Figura 2.3 | Chaise de Le Corbusier (1)</p><p>Figura 2.4 | Chaise de Le Corbusier (2)</p><p>75U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>promovendo enormes eventos. Porém, fechou as portas por</p><p>ordem do governo, devido a perseguições nazistas. Os processos</p><p>de ensino dessa escola fizeram tanto sucesso que foram copiados</p><p>em todo o mundo.</p><p>Por juntar tantas pessoas criativas e com desejos de mudanças</p><p>em um mesmo local, a Bauhaus tornou-se um enorme foco para as</p><p>produções artísticas. O maior desejo dessa escola era construir uma</p><p>sociedade melhor, mais honesta, livre, sem discriminações sociais, de</p><p>credo ou raça. Por isso fez tanto sucesso perante os jovens estudantes,</p><p>embora muitas vezes tenha sido difícil manter esse pragmatismo</p><p>devido às pressões políticas e à Segunda Guerra Mundial.</p><p>No entanto, a Bauhaus contribuiu para a formação de um</p><p>novo estilo no design: o emprego do Funcionalismo, no qual</p><p>o pensamento principal era de que “a forma segue a função”,</p><p>principal frase preconizada por Louis Sullivan (1856-1924).</p><p>Essa frase “serviu como orientação para a arquitetura moderna,</p><p>para o design e para o modernismo em geral, durante o século XX”</p><p>(SCHNEIDER, 2010, p. 39). A forma visual de cada produto deveria</p><p>seguir o seu processo construtivo, conforme sua função de uso.</p><p>Muitos funcionalistas percorreram esse ideal, desde a Werkbund</p><p>alemã, Bauhaus e a Escola Superior de Ulm, até 1970.</p><p>Um dos grandes legados da Bauhaus e de Walter Gropius é a ideia de</p><p>projetar produtos que ultrapassassem as fronteiras intelectuais, sociais</p><p>e culturais. Para projetar, designers deveriam pensar globalmente,</p><p>não individualmente. Ou seja, um mesmo ser humano poderia usar</p><p>o seu produto e outro indivíduo, de um espaço geográfico diferente,</p><p>deveria ter o mesmo acesso e facilidade de uso. A seguir, nas figuras</p><p>2.5, 2.6 e 2.7, pode-se notar elementos desse período.</p><p>A proposta era utilizar formas e geometrias simples, e cores</p><p>primárias em objetos de arte, que por sua vez deveriam ser</p><p>acessíveis a toda a população. O móvel em questão (Figura 2.5)</p><p>possui pegas cilíndricas, o que facilita o seu girar. Além disso, o</p><p>diâmetro aliado ao formato do objeto confere uma harmonia</p><p>visual ao produto, típica desse período. A Figura 2.6 apresenta</p><p>uma obra de arte composta também por elementos geométricos,</p><p>característicos da escola Bauhaus.</p><p>76 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Fonte: https://www.learner.org/courses/globalart/assets/non_flash_386/work_244.jpg. Acesso em: 2 jul.</p><p>2016.</p><p>Figura 2.5 | Exemplo de mobiliário típico desenvolvido na Bauhaus</p><p>Fonte: http://www.dw.com/pt/grande-exposi%C3%A7%C3%A3o-em-berlim-celebra-os-90-anos-da-</p><p>bauhaus/a-4509451. Acesso em: 2 jul. 2016.</p><p>Figuras 2.6 (esquerda) e 2.7 (direita) | Exposição de cubos de Johannes Itten.</p><p>Segundo Droste (1994), a Alemanha liderava a concepção</p><p>de pequenas oficinas particulares que produziam utensílios</p><p>domésticos, mobiliários, têxteis e objetos de metal. O estilo estético</p><p>dos produtos alemães não tinha relação com o movimento Arts</p><p>and Crafts inglês, que ainda se reportava ao modelo do século</p><p>XIX. Mas era voltado a um novo estilo, ligado à mecanização e</p><p>produção de objetos de arte em série.</p><p>Observe nas figuras 2.8 e 2.9 um modelo de cadeira tubular</p><p>feito em aço e couro, no período Bauhaus, por Mies Van Der</p><p>Rohe, em 1930. Verifique suas medidas e, depois, faça uma análise,</p><p>com base nas dimensões propostas pela Associação Brasileira de</p><p>Normas Técnicas (ABNT), na Figura 2.10.</p><p>77U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Figuras 2.8 (esquerda) e 2.9 (direita) | Poltrona de Mies Van Der Rohe e desenho</p><p>técnico da peça</p><p>Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-130294/do-industrial-ao-artesanal-o-truque-do-modernismo/51e48</p><p>54ce8e44e9f68000107-from-industrial-to-artisan-modernism-s-sleight-of-hand-image. e http://tipografos.net/</p><p>bauhaus/Mies-van-der-Rohe-MR-10.jpg Acesso 9 nov 2017.</p><p>Observe na Figura 2.10 como as medidas antropométricas são</p><p>relacionadas com a poltrona. Essas são as medidas propostas pela</p><p>Norma ABNT 9050, que se refere à acessibilidade em edificações,</p><p>mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Com base nas</p><p>dimensões humanas em relação ao mobiliário, é possível analisar</p><p>se uma cadeira está cumprindo sua função ergonômica.</p><p>Fonte: ABNT (2015).</p><p>Figura 2.10 | ABNT NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e</p><p>equipamentos urbanos</p><p>78 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>De acordo Tilley e Dreyfuss (2005), uma cadeira de jantar possui</p><p>um padrão em torno de 711 mm de altura. Indicam que a distância</p><p>vertical ideal entre a borda frontal do assento e o nível da mesa seja</p><p>entre 230 a 305 mm. A parte superior do assento deve permanecer</p><p>a 420 mm de altura em relação ao piso e 290 mm abaixo do nível</p><p>da mesa. A profundidade da cadeira não deve ultrapassar 405 mm.</p><p>A largura mínima deve ser de 405 mm. A superfície do assento deve</p><p>estar em nível e o apoio lombar deve manter um ângulo de quadris</p><p>de 90-95°. O ângulo dos joelhos deve ser de aproximadamente</p><p>90°. Quanto ao material usado no assento, a preferência é pelas</p><p>almofadadas: 19 mm de espuma e revestimento em tecido de fácil</p><p>limpeza ou impermeável. O centro de apoio lombar fica a 230 mm</p><p>e sua largura deve ser de, no mínimo, 330 mm.</p><p>Outras normas da ABNT também indicam quais fatores são</p><p>relevantes para a construção de determinados móveis. Por</p><p>exemplo, a NBR 14776:2013, cadeira plástica monobloco, que é</p><p>feita em uma única etapa,</p><p>com as costas em posição fixa, podendo</p><p>ter ou não braços, pelo processo de injeção; e a NBR 15991-2:2011,</p><p>que expõe sobre cadeiras altas para crianças.</p><p>Em ambos os documentos, são apresentados parâmetros para</p><p>a utilização adequada do perfil proposto, ou seja, para crianças que</p><p>apresentam medidas e escalas bem diferenciadas dos adultos. Essas</p><p>informações podem ser cruciais quando se elabora um projeto</p><p>para o público infantil, no qual há necessidade de fabricação de</p><p>móveis com outras relevâncias ergonômicas, como dimensões</p><p>menores, não possuir cantos vivos e conter o mínimo de peças</p><p>avulsas.</p><p>Uma criança de 6 anos pode pesar, em média, 20 kg; já uma</p><p>criança de 12 anos pode ter o dobro do peso ou mais. Em relação</p><p>à largura do quadril, é necessário levar em consideração os dados</p><p>antropométricos, pois eles intervirão na construção dos mobiliários</p><p>e nos materiais a serem utilizados. Entretanto, sempre é possível</p><p>garantir uma escala padrão que sirva de apoio ao dimensionamento</p><p>de mobiliário e espaço construído para esse perfil. Observe a Figura</p><p>2.11, que retrata um modelo de mesa e cadeira infantil.</p><p>79U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>De acordo com Neufert (2004, p. 212), “para crianças que</p><p>possuem idade menor de seis anos indica-se empregar uma altura</p><p>para o assento de 30,2 cm; largura do assento de 24 cm”. Então,</p><p>é muito importante buscar informações de fontes que indiquem</p><p>com coerência os valores dimensionais corretos. Segundo Tilley e</p><p>Dreyfuss (2005), as medidas do corpo humano de crianças recém-</p><p>nascidas até adultos variam conforme o Quadro 2.1, a seguir:</p><p>Fonte: http://movern.com.br/Produtos/Moveis-Escolares/Pre-Escolar-Infantil/Pre-Escolar-Infantil.html. Acesso em:</p><p>1 fev. 2017.</p><p>Figura 2.11 | Mesa e cadeira para público infantil</p><p>Descrição de Medidas</p><p>(Percentil 50 Masc. e Fem.)</p><p>Idade 6 anos 8 anos 10 anos 12 anos</p><p>Estatura 117 cm 128 cm 137 cm 150 cm</p><p>Largura dos quadris (sentada) 213 cm 235 cm 257 cm 280 cm</p><p>Peso médio 20 kg 25,5 kg 31,9 kg 39,1 kg</p><p>Fonte: Tilley e Dreyfuss (2005).</p><p>Quadro 2.1 | Quadro de medidas do corpo infantil</p><p>Com as informações relevantes desta seção sobre os movimentos</p><p>de vanguarda e a importância que foi a Bauhaus na formação de</p><p>vários pensadores e ideais construtivos, você poderá ter maior</p><p>discernimento na hora de avaliar uma estrutura ou um objeto e, até</p><p>mesmo na hora de criar, terá maiores critérios lógicos e estéticos.</p><p>Você já aprendeu sobre vários elementos que poderão ser</p><p>usados para o seu projeto na escola infantil. Assim, poderá</p><p>informar esses dados para os responsáveis da escola e definir, de</p><p>Sem medo de errar</p><p>80 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>fato, suas propostas de soluções, criando de modo eficiente um</p><p>conjunto de “mesa e cadeira” destinado a ser utilizado no intervalo</p><p>das aulas das crianças, para que possam fazer suas refeições com</p><p>tranquilidade e em um ambiente agradável, onde possam sentar</p><p>em uma cadeira confortável e compatível com a sua estatura e</p><p>colocar seus alimentos sobre a mesa de forma coerente.</p><p>Portanto, o desenvolvimento de uma mesa e cadeira para o</p><p>público infantil poderá utilizar de praticidade e funcionalidade</p><p>dos materiais. Para que isso ocorra, prefira um estilo conferindo</p><p>características da Bauhaus, que permeou pelo funcionalismo</p><p>dos objetos. Entre suas características, envolvia a aplicação da</p><p>ergonomia, estilo mais polido e aplicação de formas e linhas mais</p><p>simples. Lembre-se de que móveis para o público infantil possuem</p><p>outras medidas e exigem cuidados, como avaliação de outros</p><p>materiais e formatos mais arredondados.</p><p>Tanto as cadeiras quanto as mesas podem ser feitas de vários</p><p>materiais. Pense no que será mais prático e fácil de cuidar e</p><p>manusear, como o plástico: materiais como o plástico facilitam a</p><p>limpeza, evitam manchas, são impermeáveis a líquidos e têm uma</p><p>boa durabilidade. Além disso, consulte também as Normas da</p><p>ABNT para a indicação do mobiliário mais adequado para o público</p><p>infantil. É imprescindível verificar normas como a NBR 9050:2015.</p><p>Pensando que é um ambiente infantil e lúdico, você também pode</p><p>usar texturas com formas geométricas ou estampas e formas</p><p>arredondadas que possam induzir o aluno a um ambiente dotado</p><p>de maior conforto físico, estético-visual e ludicidade.</p><p>A introdução de produtos com mais de uma funcionalidade</p><p>também era muitas vezes praticada na escola Bauhaus, por isso</p><p>talvez seja interessante adicionar espaço para pendurar bolsas</p><p>escolares ou um porta-livros, que pode incentivar a prática da leitura.</p><p>Sendo assim, os principais aspectos a serem respeitados nesse</p><p>conjunto de mobiliário devem ser: seus dimensionamentos, suas</p><p>formas simétricas, linhas simples, materiais e acabamentos que</p><p>propiciem melhor acabamento e tratamento, funcionalidade</p><p>e conforto, fatores utilizados e empregados na Bauhaus e pela</p><p>ergonomia.</p><p>81U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Atenção</p><p>Um dos objetivos fundamentais da Bauhaus era experimentar novos</p><p>materiais de modo interdisciplinar, conhecer a importância das</p><p>oficinas práticas, o jeito que eram tratadas as questões sociais, o</p><p>desenvolvimento de uma estética atemporal, assim como o uso de</p><p>modernas técnicas e materiais na arquitetura e no design industrial.</p><p>Então, pense que você poderá pesquisar e analisar os vários modelos</p><p>de materiais disponíveis no mercado e verificar qual se enquadraria de</p><p>forma mais justa e adequada ao seu público-alvo.</p><p>Avançando na prática</p><p>Fábrica Lumiarte – setor de mobiliários</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>A fábrica Lumiarte, há 30 anos no mercado, vem atendendo</p><p>os consumidores de forma intensa, porém, devido à crise</p><p>nacional, precisa recorrer a novos paradigmas. Necessita renovar</p><p>seu processo criativo e abordar novos rumos estético-visuais</p><p>nos seus produtos. Necessita também de novos ajustes e ideias</p><p>para melhorar seu negócio que é destinado a adultos, pois vem</p><p>percebendo uma queda gradativa nas vendas. Pretende-se, assim,</p><p>inovar para tentar recuperar espaço no mercado.</p><p>Sendo assim, a equipe administrativa da empresa está em busca</p><p>de profissionais que possam contribuir com essa tarefa, para que,</p><p>desta forma, consigam sair da crise e atingir de maneira eficaz seus</p><p>consumidores. Assim, foi o escolhido para os guiar nessa missão!</p><p>Você necessitará conhecer a empresa de perto e direcionar as</p><p>preferências estéticas e visuais dos mobiliários que deseja alterar.</p><p>A empresa percebeu que pode destacar-se comercialmente</p><p>empregando materiais diferenciados e aplicando ergonomia nos</p><p>móveis. Dessa forma, você poderá ajudá-la de forma eficiente na</p><p>criação e reformulação de seus móveis.</p><p>Que tipos de móveis são mais indicados para a empresa fabricar:</p><p>cadeiras, poltronas ou mesas? Que formas devem ser empregadas?</p><p>Que materiais podem ser explorados? Quais materiais são mais</p><p>82 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Lembre-se</p><p>Realizar pesquisa sobre os estilos que possam trazer inspiração o</p><p>ajudará a propor novas ideias e soluções. Além disso, explorar critérios</p><p>estéticos e conceituais pode facilitar o engajamento das propostas.</p><p>Perceba o legado da Bauhaus e sua forma de pensar, procure se</p><p>organizar para não perder a linha de pensamento. Se necessário, crie</p><p>tabelas/organogramas que possam o ajudar nessa tarefa.</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Como você poderá ajudar a fábrica de móveis Lumiarte?</p><p>Primeiramente, delimite uma linha de mobiliários que a empresa</p><p>fabricará e busque empregar materiais e formas adequadas ao seu</p><p>público-alvo (que deve ser bem definido), por exemplo: estantes,</p><p>armários, mesas, cadeiras e poltronas para público entre 30 e 60</p><p>anos. Você pode se inspirar no estilo aplicado na escola de design</p><p>da Bauhaus; empregue simplicidade, funcionalidade e praticidade</p><p>nos mobiliários.</p><p>Entre os diversos materiais existentes no mercado, busque os</p><p>que tenham melhor custo-benefício, que sejam mais resistentes</p><p>e fáceis de tratar e cuidar. Aplique</p><p>formas ergonômicas e priorize</p><p>modelos estético-visuais confortáveis e atraentes. Ou seja, formas</p><p>arredondadas, lisas, fáceis de usar e limpar.</p><p>Você pode explorar linhas e formas nos mobiliários que</p><p>identifiquem a empresa perante o seu público; empregar</p><p>ergonomia é de suma importância. Sendo assim, se necessitar usar</p><p>tecidos e estofamentos nos mobiliários, verifique os mais indicados</p><p>para tal. Além disso, tente aderir ao produto medidas adequadas e</p><p>que sigam as tabelas normatizadas e indicadas para uso em geral.</p><p>O emprego de novos valores e significados explorando modelos</p><p>multifuncionais nos mobiliários ou conhecimentos da gestalt (“boa</p><p>forma”, em alemão) pode conferir aos móveis maiores valores</p><p>agregados e fazer com que a empresa se destaque no mercado.</p><p>resistentes? Há um estilo a ser seguido ou pode-se explorar vários?</p><p>Quem é o público-alvo dessa empresa?</p><p>83U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Faça você mesmo</p><p>Que tal pesquisar uma linha de móveis multifuncionais e ergonômicos?</p><p>Há diversos sites e fábricas que podem ser visitados. Verifique seus</p><p>estilos, se há emprego da ergonomia, se os materiais são acessíveis,</p><p>entre outros fatores.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. De acordo com a ABNT NBR 9050:2015, qual a distância mais indicada</p><p>para uma cadeira do chão até o assento para um público adulto?</p><p>a) Entre 20 a 30 cm.</p><p>b) Entre 38 a 42 cm.</p><p>c) Entre 45 a 50 cm.</p><p>d) Entre 55 a 60 cm.</p><p>e) Entre 65 a 70 cm.</p><p>2. Após o aparecimento do Futurismo, Cubismo, Construtivismo e</p><p>do Neoplasticismo, as populares vanguardas se alinhariam de modo</p><p>participante junto da máquina com qual propósito?</p><p>a) Com propósito de fazer móveis exclusivos e luxuosos.</p><p>b) Com intuito de favorecer somente o público elitizado.</p><p>c) Com desejo de construir móveis fora dos padrões, exagerados.</p><p>d) Como ideal estético e parâmetro para produção e reprodução artística.</p><p>e) Preferência por materiais mais rústicos e pesados.</p><p>3. De acordo com a ABNT NBR 9050:2015, para uma cadeira, qual a</p><p>distância mais indicada da base do chão até o encosto para um público</p><p>adulto?</p><p>a) Entre 20 e 40 cm.</p><p>b) Entre 40 e 60 cm.</p><p>c) Entre 80 a 100 cm.</p><p>d) De 90 e 110 cm.</p><p>e) Acima de 110 cm.</p><p>84 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Seção 2.2</p><p>Estilo internacional</p><p>Prezado aluno, na Seção 2.1, estudamos sobre o Mobiliário de</p><p>vanguarda, Funcionalismo e Bauhaus. Você pôde perceber como</p><p>foram as vanguardas, as influências dos processos produtivos na</p><p>sociedade e o emprego de diferentes materiais nos mobiliários.</p><p>Como situação-problema desta seção, temos o seguinte</p><p>contexto: você foi contratado para criar um espaço de refeição</p><p>para o público infantil, entre 6 e 14 anos, de uma escola. Agora,</p><p>você terá um novo desafio! Os professores também desejam</p><p>modificações na escola, pedindo que seja construído um armário</p><p>onde possam guardar seus materiais escolares e pertences</p><p>particulares. Eles expuseram que o armário atual não é atraente</p><p>e é pouco ergonômico. Assim, você, designer de interiores, terá</p><p>que projetar um novo armário para a escola infantil com o objetivo</p><p>de atender aos docentes da escola. Eles desejam um armário</p><p>com área individual, com diversas repartições e possibilidades de</p><p>alterações das prateleiras, pois os professores relataram que muitas</p><p>vezes não conseguem guardar o material dentro dos armários</p><p>atuais por conta da falta de espaço. Também disseram que, em</p><p>razão da ausência de repartições, os objetos ficam empilhados e</p><p>bagunçados, prejudicando a organização de seus pertences.</p><p>Então, qual dimensão deverá ser adotada para que o</p><p>armário seja adequado ao uso dos docentes? Qual o estilo mais</p><p>indicado para criar e projetar esse armário? O emprego do estilo</p><p>internacional pode fornecer dados suficientes para um bom</p><p>projeto? Ou os modelos dos mobiliários usados no Brasil Colônia</p><p>são mais interessantes? Devemos seguir o Estilo Thonet ou o</p><p>Eclético? Quais aspectos devem ser analisados para a construção</p><p>desse móvel? Que materiais deverão ser explorados? Quais cores,</p><p>texturas e formas são mais indicadas? Aplicar modularidade nos</p><p>móveis pode torná-los mais atraentes?</p><p>Diálogo aberto</p><p>85U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Não pode faltar</p><p>Para solucionar a problemática apresentada, será necessário</p><p>estudar sobre o estilo internacional e os aspectos que permearam a</p><p>colonização do Brasil para que, assim, você possa contribuir para a</p><p>eficácia desse trabalho. Preparado para o desafio?</p><p>Bons estudos!</p><p>Fizeram parte do estilo internacional: o Construtivismo, o De</p><p>Stijl e a Bauhaus. Segundo Schneider (2010), apesar de várias</p><p>críticas já terem sido feitas pelas correntes artísticas quanto à</p><p>industrialização no século XIX, no início do século XX houve</p><p>novidades, devido a caminhos trilhados, totalmente diferentes dos</p><p>anteriores. Devido à radicalização do nacionalismo da Primeira</p><p>Guerra Mundial, o mesmo veio a declinar; posteriormente, surgiu</p><p>uma experiência negativa da batalha, “derrubando” os ideais</p><p>artísticos, o que proporcionou relevante modificação e desejo</p><p>de algo totalmente novo. Surgiram, assim, os movimentos de</p><p>vanguarda que apresentavam outras concepções artísticas.</p><p>A proposta era tornar “feia” a arte, rejeitando a eufonia e a beleza</p><p>cromática do impressionismo. “Decretou-se guerra” aos meios</p><p>de expressão convencionais, como a perspectiva centralizada</p><p>e a cultura ocidental. Para Schneider (2010), os movimentos</p><p>vanguardistas foram unânimes quanto à repulsa pela cultura</p><p>burguesa, ansiavam a superação do abismo existente entre a arte</p><p>e a vida, e queriam acabar com as diferenças entre a grande arte e</p><p>a cultura de massas.</p><p>Houve uma fascinação pela técnica, os processos industriais</p><p>prevaleceram e, por volta de 1920, Walter Gropius, fundador da</p><p>Escola Bauhaus, desejou criar produtos conforme o momento</p><p>do “período industrial”. A máquina era o significado do progresso</p><p>e da evolução, agora vista com bons olhos, pois transmitia a</p><p>possibilidade de fornecer produtos de arte às camadas mais pobres</p><p>da sociedade. Assim, houve a aproximação entre a arte e o design.</p><p>No início do século XX havia dois paralelos: 1º) vários ramos</p><p>se normatizaram, padronizaram e se industrializaram; e 2º)</p><p>86 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>os conceitos de adornos se modificaram, as formas deveriam</p><p>acompanhar a função (a mecânica do produto). Na Figura 2.12,</p><p>pode-se notar esse conceito aplicado ao mobiliário.</p><p>Fonte: http://www.artdesign-mobilier.com/classique/cl01a.jpg. Acesso em: 20 ago. 2016.</p><p>Figura 2.12 | Chaise Loungue 2072, de Charlotte Perriand, 1932</p><p>Para Schneider (2010), o design vanguardista ficou fechado nos</p><p>primeiros decênios do século XX. O estilo internacional teve seu</p><p>auge nas décadas de 1950 a 1970, período extremamente criativo</p><p>na Europa, na América do Norte e em muitas metrópoles do</p><p>hemisfério meridional.</p><p>Pesquise mais</p><p>Assista ao vídeo “Bauhaus - a face do século XX - Parte 1”, que relata</p><p>as principais características desse estilo de forma agradável, dinâmica e</p><p>didática, esclarecendo possíveis dúvidas. Disponível em: https://www.</p><p>youtube.com/watch?v=9jiCV0kWfiU. Acesso em: 13 nov. 2016.</p><p>O Construtivismo, surgido na Rússia, vigorou entre 1913 e</p><p>1920 e propiciou aos artistas russos novas possibilidades de</p><p>atuação e novas perspectivas. Havia forte sensibilidade dos jovens</p><p>soviéticos que tinham um sentimento voltado para os elementos</p><p>da existência moderna e sua dialética. Eles desenvolveram seu</p><p>trabalho dedicado à arte cotidiana, ao design na indústria e aos</p><p>objetos do dia a dia, como móveis, roupas e louças, próprios para</p><p>a produção em massa, afastando-se do conceito da arte pela arte</p><p>e aproximando-se da arte com um objetivo.</p><p>87U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>O Construtivismo, que veio do cubismo e do futurismo,</p><p>empregava a técnica industrial e se afirmava como a cultura</p><p>dos materiais. Ambos possuíam uma linguagem formal abstrata</p><p>e geométrica, pois alegavam que assim</p><p>era apropriado a uma</p><p>sociedade internacional, livre de classes sociais.</p><p>Reflita</p><p>Na Figura 2.13, observa-se o armário de Eileen Gray e detecta-</p><p>se o modelo construtivo das gavetas e das portas. Esse móvel se</p><p>assemelha ao estilo multifuncional? Ou será que há indícios de</p><p>modularidade nele?</p><p>Fonte: https://goo.gl/BX7Wvc. Acesso em: 20 ago. 2016.</p><p>Figura 2.13 | Armário (1926-1929), de Eileen Gray</p><p>Em 1917, nasceu o movimento holandês De Stijl, por Theo</p><p>van Doesburg. O movimento De Stijl era formado por arquitetos,</p><p>pintores e escultores que refutavam qualquer tipo de reprodução</p><p>da natureza e entendia as artes plásticas como um sistema</p><p>autônomo de forma, superfície e cor. Características individuais e</p><p>sentimentais tinham de ser “retiradas” da arte, somente os aspectos</p><p>construtivos deveriam prevalecer. Nas suas representações</p><p>formais os elementos simples, abstratos, cores “limpas” e linhas</p><p>geométricas rígidas refletiam a estética da sociedade moderna,</p><p>industrial e técnica.</p><p>88 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Na Figura 2.14, observa-se a cadeira vermelha e azul, 1918-</p><p>1923, de Gerrit T. Rietveld. O objeto possui, além das linhas retas e</p><p>geometria simples, as cores primárias: vermelho, amarelo e a azul,</p><p>assemelhando-se profundamente ao estilo Mondrian, portanto,</p><p>com as formas geométricas simples e cores puras primárias.</p><p>O movimento holandês De Stijl e o Construtivismo Russo</p><p>influenciaram a Bauhaus, idealizada pelo arquiteto Walter Gropius,</p><p>em 1919, da Werkbund alemã. Em geral, os artistas da Bauhaus</p><p>trabalhavam com cores, formas e materiais, sem finalidades</p><p>específicas nos primeiros anos do curso. Após essa fase é que se</p><p>especializavam com formação profissional.</p><p>No início, pretendia-se, assim como os movimentos Arts and</p><p>Crafts e Jugendstil, um retorno à Idade Média e aos processos</p><p>de manufatura artesanais, preconizando um processo individual-</p><p>artístico e elitista-artesanal. Segundo Schneider (2010, p. 65),</p><p>“A questão não resolvida definitivamente no seio da Werkbund</p><p>– individualismo artesanal versus tipificação da forma técnica</p><p>na produção em série, foi transferida para a Bauhaus”. E isso</p><p>atrapalhava a criação industrial, que previa um processo seriado e</p><p>não individualizado.</p><p>Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/39/Rietveld_chair_1b.jpg. Acesso em: 20 ago. 2016.</p><p>Figura 2.14 | Cadeira de Gerrit T. Rietveld</p><p>89U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>A partir de 1920, o funcionalismo chegou na Bauhaus para gerar</p><p>uma forma de produção funcional pela qual os objetos foram</p><p>reduzidos a elementos geométricos. Foi quando surgiram os</p><p>primeiros produtos aceitáveis na industrialização. Hannes Meyer,</p><p>sucessor de Walter Gropius, atribuiu maior ênfase para a técnica e</p><p>a produção, afastando-se do estilo do artesão. Assim, o foco seria</p><p>na escolha de diferentes materiais, a um preço mais acessível,</p><p>levando em consideração fatores econômicos e sociais.</p><p>Hannes Meyer foi substituído por Mies van der Rohe e, em 1933,</p><p>a escola foi fechada. Contudo, surtiu grande efeito mundialmente</p><p>para o “estilo internacional”. Os Estados Unidos da América (EUA)</p><p>passaram a liderar o design construtivista e a arquitetura moderna.</p><p>A Bauhaus serviu de modelo para várias escolas e foi centro</p><p>intelectual e criativo, lançando fundamentos básicos para o design</p><p>moderno internacional.</p><p>O mobiliário no Brasil teve suas origens, inicialmente, nos móveis</p><p>portugueses. De acordo com Maluf (2013), várias publicações</p><p>registram que, no Brasil Colônia, o estilo vinha totalmente de</p><p>Portugal ou era inspirado por ele.</p><p>Exemplificando</p><p>O estilo, em geral, possuía caráter rústico. No entanto, no Brasil,</p><p>não manteve um rigor estilístico. Veja na Figura 2.15 um modelo</p><p>demonstrando um móvel do Brasil Colônia.</p><p>Fonte: http://www.acharapido.com/wp-content/uploads/2012/08/Moveis-Colonial-imagem-3.jpg.</p><p>Acesso em: 24 ago. 2016.</p><p>Figura 2.15 | Banco Brasil Colônia</p><p>90 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Após a abertura dos portos, em 1808, pôde-se importar</p><p>diferentes materiais e produtos vindos de diversos países europeus,</p><p>como da França, da Inglaterra e também dos EUA. Com isso,</p><p>incentivou-se o aumento expressivo de marcenarias e fábricas de</p><p>móveis, nos mais diversos estilos.</p><p>Verifica-se emprego de leveza na criação dos móveis,</p><p>principalmente das cadeiras. Várias características se apresentam</p><p>como na forma erudita, com entalhes delicados e finos, ou sem</p><p>entalhes e mais rústicos. Assim, não se identifica um estilo, mas uma</p><p>mistura de vários usados ao mesmo tempo, como: formas retas ou</p><p>curvilíneas, formas florais, retorcidas, abauladas, entre outras.</p><p>Observa-se, no Brasil, que a produção de cadeiras mantinha</p><p>formas mais leves, dobráveis, portáteis, com entalhes decorativos</p><p>referentes aos períodos de cada época. Muitos usavam o jacarandá</p><p>no mobiliário e materiais como palhinha, madeira, couro ou</p><p>estofado, tanto no encosto quanto no assento. Além disso, havia</p><p>cadeiras com ou sem “braço”, com espaldar alto ou baixo. Constata-</p><p>se que quanto mais elementos compunham o mobiliário, mais</p><p>robusto e pesado ele aparentava ser.</p><p>Para Maluf (2013), no século XVIII predominaram encostos</p><p>inteiriços em couro, em peças de estilo português, sólidas e</p><p>maciças. Os mobiliários mais leves surgem pela influência do estilo</p><p>inglês Chippendale, com encostos vazados, linhas delicadas e</p><p>sinuosas.</p><p>Já no século XIX, percebem-se peças extremamente mais leves,</p><p>com formas retilíneas e delgadas em madeira, com assento de</p><p>palhinha e encosto vazado, com mínimo de travessas horizontais.</p><p>Ainda se usava madeira jacarandá e incrustações em madeira clara,</p><p>os pés afunilando para baixo, lembrando o neoclassicismo.</p><p>Além disso, percebe-se a introdução de dois modelos de</p><p>mobiliários bem diferentes: o estilo Thonet (de madeira, simples,</p><p>leve e com formas curvas) pode ser encontrado nas mesas,</p><p>consolos, canapés, cadeiras de balanço, em fazendas, conventos,</p><p>igrejas, além das casas brasileiras. E o estilo eclético (rebuscado,</p><p>reforçado com uma combinação de mobiliários antigos) pode</p><p>ser encontrado nas “salas e congregações religiosas, institutos</p><p>91U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Assimile</p><p>De acordo com Neufert (2004), armários escolares para guardar</p><p>pertences pessoais dos professores devem ter as seguintes medidas,</p><p>como podemos verificar na Figura 2.16.</p><p>Segundo Ching (2006), devemos adotar determinadas medidas para</p><p>que um armário consiga atender o máximo possível às necessidades</p><p>dos usuários. Observe a Figura 2.17, que remete aos alcances máximos</p><p>e mínimos de um homem ou uma mulher adulta.</p><p>Fonte: adaptada de Neufert (2004, p. 246). Fonte: adaptada de Ching (2006, p. 60).</p><p>Figura 2.16 | Armário Figura 2.17 | Dimensões funcionais</p><p>históricos, câmaras municipais, repartições públicas”, compondo</p><p>um estilo mais oficial, o que poderia revelar nas cadeiras entalhes,</p><p>elementos fitomorfos e emblemas, monogramas ou iniciais da</p><p>entidade (MALUF, 2013, p. 62). No Brasil do século XIX, foram</p><p>criados móveis físico e visualmente leves, notando-se isso</p><p>também nos mobiliários do design local moderno.</p><p>É preciso notar que essa evolução dos estilos do mobiliário</p><p>deve estar relacionada à ergonomia, ou seja, é relevante que haja</p><p>uma preocupação para que os móveis possuam dimensões que</p><p>beneficiem os usuários.</p><p>92 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>A altura de uma pessoa, em pé, para que possa alcançar e</p><p>apoiar sua mão em um armário ou prateleira, vai depender da sua</p><p>estatura, entretanto algumas medidas padrões são fornecidas para</p><p>o dimensionamento do mobiliário. Assim, observe a Figura 2.18,</p><p>que discrimina essas relações das medidas masculinas e femininas</p><p>(GRANDJEAN, 1998).</p><p>Ainda segundo Grandjean (1998), é apresentada uma fórmula</p><p>que relaciona a estatura da pessoa com a sua altura máxima de</p><p>alcance. Essa fórmula é apresentada a seguir como: Altura máxima</p><p>de alcance =</p><p>1,24 x estatura. Ou seja, se você mede 1,60m,</p><p>consegue alcançar um objeto no armário que esteja até 1,98m de</p><p>altura. Veja:</p><p>Primeiramente, será necessário que você converse com os</p><p>professores e o dirigente da escola, para que, assim, você possa</p><p>propor soluções e dizer qual será a opção mais adequada e funcional</p><p>para o armário, atendendo de forma eficaz o seu público-alvo. Para</p><p>que isso aconteça, verifique como foram o estilo internacional e as</p><p>características do mobiliário no Brasil Colônia. Além disso, procure</p><p>associar seus aprendizados com propostas para novas ideias.</p><p>Fonte: adaptada de Grandjean (1998, p. 58).</p><p>Figura 2.18 | Relação altura versus alcance</p><p>Sem medo de errar</p><p>93U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>O armário pode seguir características do estilo internacional</p><p>e ser feito em mais de um material, como a mistura do metal</p><p>com o MDF. No entanto, o trabalho deve seguir apoiando-se</p><p>no construtivismo e na praticidade, de forma que possa haver</p><p>modificação das prateleiras para facilitar a tarefa do professor ao</p><p>pegar e guardar os materiais e seus pertences. Dessa maneira,</p><p>fatores ergonômicos, como facilidade de uso, manuseio e limpeza,</p><p>devem ser primordiais no projeto. Outro fator importante é o</p><p>dimensionamento da estrutura do armário, devendo estar dentro</p><p>das normas ABNT.</p><p>Também devem ser levados em consideração a funcionalidade e</p><p>a modularidade do armário, atentando para que essas características</p><p>sejam empregadas no projeto. Será necessário estudar suas</p><p>particularidades e propor estas soluções, como a possibilidade de</p><p>alterar a altura das gavetas ou prateleiras.</p><p>Os materiais e os acabamentos podem ser feitos de diversas</p><p>maneiras: pintados, laqueados ou envernizados. Dessa forma,</p><p>os principais aspectos a serem considerados nesse mobiliário</p><p>são: suas linhas simétricas, emprego da ergonomia – formas</p><p>arredondadas, modularidade, praticidade e funcionalidade,</p><p>materiais e acabamentos.</p><p>Atenção</p><p>No emprego da ergonomia é essencial que haja discernimento</p><p>sobre o que facilita e/ou prejudica o usuário. Veja que “cantos</p><p>vivos” – extremidade não arredondada, ou seja, que possui arestas</p><p>pontiagudas – são mais suscetíveis de provocar acidentes e mais</p><p>fáceis de lascar ou quebrar no produto. Também pesquise sobre a</p><p>durabilidade do material, acabamento, processo de limpeza, entre</p><p>outros fatores. Além disso, pense na melhor forma de projetar esse</p><p>armário, para que seja moderno e atraente.</p><p>94 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Associação de Designers de Interiores</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Foi construído na sua cidade um novo parque para passeios</p><p>ao ar livre, no qual as pessoas podem se encontrar para realizar</p><p>caminhadas, tomar sorvete, passear com seu animal de estimação,</p><p>tomar suco, entre outras atividades. Nesse espaço será construída</p><p>uma casa de sucos naturais e pastéis assados, para que as pessoas</p><p>possam, após a prática de seus exercícios, saborear alimentos</p><p>saudáveis. No entanto, essa casa de comidas naturais deseja um</p><p>espaço diferenciado para as crianças e para o acompanhamento</p><p>dos animais de estimação.</p><p>Você foi convidado por uma Associação de Designers de</p><p>Interiores a desenvolver essa área de forma inovadora e original.</p><p>Seu trabalho será o de elaborar modelos de banco e mesa para os</p><p>frequentadores do espaço ao ar livre e um suporte adequado para</p><p>os animais permanecerem enquanto seus donos tomam o lanche.</p><p>Portanto, você deverá arguir a maneira como será construída essa</p><p>mesa, esse banco e esse suporte para animais.</p><p>Sendo assim, qual a melhor forma de fazer isso? Qual material</p><p>deverá ser explorada? Qual material resiste ao peso, à limpeza e às</p><p>intempéries? Qual design (forma) será mais adequado? Quais cores</p><p>devem ser empregadas? Terá algum acabamento diferenciado?</p><p>Qual estilo seria mais interessante?</p><p>Avançando na prática</p><p>Lembre-se</p><p>Verifique que você pode criar algo original a partir das informações</p><p>obtidas nesta seção. Pesquise modelos de mosaicos, de materiais</p><p>mais resistentes, de formas e cores, e, principalmente, lembre-se dos</p><p>movimentos que fizeram parte do estilo internacional; anote suas</p><p>principais características e perceba qual modelo seria mais propício</p><p>para empregar nessa sua tarefa!</p><p>95U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Para essa solução ser eficiente, a equipe de interiores formou</p><p>um grupo de profissionais, e você também poderá contribuir de</p><p>maneira hábil, propondo algumas metas. Inicialmente, você deverá</p><p>conversar com a equipe de designers e determinar as metas que</p><p>deseja atingir e as tarefas que cada um executará. Para tanto,</p><p>deverão ser explorados alguns tipos de materiais e também levar</p><p>em consideração determinados fatores, como resistência ao</p><p>peso, custo, fácil produtividade, limpeza, manuseio, forma mais</p><p>adequada para implementar esses itens descritos anteriormente,</p><p>aplicação de uma cor que condiga com seu público-alvo e</p><p>emprego da ergonomia. Por isso, talvez explorar o estilo eclético</p><p>seja interessante, visto que poderá trabalhar com concreto e aplicar</p><p>mosaicos nas peças a serem criadas, o que permite fácil limpeza e</p><p>conservação. Além disso, poderá usar cores quentes, transmitindo</p><p>maior alegria ao espaço.</p><p>Outro fator a ser apreciado, e não menos importante, é o</p><p>acabamento que será dado ao móvel. É extremamente pertinente</p><p>que o acabamento esteja de acordo com as propostas indicadas</p><p>e que valorize e proteja o material de danos externos, como</p><p>as intempéries. Então, procure por materiais que propiciem a</p><p>conservação do móvel, como aplicação de vernizes ou esmaltação.</p><p>Além disso, veja se deseja um acabamento diferenciado ou</p><p>determinada texturização. Essas são algumas proposições que</p><p>podem ajudá-lo no seu trabalho. Formas arredondadas são</p><p>indicadas, pois conferem um visual mais gracioso e também</p><p>fornecem menos riscos de trinca ou quebra do que cantos vivos.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Aproveite este momento de aprendizado e discorra sobre os</p><p>elementos que são, ao seu ver, pertinentes ao projeto. Pegue</p><p>um exemplo de parque ou praça da sua cidade e verifique</p><p>quais itens são necessários para esse tipo de ambiente. Analise</p><p>os diferentes modelos que detectar, verifique suas formas,</p><p>cores, acabamentos e tipos de materiais utilizados. Desta</p><p>forma, poderá ter mais argumentos e conhecimentos sobre</p><p>mobiliário para esse tipo de lugar.</p><p>96 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Observa-se no Brasil que a produção de cadeiras revelava formas</p><p>mais leves, muitas dobráveis, portáteis, com entalhes decorativos,</p><p>referente aos períodos de cada época. Muitos usavam o jacarandá no</p><p>mobiliário e materiais como palhinha, madeira, couro ou estofado, tanto</p><p>no encosto como no assento. Além disso, havia cadeira com braço ou</p><p>sem, com espaldar alto e baixo. Constata-se que quanto mais elementos</p><p>compunham o mobiliário, mais robusto e pesado ele aparentava ser.</p><p>Para Maluf (2013), no século XVIII, predominaram encostos inteiriços em</p><p>couro, em peças de estilo português, sólidas e maciças. “Os mobiliários</p><p>mais leves surgem pela influência do estilo inglês_______________,</p><p>com encostos__________, linhas________________________.”</p><p>Marque a alternativa que completa corretamente a lacuna em branco do</p><p>texto-base.</p><p>a) Luís XV / sólidos / têxteis e inovadoras.</p><p>b) Barroco / em bambu / pesadas e escuras.</p><p>c) Chippendale / vazados / delicadas e sinuosas.</p><p>d) Luís XVI / em resina / conservadoras e geométricas.</p><p>e) Rococó / em metal / rústicas e retas.</p><p>2. “A partir de 1920, ___________________chegou na Bauhaus para</p><p>gerar uma forma de produção na qual os objetos foram reduzidos a</p><p>elementos geométricos”.</p><p>Marque a alternativa que completa corretamente a lacuna em branco do</p><p>texto-base.</p><p>a) O abstracionismo total.</p><p>b) As formas orgânicas da natureza.</p><p>c) O estilo artístico.</p><p>d) O funcionalismo.</p><p>e) As formas curvilíneas e vazadas.</p><p>3. Devido à radicalização da Primeira</p><p>Bons estudos!</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 9</p><p>Seção 1.1</p><p>Mobiliário na antiguidade</p><p>Nesta seção, é importante você saber que os estilos do mobiliário</p><p>na antiguidade foram: o egípcio, o mesopotâmico, o persa, o hindu,</p><p>o chino-japonês e o greco-romano. Porém, abordaremos os mais</p><p>conhecidos e que se destacaram de forma marcante, no que se</p><p>refere às formas e principais diferenças entre eles.</p><p>Você conhecerá a história do mobiliário e as suas diferentes</p><p>formas e estilos no cotidiano das pessoas. E, a partir das descobertas</p><p>que forem sendo feitas, poderá criar propostas para ajudar Júlio na</p><p>sua empreitada: decorar de forma eficiente e atraente o seu novo bar.</p><p>Para uma primeira proposta a Júlio sobre os estilos históricos,</p><p>você decidiu iniciar apresentando como era o estilo do mobiliário na</p><p>antiguidade. Assim, você terá que pensar: quais os aspectos que esses</p><p>mobiliários devem ter para caracterizar esse estilo? Quais os critérios</p><p>que você deverá seguir para escolhê-los? Quais as características,</p><p>como cor, texturas e acessórios fazem parte desse estilo? Seria</p><p>adequado adotar esse estilo para o bar temático de Júlio?</p><p>Além disso, para iniciar esta primeira etapa, você terá de criar</p><p>uma mesa e cadeira que sejam ergonômicas e que tenham</p><p>valores agregados ao conjunto, por exemplo, mesa que possa ser</p><p>expandida ou ter gavetas, confeccionada de material sustentável,</p><p>entre outros elementos, além de um estilo pertencente ao</p><p>mobiliário na antiguidade. Mas, como isso poderá ser feito?</p><p>É importante que você analise os estilos que fizeram parte do</p><p>mobiliário na antiguidade, para saber como selecionar os itens</p><p>relevantes, como: a forma dos objetos, os materiais usados, os</p><p>tipos de móveis, as cores e os acessórios que faziam parte do</p><p>mobiliário, a fim de que você consiga apresentar a proposta de</p><p>mobiliários baseando-se no estilo apresentado na antiguidade.</p><p>Nesta seção, você conhecerá os conceitos fundamentais e</p><p>características do mobiliário na antiguidade. Dessa forma, você,</p><p>Diálogo aberto</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário10</p><p>caro aluno, saberá como realizar um comparativo entre os estilos</p><p>e verificar qual deles está mais aderente ao trabalho que está</p><p>realizando.</p><p>Vamos começar!</p><p>O mobiliário antigo pode ser caracterizado por diferentes</p><p>culturas que foram evoluindo ao longo do tempo e em diferentes</p><p>lugares. É necessário verificar sempre o contexto histórico e cultural</p><p>de cada um desses períodos e pontuar suas características mais</p><p>marcantes, que influenciaram seus estilos, estética e estrutura.</p><p>Segundo Battistoni Filho (1987), podemos dizer que uma obra</p><p>de arte é a capacidade de expressar uma experiência, dentro de</p><p>uma determinada organização ou disciplina. Essa experiência</p><p>provém de circunstâncias que determinam uma obra de arte</p><p>como: pensamento, imaginação, época, lugar e, sobretudo, o</p><p>ambiente em que nasceu. Por isso, a importância de conhecermos</p><p>cada momento da história do mobiliário que marcou esse período</p><p>na antiguidade.</p><p>A seguir, iniciaremos o estudo sobre os estilos para conhecermos</p><p>melhor suas manifestações plásticas, com uma arquitetura mais</p><p>instruída e, por conseguinte, o tratamento estético dado aos</p><p>mobiliários. Assim, estudaremos os estilos decorativos que mais se</p><p>destacaram nesse período: o egípcio, o mesopotâmico e o greco-</p><p>romano.</p><p>Sobre o estilo egípcio, sabe-se que este povo foi mestre na</p><p>criação de móveis e que se destacaram pelos avanços tecnológicos</p><p>em diversas áreas. Um bom exemplo é que desenvolveram um</p><p>mobiliário considerando o conforto e bem-estar, fazendo uso das</p><p>dimensões humanas para suas construções.</p><p>Não pode faltar</p><p>Reflita</p><p>Você já percebeu que o nosso país foi colonizado por pessoas</p><p>de diferentes culturas? Conseguiu detectar como cada família e</p><p>seus descendentes influenciam no seu cotidiano, nos ambientes e</p><p>produtos à nossa volta?</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 11</p><p>Segundo Battistoni Filho (1987), a arquitetura egípcia</p><p>fundamenta-se nos monumentos funerários e religiosos. Suas</p><p>principais características são: dimensões enormes, porém com</p><p>simplicidade das formas, aspecto sólido e pesado, sistema</p><p>construtivo estático de peso e sustentação, predominância das</p><p>superfícies sobre os vazios e policromia.</p><p>A palmeira e a tamareira eram plantas nativas do Egito, mas,</p><p>não eram boas para fazer móveis. A opção, então, foi importar</p><p>madeiras mais duras e resistentes de outros países como a Síria</p><p>e Fenícia: pinho, cedro, oliveira e figueira. Muitas vezes, pintavam</p><p>de cores vivas e aplicavam incrustações. Para Castenoul (1995),</p><p>as pessoas mais simples, pobres, utilizavam a madeira natural,</p><p>enquanto, para os faraós e nobres, os móveis eram recobertos</p><p>de ouro, prata e marfim. Às vezes, também eram recobertos com</p><p>tecidos, bordados ou não, e com almofadões de plumas. Nos</p><p>móveis de luxo, empregavam-se pastas cerâmicas vítreas, tiras de</p><p>ouro e marfim.</p><p>Utilizavam-se desenhos geométricos na decoração dos</p><p>mobiliários e também cores como o vermelho, amarelo, verde</p><p>e branco, estilizando plantas nos desenhos, como o lótus e o</p><p>papiro; e animais, especialmente o leão, o falcão, o escaravelho, o</p><p>escorpião, o pato, o íbis (tipo de garça), a cobra naja, o crocodilo e</p><p>a esfinge, que também representavam seus deuses.</p><p>O mobiliário egípcio ficou marcado por características próprias</p><p>e acentuadas, como os assentos e as cadeiras com quatro pés em</p><p>formato de patas de leão e incrustações. Utilizavam processo de</p><p>encaixe nas madeiras e cavilhas.</p><p>Para grandes áreas, utilizavam-se tábuas, uma ao lado da</p><p>outra, com transversais, geralmente internas, para evitar futuros</p><p>empenamentos. O polimento era feito por pedra-pome, e os</p><p>tecidos eram fixados por meio de pequenos cravos de madeira.</p><p>Como cola, empregavam-se vísceras de galinha (CASTENOUL,</p><p>1995).</p><p>Segundo Battistoni (1987), os artesãos egípcios destacaram-se</p><p>pelas suas artes decorativas. Também criaram joias, braceletes,</p><p>pulseiras, colares e anéis com materiais semipreciosos, pedras e</p><p>ouro, com excelente bom gosto, sensibilidade e originalidade. Eles</p><p>criaram o esmalte, o vidro e o azulejo.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário12</p><p>Para Proença (2012, p. 18), “a arte desenvolvida no Egito refletiu</p><p>suas crenças primordiais”. Assim, caracterizou-se nos túmulos e</p><p>nos objetos, como estatuetas e vasos deixados junto aos mortos.</p><p>Em virtude disso, tornou-se muito padronizada, pois o objetivo</p><p>era que as obras possuíssem perfeito domínio das técnicas de</p><p>execução. Por isso, os artesãos egípcios eram ótimos executores.</p><p>No estilo mesopotâmico, vários povos revelaram uma</p><p>arquitetura característica, sobretudo em casas feitas em argila,</p><p>juncos e bambus, além de construções suntuosas. Além disso,</p><p>a ourivesaria era muito presente na Mesopotâmia, sendo uma</p><p>das atividades mais importantes. Estatuetas, braceletes e colares,</p><p>entre outros utensílios, eram trabalhados em ouro e prata, com</p><p>incrustação de pedras. É interessante reparar que os estilos eram</p><p>variados, dada a diversidade de povos que ocuparam a região.</p><p>Segundo Farthing (2010), nesse período foram construídos os</p><p>primeiros zigurates (pirâmides em vários degraus), cada um deles</p><p>fazendo parte de um complexo de templos em que se acreditava</p><p>que servisse como morada de um deus protetor. Empregavam na</p><p>construção: argila, ladrilhos e tijolos.</p><p>Para Carvalho (1993), uma das características dos interiores</p><p>mesopotâmicos eram a monumentalidade e predominância dos</p><p>cheios sobre os vazios, além da policromia exterior e interior</p><p>e simetria. Possuíam grandes construções com superfícies e</p><p>estruturas abobadadas, ricas na decoração e existência de muitos</p><p>anexos e compartimentos (divisões).</p><p>Assimile</p><p>Você percebeu como foi forte o Estilo Egípcio? Que tal, agora,</p><p>verificar o seu legado à nossa volta? Observe os móveis no ambiente</p><p>onde você está, verifique as formas, as cores ou os acessórios que ele</p><p>possui e se apresentam indícios desse estilo.</p><p>Se construíram colunas de alvenaria de tijolos,</p><p>empregando-se telhas circulares</p><p>Guerra Mundial, todo o nacionalismo</p><p>veio a cair, e uma péssima experiência de batalha surgiu, derrubando os</p><p>97U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>ideais, o que proporcionou total modificação e incitou o desejo de algo</p><p>totalmente novo. Então, surgiram os movimentos de vanguarda que</p><p>traziam outras concepções.</p><p>Marque a alternativa correta que cita os anseios dos movimentos de</p><p>vanguarda:</p><p>a) Desejavam tornar a arte “feia”.</p><p>b) Desejavam tornar a arte mais atraente e bonita.</p><p>c) Desejavam anular qualquer tipo de arte.</p><p>d) Desejavam manter a perspectiva centralizada na arte.</p><p>e) Desejavam manter a cultura ocidental na arte.</p><p>98 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Seção 2.3</p><p>Designers de móveis brasileiros do século XX</p><p>Caro aluno, na Seção 2.2 foram estudados o estilo internacional</p><p>e o Brasil Colônia até o século XX, referente ao estilo dos</p><p>mobiliários empregados. Nesta seção, você conhecerá a produção</p><p>dos principais designers de móveis brasileiros do século XX e sua</p><p>evolução. Você também aprenderá mais sobre as problemáticas</p><p>sofridas pelos designers no Brasil e os pontos marcantes que</p><p>fizeram mudar os paradigmas em relação ao design brasileiro.</p><p>Como situação-problema desta seção, temos o seguinte</p><p>contexto: na etapa anterior, você criou um novo armário para os</p><p>professores, para que pudessem guardar seus materiais e pertences</p><p>particulares. Entretanto, foi verificado que somente construir um</p><p>armário ficaria muito distante da real necessidade de alteração</p><p>do ambiente e percebeu-se a necessidade de reformar a sala dos</p><p>professores de forma geral.</p><p>A escola propôs-lhe que continuasse responsável por projetar,</p><p>como designer de interiores, todo o ambiente da sala dos</p><p>professores, além do armário já feito. Neste primeiro momento,</p><p>há reclamação por parte dos professores de que o ambiente</p><p>não é aconchegante e os móveis que nele se inserem não são</p><p>ergonômicos e harmônicos com o novo armário, que possui</p><p>formas arrojadas e materiais inovadores.</p><p>Dessa forma, seu objetivo será o de projetar mobiliários, como</p><p>a mesa dos professores e as cadeiras, que combinem com o novo</p><p>armário e que empreguem as características solicitadas pelos</p><p>professores, como: material leve, formas orgânicas, com design</p><p>ousado mas simples. Qual o melhor estilo a ser empregado? Qual o</p><p>modelo de mesa mais adequado ergonomicamente? Redondo ou</p><p>quadrado? Qual o formato mais adequado para os pés e o tampo?</p><p>Quais materiais seriam os mais indicados? Qual material transmitiria</p><p>mais aconchego? E, ainda, em qual cor?</p><p>Diálogo aberto</p><p>99U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Entre os séculos XVI e XVIII, pôde-se observar como fluiu a</p><p>introdução dos primeiros móveis no Brasil e a influência dos</p><p>móveis luso-brasileiros, de estilo mais pesado. Já os móveis do</p><p>século XIX consideraram outros estilos vindos também da Europa,</p><p>como pudemos ver na unidade anterior.</p><p>No século XX, o mobiliário moderno distingue-se principalmente</p><p>pela leveza, de aspecto e de peso, a partir, principalmente, da</p><p>década de 1940. Na Figura 2.19, você pode ver uma poltrona</p><p>Joaquim Tenreiro com essas características, com estrutura em</p><p>pau-marfim maciço, natural ou ebanizado, estofamento em</p><p>espuma ou poliuretano e revestimento em couro natural.</p><p>Não pode faltar</p><p>Esta seção poderá ajudá-lo com grandes ideias, pois você verá</p><p>que muitos profissionais adotaram, no Brasil, a partir de 1940, a</p><p>criação de móveis com materiais alternativos e leves, e formas</p><p>orgânicas. Bons estudos!</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:MCB_mobili%C3%A1rio_02.jpg. Acesso em: 11 nov. 2016.</p><p>Figura 2.19 | Poltrona de embalo, projetada por Joaquim Tenreiro, em 1947</p><p>100 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Segundo Maluf (2013), esse estilo é claro nas cadeiras criadas</p><p>por Joaquim Tenreiro; pela pesquisa de Lina Bo Bardi, verifica-se</p><p>o uso de fibras nativas nos mobiliários dos projetos de Bernard</p><p>Rudofksy; nas produções de Geraldo de Barros, com a Unilabor;</p><p>na cadeira de Paulo Mendes da Rocha e também na poltrona Mole</p><p>de Sérgio Rodrigues, que parece pesada, mas apresenta extrema</p><p>leveza.</p><p>Essa evolução modernista deve-se, de fato, à Semana de Arte</p><p>Moderna no Brasil, em São Paulo, que debatia sobre questões</p><p>culturais, sociais e políticas, marcando o início do modernismo</p><p>do país, e principalmente marcando uma evolução nas artes</p><p>brasileiras. Havia incentivo de novas experimentações referentes</p><p>a formas, processos de produção e uso de materiais, instigando a</p><p>introdução de novos estilos, nos quais houvesse caráter nacionalista</p><p>mais presente.</p><p>A partir da década de 1930, verificou-se essa evolução na</p><p>tentativa de harmonizar a arquitetura e os móveis ao ambiente.</p><p>Contudo, somente a partir de 1940 é que o aspecto de leveza</p><p>ficou nítido nos produtos fabricados no Brasil.</p><p>Dessa forma, peças começaram a ser produzidas levando em</p><p>consideração os melhores processos de produção e a simplicidade</p><p>estrutural e formal do objeto. Havendo uma preocupação com o uso</p><p>de materiais locais e conectados ao clima quente e úmido do Brasil,</p><p>assim como as principais características e hábitos da população.</p><p>A partir desse pensamento, muitas mudanças nos mobiliários</p><p>foram acontecendo, como alteração de uso de materiais pesados</p><p>por mais leves, tecidos quentes por mais frescos e exploração e</p><p>adição de outros materiais e acabamentos. Na Figura 2.20, pode</p><p>ser visualizado um modelo de estante da Unilabor, de Geraldo de</p><p>Barros.</p><p>101U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Fonte: http://www.designcultura.org/menu/moveis/conte/quadro.html. Acesso em: 4 out. 2016.</p><p>Figura 2.20 | Estante da Unilabor, década 1950</p><p>Observa-se que, inicialmente, os móveis produzidos até o final da</p><p>década de 1930 eram inspirados nos mobiliários europeus e que, no</p><p>início de 1940, houve uma mudança de paradigmas, favorecendo</p><p>todo o contexto brasileiro no que tange suas características e</p><p>sua pluralidade. De acordo com Landim (2010), antes da década</p><p>de 1940, ainda havia uma visão do Brasil como um país apenas</p><p>“agrícola” e que talvez não fosse interessante industrializar. Muitos</p><p>críticos diziam que não compensaria investir em design aqui. No</p><p>entanto, observa-se que o Brasil teve, nos últimos 50 anos, uma</p><p>industrialização maciça, na qual se desenvolveram vários processos</p><p>fabris nas mais diversas áreas.</p><p>Reflita</p><p>Observe e reflita sobre as diferenças dos tipos de mobiliários projetados</p><p>antes e após a década de 1940. Isso o ajudará a compreender melhor</p><p>sobre suas principais características e a evolução dos mobiliários no</p><p>decorrer dos anos e suas influências nos profissionais de design no Brasil.</p><p>102 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>As multinacionais trouxeram benefícios e um intercâmbio</p><p>cultural que gerou aspectos positivos e negativos ao Brasil. Muitas</p><p>impuseram seu estilo e modo metodológico às empresas nacionais,</p><p>porém isso acabou contribuindo para influenciar negativamente os</p><p>designers brasileiros, que naquela época não se identificaram com</p><p>as políticas implantadas na maioria dessas empresas. Às vezes,</p><p>importavam ideias das matrizes estrangeiras, o que acabou por não</p><p>criar uma linha ou ideia que realmente possuísse um vínculo com</p><p>as características culturais brasileiras. Percebemos que, muitas</p><p>vezes, o desenho já vinha pronto do exterior e que apenas alguns</p><p>elementos eram alterados ou melhorados.</p><p>De acordo com Landim (2010), verifica-se a introdução do</p><p>conceito de produto vernacular ou autóctone, sugerindo uma</p><p>tecnologia alternativa para “protestar” contra o modelo colonialista</p><p>industrial. O modelo funcionalista prevaleceu. Sendo assim, o</p><p>estilo lúdico, carnavalesco e os aspectos culturais brasileiros</p><p>ficaram ainda inibidos, o que acabou, de certa forma, prejudicando</p><p>a criação de uma linguagem própria do design no Brasil.</p><p>Essas características desenvolveram-se nas escolas brasileiras</p><p>de design, nas quais o modelo-racional</p><p>prevaleceu, visando a</p><p>produção seriada e industrializada, influências vindas de escolas</p><p>como a Bauhaus e Escola de Ulm. Um problema detectado foi que</p><p>inserir esses produtos sem uma identidade brasileira no mercado</p><p>causou insatisfação. Em contrapartida, os mobiliários brasileiros</p><p>fizeram sucesso internacional quando introduziram características</p><p>da sua própria cultura, valorizando o estilo tropical.</p><p>Verificou-se que as influências vindas de escolas como a Bauhaus</p><p>e Escola de Ulm. Surgiu um novo conceito para se adaptar às nossas</p><p>tradições e características econômicas e socioculturais, utilizando</p><p>materiais regionais, como os tecidos, as fibras naturais, entre outros.</p><p>Na Figura 2.21, pode se visualizar o modelo de poltrona Bowl, de</p><p>Lina Bo Bardi, criada em 1950, em vime com estrutura de ferro</p><p>tubular, fundamentando elementos culturais brasileiros.</p><p>103U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Fonte: https://goo.gl/NOnX2N. Acesso em: 5 out. 2016.</p><p>Figura 2.21 | Poltrona Bowl, de Lina Bo Bardi</p><p>Assimile</p><p>O grande progresso efetivado em 1950 promoveu o crescimento</p><p>do design brasileiro, incentivando a criação de muitos escritórios e</p><p>empresas, trazendo uma série de experiências artesanais e industriais,</p><p>elevando-se no patamar internacional. Para Landim (2010, p. 113), “O</p><p>Movimento Moderno no Brasil foi, por muito tempo, sinônimo de</p><p>industrialização e prosperidade, mas com o golpe militar de 1964,</p><p>interrompeu-se o sonho socialista do projeto modernista, identificado</p><p>com a resolução dos problemas sociais do país”. Assim, a chegada</p><p>do Golpe Militar de 1964 acabou por prejudicar este crescimento,</p><p>criando produtos, em geral, para a periferia.</p><p>A partir de 1980, começou a preocupação com o design</p><p>social, porém ainda de forma inicial, não ajudando efetivamente</p><p>na mudança dos reais problemas sociais que o país enfrentava.</p><p>Pode-se perceber neste período uma grande dependência do</p><p>Estado para que isso se tornasse fato. Após o fim da Ditadura</p><p>Militar, verifica-se que a cultura pós-moderna brasileira passava</p><p>por um momento de pouca valorização do design. Desta forma,</p><p>designers brasileiros, profissionais e estudantes protestaram para</p><p>que houvesse a inclusão do design nacional e local nos produtos</p><p>das empresas.</p><p>Dessa maneira, concretiza-se o fato de que houve manifestação</p><p>política em busca de liberdade de expressão e contra a insatisfação</p><p>104 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>capitalista. A partir de 1980, a produção fabril brasileira foi pequena,</p><p>no entanto houve crescimento e valorização da estética brasileira</p><p>multicultural e mestiça, de acordo com Landim (2010).</p><p>Para Ellwanger, Barichello e Bisognin (2006), percebeu-se que era</p><p>necessária a valorização da cultura brasileira e que uma linguagem</p><p>original fosse mais amplamente explorada. Sendo assim, houve</p><p>uma mudança na concepção dos mobiliários pelos profissionais da</p><p>área, ou seja, o favorecimento de signos próprios, mas com uma</p><p>leitura universal, de tal maneira que os mobiliários pudessem ser</p><p>identificados como brasileiros, em qualquer lugar do mundo.</p><p>No Brasil, muitos designers se destacaram com suas obras, como</p><p>Joaquim Tenreiro, Lina Bo Bardi, Bernard Rudofsky, criando móveis</p><p>de caráter simplista, despojado, com materiais nativos e formas</p><p>orgânicas, havendo um aspecto dinâmico nas peças, por volta do</p><p>final da década de 1940, e estabelecendo-se na década de 1950.</p><p>Na Figura 2.22, observa-se um mobiliário característico da</p><p>cultura brasileira, criado por Joaquim Tenreiro. Verifica-se que é</p><p>uma mesa de seis lugares, em jacarandá maciço, cadeiras de pé</p><p>palito com assento e encosto recurvo forrado em palhinha, com</p><p>as seguintes dimensões: medidas da mesa: 150 cm diâmetro 73</p><p>cm de altura; medidas da cadeira: 44 cm profundidade 50 cm</p><p>largura 86 cm de altura; altura assento: 44 cm.</p><p>Fonte: http://www.passadocomposto.com.br/conteudo/popfoto2.asp?foto_g=MesaCadTenreiro.jpg. Acesso</p><p>em: 6 out. 2016.</p><p>Figura 2.22 | Mesa Joaquim Tenreiro</p><p>105U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Dessa forma, o mais indicado para o tampo da mesa desse</p><p>tamanho, pela norma ABNT, é um diâmetro de 1,5 m. A altura</p><p>indicada para a mesa pode variar entre 74 a 76 cm. Ou seja, o</p><p>conjunto de mesa e cadeira de Joaquim Tenreiro está dentro dos</p><p>limites propostos pelas normas.</p><p>De meados de 1950 em diante, outros profissionais se</p><p>destacaram também no design de mobiliários, como: Michel</p><p>Arnoult, Sérgio Rodrigues, José Zanine Caldas. Muitas indústrias</p><p>foram construídas, e este período, entre 1950 e 1970, foi uma época</p><p>de esplendor para o design brasileiro, recebendo reconhecimento</p><p>e fazendo sucesso internacionalmente.</p><p>Podemos verificar que muitos destes profissionais não se</p><p>formaram em design, a maioria estudou no exterior ou são</p><p>estrangeiros que se mudaram para o Brasil. Isso confirma a</p><p>relevância que eles propiciaram para a formação de outros</p><p>profissionais da área de design, assim como a construção dos</p><p>cursos de design no Brasil. Além disso, os trabalhos desenvolvidos</p><p>por eles estimularam o emprego da cultura nacional brasileira nas</p><p>suas criações, fortalecendo nossa identidade criativa, estética,</p><p>simbólica e cultural.</p><p>Pesquise mais</p><p>Aluno, assista o vídeo sobre “Ergonomia, definição e cuidados”,</p><p>indicando as posições corretas que devemos adotar no posto de</p><p>trabalho, favorecendo, assim, a ligação da construção de um mobiliário</p><p>para os diferentes públicos-alvo. Disponível em: https://www.youtube.</p><p>com/watch?v=705p6HvDuaE. Acesso em: 6 out. 2016.</p><p>Assimile</p><p>Você sabe que cores absorvem mais o calor e destacam-se mais no</p><p>ambiente? De acordo com Franckowiak (2000), as cores quentes</p><p>(vermelho, amarelo, alaranjado) são as que mais absorvem o calor</p><p>e se destacam no ambiente, porém devem ser evitadas em móveis</p><p>e utensílios duráveis, pois a longo prazo tendem a cansar e irritar os</p><p>usuários.</p><p>106 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>É importante ressaltar que a aplicação da ergonomia no design</p><p>de móveis faz-se imprescindível, assim como a aplicação das</p><p>formas (com cantos vivos ou não), das cores que absorvem mais o</p><p>calor, do material – se mais áspero, aderente, macio ou duro. Tudo</p><p>isso é conteúdo abordado pela ergonomia.</p><p>Exemplificando</p><p>Veja na Figura 2.23, no conjunto de mesa de jantar, como estão</p><p>dispostas as peças e as cores que o compõem. Percebe-se que são</p><p>utilizados tons mais neutros, mais fáceis de compor com outros</p><p>materiais e texturas. Segundo Fraser e Banks (2007), as percepções</p><p>de cor variam de acordo com a pessoa e são influenciadas por</p><p>suas experiências e conhecimentos anteriores, por seu ambiente e</p><p>sua cultura, por exemplo. Os objetos, móveis e acessórios de um</p><p>ambiente podem ter um impacto tão grande sobre sua aparência</p><p>quanto a decoração e a mobília.</p><p>Fonte: http://www.moveisetc.com.br/media/catalog/product/cache/1/image/1200x/9df78eab33525</p><p>d08d6e5fb8d27136e95/c/a/cadeira-mesa-tulipa-saarinen.jpg. Acesso 9 nov 2017.</p><p>Figura 2.23 | Conjunto de móveis sala de jantar</p><p>107U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>De acordo com Lida (2005), em relação às cores, os homens</p><p>preferem: azul, vermelho, amarelo e magenta; já as mulheres</p><p>preferem: azul, verde, violeta e vermelho. Segundo o autor,</p><p>ambientes monocromáticos são monótonos e devem ser evitados</p><p>dependendo da intenção que se objetiva com seu uso. Pode-se</p><p>usar cores, contudo deve-se tomar cuidado na combinação e não</p><p>exagerar na mistura delas, pois podem causar estresse e irritação.</p><p>Lembre-se que, ao usar cores, associações emocionais, culturais e</p><p>visuais serão feitas.</p><p>Em relação às medidas mais utilizadas para cadeiras, deve-se</p><p>levar em consideração os itens como altura, profundidade, largura</p><p>e altura do assento, como demonstra o exemplo da Figura 2.24.</p><p>De acordo com Lida (2005), o ideal é que a altura do assento</p><p>seja regulável, assim conseguimos atender a todas as diferenças,</p><p>desde o mínimo de 35,1 cm (5% das mulheres)</p><p>até o máximo de 48</p><p>cm (95% dos homens).</p><p>No entanto, pode-se colocar mais 3 cm para altura dos calçados</p><p>(38,1 a 51,0 cm). A largura do assento deve ser apropriada à largura</p><p>torácica do usuário (40 cm). A profundidade precisa ser tal que</p><p>a borda do assento fique, pelo menos, 2 cm afastada, para não</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Figura 2.24 | Modelo de cadeira</p><p>108 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>apertar a parte interna da perna. A NBR 13962 indica a largura de</p><p>40 cm e profundidade útil entre 38 a 44 cm para o assento.</p><p>Veja na Figura 2.25, de Neufert (2004), as dimensões adequadas</p><p>para uma cadeira e uma mesa.</p><p>Fonte: adaptada de Neufert (2004).</p><p>Figura 2.25 | Medidas em cadeira de comer</p><p>Neste momento, já é possível que você consiga propor um</p><p>conjunto de mesa e cadeira adequados ao ambiente docente, afinal</p><p>já adquiriu bastante informação. Que tal falar com os professores</p><p>e o dirigente da escola e mostrar suas ideias? Deverá dizer quais</p><p>recursos podem fazer todo o diferencial no ambiente e revelar as</p><p>opções mais relevantes para a sala no que tange seus objetivos:</p><p>aconchego, leveza e funcionalidade.</p><p>A fim de que isso ocorra, verifique os estilos empregados no</p><p>século XX, no Brasil, pelos profissionais do setor de mobiliários.</p><p>Verifique os materiais mais utilizados e as soluções dadas nesse</p><p>período para os diversos móveis. Além disso, perceba as formas e</p><p>cores mais usadas.</p><p>A cadeira pode ser feita com pés em madeira ou aço, o encosto</p><p>e o assento podem usufruir de materiais alternativos, como</p><p>palhinha, tecidos ou couro. Você poderá constatar a utilização de</p><p>diferentes materiais que possam caracterizar o estilo brasileiro nas</p><p>suas criações.</p><p>Sem medo de errar</p><p>109U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Já a mesa pode ser feita com tampo em MDF ou vidro, de modo</p><p>que transmita a leveza e simplicidade tão desejadas pelos docentes.</p><p>Também devem ser apreciadas a ergonomia, a praticidade e a</p><p>funcionalidade dos móveis em relação ao seu uso e limpeza. Os</p><p>materiais e os acabamentos podem ser feitos de diversas maneiras,</p><p>como pintados e envernizados.</p><p>Assim, os elementos a serem considerados de forma mais</p><p>contundente nos móveis devem ser: o design, formas simples, uso</p><p>de materiais alternativos, aplicação da ergonomia (praticidade e</p><p>funcionalidade) e acabamentos.</p><p>Criação de ambiente interno em edifício comercial</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Alguns edifícios na cidade de São Paulo possuem mais de 100</p><p>anos, por isso tem sido feita uma revitalização estético-visual de</p><p>muitos ambientes, procurando valorizar os bairros e incrementar</p><p>o comércio.</p><p>No entanto, na seleção dos edifícios que foram considerados</p><p>patrimônios históricos da cidade de São Paulo, alguns datam do</p><p>século XX, a partir de 1930. Você foi chamado para participar de</p><p>uma equipe de profissionais que deverá analisar o espaço interno do</p><p>hall de entrada de um edifício, verificar o seu ano áureo e procurar</p><p>decorá-lo de acordo com o seu período de sucesso, porém</p><p>inserindo materiais com um novo paradigma, sob uma concepção</p><p>atual e levando em consideração suas premissas de origem.</p><p>Sua tarefa será analisar um desses edifícios, juntamente com</p><p>sua equipe, pesquisar o ano de sua construção, prestar atenção</p><p>Atenção</p><p>A Semana de Arte Moderna alterou as premissas nos designers</p><p>brasileiros, desejosos de imprimir versão mais nacionalista às suas</p><p>criações. Isso acabou por influenciar seus códigos simbólicos, o que</p><p>favoreceu novas pesquisas e experimentos de novos materiais.</p><p>Avançando na prática</p><p>110 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>às suas principais características, como: as linhas empregadas</p><p>na decoração do hall de entrada, os azulejos originais, as cores</p><p>e os móveis usados na época. Portanto, você terá de conduzir</p><p>seu trabalho de maneira organizada e conclusiva para, após essas</p><p>tarefas, executar de modo criativo a decoração desse ambiente.</p><p>Nesse hall, deverá haver uma mesa de centro ou aparador, um</p><p>sofá e um balcão de atendimento.</p><p>Como deverá ser o estilo da mesa, do sofá e do balcão de</p><p>atendimento? Como fazer isso? Qual material usar? Qual forma</p><p>estética será mais adequada? Orgânicas ou abstratas? Adotar</p><p>o uso madeiras locais ou regionais para fazer os mobiliários</p><p>seria interessante? Inspirar-se em um estilo internacional de</p><p>uma determinada época seria valido ou seria melhor basear-</p><p>se em características nacionais ou, ainda, mesclar ambas as</p><p>possibilidades? Que cor deve ser usada? Terá alguma textura ou</p><p>acabamento diferenciado? Esses são alguns questionamentos que</p><p>podem ajudá-lo a resolver essa problemática.</p><p>Lembre-se</p><p>Verifique o ano de construção do edifício e pesquise quais</p><p>características vigoraram nesse período. Lembre-se de que, em cada</p><p>década, hábitos e modos de cultura representaram a sociedade</p><p>brasileira e se refletiram nas mais diversas áreas, como arquitetura,</p><p>mobiliário, artes, entre outros setores. É importante que se faça uma</p><p>busca por informações concretas sobre o tema, ano e estilos.</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Para o sucesso dessa tarefa, é imprescindível que sua equipe</p><p>seja de profissionais focados e que, juntos, possam realizar um</p><p>excelente trabalho de decoração de interiores. Você servirá</p><p>como uma âncora nesse projeto. Poderá propor algumas ideias,</p><p>como: fazer levantamento da planta inicial do hall de entrada do</p><p>edifício, levantamento histórico-fotográfico, para constatação</p><p>dos materiais, tecidos e formas dos mobiliários usados naquela</p><p>época. Além disso, outros elementos poderão ser considerados</p><p>na pesquisa e divididos com seus colegas, como os materiais que</p><p>eram usados na época e quais poderiam ser usados no momento</p><p>111U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Faça você mesmo</p><p>Pesquise no seu ambiente de trabalho ou outro lugar possibilidades</p><p>de incrementar o espaço com referências de determinada época.</p><p>Imagine que você resolveu decorar seu quarto conforme os ditames</p><p>do “Movimento Radical”, empregado na Itália. O que acha da ideia? Já</p><p>pensou nos móveis com formas exageradas? Seria, no mínimo, um</p><p>desafio intrigante, não é mesmo?</p><p>atual; os acabamentos e texturas que eram sucesso e que podem</p><p>ser substituídos por outros, contudo, mantendo a identidade</p><p>estético-visual da época.</p><p>Outro detalhe importante são as cores e os tecidos que</p><p>deverão continuar a representar esse período. Também leve em</p><p>consideração os elementos usados no chão, como: azulejo,</p><p>madeira, tacos, pedras, mármore, entre outros. Essas propostas de</p><p>pesquisa podem ajudá-lo na formação de ideias e contribuir para</p><p>um resultado positivo.</p><p>Sendo assim, talvez seja de grande valia explorar materiais</p><p>nacionais e até mesmo regionais, usar como inspiração fontes</p><p>brasileiras, como estruturas, arquiteturas e características culturais</p><p>nacionais. No entanto, para revitalizar este hall de entrada do</p><p>edifício em que você está trabalhando, é importante manter a</p><p>identidade do período em que foi construído, mas acrescentar</p><p>modernidade. Então, é possível optar por manter-se o mesmo tipo</p><p>de design, mas utilizando um material mais moderno ou resistente.</p><p>E, da mesma forma, pode ser mantida essa modernidade trocando</p><p>uma mesa de madeira por outra de outro material, como vidro.</p><p>Assim também pode ser feito para todo o restante do hall,</p><p>a troca dos azulejos por mais modernos, até porque será difícil</p><p>encontrar o mesmo estilo para venda. E assim pode ser trabalhado</p><p>todo o restante do projeto, conferindo materiais que possuam a</p><p>mesma identidade da época em que o edifício foi construído, mas</p><p>com um toque de modernidade, obtido por meio de materiais e</p><p>desenhos atuais.</p><p>112 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Entre os séculos XVI e XVIII, observou-se a introdução dos primeiros</p><p>móveis no Brasil e a influência dos móveis luso-brasileiros, com seu estilo</p><p>mais “pesado”. Já o móvel do século XIX continham outros estilos, vindos</p><p>também da</p><p>Europa.</p><p>No século XX, observa-se que os mobiliários se destacam por quais</p><p>características?</p><p>a) Formas orgânicas, de aspecto pesado.</p><p>b) Retas, de aspecto pesado.</p><p>c) Maciez, de aspecto fluido e pesado.</p><p>d) Leveza, de aspecto e de peso.</p><p>e) Rudimentares, formas medianas.</p><p>2. Havia incentivo de novas experimentações referentes a formas,</p><p>processos de produção e uso de materiais, instigando a introdução de</p><p>novos estilos para que houvesse um caráter nacionalista mais presente.</p><p>A partir da década de 1930, verificou-se essa evolução, na tentativa de</p><p>harmonizar a arquitetura e os móveis ao ambiente. Contudo, somente</p><p>a partir de 1940 é que o aspecto de leveza ficou nítido nos produtos</p><p>fabricados no Brasil.</p><p>Dessa forma, peças começaram a ser produzidas levando em</p><p>consideração quais itens?</p><p>a) Processos de produção mais potentes e onerosos, com luxo e requinte</p><p>formal do objeto.</p><p>b) Melhores processos de produção e a simplicidade estrutural e formal</p><p>do objeto.</p><p>c) Processos de produção mais simples, porém visando produtos pesados</p><p>e caros.</p><p>d) Processos de produção complexos, com utilização de materiais caros</p><p>e pesados.</p><p>e) Melhores processos de produção, luxo e a simplicidade estrutural e</p><p>formal do objeto.</p><p>3. Os críticos relatavam que haveria necessidade de trazer tecnologia</p><p>estrangeira mais avançada e que isso propiciaria um avanço mais</p><p>equilibrado entre os diferentes países. A isso também se enquadraria</p><p>o Brasil, que necessitava de novas tecnologias para se aperfeiçoar e se</p><p>tornar mais competitivo.</p><p>Por que muitas multinacionais acabaram influenciando negativamente os</p><p>designers brasileiros após a década de 1940?</p><p>a) Porque queriam mudanças repetitivas nos processos fabris.</p><p>113U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>b) Porque queriam impor somente o seu estilo e modo metodológico.</p><p>c) Porque queriam poucas mudanças nos processos industriais.</p><p>d) Porque não queriam mudanças temporais referentes às formas.</p><p>e) Porque não queriam mudanças temporais nos processos fabris.</p><p>114 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Seção 2.4</p><p>Desenvolvimento projetual de mobiliário</p><p>Prezado aluno, na Seção 2.3, estudou-se sobre o Brasil a partir</p><p>de 1940 e as criações de móveis com materiais alternativos,</p><p>formas orgânicas e materiais leves. Nesta seção, você conhecerá</p><p>as tendências nacionais e internacionais que vêm permeando</p><p>o design no Brasil e no mundo, definindo os estilos, formas,</p><p>acabamentos, entre outros elementos.</p><p>Como situação-problema desta seção temos o seguinte</p><p>contexto: continuando o trabalho na escola infantil, foi pedido que</p><p>você criasse um conjunto de mesa e cadeira para os professores,</p><p>para compor o “canto do café” dentro da sala dos professores,</p><p>já que esse local possui um armário novo, mesa e cadeiras que</p><p>combinam entre si em relação ao modelo, material e cor.</p><p>Os docentes desejam um lugar agradável, que possua poltronas</p><p>aconchegantes e que seja um espaço para relaxamento nos</p><p>intervalos das aulas. Com isso, a escola infantil, que é sua cliente,</p><p>propôs-lhe um último trabalho: projetar os móveis para esse</p><p>ambiente.</p><p>Seu objetivo será o de auxiliar na criação de uma mesa de</p><p>centro e poltronas aconchegantes. Você terá que escolher um</p><p>estilo que possa ser explorado nesse seu projeto, respeitando as</p><p>normas de ergonomia. A partir disso, qual modelo de mesa será</p><p>mais adequado? Como será o formato dos pés e o tampo dessa</p><p>mesa? Qual o modelo apropriado para a poltrona? Como tornar</p><p>os mobiliários mais funcionais e atraentes? Qual material usar</p><p>para transmitir mais aconchego? Será necessário que você reflita</p><p>sobre esses questionamentos e indique soluções viáveis para as</p><p>problemáticas apresentadas.</p><p>Entre os contextos que você estudou até agora, verifique</p><p>como poderá explorar melhor seus conhecimentos para criar</p><p>Diálogo aberto</p><p>115U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Não pode faltar</p><p>A partir do século XXI, há muitas possibilidades para</p><p>desenvolvimento de novos produtos que referenciam diferentes</p><p>culturas. Segundo Landim (2010), encontra-se uma mistura de</p><p>culturas muito forte no país. Essa pluralidade pode ser vista de</p><p>forma positiva, de modo a agregar à cultura brasileira, ou seja, essa</p><p>miscigenação acaba por oxigenar a criatividade devido a tantas</p><p>diferenças culturais em um mesmo território, o que resulta em</p><p>diferentes inovações projetuais nos mobiliários.</p><p>Assimile</p><p>Percebe-se que, mesmo passados</p><p>40 anos, o pensamento racional-</p><p>funcionalista permanece na</p><p>nossa sociedade, visto também</p><p>que é um modelo que favorece a</p><p>produção seriada. E mais: é como</p><p>se esse modelo representasse um</p><p>símbolo de modernidade.</p><p>Fonte: Roizenbruch (2009, p. 17).</p><p>Figura 2.26 | Cadeira “Coleção do</p><p>Avesso”, de Maurício Azeredo</p><p>uma metodologia para percorrer de forma adequada todos os</p><p>itens pertinentes para a eficácia de seu trabalho. Será necessário,</p><p>então, que você estude os temas desta seção para que tenha</p><p>maior controle e domínio sobre os períodos e principais estilos</p><p>do mobiliário, facilitando sua percepção e análise crítica para o</p><p>desenvolvimento do projeto. Assim, é pertinente conhecer as</p><p>tendências internacionais e nacionais que vêm permeando o design</p><p>no Brasil e no mundo, definindo os estilos, formas, acabamentos,</p><p>entre outros elementos.</p><p>Bons estudos!</p><p>116 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>As evoluções ocorridas no design brasileiro, após a vinda da</p><p>cultura pós-moderna e da era pós-industrial, foram marcos na</p><p>história nacional. Isso possibilitou o favorecimento multicultural</p><p>do Brasil e se consolidou, com a globalização, a partir de 1990.</p><p>Desta forma, o mercado nacional impulsionou a criação de novos</p><p>produtos e a exportação, estimulando maior rotatividade de</p><p>produtos lançados no mercado.</p><p>A dimensão, portanto, que devemos atender não é apenas</p><p>local ou regional, mas global. Percebe-se que houve um aumento</p><p>do poder de atuação mercadológica. O design brasileiro, que</p><p>anteriormente tinha como referência modelos externos, agora</p><p>começa a se espelhar na sua própria história e cultura. Para Landim</p><p>(2010, p. 119) começa a surgir, por meio do multiculturalismo</p><p>e da mestiçagem local, “novas referências projetuais que, de</p><p>forma correta, colocam em evidência e refletem a vasta gama</p><p>de elementos da cultura híbrida e das nuances de nosso próprio</p><p>país”. Esse multiculturalismo é incentivado pela globalização, que</p><p>contribuiu para uma maior harmonia do design no Brasil. Desta</p><p>maneira, os designers devem estar atentos a três fatores: o design,</p><p>a cultura e o território.</p><p>Com os avanços tecnológicos, várias modificações ocorreram</p><p>referentes aos processos de uso dos produtos, bem como no</p><p>comportamento humano. Os materiais e as novas tecnologias são</p><p>elementos que devem ser considerados conforme seu público-</p><p>alvo. Deve-se considerar os elementos que podem agregar valor</p><p>ao design e transmitir sensações que podem ser percebidas nos</p><p>produtos e no seu modo de uso.</p><p>A tendência é que o design brasileiro desvencilhe-se do processo</p><p>criativo introduzido pela escola europeia, que se fundamentava</p><p>no desenvolvimento com base na modernidade e na ordem.</p><p>Para Souza e Menezes (2010), essas modificações, cada vez mais</p><p>rápidas e rotineiras nos segmentos (sociais, culturais e políticos),</p><p>acabam por alterar o modo de viver das pessoas, delimitando suas</p><p>reais necessidades e preferências. As tendências ajudam a detectar</p><p>o que as pessoas têm preferido em relação aos produtos, por isso</p><p>o estudo é aliado do design, visto que oferece diretrizes para uma</p><p>busca mais efetiva do que tem evoluído.</p><p>117U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>De acordo com Cardoso (2000), os últimos 50 anos foram de</p><p>grandes modificações no mundo. Para Tramontano e Nojimoto</p><p>(2012), houve uma mudança de paradigmas muito forte nas</p><p>famílias, seus padrões e comportamentos foram alterados e,</p><p>consequentemente, essas mudanças refletiram nas demais áreas</p><p>da sociedade e em outros ramos, como a tecnologia,</p><p>materiais,</p><p>entre outros.</p><p>Reflita</p><p>Devido às evoluções no mercado imobiliário, quanto às novas</p><p>tendências na arquitetura e construção, percebe-se que os espaços</p><p>residenciais diminuíram, necessitando de alterações nas dimensões</p><p>dos mobiliários, reconfigurações, novas ideias e propostas de outras</p><p>soluções projetuais. O intuito é tentar diminuir os gastos e despesas</p><p>com materiais e obras e procurar conduzir a um melhor aproveitamento</p><p>do espaço. Ou seja, pressupõe-se, muitas vezes, a necessidade de usar</p><p>móveis modulares, multifuncionais e práticos para os novos interiores</p><p>domésticos. Assim, quando se projeta um mobiliário deve-se pensar</p><p>nos seus processos produtivos, nos materiais que serão utilizados e,</p><p>principalmente, nos benefícios que trará para os seus consumidores.</p><p>Essa alteração refletirá no modo de projetar? Será necessário pensar</p><p>no que facilitará o manuseio desses mobiliários, na sua reconfiguração,</p><p>no seu funcionamento, na sua flexibilidade.</p><p>Nesse novo contexto, de flexibilidade e mobilidade para</p><p>espaços reduzidos, alguns itens são importantes, como pensar em</p><p>uso de painéis deslizantes, divisores de móveis, alterações de uso</p><p>de um mesmo produto, tamanho, peso, regulagem, entre outros</p><p>elementos. Com os espaços habitacionais cada vez menores,</p><p>precisa-se levar em consideração quais itens são importantes no</p><p>quesito praticidade e facilidade de uso. Por isso, muitos móveis</p><p>têm diminuído de tamanho e outras opções estão sendo propostas</p><p>para se ajustar a essa nova necessidade social.</p><p>Pesquise mais</p><p>Outro fator que vem sendo considerado cada vez mais é o uso do</p><p>baixo impacto ambiental dos móveis, ou seja, agregar conceitos</p><p>de sustentabilidade do projeto de mobiliário. Então, como reduzir</p><p>esta problemática? É necessário pensar nos materiais a serem</p><p>118 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Madeiras certificadas também têm sido uma tendência de</p><p>escolha pelos designers de mobiliário para criação de seus</p><p>produtos com responsabilidade sustentável. Os mais usados são</p><p>pinus e eucalipto, em forma de compensados, aglomerados e</p><p>MDF (Medium Density Fiberboard). Outros componentes também</p><p>têm sido utilizados, como materiais descartados que podem ser</p><p>empregados em algumas peças. Isso se deve às várias críticas</p><p>sobre o que fazer com determinados componentes ou materiais</p><p>descartados no meio ambiente, como o papel. Sua utilização para</p><p>outros fins tem ajudado a contribuir com a redução do montante</p><p>de lixo que vem se acumulando no planeta, pois alguns materiais</p><p>não são passíveis de reciclagem ou a reciclagem apresenta um</p><p>custo econômico muito alto, inviabilizando o processo.</p><p>Tem-se analisado também, além do material escolhido, a</p><p>quantidade empregada, pois esse fator influencia diretamente na</p><p>matéria-prima que será explorada do meio ambiente. Por isso, os</p><p>tamanhos dos mobiliários também estão com suas dimensões</p><p>reduzidas, muitas vezes associadas a materiais não convencionais</p><p>ou descartados que, aliados à tecnologia, tornam-se materiais de</p><p>alta qualidade e resistência, e ainda com redução do consumo de</p><p>energia durante o processo produtivo.</p><p>usados, nas formas e nos processos de fabricação. Leia o artigo</p><p>“Reaproveitamento de Resíduos de MDF da Indústria Moveleira’,</p><p>disponível em: http://www.pgdesign.ufrgs.br/designetecnologia/</p><p>index.php/det/article/view/49/31. Acesso em: 15 out. 2016.</p><p>Exemplificando</p><p>No Quadro 2.2, a seguir, pode-se verificar as medidas</p><p>antropométricas a partir da norma alemã DIN 33402, de 1981.</p><p>Essa norma é muito utilizada para confecção de mobiliários,</p><p>como mesa, cadeira, poltrona, entre outros. Esse quadro</p><p>fornece medidas em percentuais de 5%, 50% e 95% da</p><p>população de homens e mulheres, para 19 faixas etárias, entre</p><p>3 e 65 anos de idade, e a média para adultos, entre 16 e 60</p><p>anos. Essa norma não fornece dados de pesos.</p><p>119U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Medidas de antropometria estática</p><p>(cm)</p><p>Mulheres Homens</p><p>5% 50% 95% 5% 50% 95%</p><p>1.1 Estatura, corpo ereto</p><p>1.2 Altura dis olhos, em pé, ereto</p><p>1.3 Altura dos ombros, em pé, ereto</p><p>1.4 Altura do cotovelo, em pé, ereto</p><p>1.5 Altura do centro da mão, braço</p><p>pendido, em pé</p><p>1.6 Altura do centro da mão, braço</p><p>erguido, em pé</p><p>1.7 Comprimento do braço, na</p><p>horizontal, até o centro da mão</p><p>1.8 Profundidade do corpo, na altura</p><p>do tórax</p><p>1.9 Largura dos ombros, em pé</p><p>1.10 Largura dos quadris, em pé</p><p>151,0</p><p>140,2</p><p>123,4</p><p>95,7</p><p>66,4</p><p>174,8</p><p>61,6</p><p>23,8</p><p>32,3</p><p>31,4</p><p>161,9</p><p>150,2</p><p>133,9</p><p>103,0</p><p>73,8</p><p>187,0</p><p>69,0</p><p>28,5</p><p>35,5</p><p>35,8</p><p>172,5</p><p>159,6</p><p>143,6</p><p>110,0</p><p>80,3</p><p>200,0</p><p>76,2</p><p>35,7</p><p>38,8</p><p>40,5</p><p>162,9</p><p>150,9</p><p>134,9</p><p>102,1</p><p>72,8</p><p>191,0</p><p>66,2</p><p>23,3</p><p>36,7</p><p>31,0</p><p>173,3</p><p>161,3</p><p>144,5</p><p>109,6</p><p>76,7</p><p>205,1</p><p>72,2</p><p>27,6</p><p>39,8</p><p>34,4</p><p>184,1</p><p>172,1</p><p>154,2</p><p>117,9</p><p>82,8</p><p>221,0</p><p>78,7</p><p>31,8</p><p>42,8</p><p>36,8</p><p>2.1 Altura da cabeça, a partir do</p><p>assento, tronco ereto</p><p>2.2 Altura dos olhos, a partir do</p><p>assento, tronco ereto</p><p>80,5</p><p>68,0</p><p>85,7</p><p>73,5</p><p>91,4</p><p>78,5</p><p>84,9</p><p>73,9</p><p>90,7</p><p>79,0</p><p>96,2</p><p>84,4</p><p>2.3 Altura dos ombros, a partir do</p><p>assento, tronco ereto</p><p>2.4 Altura do cotovelo, a partir do</p><p>assento, tronco ereto</p><p>2.5 Altura do joelho, sentado</p><p>2.6 Altura poplítea (parte inferior da</p><p>coxa)</p><p>2.7 Comprimento do antebraço, na</p><p>horizontal, até o centro da mão</p><p>2.8 Comprimento nádega-polítea</p><p>2.9 Comprimento da nádega-joelho</p><p>2.10 Comprimento nádega-pé, perna</p><p>estendida na horizontal</p><p>2.11 Altura da parte superior das coxas</p><p>2.12 Largura entre os cotovelos</p><p>2.13 Largura dos quadris, sentado</p><p>53,8</p><p>19,1</p><p>46,2</p><p>35,1</p><p>29,2</p><p>42,6</p><p>53,0</p><p>95,5</p><p>11,8</p><p>37,0</p><p>34,0</p><p>58,5</p><p>23,3</p><p>50,2</p><p>39,5</p><p>32,2</p><p>48,4</p><p>58,7</p><p>104,4</p><p>14,4</p><p>45,6</p><p>38,7</p><p>63,1</p><p>27,8</p><p>54,2</p><p>43,4</p><p>36,4</p><p>53,2</p><p>63,1</p><p>112,6</p><p>17,3</p><p>54,4</p><p>45,1</p><p>56,1</p><p>19,3</p><p>49,3</p><p>39,9</p><p>32,7</p><p>45,2</p><p>55,4</p><p>96,4</p><p>11,7</p><p>39,9</p><p>32,5</p><p>61,0</p><p>23,0</p><p>53,5</p><p>44,2</p><p>36,2</p><p>50,0</p><p>59,9</p><p>103,5</p><p>13,6</p><p>45,1</p><p>36,2</p><p>65,5</p><p>28,0</p><p>57,4</p><p>48,0</p><p>38,9</p><p>55,2</p><p>64,5</p><p>112,5</p><p>15,7</p><p>51,2</p><p>39,1</p><p>3.1 Comprimento vertical da cabeça</p><p>3.2 Largura da cabeça, de frente</p><p>3.3 Largura da cabeça, de perfil</p><p>3.4 Distância entre os olhos</p><p>3.5 Circunferência da cabeça</p><p>19,5</p><p>13,8</p><p>16,5</p><p>5,0</p><p>52,0</p><p>21,9</p><p>14,9</p><p>18,0</p><p>5,7</p><p>54,0</p><p>24,0</p><p>15,9</p><p>19,4</p><p>6,5</p><p>57,2</p><p>21,3</p><p>14,6</p><p>18,2</p><p>5,7</p><p>54,8</p><p>22,8</p><p>15,6</p><p>19,3</p><p>6,3</p><p>57,3</p><p>24,4</p><p>16,7</p><p>20,5</p><p>6,8</p><p>59,9</p><p>4.1 Comprimento da mão</p><p>4.2 Largra da mão</p><p>4.3 Comprimento da palma da mão</p><p>4.4 Largura da palma da mão</p><p>4.5 Circunferência da palma</p><p>4.6 Circunferência do pulso</p><p>4.7 Cilindro de pega máxima</p><p>(diâmetro)</p><p>15,9</p><p>8,2</p><p>9,1</p><p>7,2</p><p>17,6</p><p>14,6</p><p>10,8</p><p>17,4</p><p>9,2</p><p>10,0</p><p>8,0</p><p>19,2</p><p>16,0</p><p>13,0</p><p>19,0</p><p>10,1</p><p>10,8</p><p>8,5</p><p>20,7</p><p>17,7</p><p>15,7</p><p>17,0</p><p>9,8</p><p>10,1</p><p>7,8</p><p>19,5</p><p>16,1</p><p>11,9</p><p>18,6</p><p>10,7</p><p>10,9</p><p>8,5</p><p>21,0</p><p>17,6</p><p>13,8</p><p>20,1</p><p>11,6</p><p>11,7</p><p>9,3</p><p>22,9</p><p>18,9</p><p>15,4</p><p>5.1 Comprimento do pé</p><p>5.2 Largura do pé</p><p>5.3 Largura do calcanhar</p><p>22,1</p><p>9,0</p><p>5,6</p><p>24,2</p><p>9,7</p><p>6,2</p><p>26,4</p><p>10,7</p><p>7,2</p><p>24,0</p><p>9,3</p><p>6,0</p><p>26,0</p><p>10,0</p><p>6,6</p><p>28,1</p><p>10,7</p><p>7,4</p><p>Quadro 2.2 | Norma alemã DIN 33402, de 1981</p><p>Fonte: Lida (2005, p. 118).</p><p>120 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>De acordo com Lida (2005), um assento deve ter resistência,</p><p>estabilidade (que não tombe facilmente) e durabilidade (pelo</p><p>menos 15 anos de uso). Para cadeiras ou poltronas, são</p><p>indicadas algumas considerações, como nível de alcance,</p><p>altura lombar (encosto da cadeira), altura poplítea (altura do</p><p>assento), altura do cotovelo (altura da mesa), altura da coxa</p><p>(espaço entre o assento e a mesa).</p><p>Outro fator que vem fazendo a diferença nos móveis é em relação</p><p>à multifuncionalidade e modularidade do produto. Compreende-</p><p>se que, se uma peça possuir maior número de opções de uso,</p><p>poderá permanecer um período maior no ambiente, levando mais</p><p>tempo para cair em desuso e ser descartada. Ou seja, é preciso</p><p>flexibilizar a peça ou conjunto para mais de uma opção de uso,</p><p>torná-la proveitosa, pois percebe-se que em um ambiente pequeno</p><p>tudo deve ser de fácil acesso, prático e funcional.</p><p>Para Neufert (2004), é necessário conhecer as medidas do</p><p>corpo humano (antropometria) ao se projetar um produto e</p><p>verificar o espaço onde ele será inserido. De acordo com a ABNT,</p><p>a NBR 9050:2015 sobre acessibilidade de edificações, mobiliários,</p><p>espaços e equipamentos urbanos regulamenta as dimensões, os</p><p>padrões</p><p>e os dispositivos que garantem essa acessibilidade. Sendo</p><p>assim, é válido pensar na criação de novos espaços que forneçam</p><p>acessibilidade a todos os indivíduos, respeitando a característica</p><p>de cada um. Ou seja, devemos projetar espaços arquitetônicos e</p><p>móveis adequados, sem que haja necessidade de adaptações. No</p><p>exemplo das 2.27 e 2.28 é possível verificar o quanto é importante</p><p>ter dimensionamento (medidas em centímetros) adequado dos</p><p>móveis para passagem das pessoas, considerando as atividades</p><p>realizadas nesse ambiente (abrir uma gaveta, por exemplo) e</p><p>também as medidas adequadas para o posicionamento correto</p><p>dos móveis de uma cozinha.</p><p>121U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Fonte: adaptada de Neufert (2004, p. 169). Fonte: adaptada de Neufert (2004, p. 163).</p><p>Figura 2.27 | Espaço para passagem das</p><p>pessoas e espaço para abrir gavetas</p><p>Figura 2.28| Espaço de cozinha com</p><p>fogão e armários embutidos</p><p>Verifica-se que é necessário levar em consideração alguns fatores</p><p>quando se projeta um móvel: o ambiente, o espaço disponível, o</p><p>número de pessoas que circularão nessa área, a distância entre</p><p>uma mesa e uma estante, por exemplo, entre outros.</p><p>Percebe-se que existem diferenças na fabricação entre os</p><p>mobiliários nacionais e os estrangeiros. Tramontano e Nojimoto</p><p>(2012) expõem a necessidade de designers brasileiros apresentarem</p><p>propostas inovadoras com sustentabilidade. Outro fator a que</p><p>devemos estar atentos é em relação ao processo produtivo, no</p><p>qual devemos procurar não desperdiçar materiais e promover o</p><p>maior aproveitamento de material e de uso da energia. Em geral,</p><p>na produção no Brasil, há muitos desperdícios ainda.</p><p>Na produção internacional, verifica-se que o progresso na</p><p>fabricação seriada das peças do setor de mobiliário tem maior</p><p>sucesso. Isso se deve à tecnologia de ponta e ao uso de outros</p><p>materiais alternativos associados à madeira, diferentemente</p><p>do Brasil, que por ser rico na produção madeireira em geral,</p><p>geralmente, não utiliza nas peças a mistura com outros materiais.</p><p>De acordo com Moraes (2006), no pós-moderno, na cultura</p><p>contemporânea, prevalece uma cultura heterogênea, não sendo</p><p>mais única, pois com a globalização houve um processo de</p><p>multiculturalismo. Esse processo evolutivo da humanidade se faz</p><p>presente em todos os segmentos, por isso a necessidade de visualizar</p><p>o “todo” e não mais um posicionamento exclusivo ou particular.</p><p>122 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Tendo como pano de fundo a própria mistura de raças,</p><p>suas características locais e regionais, é um fator positivo esse</p><p>contexto, pois acaba colocando os trabalhos brasileiros em</p><p>um patamar de independência das cópias, perante o público</p><p>nacional e internacional. Assim, percebe-se a capacidade dos</p><p>designers brasileiros de evoluírem e imporem em suas criações</p><p>novos paradigmas conceituais e estéticos, capazes de destacá-los</p><p>mundialmente.</p><p>A construção de uma linguagem projetual em design se faz por</p><p>diversas vertentes: repertório cultural, experiência e curiosidade são</p><p>alguns itens que podem favorecer a prática dessa tarefa. Para tanto,</p><p>desenvolver linha de raciocínio e aplicar método de concepção</p><p>é fundamental para o sucesso do projeto, o que envolve outros</p><p>fatores mais complexos. É importante utilizar uma metodologia que</p><p>ajude a manter a linha de raciocínio e facilite a construção de uma</p><p>linguagem projetual que absorva os itens elencados até o momento.</p><p>Para Cardoso (2012), as mudanças que vêm acontecendo</p><p>no mundo, de forma tão acelerada, fazem com que o designer</p><p>repense sua atuação no mercado e conclua melhor seu papel</p><p>atual. Há muitos rótulos em cima do “designer”, do que ele é ou</p><p>não é, mas devemos pensar no que ele pode vir a ser!</p><p>O designer trabalha com a projeção da materialidade,</p><p>principalmente de mobiliários, e está conectado a outras áreas,</p><p>como artes plásticas, arquitetura, engenharia, entre outras.</p><p>Cardoso (2012, p. 238), relata que é necessário “pensar em design</p><p>não como um corpo de doutrinas fixo e imutável, mas como um</p><p>campo em plena evolução. Algo que cresce de modo contínuo e</p><p>se transforma ao evoluir”.</p><p>Veja a seguir a análise de uma mesa reconhecida pelo seu</p><p>design: a Tulipa, criada pelo arquiteto e designer Eero Saarinen,</p><p>em 1956. Suas características principais são: base para mesa,</p><p>com estrutura em alumínio fundido e tampo da mesa em MDF</p><p>com acabamento em pintura de alto brilho. Conforme medidas</p><p>ergonômicas indicadas pela ABNT (Associação Brasileira de</p><p>Normas Técnicas), a mesa redonda está de acordo com as suas</p><p>características técnicas, possui tampos que podem variar entre:</p><p>70cm - 90cm - 110cm - 124cm - 137cm; altura: 38cm.</p><p>123U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Fonte: http://www.personalartdesign.com.br/mesa-saarinen-centro.php. Acesso em: 15 out. 2016.</p><p>Figura 2.29 | Mesa Tulipa, assinada pelo arquiteto finlandês Eero Saarinen, faz parte</p><p>dos grandes clássicos do design mundial</p><p>Faça você mesmo</p><p>Aproveite, caro aluno, e pense como os designers brasileiros tiveram</p><p>influências de outras culturas e países e faça uma crítica de modo</p><p>construtivo, aborde os aspectos positivos e negativos disso.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Com os conteúdos aprendidos em todas as seções, você já</p><p>pode propor um conjunto de mesa de centro e poltrona adequados</p><p>ao ambiente, certo? Primeiramente, pense no que poderá ser um</p><p>diferencial no ambiente, adapte para “o canto do café”, pensando</p><p>no aconchego, originalidade e funcionalidade que deve oferecer.</p><p>Faça também uma listagem dos itens importantes para serem</p><p>inseridos e verifique quais deles você poderá explorar. Verifique também</p><p>as dimensões mais adequadas, recorra às normas apresentadas nos</p><p>textos, como a NBR 9050 e a tabela Alemã DIN 33402.</p><p>O melhor estilo a ser empregado é o funcional, que deve deixar</p><p>o formato dos pés e do tampo mais prático, assim como a escolha</p><p>de materiais mais leves e atraentes. Essa atitude facilitará sua</p><p>124 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>pesquisa, proporcionará uma capacidade de análise crítica maior e</p><p>contribuirá para o advento de soluções projetuais mais adequadas.</p><p>A cadeira pode ser feita com pés em madeira, pois transmite</p><p>mais aconchego, o encosto e o assento podem usufruir de</p><p>materiais mais acolchoados, para permitir comodidade e conforto.</p><p>Já para a mesa de centro, formas arredondadas possuem maior</p><p>dinamismo e são mais acolhedoras. Lembre-se de usar material</p><p>fácil de ser limpo e conservado, como o vidro, metal e MDF.</p><p>Existem diversos tipos de materiais e acabamentos, como MDF</p><p>revestido por fórmica. As dicas para a construção do ambiente</p><p>são: design atraente, porém modelos com formas simples, uso</p><p>de diferentes materiais (vidro, metal, MDF, tecido acolchoado</p><p>por espuma densidade 28), emprego de elementos da gestalt,</p><p>ergonomia (praticidade e funcionalidade) e acabamentos mais</p><p>adequados (como texturas, vernizes).</p><p>Assim, ao final desse trabalho, você será capaz de criar um</p><p>relatório de mobiliário referente aos estilos aplicados nos móveis</p><p>em desenvolvimento para atender a escola infantil, incluindo o</p><p>processo de produção e ergonomia.</p><p>Atenção</p><p>Atente-se na construção da poltrona para as medidas sugeridas pela</p><p>tabela DIN 33402. Tente agregar essas proporções humanas para a</p><p>criação do mobiliário. Não se esqueça das formas e do uso correto</p><p>dos materiais, pois é de suma importância que o local transmita</p><p>aconchego, seja confortável e prático. Só poderá ser executado</p><p>se houver pesquisa adequada e aplicação dos itens descritos</p><p>anteriormente.</p><p>Na Figura 2.35, a seguir, também é possível detectar o espaço</p><p>indicado para se sentar numa cadeira ou poltrona e uma mesa de</p><p>centro para sala de estar.</p><p>125U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Fonte: adaptada de Neufert (2004, p. 170).</p><p>Figura 2.30 | Espaço necessário para convívio, leitura, entre outros</p><p>Avançando na prática</p><p>Criação ambiente interno para apartamentos pequenos</p><p>Descrição</p><p>da situação-problema</p><p>Cada vez mais, as construtoras têm lançado apartamentos</p><p>pequenos, entre 30 e 60 m², isso devido à alta demanda que</p><p>vem surgindo na área residencial: busca por espaços compactos</p><p>e eficientes. Dessa maneira, foi construído na sua cidade um</p><p>edifício de 15 andares, oito apartamentos por andar, de 30 metros</p><p>quadrados cada, com público-alvo voltado a pessoas que querem</p><p>morar sozinhas, possuindo apenas um quarto, um banheiro, uma</p><p>sala e cozinha.</p><p>Embora o edifício tenha sido desenvolvido em um espaço</p><p>dentro dos padrões exigidos pelas leis brasileiras, falta decorá-</p><p>lo. Assim, você e sua equipe de designers de interiores foram</p><p>convidados a participar dessa tarefa. Sua responsabilidade será</p><p>criar um armário prático e funcional para o balcão da cozinha e</p><p>um armário superior para guardar louças.</p><p>Reflita sobre como deverá ser o estilo desse armário para</p><p>a cozinha. Quais as medidas que ele deve apresentar para ser</p><p>126 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>adequado ao uso? Qual material deverá ser trabalhado? Que</p><p>forma estética será mais adequada? Usar madeiras certificadas,</p><p>como o MDF, pode ser um bom empreendimento? É vantagem</p><p>adicionar multifuncionalidade ou modularidade nesse armário?</p><p>Terá alguma textura ou acabamento diferenciado? Esses são</p><p>alguns questionamentos que podem ajudá-lo a resolver essa</p><p>problemática.</p><p>Lembre-se</p><p>Lembre-se de empregar a ergonomia no seu projeto, pesquise sobre</p><p>os formatos, os materiais, as cores e opções de modelos no mercado.</p><p>Tente finalizar sua proposta de maneira que crie uma sinergia positiva</p><p>no local, construindo uma unidade visual fácil de ser combinada e</p><p>compreendida pelo usuário. Pesquise informações em livros de</p><p>ergonomia e de mobiliários que o ajudem a direcionar suas ideias</p><p>para um melhor caminho.</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Para a solução dessa tarefa, é importante exemplificar como</p><p>poderiam ser os mobiliários dessa situação-problema. Para que</p><p>isso ocorra de forma eficaz, é necessário saber distinguir cada</p><p>período e estilo que foi estudado até o momento.</p><p>Para facilitar sua pesquisa, considere algumas proposições: o</p><p>armário da cozinha deve ser atraente, prático, funcional e fácil de</p><p>limpar. Então, pense nos materiais que poderão ser empregados,</p><p>como MDF, vidro e alumínio.</p><p>Aplique ergonomia no armário da cozinha: dimensões mais</p><p>adequadas para o armário superior, bem como o armário da bancada.</p><p>Também não se esqueça de agregar praticidade e funcionalidade,</p><p>de modo a facilitar a limpeza e criar uma peça na qual seja segura</p><p>para o usuário, que não haja perigo de se machucar.</p><p>Aproveite e pense que as formas empregadas no armário</p><p>influenciarão o local e, para que seja de fácil manuseio, prático e</p><p>funcional, deve conter um bom design. Para tanto, as formas e os</p><p>materiais escolhidos serão essenciais para o seu acontecimento.</p><p>Então, pesquise e dê exemplos sobre como poderia obter mais</p><p>127U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Percebe-se que, mesmo passados 40 anos, o pensamento</p><p>___________________permanece na nossa sociedade, visto também</p><p>que é um modelo que favorece a produção______________.</p><p>Assinale a alternativa correta que preenche corretamente a lacuna.</p><p>a) Individual-interfuncional; seriada.</p><p>b) Irracional-funcionalista; artesanal.</p><p>c) Individual-interfuncional; artesanal.</p><p>d) Racional-funcionalista; seriada.</p><p>e) Irracional-internacionalista; seriada.</p><p>2. Segundo Roizenbruch (2009, p. 27), “Além da ESDI optar por manter</p><p>os conceitos ulminianos como referência projetual em seu ensino,</p><p>outras escolas que poderiam ajustar-se sob outros moldes (e assim obter</p><p>soluções distintas, mais locais) também caminharam para os modelos</p><p>provenientes do exterior. Isso fez com que o modelo racional funcionalista</p><p>se tornasse predominante como modelo de base para as instituições</p><p>superiores de ensino do design em praticamente todo o país. O Brasil</p><p>passou a desenvolver seu design com base em modelos provenientes do</p><p>exterior e não como uma consequência de suas tradições artesanais e</p><p>movimentos culturais”.</p><p>Como era visto ou representado o modelo racional e funcional no Brasil?</p><p>a) Símbolo de modernidade.</p><p>b) Símbolo de inferioridade.</p><p>c) Símbolo de luxúria.</p><p>d) Símbolo de hombridade.</p><p>e) Símbolo de nacionalidade.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Proponho a você, caro aluno, uma atividade que favoreça sua reflexão.</p><p>Imagine que está agora na universidade e gostaria muito de ter um</p><p>espaço para encontro dos alunos. Independentemente do semestre</p><p>que se está cursando, o intuito é reunir os alunos para bater papo e</p><p>relaxar enquanto estão no intervalo. Que itens você adicionaria nesse</p><p>ambiente? De que cores as paredes podem ser pintadas? As cadeiras</p><p>ou bancos teriam um design diferenciado?</p><p>sucesso nessa sua empreitada, a partir dos dados colhidos nas</p><p>seções anteriores e nesta.</p><p>128 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>3. “A______________ impulsionou a troca de informações</p><p>entre as diferentes populações e, com isso, favoreceu</p><p>o______________, a este intercâmbio cultural e também a profundas</p><p>modificações_______________”.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna em branco do</p><p>texto-base:</p><p>a) Escravidão; processo criativo; temperamentais.</p><p>b) Emigração; processo produtivo; sociais.</p><p>c) Globalização; processo criativo; comportamentais.</p><p>d) Imigração; processo construtivo; industriais.</p><p>e) Terceirização; processo evolutivo; estruturais.</p><p>129U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>Referências</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9050. Norma</p><p>Brasileira de Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência às Edificações,</p><p>Espaço Mobiliário e Equipamentos Urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.</p><p>APARTAMENTO pequeno. Disponível em: http://casavogue.globo.com/Interiores/</p><p>apartamentos/noticia/2015/09/10-dicas-para-apartamentos-pequenos.html.</p><p>Acesso em: 15 fev. 2017.</p><p>ARMÁRIO (1926-1929), de Eileen Gray. Disponível em: http://s2.glbimg.com/4BO</p><p>OCVfXQGLEbTcNg3UhTuoSDrUCevgWhSKCjaYJOpIoz-HdGixxa_8qOZvMp3w/e.</p><p>glbimg.com/og/ed/f/original/2013/04/05/expo_eileen_gray_05.jpg. Acesso em:</p><p>20 ago. 2016.</p><p>BANCO Brasil Colônia. Disponível em: http://www.acharapido.com/wp-content/</p><p>uploads/2012/08/Moveis-Colonial-imagem-3.jpg. Acesso em: 24 ago. 2016.</p><p>FRASER, Tom; BANKS, Adam. O guia completo da cor. São Paulo: Senac, 2007.</p><p>BAUHAUS - a face do século XX - Parte 1. Disponível em: https://www.youtube.</p><p>com/watch?v=9jiCV0kWfiU. Acesso em: 13 nov. 2016.</p><p>CADEIRA “Coleção do Avesso”, de Maurício Azeredo. Disponível em: http://www.</p><p>anhembi.br/ppgdesign/pdfs/tatiana. Acesso em: 15 out. 2016.</p><p>CADEIRA africana de Marcel Breuer e Exposição de cubos de Johannes Itten.</p><p>Disponível em: http://www.dw.com/pt/grande-exposi%C3%A7%C3%A3o-em-</p><p>berlim-celebra-os-90-anos-da-bauhaus/a-4509451. Acesso em: 2 jul. 2016.</p><p>CADEIRA de Gerrit T. Rietveld. Disponível em: https://4ed.cc/br/artigos/cadeira-</p><p>red-blue. Acesso em: 20 ago. 2016.</p><p>CAFÉTÉRIA (1950), cadeira desmontável com chapa de aço dobrado e madeira</p><p>compensada. Disponível em: http://casavogue.globo.com/MostrasExpos/</p><p>noticia/2013/04/expo-celebra-design-de-jean-prouve.html. Acesso em: 13 nov.</p><p>2016.</p><p>CAMA marquesa, século XIX, estilo neoclássico Sheraton. Disponível em: http://</p><p>www.mcantiguidades.com.br/catalogo/files/0281AA.jpg . Acesso em: 24 ago. 2016.</p><p>CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify,</p><p>2012.</p><p>_______________. Uma Introdução à História do Design. São Paulo: Edgard</p><p>Blucher, 2000.</p><p>CHAISE Loungue 2072, de Charlotte Perriand, 1932. Disponível em: http://www.</p><p>artdesign-mobilier.com/classique/cl01a.jpg. Acesso em: 20 ago. 2016.</p><p>CHAISES de Le Corbusier. Disponível em: http://milideasparadecorar.modaencalle.</p><p>com/2014/04/decoracion-lc4-le-corbusier.html. Acesso em: 1 ago. 2016.</p><p>130 U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>CHING, F.D.K. Arquitetura de Interiores Ilustrada. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,</p><p>2006. Disponível</p><p>na biblioteca Unopar Virtual.</p><p>Conjunto de móveis sala de jantar. Disponível em: http://casa.abril.com.br/moveis-</p><p>acessorios/mesas-e-cadeiras-para-uma-sala-de-jantar-cheia-de-estilo/. Acesso em:</p><p>1 fev. 2017.</p><p>DROSTE, Magdalena. Bauhaus. 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Acesso em: 6 out. 2016.</p><p>MESA Tulipa, assinado pelo arquiteto finlandês Eero Saarinen, faz parte dos grandes</p><p>clássicos do design mundial. Disponível em: http://www.personalartdesign.com.br/</p><p>mesa-saarinen-centro.php. Acesso em: 15 out. 2016.</p><p>MOINHO, de Marshal Mills (1890). Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/</p><p>Ficheiro:Marshall%27s_flax-mill,_Holbeck,_Leeds_-_interior_-_c.1800.jpg. Acesso</p><p>em: 12 nov. 2016.</p><p>131U2 - Mobiliário europeu do século XX e mobiliário no Brasil</p><p>MORAES, Dijon de. Análise do design brasileiro: entre mimese e mestiçagem. São</p><p>Paulo: Edgar Blucher, 2006.</p><p>NEUFERT, Ernst et al. Arte de projetar em arquitetura. G. Gilli, 2004.</p><p>POLTRONA Egg. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-</p><p>cultura/dez-cadeiras-emblematicas-do-design/. Acesso em: 15 out. 2016.</p><p>POLTRONA de embalo, projetada por Joaquim Tenreiro, em 1947. Disponível em:</p><p>https://commons.wikimedia.org/wiki/File:MCB_mobili%C3%A1rio_02.jpg. Acesso</p><p>em: 11 nov. 2016.</p><p>POLTRONA Bowl, de Lina Bo Bardi. Disponível em: http://vogue76.rssing.com/</p><p>chan-14254093/all_p133.html. Acesso em: 5 out. 2016.</p><p>POLTRONA de Mies Van Der Rohe e desenho técnico da peça. Disponível em:</p><p>http://www.artesian.com.br/poltrona-brno-tubular-mies-van-der-rohe/p#Preto.</p><p>Acesso em: 31 jan. 2017.</p><p>PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Ática, 2012.</p><p>REAPROVEITAMENTO de Resíduos de MDF da Indústria Moveleira. Disponível em:</p><p>http://www.pgdesign.ufrgs.br/designetecnologia/index.php/det/article/view/49/31.</p><p>Acesso em: 15 out. 2016.</p><p>RESIDÊNCIA Schiavinato em Uberlândia. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/</p><p>index.php/horizontecientifico/article/view/14589/11929. Acesso em: 12 nov. 2016.</p><p>ROIZENBRUCH, Tatiana. O jogo das diferenças: design e arte popular no cenário</p><p>multicultural brasileiro. 2009. 105 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-</p><p>Graduação em Design da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo. 2009.</p><p>SCHNEIDER, Beat. Design uma introdução. São Paulo: Edgard Blucher, 2010.</p><p>SOUZA, Aline Teixeira de; MENEZES, Marizilda Santos de. As tendências e o design:</p><p>metodologia de projeto do mobiliário orientada para o futuro. Design, Arte, Moda e</p><p>Tecnologia. São Paulo: Rosari, Universidade Anhembi Morumbi, PUC-Rio e Unesp-</p><p>Bauru, 2010.</p><p>TAMBINI, Michael. O design do século XX. São Paulo: Ática, 1997.</p><p>TILLEY, Alvin R.; DREYFUSS, Henry. As medidas do homem e da mulher - fatores</p><p>humanos em design. São Paulo: Bookman, 2005. 104 p.</p><p>TRAMONTANO, Marcelo; NOJIMOTO, Cynthia. Design Brasil: notas sobre</p><p>mobiliário contemporâneo. III ENECS – Encontro Nacional sobre Edificações e</p><p>Comunidades Sustentáveis. São Paulo, 2012.</p><p>Unidade 3</p><p>Conceitos e parâmetros</p><p>para a criação do design de</p><p>móveis residencial</p><p>Olá, aluno! Seja bem-vindo à terceira unidade do seu</p><p>livro didático sobre ergonomia! A ergonomia é uma ciência</p><p>que busca relacionar a interação do corpo humano com</p><p>objetos, utensílios, ambiente construído, e tem amplo uso</p><p>em diferentes segmentos da economia. Principalmente para</p><p>o design, sua observação na fase de projeto gera resultados</p><p>benéficos ao ser humano, pela qualidade de vida que ela</p><p>promove. Qualquer trabalho em design precisa considerar</p><p>critérios de produção e saúde ao mesmo tempo, visando</p><p>contribuir com a eficácia produtiva do ser humano que</p><p>utilizará e interagirá com o objeto. A ergonomia é uma</p><p>ferramenta eficaz na detecção e solução de problemas</p><p>relacionados à atividade humana e em seus processos.</p><p>Você é um design de interiores que trabalha com</p><p>projeto de móveis buscando orientar quais os mobiliários</p><p>mais adequados à necessidade dos seus clientes. Você foi</p><p>contratado pela família Silva, composta pelo pai, que é um</p><p>advogado de 45 anos que trabalha na residência, sua esposa,</p><p>que é médica, com a idade de 40 anos, o filho, com 12</p><p>anos, e a filha, que tem 5 anos de idade. É uma família cujos</p><p>laços são bem estreitos, tanto que os avós paternos (idosos)</p><p>moram na mesma residência, sendo que o avô tem 70</p><p>anos de idade, é gerente de banco aposentado e apresenta</p><p>locomoção regular; já a avó, professora aposentada, tem 65</p><p>anos de idade e é cadeirante.</p><p>Convite ao estudo</p><p>134 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Analisando a residência, você constatou que existe a</p><p>necessidade de adaptações nos ambientes da casa que</p><p>apresenta quatro quartos: um para o pai e a mãe, um quarto</p><p>para o casal de idosos, ambos suítes, e dois quartos individuais</p><p>para as crianças, havendo ainda a necessidade de considerar</p><p>um cômodo exclusivo para o escritório de advocacia que</p><p>acontece em casa (home office). Além disso, ainda constam</p><p>ambientes como cozinha, sala de jantar, sala de televisão e</p><p>entretenimento, e mais dois banheiros, sendo um de uso</p><p>comum das crianças e o outro para o ambiente social.</p><p>Dessa forma, você, analisando a residência, questionou:</p><p>como adaptar os móveis aos moradores e aos cômodos?</p><p>Quais critérios devem ser seguidos para a elaboração de um</p><p>projeto de mobiliário que se faça adaptável às necessidades</p><p>dos usuários? De que forma a ergonomia está associada ao</p><p>atendimento das necessidades das pessoas? É necessário</p><p>considerar quais os requisitos dos clientes na escolha dos</p><p>materiais?</p><p>Para resolver essa problemática, nesta unidade você</p><p>estudará como conceitos de ergonomia e antropometria</p><p>evoluíram, levando em consideração a produção em série</p><p>e a produção exclusiva de móveis. Também estudará a</p><p>metodologia e o processo criativo na aplicação de materiais</p><p>e no desenvolvimento do projeto de mobiliário residencial</p><p>e, ao final da unidade, você entenderá como se executa um</p><p>projeto de mobiliário para adaptação do usuário e do espaço</p><p>residencial. Vamos começar?!</p><p>135U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Seção 3.1</p><p>Ergonomia e antropometria e o desenvolvimento</p><p>de mobiliário</p><p>Para qualquer projeto a ser desenvolvido em design de interiores</p><p>é necessário que haja levantamento das necessidades do usuário,</p><p>que chamaremos de requisitos do cliente. Por requisito</p><p>do cliente</p><p>entenderemos solicitações que ele faz em relação a um serviço ou</p><p>produto, especificando características peculiares para a aplicação</p><p>a que se pretende.</p><p>A ISO 9001:2008, no seu item 7.2.1, “Determinação de requisitos</p><p>relacionados ao produto”, indica a organização dos diversos tipos</p><p>de requisitos, identificando-os antes que o serviço ou produto seja</p><p>concebido, e sugere que o levantamento seja feito da seguinte</p><p>maneira: requisitos declarados: expressos verbalmente pelo</p><p>cliente; requisitos de pós-venda: aqueles para os quais, quando o</p><p>produto ou serviço é entregue, é necessário atendimento contínuo</p><p>(exemplo: garantias); requisitos não declarados: tão necessários</p><p>para o uso do objeto ou serviço e dependente da observação direta</p><p>do profissional, do qual nem mesmo o cliente consegue ou lembre-</p><p>se de explicitar; requisitos adicionais: são requisitos que podem</p><p>ser incorporados pela evolução do desenvolvimento ou produto,</p><p>e/ou incorporados no processo visando agregar melhor qualidade</p><p>ao produto; requisitos estatutários e regulamentares: que fazem</p><p>referência a um conjunto de regras, normas e legislações às quais</p><p>estão o produto ou serviços atrelados.</p><p>Imagine a seguinte situação-problema: você, um designer de</p><p>interiores contratado pela família Silva, está elaborando o projeto</p><p>de mobiliário residencial; além de ter que considerar algumas</p><p>alterações de alguns ambientes, um dos pontos que você precisa</p><p>atentar é a escolha dos móveis que serão inseridos em cada</p><p>ambiente da residência, considerando a ergonomia, a adaptação</p><p>aos usuários e os desejos dos clientes.</p><p>Diálogo aberto</p><p>136 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>A exposição desses critérios ergonômicos que adotar no projeto</p><p>de mobiliário precisa estar clara, tanto para você quanto para a</p><p>família Silva, logo que você explicar o que é ergonomia. Assim</p><p>sendo, quais seriam as necessidades que o projeto obrigatoriamente</p><p>precisa atender considerando as características dos clientes? É</p><p>importante levar em consideração a diferença de faixa etária, de</p><p>condição física e de mobilidade? Essas peculiaridades podem</p><p>ser consideradas requisitos ergonômicos e antropométricos no</p><p>projeto de design de interiores?</p><p>Observando a problemática colocada pelos clientes da família</p><p>Silva, como você faria para chegar nos padrões antropométricos</p><p>da família? O que medir e o que observar? Será que a família Silva</p><p>gostaria que eles fossem sistematicamente mensurados?</p><p>A problemática apresentada sugere que a família Silva apresente</p><p>padrões biométricos diferenciados, adultos sem problemas de</p><p>locomoção, crianças e idosos com restrições de mobilidade.</p><p>O que estamos fazendo aqui é uma constatação qualitativa,</p><p>mas o entendimento efetivo sobre esses padrões biométricos</p><p>somente é possível se efetivamente medirmos, ou seja, de forma</p><p>quantitativa. Nesta seção você compreenderá mais a ergonomia</p><p>e a antropometria e o desenvolvimento de mobiliário, e como</p><p>os levantamentos qualitativos e quantitativos podem auxiliar no</p><p>desenvolvimento do mobiliário residencial.</p><p>Desde os primórdios da humanidade, quando o homem criava</p><p>ferramentas para facilitar seu trabalho estava criando ergonomia,</p><p>tanto para caça quanto para utensílios de casa. Ao desenvolver</p><p>uma pedra cortante e colocar um cabo de madeira para facilitar</p><p>a empunhadura ao usar como se fosse um machado ele estava</p><p>usando a ergonomia. A ergonomia (deriva do grego “ergon”, que</p><p>significa “trabalho”, e “nomos”, que significa “leis ou normas”) na</p><p>acepção moderna, na prática, é a aplicação de leis e técnicas</p><p>adaptativas de trabalho e objetos ao homem.</p><p>A ergonomia é uma ciência multidisciplinar e interdisciplinar,</p><p>várias áreas das ciências, como a antropometria, biomecânica,</p><p>fisiologia, psicologia, toxicologia, desenho industrial, arquitetura,</p><p>engenharias (mecânica e de produção), fazem o uso dela. A</p><p>Não pode faltar</p><p>137U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Nem sempre é possível a busca direta nos agentes que usarão</p><p>o ambiente, por meio de uma fita métrica por exemplo, algo</p><p>que seria o mais correto, mas mesmo assim é possível obter dos</p><p>dados sobre as medidas corpóreas de modo a obter as principais</p><p>aplicação da ergonomia nos ambientes de trabalho previne</p><p>acidentes e doenças laborais, pois trabalha a interação do corpo</p><p>humano com alturas, larguras e profundidades e as da biomecânica</p><p>do corpo humano.</p><p>Existe relação direta da ergonomia com fatores humanos, visto</p><p>que toma por base não só relações métricas, já que essas relações</p><p>nos levam à necessidade de entender a antropometria, ou seja,</p><p>o entendimento de como o corpo humano trabalha fisiológica,</p><p>funcional e biomecanicamente, além da influência na condição</p><p>psicológica (ergonomia cognitiva) do ser humano.</p><p>A origem etimológica da palavra antropometria está na palavra</p><p>grega ánthropos, que significa "homem" ou "ser humano", e métron,</p><p>compreendido como "medida". Assim, não existe antropometria</p><p>sem o homem, e a análise antropométrica precisa ser encarada</p><p>como ferramenta para identificação de requisitos físicos essenciais</p><p>do ser humano a serem aplicados ao projeto.</p><p>A antropometria estuda medidas e dimensões do corpo humano</p><p>e todas as suas partes. Pode-se avaliar a antropologia física e</p><p>biológica e podem-se analisar os aspectos biológicos e genéticos</p><p>do ser humano, que, quando estudados em uma população,</p><p>poderão ajudar no estabelecimento de padrões antropométricos</p><p>por meio de análise comparativa entre os indivíduos de uma</p><p>determinada população.</p><p>Exemplificando</p><p>Mas qual a relação entre a ergonomia e a antropometria? Antropometria</p><p>é o estudo das dimensões e das partes do corpo humano, enquanto</p><p>a ergonomia é estudo das condições do ambiente em relação ao</p><p>corpo humano em todos os seus aspectos e interações. A ergonomia</p><p>faz uso das metodologias da antropometria para desenvolver a</p><p>adaptação do ambiente ao ser humano, criando os mobiliários e</p><p>demais objetos de modo a facilitar o uso do ambiente em todas a</p><p>suas interações.</p><p>138 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Quando falamos em ergonomia e antropometria, inevitavelmente</p><p>precisamos criar parâmetros para desenvolvimento de projetos,</p><p>e o levantamento “sistemático” de informações é crucial para</p><p>a obtenção dos requisitos antropométricos. Por levantamento</p><p>sistemático é necessário que se consiga abordar todas as possíveis</p><p>variáveis que possam influir no projeto. Antes de prosseguirmos no</p><p>entendimento dos conceitos relacionados à ergonomia é necessário</p><p>Assimile</p><p>Antropometria estática: pode ser entendida como as dimensões do</p><p>corpo humano parado, tendo por base suas dimensões estruturais do</p><p>corpo tomadas em posições fixas e estandardizadas: larguras, alturas,</p><p>comprimentos e perímetros.</p><p>Antropometria dinâmica: trabalha com medidas diretamente das</p><p>movimentações corpóreas em funcionamento e interação com</p><p>atividade que se observa: ângulos de conforto, extensão e contração</p><p>de membros, agachamentos e levantamentos, giros dos eixos dos</p><p>membros, sistemas de alavanca, além da interação dos próprios</p><p>membros entre eles.</p><p>características do corpo humano. É necessário observar sobretudo</p><p>sua capacidade de alcance, ângulos de conforto, superfície de</p><p>trabalho para uso normal e máximo, distribuição de pesos, volumes,</p><p>giros do corpo e membros, idade e condição de desenvolvimento,</p><p>tudo isso na observação diária e referências visuais das quais já tenha</p><p>conhecimento das medidas. Nesse sentido, estamos fazendo um</p><p>levantamento qualitativo, ao passo que se conseguíssemos medir</p><p>cada integrante da família e anotássemos as medidas estaríamos</p><p>fazendo um levantamento quantitativo.</p><p>Se fôssemos abordar a família Silva em grupos homogêneos,</p><p>poderíamos entender que existem dois idosos que, embora com</p><p>características de mobilidade diferenciadas, podem apresentar</p><p>limitações semelhantes à medida que a idade evolui, dois</p><p>adultos em idade laboral e produtiva, que</p><p>seriam o pai e a mãe,</p><p>e as crianças, cuja idade infantil seja temporária e em evolução.</p><p>Algumas características métricas ainda precisam ser consideradas.</p><p>Todos esses agentes do espaço residencial possuem medidas que</p><p>precisam ser consideradas do ponto de vista estático e dinâmico.</p><p>139U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>entender o conceito de um sistema. Embora pareça ser um termo</p><p>novo, você verá que já possui o conceito assimilado. Quando</p><p>falamos em ecossistema (biologia), o que vem à sua cabeça? Algo</p><p>que relacione todos os recursos naturais, fauna e flora, certo? Se</p><p>pensou isso, já tem a visão sistêmica sobre o assunto.</p><p>Da mesma forma, a ergonomia tem relação direta com a teoria</p><p>de sistemas, que deve ser observada dentro de um contexto</p><p>mais amplo, na qual um conjunto de partes são interagentes e</p><p>interdependentes, e atuarão conjuntamente, podendo influenciar</p><p>entre si ou no todo.</p><p>Dessa forma, ergonomia e teoria dos sistemas usam os mesmos</p><p>princípios e, interdisciplinarmente, estudam abstratamente</p><p>a organização dos fenômenos, independentemente de sua</p><p>formação ou configuração atual, tentando entendê-los dentro de</p><p>sua complexidade e suas variáveis. As interações homem-máquina,</p><p>homem-ambiente e homem-objeto são exemplos de sistema, nos</p><p>quais o homem interage por meio de tarefas, comandos, nos quais</p><p>a máquina, o ambiente, o objeto executarão as tarefas. Por outro</p><p>lado, o homem é capaz de ser influenciado por ter que tomar</p><p>decisões alterando o desenvolvimento das tarefas por conta das</p><p>máquinas, objetos e ambientes.</p><p>Reflita</p><p>O exemplo de adaptação do ambiente residencial pode se configurar</p><p>como um sistema? Para ajudá-lo a entender que, numa mesma</p><p>cozinha, tanto a mãe da família Silvia quanto a avó podem fazer uso</p><p>do ambiente, precisamos entender de forma sistemática como cada</p><p>uma fará uso desse espaço. Precisamos fazer medidas diferenciadas</p><p>no balcão ou na pia, as peças do mobiliário precisam ser pensadas de</p><p>que maneira? Pensar sistemicamente é pensar que tanto as variáveis</p><p>antropométricas da cadeirante quanto as da pessoa sem dificuldade</p><p>de mobilidade precisam ser consideradas ao mesmo tempo para</p><p>chegar a um resultado comum e adaptável a ambas! Tente analisar</p><p>tanto o comportamento quanto a questão do desenho da cozinha.</p><p>Pode haver interferência de aspectos de ordem pessoal, não associada</p><p>ao trabalho diário? Pense sistemicamente.</p><p>140 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Para que comece bem sua caminhada pela ergonomia estão</p><p>elencados alguns pontos que não podem deixar de serem</p><p>observados. É necessário que se desenvolva a análise do contexto:</p><p>observações gerais e preliminares (use seu corpo); análise da</p><p>demanda (quanto o corpo será exigido); definição das situações de</p><p>trabalho a serem estudadas; avaliação das exigências do trabalho</p><p>(lembre-se de que é necessário observar a capacidade física</p><p>dos usuários, força muscular e intensidade das forças a serem</p><p>aplicadas); dimensões corporais (estático e dinâmico); duração dos</p><p>esforços, precisão exigida, repetição das atividades, amplitude das</p><p>angulações articulares, extensões e flexões. É importante também</p><p>que se faça diferenciação de sexo, altura, peso, idade e outros</p><p>atributos do corpo humano, possibilidades de interpretação das</p><p>informações pelo aparelho sensorial (visão, audição sensorial), e</p><p>aqui cabe especial observação sobre texturas, acabamentos, entre</p><p>outros.</p><p>Como você pode verificar, prezado aluno, a análise</p><p>ergonômica nas tarefas diárias exigirá de você a adoção de</p><p>algumas estratégias para obter as informações que nem sempre</p><p>estão facilitadas, os métodos a serem utilizados podem ser os</p><p>mais diversos, levantamentos antropométricos diretos (medição),</p><p>observação indireta, uso de fotografias e filmagens, entrevistas,</p><p>questionários verbais e não verbais, eletrônicos, entre outros que</p><p>achar necessários para que consiga coletar o máximo possível</p><p>de informação para, assim, cruzar os dados obtidos para traçar o</p><p>cenário que se pretende analisar.</p><p>Pesquise mais</p><p>Como você pode ajudar a família Silva a entender a diferença entre</p><p>ergonomia e antropometria? Temos diferenciações significativas</p><p>entre os habitantes da residência? Eles precisam entender para poder</p><p>contribuir com seu projeto? Deixe claro que a aplicação dos conceitos</p><p>de ergonomia e antropometria ajudará a elencar as principais</p><p>diferenças entre os ocupantes. Acesse o artigo “Um olhar inclusivo:</p><p>parâmetros importantes para o projeto de uma residência para idosos”.</p><p>Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/revistas/cieh/</p><p>trabalhos/TRABALHO_EV040_MD4_SA9_ID679_23082015150231.</p><p>pdf. Acesso em 21 abr. 2017.</p><p>141U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Uma vez feita a prática, conforme atividade sugerida</p><p>anteriormente, o convidamos à assimilação de mais alguns</p><p>conceitos complementares à ergonomia e antropometria. Quando</p><p>se fala de ergonomia e antropometria é inevitável que outros dois</p><p>conceitos sejam observados, como o de fisiologia do trabalho e</p><p>biomecânica.</p><p>A fisiologia do trabalho é a ciência que estuda as funções do</p><p>corpo humano e como elas funcionam no trabalho. A fisiologia</p><p>do trabalho busca entender como partes do corpo respondem</p><p>à interação homem-máquina-ambiente-objeto, entrando em seu</p><p>estudo a visão, a audição, o olfato, o sistema cardiovascular, o</p><p>sistema respiratório, o gasto energético e o consumo energético,</p><p>necessidades de alimentação e nutrientes, trocas térmicas. Já</p><p>a biomecânica é a ciência que estuda o corpo humano sob o</p><p>aspecto mecânico, a estrutura e função do esqueleto, músculos</p><p>e interações com as demais partes do corpo humano que</p><p>se relacionam com os movimentos e seus limites estáticos e</p><p>dinâmicos. Biomecânica é a descrição e explicação mecânica</p><p>das manifestações e causas dos movimentos, baseando-se nas</p><p>condições dos organismos analisados.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Prezado aluno, agora vamos praticar um pouco. Imagine duas</p><p>profissões com atividades distintas. Tente imaginar uma enfermeira e</p><p>um pedreiro. Imagine seus respectivos ambientes de trabalho.</p><p>Como faria o levantamento de informações dessas profissões</p><p>(imagine-os como seus clientes, considerando as peculiaridades de</p><p>cada profissão)? Para cada um desses profissionais, é necessário</p><p>elencar o que acha essencial para o levantamento de informações.</p><p>Qual o método utilizado? Cite pelo menos cinco pontos que observou</p><p>e justifique cada um deles.</p><p>Se conseguir, faça isso dentro do contexto da realidade, aplicando</p><p>o que aprendeu, e verá que é inevitável já conseguir identificar</p><p>potencialidades de melhorias nos ambientes desses profissionais, mas</p><p>somente faça isso quando estiver com todas as informações em mãos.</p><p>142 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Assimile</p><p>Mas qual a diferença da fisiologia do trabalho e da biomecânica? Na</p><p>fisiologia do trabalho verifica-se que é essencialmente relacionada</p><p>à condição do estado de equilíbrio de saúde do ser humano em</p><p>relação a si e seu meio. A biomecânica, embora relacione questões</p><p>fisiológicas, está essencialmente preocupada com a geometria</p><p>espacial estática e dinâmica do movimento do corpo humano e, em</p><p>especial, aos limites impostos. Tanto a fisiologia do trabalho quanto</p><p>a biomecânica poderão influir no arranjo físico do trabalho, já que</p><p>ambos poderão suprir com critérios o projeto do ambiente que se</p><p>pretende produzir. Em suma, ambos exigirão a facilitação da posição</p><p>do corpo humano e sua relação com o ambiente, frequência de uso</p><p>dos órgãos, posição de destaque ou mais fácil alcance e manipulação</p><p>de objetos no ambiente, a facilitação do ordenamento operacional</p><p>sem sobrecarga do corpo.</p><p>Em segurança do trabalho, usar o termo “meio ambiente do</p><p>trabalho” é comum e representa as condições ambientais do</p><p>ponto de vista físico, químico e biológico, no qual o ser humano</p><p>interagirá; podem também, segundo a segurança do trabalho,</p><p>entrar nesse</p><p>e calhas rejuntadas.</p><p>Os assírios e babilônios aplicavam a madeira nos tetos</p><p>dos terraços, sempre originária das palmeiras, além de</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 13</p><p>Era usada bastante vegetação, até mesmo na parte interna</p><p>dos ambientes, procurando-se evitar o aspecto monótono e frio</p><p>dos templos e palácios. Os mesopotâmicos cobriam as paredes</p><p>com longos frisos verticais, painéis e baixos-relevos de cerâmica</p><p>esmaltada em cores.</p><p>Em geral, a decoração era feita com frisos contínuos de touros</p><p>de cobre e outros motivos, sobrepostos a um revestimento de cal</p><p>e madrepérola, com rosetas e flores de gesso colorido, imitando</p><p>plantas. Costumavam enfeitar as portas dos templos, sobre</p><p>um grande degrau, com dois leões de cobre e uma colunata,</p><p>normalmente composta por troncos de palmeiras cobertos</p><p>com betume, sobre o qual era assentado um mosaico de cal e</p><p>madrepérola.</p><p>Havia grande riqueza decorativa, os baixos-relevos possuíam</p><p>grande teor artístico, com “temas representado animais ferozes,</p><p>caçadas, combates e deuses alados – os Lamassi, ou seja, touros</p><p>monolíticos e androcéfalos (dotados de cabeça humana) com</p><p>cinco pernas para, conforme o ângulo, parecem parados ou em</p><p>movimento” (CASTENOUL, 1999, p. 15).</p><p>A Mesopotâmia proporcionava o barro para o adobe, material</p><p>de construção extremamente precioso para sua civilização. Os</p><p>mesopotâmicos também realizaram o cozimento da argila para</p><p>obter terracota, com a qual criavam cerâmicas, esculturas e tábuas</p><p>construírem abóbadas de berço feitas em alvenaria,</p><p>utilizando argamassa ou aglutinante, e mobiliário era de</p><p>cedro. (CASTENOUL, 1999, p. 20)</p><p>Pesquise mais</p><p>Caro aluno, aproveite para ver um vídeo sobre a Mesopotâmia que</p><p>aborda a respeito da sua evolução, seus destaques, mostrando imagens</p><p>importantes como zigurates, esculturas e pinturas. Acesse o link</p><p>disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6hfQVcRWxts.</p><p>Acesso em: 22 jul. 2016. Escreva suas principais características e</p><p>pesquise mais imagens sobre esse período tão grandioso.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário14</p><p>para a escrita. Na Figura 1.1 você pode visualizar um estilo próprio</p><p>dos mesopotâmicos, pois essa figura mostra um touro alado, de</p><p>cabeça humana, procedente do Palácio de Sargão II, em Khorsabad.</p><p>O estilo greco-romano é fruto da conquista da Grécia pelos</p><p>romanos. Os romanos aprenderam sobre os hábitos e costumes</p><p>gregos e, com isso, acabaram sendo influenciados absorvendo</p><p>vários aspectos da cultura grega. Posteriormente, após a queda do</p><p>Império Romano e as invasões bárbaras, surgiu na Europa um longo</p><p>período histórico, chamado Idade Média. Nesse período, os principais</p><p>elementos da arte greco-romana foram esquecidos, surgindo a arte</p><p>bizantina, românica e gótica. Posteriormente, surge o movimento</p><p>chamado Renascimento no qual a arte clássica foi resgatada, dando</p><p>origem ao Neoclassicismo. Já no início do século XX, surge a arte</p><p>moderna, que segue em evolução até os dias atuais. Sendo assim, a</p><p>arte greco-romana teve início na Grécia Antiga e foi recebida pelos</p><p>romanos. É, portanto, caracterizada como o período da antiguidade.</p><p>De acordo com Castenoul (1999, p. 25), “o conjunto formado</p><p>por colunas que sustentam um entablamento era chamado de</p><p>ordens”, que foram muito utilizadas pelos gregos e romanos. Dos</p><p>gregos, essa foi a maior contribuição arquitetônica, que incidia em</p><p>conjuntos formados pela combinação de colunas (base, fuste e</p><p>capitel) e entablamento (arquitrave, friso e cornija).</p><p>Na arquitetura, era perceptível o uso de colunas no estilo</p><p>dórico (austera, vigorosa e robusta), jônico (esbeltas, com friso e</p><p>Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d5/Lammasu.jpg. Acesso em: 17 jul. 2016.</p><p>Figura 1.1 | Arte mesopotâmica</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 15</p><p>volutas no capitel) e coríntio (possuía um aspecto metálico, era</p><p>formado de fileiras de folhas de acanto mole, cuja extremidade</p><p>era levemente arredondada). Essas foram as ordens mais utilizadas</p><p>pelos arquitetos, transmitindo a imponência e encanto dos palácios,</p><p>templos religiosos e construções públicas. Na Figura 1.2, a seguir,</p><p>podem ser vistas as colunas do estilo greco-romanas.</p><p>Para Castenoul (1999), nos interiores greco-romanos</p><p>predominavam beleza, equilíbrio, proporção, harmonia e</p><p>modinatura (molduras arquitetônicas gregas), policromia interior e</p><p>exterior, baixos-relevos, emprego de materiais como o tijolo, pedra,</p><p>madeira, mármore e argamassas, uso de temáticas voltadas para os</p><p>deuses, heróis, folhas, palmitos estilizados, rosetas (folhagens ao redor</p><p>Fonte: https://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Classical_orders_from_the_Encyclopedie.png Acesso em: 30 nov.</p><p>2016.</p><p>Figura 1.2 | Colunas greco-romanas</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário16</p><p>de um botão) e a proporção áurea (ou seção áurea), uma sequência</p><p>natural do crescimento, que tem o valor de aproximadamente</p><p>1,618. Essa razão pode ser percebida nas principais obras clássicas</p><p>da antiguidade, como o Parthenon. A seguir, na Figura 1.3, pode ser</p><p>vista a proporção áurea em retângulos.</p><p>De acordo com Ducher (1992), os espaços internos greco-</p><p>romanos eram ornados por afrescos, com enormes painéis, muitas</p><p>vezes com temas fantasiosos e mitológicos, em forma de arabescos</p><p>ou combinações geométricas. No geral, as cores mais usadas eram</p><p>o ocre, o preto e o vermelho-acastanhado.</p><p>Segundo Castenoul (1995), na iluminação eram usados lustres</p><p>(geralmente em formato de taça com múltiplos bicos) e candelabros,</p><p>que repousavam em três pés em garras e recebiam um candeeiro</p><p>no alto. Na Figura 1.4, é possível ver: cadeira, tripé, lustre, mesa e</p><p>candelabro usados nessa época.</p><p>Fonte: https://uz.wikipedia.org/wiki/Fayl:Fibonacci_spiral_34.svg. Acesso em: 30 nov. 2016.</p><p>Figura 1.3 | Proporção áurea em retângulos</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 17</p><p>“No que se refere ao mobiliário grego, na maioria foram</p><p>obtidas através da cerâmica e dos baixos-relevos, observando-se</p><p>grande influência oriental e egípcia” (CASTENOUL, 1999, p. 28). Já</p><p>as madeiras mais usadas foram o pinho e o cedro para as áreas</p><p>internas. Para as áreas externas, necessitavam de mobiliários mais</p><p>resistentes, como o bronze, o granito e o mármore.</p><p>As madeiras, em geral, eram recobertas com folhas de metal ou</p><p>filetadas, sendo as cores mais usadas no mobiliário o vermelho, o</p><p>azul, o amarelo e o verde. Na Grécia antiga, faziam parte dos móveis:</p><p>a cadeira, a mesa, a arca, a cama e o triclínio. Nos aposentos, tinham</p><p>preferência por móveis movidos pela pureza de linhas e simplicidade</p><p>das formas, transmitindo sobriedade e elegância.</p><p>Fonte: Ducher (1992).</p><p>Figura 1.4 | Mobiliários do estilo greco-romano (A e B – cadeira; C – candelabro;</p><p>D – tripé e lustre; E – mesa)</p><p>A</p><p>D E</p><p>B C</p><p>Exemplificando</p><p>Foto mostrando uma cadeira grega,</p><p>com espaldar e pés curvos, chamada</p><p>Klismos. Possuíam beleza ímpar,</p><p>estilo bem marcante, proveniente do</p><p>século V.</p><p>Fonte: https://goo.gl/J30oUH. Acesso em:</p><p>17 jul. 2016.</p><p>Figura 1.5 | Cadeira Klismos</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário18</p><p>Fonte: https://goo.gl/r1cPbc. Acesso</p><p>em: 17 jul. 2016.</p><p>Figura 1.6 | Mesopotâmia:</p><p>escultura suméria</p><p>Já a escultura na arte da Mesopotâmia</p><p>é mais facilmente reconhecida, tanto</p><p>no conceito quanto na sua técnica.</p><p>Também criou relevos monumentais,</p><p>tijolos vitrificados, tornando a escultura</p><p>e outras formas de narrativas de</p><p>desenvolvimento de si mesmos e de</p><p>sua história.</p><p>Caro aluno, agora você já adquiriu bastante conteúdo, o</p><p>suficiente para poder opinar e ter capacidade de gerar novas ideias</p><p>no setor de mobiliários. Afinal, você viu como se processavam</p><p>os móveis nos estilos egípcio, mesopotâmico e greco-romano.</p><p>Com isso, poderá ter maior discernimento na hora de avaliar uma</p><p>estrutura ou um objeto.</p><p>Agora que você conhece as principais características do</p><p>mobiliário na antiguidade, pode voltar sua atenção para o caso de</p><p>Júlio, que deseja inovar com um novo bar, com diferentes estilos</p><p>temáticos. Os desafios serão muitos, visto que ele quer atender a</p><p>diversos</p><p>ambiente a observação de aspectos ergonômicos e</p><p>de prevenção de acidentes, que vêm ao encontro do nosso estudo.</p><p>Sendo assim, essas cinco variáveis ambientais podem de maneira</p><p>sistêmica interagir e interferir na condição do estado de equilíbrio</p><p>da saúde do usuário do ambiente, provocando exigências físicas,</p><p>sensoriais e mentais.</p><p>Pesquise mais</p><p>Será que existem normas que podem auxiliar na resolução do home</p><p>office do pai advogado da família Silva? No Brasil, existem normas</p><p>relacionadas à Segurança do Trabalho que estabelecem parâmetros</p><p>mínimos e específicos para alguns tipos de estações de trabalho,</p><p>como é o caso da Norma Regulamentadora 17 (NR-17) – Ergonomia do</p><p>Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). Esta norma, em seu</p><p>item 17.1, objetiva “estabelecer parâmetros que permitam a adaptação</p><p>das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos</p><p>trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,</p><p>segurança e desempenho eficiente” (BRASIL 2016). Acesse o link</p><p>143U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Sobre a situação-problema proposta no começo desta seção,</p><p>a adaptação do ambiente com os mobiliários da residência Silva,</p><p>como você poderia explicar à família o que é ergonomia? Quais</p><p>seriam as necessidades que o projeto obrigatoriamente deve</p><p>atender? Quais qualidades o projeto precisa apresentar para que</p><p>família tenha seus anseios e necessidades atendidas? As diferenças</p><p>de faixa etária, de condição física e de mobilidade podem ser</p><p>consideradas requisitos ergonômicos e antropométricos?</p><p>Quanto à primeira pergunta, a ergonomia é utilizada por</p><p>projetistas para adequar condições do ambiente aos usuários do</p><p>espaço, visando melhor aproveitamento dos espaços, objetos e</p><p>da relação destes com o corpo humano. É interessante explicar</p><p>para a família Silva que o estudo e levantamento dos dados</p><p>antropométricos ajudará na definição de alturas, larguras e</p><p>profundidades dos objetos. Há uma necessidade peculiar de</p><p>promover acessibilidade à avó cadeirante, para tanto observe</p><p>que existe uma norma que amparará o projeto de adaptação do</p><p>espaço residencial, entre outros espaços, segundo a ABNT NBR</p><p>9050 - 2015 - Norma acessibilidade.</p><p>para fazer a leitura na íntegra da Regulamentadora 17 (NR-17) –</p><p>Ergonomia. Disponível em: http://www.mtps.gov.br/seguranca-e-</p><p>saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras/norma-</p><p>regulamentadora-n-17-ergonomia. Acesso em: 21 abr. 2017.</p><p>Outras normas são relevantes e devem ser consultadas quando o</p><p>assunto for ergonomia e estações de trabalho.</p><p>• Mesas (ABNT NBR 13966:2008).</p><p>• Cadeiras (ABNT NBR 13962:2006).</p><p>• Armários (ABNT NBR 13961:2010).</p><p>• Estação de trabalho (ABNT NBR 13967:2011).</p><p>• Requisitos ergonômicos para o trabalho com dispositivos de</p><p>Interação Visual (ABNT NBR ISO 9241-11:2011).</p><p>Sem medo de errar</p><p>144 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Quanto ao questionamento sobre quais seriam as necessidades</p><p>que o projeto obrigatoriamente deve atender, observe que a família</p><p>apresenta ao menos três padrões antropométricos significativos:</p><p>das crianças, dos adultos e dos idosos. É necessário, então, analisar</p><p>os requisitos específicos da antropometria estática e dinâmica</p><p>de cada padrão, sendo assim, sugere-se que sejam levantadas</p><p>dimensões corporais de cada grupo (criança, adulto, idoso), seus</p><p>movimentos, angulações, alcances etc.</p><p>Quais qualidades o projeto precisa incutir para que a família</p><p>tenha seus anseios atendidos? Certamente é necessário incutir</p><p>a acessibilidade como uma das qualidades essenciais, dada</p><p>a condição de um dos idosos ser cadeirante. Flexibilidade e</p><p>adaptabilidade seriam também qualidades desejadas, dadas a</p><p>dinâmica das crianças em idade escolar ao mesmo tempo em que</p><p>precisam desenvolver atividades típicas da idade, como brincar.</p><p>Aos adultos profissionais, a flexibilidade é interessante, pois as</p><p>atividades diárias típicas de uma casa podem frequentemente se</p><p>inter-relacionar com atividades laborais.</p><p>Com relação ao questionamento sobre se a diferença de faixa</p><p>etária, de condição física e de mobilidade podem ser considerados</p><p>requisitos ergonômicos e antropométricos, essa resposta (sim)</p><p>deriva das perguntas anteriores, visto que os personagens dessa</p><p>casa apresentam condições físicas típicas de cada idade. Como</p><p>estamos projetando para uma família heterogênea, o entendimento</p><p>da dinâmica familiar, suas ações e tarefas diárias precisam ser</p><p>observadas, seja na área intima ou na área social e de trabalho.</p><p>Autossuficiência para pessoas com mobilidade restrita em</p><p>ambientes residenciais</p><p>Atenção</p><p>O ponto crítico da resolução da situação-problema é o entendimento</p><p>dos parâmetros antropométricos de todos os componentes da família</p><p>e os requisitos essenciais de cada um desses componentes para o</p><p>desenvolvimento do projeto.</p><p>Avançando na prática</p><p>145U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Você tem um cliente que sofreu um acidente e atualmente</p><p>possui necessidades especiais por utilizar cadeira de rodas. Seu</p><p>cliente precisa desenvolver todas as tarefas diárias sem interferência</p><p>de terceiros. Isso é importante para que pessoas com limitação</p><p>de mobilidade sintam-se autossuficientes e inclusas. Você, como</p><p>designer de interiores, deve ajudar a indicar quais adaptações</p><p>precisam ser feitas na residência do seu cliente. Assim, quais dos</p><p>ambientes necessitariam de mais adaptações para que a cadeirante</p><p>possa desenvolver as atividades diárias sem problemas? Quais</p><p>condições de mobiliário receberiam um tratamento exclusivo para</p><p>o cadeirante?</p><p>Como você resolveria o conjunto de mobiliários de uma</p><p>cozinha para um cadeirante entendendo que ele deve ter acesso</p><p>a todos os compartimentos e utensílios, eletrodomésticos</p><p>dentro de uma cozinha sem que haja a ajuda de alguém? Como</p><p>tornar essa cozinha um ambiente com acessibilidade? Quais os</p><p>principais requisitos declarados, requisitos de pós-venda, requisitos</p><p>não declarados, requisitos adicionais, requisitos estatutários e</p><p>regulamentares? Quais aspectos da antropometria estática e</p><p>dinâmica serão observados? Quais aspectos da ergonomia podem</p><p>ser elencados como indispensáveis?</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Partindo do pressuposto de que os cadeirantes precisam trabalhar</p><p>sua autossuficiência diária, é necessário ter os conhecimentos</p><p>básicos sobre as dimensões de uma cadeira de rodas e todas</p><p>as relações geométricas que ela impõe aos ambientes por onde</p><p>circulará. Essas dimensões podem ser consideradas a partir de</p><p>requisitos normativos (Norma Brasileira ABNT NBR 9050/2015) ou</p><p>mesmo por levantamento direto com a utilização de uma cadeira</p><p>de rodas.</p><p>Lembre-se</p><p>Visão sistêmica é a habilidade de compreender os sistemas e o todo,</p><p>de modo a permitir a sua análise ou interferência. É a ligação de fatos</p><p>específicos e particulares sobre um todo.</p><p>146 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Nessa abordagem já é possível notar que o espaçamento de</p><p>corredores é bem específico, o que determinará a reordenação do</p><p>layout como um todo. Para um melhor direcionamento da posição</p><p>dos eletrodomésticos, da altura e profundidade dos mobiliários,</p><p>observe como a cadeira de rodas impõe questões dimensionais</p><p>dos mobiliários (bancadas, armários e estantes) de formas muito</p><p>específicas.</p><p>Os prováveis requisitos declarados pelos cadeirantes certamente</p><p>serão as alturas, as aproximações e os vencimentos de desníveis</p><p>que porventura estejam associados aos ambientes. A altura de</p><p>acesso aos objetos expostos pode ser citada. Os requisitos de</p><p>pós-venda associam-se ao uso, e móveis especificados fora dos</p><p>padrões descritos na norma de acessibilidade poderão ser citados</p><p>pelo cadeirante ao usar o ambiente. Os requisitos não declarados</p><p>podem ser aqueles que você, projetista, pode sugerir, sem que haja</p><p>manifestação direta do cliente, mas que ele deseja que componha</p><p>um ambiente,</p><p>como a ausência de escadas e desníveis, uma vez</p><p>que o próprio projetista observa como pontos críticos para uso por</p><p>um cadeirante.</p><p>Quanto a requisitos estatutários e regulamentares, podem ser</p><p>entendidos como aqueles que, como regra, devem ser respeitados,</p><p>por exemplo, exigências normativas e legislações específicas para</p><p>acessibilidade. Alguns municípios no Brasil já incluem requisitos</p><p>dessa natureza para determinados tipos de usos e edificações.</p><p>Do ponto de vista da antropometria estática e dinâmica, é</p><p>necessário conjugar medidas e aspectos dimensionais para</p><p>atender os padrões antropométricos da família e do cadeirante,</p><p>e nesse levantamento o projetista precisa observar condições</p><p>de antropometria dinâmica (extensões, flexões, agachamentos).</p><p>O produto desta seção sugere que tal desenvolvimento de</p><p>pesquisa aconteça na forma de desenho (à mão), no qual</p><p>croquizará as relações métricas do ponto de vista ergonômico e</p><p>antropométrico para aplicação do design e da arquitetura focados</p><p>no desenvolvimento de mobiliário no ambiente residencial.</p><p>147U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Faça você mesmo</p><p>Para fazer o levantamento de acessibilidade em uma cozinha, faça</p><p>uma análise do contexto. Tentar fazer observações gerais em relação</p><p>às atividades que a cadeirante possivelmente fará dentro o ambiente</p><p>(cozinhar, desenvolver atividades na mesa de jantar, lavar louça etc.) e</p><p>faça uma análise da demanda. Avalie também exigências do trabalho</p><p>diário de um cadeirante dentro de uma cozinha, tentando entender</p><p>qual a capacidade física considerando a idade da personagem</p><p>em questão da família Silva. Considere também força muscular e</p><p>intensidade das forças a serem aplicadas nas atividades, dimensões</p><p>corporais (estática e dinâmica), entre tantos outros pontos citados</p><p>nesta seção.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. A ergonomia é uma ciência que busca relacionar a interação do corpo</p><p>humano com objetos, utensílios, ambiente construído, e tem amplo</p><p>uso em diferentes segmentos da economia. Sua observação na fase de</p><p>projeto gera resultados benéficos para a arquitetura e para o design,</p><p>mas sobretudo ao ser humano pela qualidade de vida que ela promove.</p><p>Qualquer trabalho em arquitetura e design precisa considerar critérios de</p><p>produção e saúde, ao mesmo tempo visando contribuir com a eficácia</p><p>produtiva do ser humano que utilizará o ambiente ou objeto que interage,</p><p>tanto em termos de qualidade quanto em termos de quantidade.</p><p>A partir da leitura do texto, a ergonomia é caracterizada como:</p><p>a) Uma metodologia de interação do ambiente e seus objetos.</p><p>b) Uma ciência que não faz uso da teoria sistêmica.</p><p>c) Uma ferramenta eficaz na detecção e solução de problemas</p><p>relacionados à atividade humana em seu dia a dia e em seus processos.</p><p>d) Uma ferramenta ineficaz na detecção e solução de problemas</p><p>relacionados à atividade humana em seu dia a dia e em seus processos.</p><p>e) Aplica-se somente na área da segurança do trabalho.</p><p>2. A ergonomia permite atuar nos processos de interação homem-</p><p>objeto-ambiente considerando o conforto, adaptabilidade, flexibilidade</p><p>A ergonomia, entre outros requisitos para a elaboração dos projetos de</p><p>edificações, de ambientes, de objetos, consegue associar:</p><p>a) Exclusivamente o material a ser utilizado.</p><p>b) Somente tendências estéticas e construtivas.</p><p>148 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>c) Não é possível associar tendências socioeconômicas, apenas culturais.</p><p>d) Somente tendências técnicas construtivas.</p><p>e) Tendências estéticas, simbólicas, técnicas, construtivas, de material e</p><p>até mesmo socioeconômicas e culturais.</p><p>3. A ergonomia e a antropometria introduzirão os aspectos metodológicos</p><p>no desenvolvimento de projetos com os parâmetros ergonômicos e</p><p>antropométricos. Para qualquer projeto a ser desenvolvido em arquitetura</p><p>e design é necessário que haja levantamento das necessidades do usuário,</p><p>que aqui chamaremos de requisitos do cliente.</p><p>I. Por requisito do cliente entenderemos solicitações que ele faz em</p><p>relação a um serviço ou produto, especificando características peculiares</p><p>para a aplicação que se pretende, quantidade e qualidade desejada para o</p><p>produto ou serviço, inclusive datas de entrega.</p><p>II. Pode-se dizer que “Determinação de requisitos relacionados ao</p><p>produto” é a organização dos diversos tipos de requisitos, identificando-</p><p>os antes que o serviço ou produto seja concebido.</p><p>III. Aplicados somente a serviços, não se aplicando a produtos.</p><p>Relacionando aos conceitos sobre requisitos, podemos afirmar que:</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Estão corretas apenas as afirmativas I e II.</p><p>c) Estão corretas apenas as afirmativas I e III.</p><p>d) Está correta apenas a afirmativa II.</p><p>e) Está correta apenas a afirmativa III.</p><p>149U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Seção 3.2</p><p>Metodologia de projeto para mobiliário</p><p>residencial</p><p>Prezado aluno, entraremos agora num processo no qual</p><p>discutiremos as etapas metodológicas para o projeto de design</p><p>de mobiliário, à luz da complexidade que é o processo criativo e</p><p>que vem de encontro a um problema ou necessidade demandada</p><p>pelo cliente.</p><p>A criatividade em si, ao contrário do que muitos pensam, não</p><p>é necessariamente um dom, e sim fruto de treinamento e de</p><p>assimilação de repertório, ou seja, de conhecimento prévio, dose</p><p>de realidade e experiências vivenciadas por você, caro aluno de</p><p>design. A assimilação constante de “bons exemplos” e obtenção</p><p>de conhecimentos específicos para o design de mobiliário é uma</p><p>forma da criatividade se manifestar, visto que ela é uma habilidade</p><p>a ser desenvolvida. A metodologia vem no sentido de facilitar o</p><p>entendimento no seu processo criativo e direcioná-lo ao objetivo</p><p>do design que sempre será a resolução de um problema.</p><p>Como situação-problema, continuaremos na proposição</p><p>da reformulação do mobiliário do espaço residencial da família</p><p>Silva, e você, como designer, tentará evoluir metodologicamente</p><p>no projeto. Como foi visto, com a observação de condições da</p><p>família foi possível chegar a algumas informações. Certamente a</p><p>condição da avó cadeirante já forneceu um conjunto de requisitos</p><p>para o projeto. Mas a família Silva precisa que mais requisitos sejam</p><p>atendidos, pois precisamos atender aos outros moradores da casa.</p><p>Assim, como designer, você precisa investigar como os outros</p><p>familiares anseiam a remodelagem do mobiliário dentro da casa, ou</p><p>seja, quais os requisitos que precisam ser atendidos. Quais qualidades</p><p>a família Silva almeja que o projeto tenha? Quais necessidades são</p><p>prioritárias para essa família ao remodelar o conjunto de mobiliários por</p><p>meio de projeto de interiores? Lembre-se de que temos que identificar</p><p>o problema dessa família, então, qual seria ele?</p><p>Diálogo aberto</p><p>150 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Como foi visto anteriormente, qualquer que seja o caminho</p><p>a percorrer, ou seja, qualquer que seja a metodologia aplicada,</p><p>todas partem da identificação do problema, análise da solução</p><p>e aplicação da solução. Dessa forma, é necessário conduzir o</p><p>processo de desenvolvimento de projeto com questionamentos</p><p>direcionados aos clientes, que podem acontecer nas diversas</p><p>etapas do processo, mas que precisam ser norteados segundo a</p><p>metodologia adotada para enriquecer o projeto de informações</p><p>que realmente agreguem valor ao processo.</p><p>Desse modo, objetiva-se nesta seção estudar como as</p><p>informações complementares sobre o processo metodológico</p><p>do desenvolvimento acontecem e como desenvolver um briefing</p><p>contendo a descrição do problema, das necessidades do cliente</p><p>e das restrições projetuais documentadas por painel conceitual e</p><p>painel visual em design de móveis.</p><p>Todo processo de projeto é fruto de um questionamento ou</p><p>resolução de problema e visa tão simplesmente dar solução que</p><p>melhor se adeque às necessidades do cliente, suas expectativas</p><p>e incorpore requisitos de toda natureza, como vimos na seção</p><p>anterior.</p><p>“Projeto é uma ideia ou plano de alguma coisa formulado</p><p>numa configuração para comunicação e ação” (BACK, 1983, p. 8).</p><p>Segundo Ferreira (1997, p. 6). “Projetar é idealizar algo real para</p><p>satisfazer da melhor maneira possível uma necessidade”. Dessa</p><p>forma, projeto está relacionado à atividade intelectual criativa de</p><p>organizar e comunicar por meio de linguagens específicas, as</p><p>características de um produto ou serviço.</p><p>Não pode faltar</p><p>Assimile</p><p>A criatividade é a faculdade/habilidade de criar ou o potencial criativo.</p><p>Consiste em encontrar métodos ou objetos para executar tarefas</p><p>de uma maneira nova ou diferente do habitual, com a intenção de</p><p>satisfazer um propósito. À criação de novas ideias e conceitos também</p><p>se dá o nome de inventividade, pensamento original, pensamento</p><p>divergente ou imaginação construtiva.</p><p>151U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Se a criatividade parte do questionamento do que é habitual e</p><p>corriqueiro, principalmente para a geração de novas possibilidades</p><p>e inter-relações possíveis, é necessário que se domine o processo</p><p>criativo. Aplicar metodologia não é podar o processo criativo,</p><p>mas discipliná-lo na busca de um objetivo, apoiar o manuseio das</p><p>informações sistematizando-as de modo a favorecer as tomadas</p><p>de decisões e agregar valor ao produto ainda quando ele está em</p><p>pleno processo de projeto.</p><p>Para tanto, você, profissional, será convidado a sair de sua “zona</p><p>de conforto” e tentar pensar maneiras de agregar valor ao projeto</p><p>à medida que o desenvolve. Para tanto, é necessário que faça boas</p><p>perguntas, que por sua vez lhe exigirão incorporar repertório, que é a</p><p>aquisição de conhecimentos, projetos, soluções já existentes de um</p><p>determinado assunto. No caso da família Silvia, certamente precisamos</p><p>ter mais informações, precisamos ampliar o repertório de mobiliário</p><p>para residência. Na seção anterior, por exemplo, você foi compelido a</p><p>aprofundar o seu conhecimento em acessibilidade e, nesse processo,</p><p>você incorporou repertório sobre acessibilidade. Pense repertório</p><p>como o processo de assimilação, conjunto de conhecimentos de</p><p>uma pessoa muito versada em determinados temas.</p><p>Reflita</p><p>Criatividade indica a capacidade de criar, produzir ou inventar coisas</p><p>novas.</p><p>A criatividade pode ser aplicada em qualquer área da vida. Ser criativo</p><p>é "think outside the box" (expressão em inglês que significa “pensar</p><p>fora da caixa”), ou seja, pensar de forma diferente, ter uma outra visão</p><p>diferente para um mesmo problema. É ser original, não seguindo as</p><p>normas preestabelecidas e nunca imitando o que já foi feito milhares</p><p>de vezes. Pensar fora da caixa é sair da zona do conforto? Mais do</p><p>que pensar criativamente, é questionar criativamente? Concorda?</p><p>Vocabulário</p><p>Repertório: sm (lat repertoriu) refere-se ao índice de matérias</p><p>metodicamente dispostas, que permite achá-las com facilidade.</p><p>Também pode ser definido como a compilação de diversas matérias</p><p>152 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>para uso particular, e ainda como o prontuário de conhecimentos ou</p><p>de esclarecimentos (MICHAELIS, 1998).</p><p>O cliente certamente deu-lhe uma dica, embora implícita, e deu</p><p>indicações mesmo sem você precisar fazer nenhuma pergunta: o fato</p><p>de uma das pessoas exercer função de trabalho em casa já lhe sugere</p><p>que investigue mais sobre home office. O que você conhece sobre</p><p>trabalhar em casa? Ou seja, antes mesmo de sair projetando, procure</p><p>exemplos de projeto de home office (escritório) para ter domínio do</p><p>assunto. Como outros profissionais abordaram a problemática de</p><p>“trabalhar em casa”, perceba que à medida que aprofundar os estudos</p><p>criará uma “biblioteca” de possibilidades que indiretamente dará</p><p>subsídios ao seu cérebro e ajudará nos questionamentos, e, quando</p><p>menos esperar, quase inconscientemente seu processo criativo</p><p>consultará seu repertório e estabelecerá possíveis inter-relações.</p><p>Se na seção anterior o problema essencial girava em torno da</p><p>acessibilidade, qual seria o problema desta seção? O trabalho em casa</p><p>torna-se mais frequente à medida que evoluímos tecnologicamente,</p><p>mas, em essência, esse é o problema? Certamente não. Será que não</p><p>precisamos ver o todo e não somente a parte? Logo, estamos pensando</p><p>sistemicamente; será que o pai da família será o único a usá-lo? Será</p><p>que as crianças não desenvolveriam atividades relacionadas à escola</p><p>no mesmo espaço, ou os avós, por terem tempo livre, não poderiam</p><p>acessar uma biblioteca ali colocada? Esses são questionamentos que,</p><p>na verdade, podem nos induzir a pensar num problema mais amplo</p><p>que pode ser resumido em: como conjugar moradia, trabalho e lazer</p><p>dentro de um ambiente como o home office? Será que, em resumo,</p><p>não é esse o problema da família Silva?</p><p>Como falado anteriormente, todo processo metodológico começa</p><p>quando é identificado o problema essencial do cliente, para que, a</p><p>partir dele, consigamos criar “linhas investigativas” e de incorporação</p><p>de repertório para poder começar a agregar informações ao</p><p>processo de projeto. Resumidamente, colocamos como um projeto</p><p>pode conter fases, etapas, ferramentas e documentos específicos,</p><p>lembrando que ainda estamos no começo do estudo.</p><p>153U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>As fases de preconcepção, concepção e pós-concepção aqui</p><p>expostas precisam ser adaptadas para sua metodologia, aquela em</p><p>que o seu processo criativo melhor fluirá, mas na qual essas etapas</p><p>gerem necessariamente um produto. Outro ponto a ressaltar é a</p><p>incorporação de requisitos do cliente, que pode acontecer ao longo</p><p>FASES ETAPAS FERRAMENTAS DOCUMENTOS</p><p>P</p><p>R</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>E</p><p>P</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>• Levantamento</p><p>(dados, informações</p><p>do cliente e obra)</p><p>• Briefing</p><p>• Programa de</p><p>necessidades.</p><p>• Desenvolvimento</p><p>conceitual</p><p>• Croquis</p><p>• Estudos específicos</p><p>• Estudo de massa</p><p>• Organograma/</p><p>fluxograma</p><p>• Estudo de correlatos</p><p>• Estudo de referências</p><p>diversas</p><p>• Mapa conceitual</p><p>• Estudo cromático</p><p>• Conceito/partido</p><p>• Memorial conceitual</p><p>• Medição em campo</p><p>• Fotografia, filmagem</p><p>• Conversa informal</p><p>• Entrevista</p><p>estruturada</p><p>• Listas (itens,</p><p>atividades, usos,</p><p>peculiaridades de</p><p>uso/função)</p><p>• Material gráfico</p><p>auxilia a tomada de</p><p>decisão itens</p><p>• Técnicas gráficas:</p><p>lápis cor/giz/nanquim</p><p>ou qualquer outra</p><p>em que o profissional</p><p>estimule a criatividade</p><p>• Anotações à mão</p><p>• Fotos/filmes</p><p>• Imagens</p><p>• Textos</p><p>• Esboços</p><p>• Desenhos livres/</p><p>estudo com medidas</p><p>(aproximadas)</p><p>• Quadriculado</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>E</p><p>P</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>• Estudo preliminar</p><p>• Anteprojeto</p><p>• Memorial descritivo</p><p>• Desenhos</p><p>ilustrativos</p><p>• Desenhos técnicos</p><p>conforme exigência</p><p>ABNT</p><p>• Desenho à mão</p><p>• Desenho CAD</p><p>(documentação</p><p>técnica preliminar)</p><p>• Memorial técnico</p><p>complementar</p><p>P</p><p>Ó</p><p>S-</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>C</p><p>E</p><p>P</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>• Projeto executivo</p><p>• Projeto</p><p>complementar</p><p>• Detalhamento</p><p>• Memorial descritivo</p><p>• Desenho técnico</p><p>ABNT</p><p>• Desenho técnico</p><p>de detalhamento</p><p>conforme ABNT</p><p>• Desenho</p><p>técnico projeto</p><p>complementar ABNT</p><p>• Memoriais/fichas</p><p>técnicas</p><p>• Desenho à mão</p><p>• Desenho CAD</p><p>(documentação</p><p>técnica definitiva)</p><p>• Memorial descritivo</p><p>• Memorial conceitual</p><p>Fonte: elaborado pelo autor.</p><p>Quadro 3.1 | Estrutura metodológica para desenvolvimento de projeto de mobiliário</p><p>154 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Em um processo metodológico de desenvolvimento de projeto</p><p>não bastam criatividade e habilidade. É preciso ter uma forma</p><p>organizada (metodologia) de trabalho, que permita a todas as</p><p>partes envolvidas no projeto – profissional, cliente e colaboradores</p><p>- acompanharem, compreenderem e interferirem no processo de</p><p>projeto.</p><p>O desenvolvimento de projeto de mobiliário objetiva a</p><p>transformação de necessidades de um cliente em uma organização</p><p>espacial interna viável para ser executada. É a concretização física</p><p>de ideias e conceitos abstratos, que o designer precisa traduzir aos</p><p>clientes e colaboradores do projeto. Assim sendo, o profissional</p><p>do projeto não é um ator e, sim, o elo entre:</p><p>desejos, concepção,</p><p>concretização. Fazendo um paralelo, podemos entender como</p><p>preconcepção, concepção e pós-concepção. Embora seja</p><p>necessário o estudo da metodologia como um todo, daremos</p><p>certa ênfase, neste momento, para o estudo da preconcepção.</p><p>Preconcepção</p><p>Envolve cliente e projetista, sendo este segundo o responsável</p><p>por coletar todas as informações possíveis, objetivas e subjetivas,</p><p>como os requisitos do cliente. Para a identificação de caminhos de</p><p>projeto desenvolve-se o briefing (start do processo), sobre o qual</p><p>define-se o objetivo do trabalho, ou seja, um “norte” para o trabalho.</p><p>Na sequência desenvolve-se o programa de necessidades que</p><p>Vocabulário</p><p>Para Löbach (2001, p. 141) “todo processo de design é tanto um</p><p>processo criativo como um processo de solução de problemas”.</p><p>de todo o processo, e significa, antes de tudo, identificar as qualidades</p><p>e expectativas sobre as quais o cliente tem do produto que receberá</p><p>ao findar do processo metodológico. Quando falamos em agregar</p><p>valor, é valorizar a ideia, aumentar o poder de argumentação do</p><p>design na venda do conceito que pretende vender, logo, isso influi no</p><p>partido, ou seja, no aspecto formal do produto. Depois dessa breve</p><p>discussão, você saberia explicar o que é design de mobiliário? Em que</p><p>consiste o processo de design de mobiliário?</p><p>155U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>consiste em um processo de negociação na qual ambas as partes</p><p>envolvidas (projetista e cliente) trabalham juntas, visando contemplar</p><p>as necessidades funcionais do ambiente, decidem quais mobiliários</p><p>serão efetivamente construídos e têm por objetivo estabelecer o</p><p>entendimento de rotinas e ações de uso do ambiente.</p><p>É habitual fazer levantamentos métricos, fotográficos e de</p><p>projetos complementares (instalações elétricas, hidráulicas,</p><p>paisagismo etc.) ainda neste primeiro momento. De posse do</p><p>briefing e do programa de necessidades, além do levantamento</p><p>métrico, direcionam a ação do projetista para análise das</p><p>informações coletadas e é por meio desta que se inicia a busca de</p><p>um conceito norteador, uma ideia da qual se derivarão todas as</p><p>decisões de projeto.</p><p>Metodologicamente, o desenvolvimento conceitual, crucial</p><p>para o projetista, é uma fase que depende diretamente do</p><p>correto posicionamento do problema do cliente e do processo</p><p>de autoquestionamento do designer, juntamente ao seu próprio</p><p>repertório. Dessa forma, o designer precisa novamente fazer</p><p>perguntas que ajudem na identificação clara de qual é problema</p><p>em sua essência, para que consiga, ao menos conceitualmente,</p><p>subsidiar resposta ao problema por meio de uma ideia, uma</p><p>qualidade. O conceito, em resumo, é a qualidade que o projeto</p><p>precisa ter para a resolução do problema, ao mesmo tempo em</p><p>que subsidia definições materiais e tecnológicas, que dentro do</p><p>jargão do design e da arquitetura recebe o nome de partido, que é</p><p>o conjunto de definições iniciais de um projeto.</p><p>O desenvolvimento conceitual em si começa a materializar-</p><p>se por meio do painel conceitual, que literalmente consiste em</p><p>colocar as ideias no papel. Nesse documento são expressos</p><p>elementos coletados até o momento em que as informações sejam</p><p>suficientes para dar andamento ao desenho e já aplicado certo filtro</p><p>por meio do design no sentido de soltar uma mescla de palavras</p><p>soltas, mas que fundamentalmente representam qualidades e</p><p>conceitos essenciais, associam pequenos textos, croquis e mesmo</p><p>imagens que consigam materializar os pensamentos do designer, e</p><p>formalizam-se por meio do painel conceitual ou painel semântico,</p><p>que resumidamente pode ser entendido como ideia matriz.</p><p>156 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Concepção</p><p>Embora parte do processo criativo já tenha sido iniciado</p><p>na etapa de preconcepção, ele não se extingue ao longo do</p><p>processo de desenvolvimento do projeto e continua na fase que</p><p>aqui chamaremos de concepção. Se o foco da preconcepção</p><p>é ter um bom desenvolvimento conceitual, painel conceitual,</p><p>partido e a ideia matriz, na fase de concepção significa dar</p><p>materialidade efetiva ao objeto. Essa materialidade inicia-se na</p><p>busca de possibilidades de resolução, até que se chegue a um</p><p>estudo preliminar que incorpore o maior número de requisitos,</p><p>ao mesmo tempo que esteja amparado conceitualmente. É uma</p><p>etapa que essencialmente tem por produtos desenhos técnicos,</p><p>estudos de layout, entre outras peças gráficas de desenho que</p><p>visam ajudar na análise da funcionalidade, usabilidade, adequação</p><p>ergonômica.</p><p>É nessa etapa que o cliente entra no processo para dar o</p><p>feedback de suas impressões e normalmente solicita ajustes de</p><p>pontos a serem melhorados; dessa forma, além de transformar</p><p>ideias abstratas em algo visível, permite que o próprio processo se</p><p>alimente de informações do principal beneficiário do projeto.</p><p>Anteprojeto é uma evolução formal do projeto, que já sofreu</p><p>influência do cliente, faltando apenas algumas definições mais</p><p>detalhadas um passo antes de ser efetivamente transformado</p><p>em projeto executivo. Dá margens a modificações, mas já é</p><p>possível avaliar quantitativos para orçamentos preliminares, sem</p><p>necessariamente estar totalmente detalhado. Havendo algumas</p><p>definições preliminares, alguns fornecedores podem auxiliar</p><p>em definições, tais como material e processo produtivo. Nessa</p><p>fase, normalmente o cliente demanda modificações para fins de</p><p>adequação ao orçamento, à funcionalidade que mudou, entre</p><p>outros. O memorial conceitual pode ser associado ao conjunto de</p><p>desenhos dos estudos preliminares e do anteprojeto, para fins de</p><p>amparo à argumentação de venda.</p><p>Pós-concepção</p><p>O projeto executivo faz a especificação de todas as partes e</p><p>componentes para construção do objeto, e o grau de complexidade</p><p>do objeto é que determinará a associação de desenhos mais</p><p>157U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>direcionados aos detalhamentos de todo o projeto para a sua</p><p>execução. Assim, são determinantes cotas (medidas), detalhes</p><p>de junções, definição de materiais, ou seja, tudo que tem relação</p><p>direta com a complexidade de fabricação/montagem do objeto.</p><p>O memorial descritivo pode apoiar todas as especificações e</p><p>ainda dar subsídio quanto ao processo de fabricação, principalmente</p><p>no que concerne às informações que o desenho não contempla.</p><p>Prezado aluno, ao longo desta seção verificou-se que a</p><p>metodologia de projeto tem por base o estudo de diversos teóricos,</p><p>e não é necessariamente uma regra a ser seguida rigidamente.</p><p>Entretanto, neste início de profissão é necessário entender que</p><p>é por meio do processo metodológico que se agrega valor ao</p><p>processo de concepção de projeto, ao mesmo tempo em que</p><p>se é submetido a um processo no qual a criatividade é a principal</p><p>ferramenta transformadora.</p><p>Pesquise mais</p><p>O artigo “Criatividade e Design: uma análise da habilidade criativa no</p><p>processo projetual“ aborda o tema criatividade no que se refere à</p><p>sua expressão conceitual na área do design. Este último, por ser um</p><p>processo extremamente criativo, nesse estudo reflete a importância</p><p>de entender ou mesmo relacionar o que envolve a criatividade</p><p>nesse campo, principalmente por meio de uma análise do sentido</p><p>prático desse processo. Com o objetivo de relacionar o conceito e</p><p>as habilidades da criatividade em geral, direcionado, portanto, para</p><p>a prática do design de produto, é investigada a ocorrência do ato</p><p>criativo no processo projetual, assim como técnicas de geração de</p><p>ideias, obstáculos comuns a esse processo e meios de lidar com</p><p>eles e ainda os níveis do processo criativo e suas particularidades.</p><p>Disponível em: http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/</p><p>viewFile/1484/pdf. Acesso em: 21 abr. 2017.</p><p>Exemplificando</p><p>Painel conceitual ou painel semântico: como faremos isso? Criando</p><p>um painel semântico ou “mood board”.</p><p>O painel semântico refere-se a uma espécie de quadro de referências</p><p>visuais para determinados aspectos do projeto, tais</p><p>como cores,</p><p>158 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Sem medo de errar</p><p>Na unidade anterior o desafio era entender como promover a</p><p>acessibilidade à condição de cadeirante (situação da avó) dentro</p><p>do ambiente residencial, já que era a condição de uma das</p><p>integrantes da família Silva. Agora focaremos no desenvolvimento</p><p>do ambiente de trabalho do pai da família, que desenvolve parte de</p><p>sua atividade laboral dentro de casa, a advocacia.</p><p>Focaremos no desenvolvimento conceitual exclusivamente para</p><p>um dos cômodos. Para tanto, é necessário entender a importância</p><p>de se fazer o painel conceitual. Como falado inicialmente,</p><p>precisamos atender os outros moradores da casa. Dessa forma,</p><p>como designer, você precisa investigar como os outros familiares</p><p>anseiam a remodelagem do mobiliário dentro da casa, ou seja,</p><p>perguntamos quais os requisitos que precisamos atender. Você</p><p>lembra o que é requisito? Quais qualidades a família Silva quer que</p><p>o projeto tenha? Quais necessidades prioritárias são esperadas por</p><p>essa família ao remodelar o conjunto de mobiliários por meio do</p><p>projeto de interiores? Lembre-se de que temos que identificar o</p><p>problema dessa família. E qual seria este problema?</p><p>formas, texturas, conceitos, cenários etc. A semântica diz respeito</p><p>ao estudo do significado. O design de produto estabelece que todo</p><p>objeto, além de sua funcionalidade prática e estética, também é</p><p>um símbolo cultural, algo que tem um significado, que traduza os</p><p>conceitos e as ideias relacionadas ao projeto.</p><p>PAINEL SEMÂNTICO = imagens + palavras chaves = SIGNIFICADOS</p><p>O painel semântico ou mood board é uma COLAGEM DE IDEIAS</p><p>e INSPIRAÇÃO para qualquer trabalho de design! Não são apenas</p><p>representações visuais, é um conjunto de informação que representa</p><p>a EMOÇÃO que se deseja retratar em toda a obra – porque é a</p><p>emoção que cria a aparência de um projeto!</p><p>Sendo assim, o mood board apoia o designer por meio da articulação</p><p>do pensamento imaginativo e do raciocínio por ANALOGIA, algo que</p><p>ajuda na resolução de problemas complexos pela identificação de</p><p>determinados aspectos a partir da articulação de aprendizados novos</p><p>e antigos (FACCA, 2012).</p><p>159U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Ao longo da unidade, percebeu-se que o problema deve ser</p><p>amplo ao mesmo tempo em que tem que ser resolvido, com base</p><p>em um conceito. Vamos pensar que é uma família heterogênea,</p><p>mas valoriza a interação entre as gerações, necessita que um de</p><p>seus ocupantes desenvolva a atividade laboral em casa. Logo, a</p><p>casa precisa conjugar trabalho, residência e lazer. Considerando</p><p>esse breve relato, é necessário dar vazão a possíveis qualidades</p><p>que o projeto poderia ter, por exemplo, ser um projeto versátil,</p><p>adaptável, múltiplo, visto que todos os personagens podem fazer</p><p>uso dos ambientes, sem restrição de acessibilidade. Pensando dessa</p><p>maneira, podemos pensar que o home office também teria que ter</p><p>tais características. Além disso, é necessário pensar que existem</p><p>requisitos específicos para atender o advogado que exercerá sua</p><p>atividade e precisará de todos os elementos essenciais para um</p><p>escritório de advocacia.</p><p>Suponhamos que o pai entenda ser necessário ter uma estação</p><p>de trabalho, associado a um espaço como mesa de reunião e</p><p>biblioteca (livros jurídicos, por exemplo), é necessário que entenda</p><p>também que um dos requisitos necessários seja o atendimento a</p><p>pessoas que por ventura desejem contratar seus serviços. Podemos</p><p>entender esses como requisitos essenciais para que o home office</p><p>atenda a sua função. Mas podem estar implícitos requisitos em</p><p>que as crianças também possam usufruir desse ambiente para</p><p>tarefas escolares, assim como o uso pelos idosos que gostam de</p><p>desenvolver leituras. Com base nisso podemos então entender</p><p>que o programa de necessidades é em si um conjunto de</p><p>requisitos que obrigatoriamente precisam ser atendidos. Mais uma</p><p>vez, precisamos entender qual é o problema: seria conjugar todas</p><p>essas funções, logo, o conceito de adaptabilidade pode ser um a</p><p>ser adotado; sendo assim, sugerimos que desenvolva o seu painel</p><p>conceitual levando em conta o que é adaptabilidade.</p><p>Estude o que significa esse conceito em um dicionário, depois</p><p>busque na internet o que é essencialmente o conceito de home</p><p>office, e busque em um terceiro momento referencias visuais de</p><p>mobiliários para montar o seu repertório, que servirá de inspiração.</p><p>No centro de uma folha coloque a palavra e sua definição, depois</p><p>conjugue por meio de imagens de hábitos e ambientes que possam</p><p>representar, em sua opinião, o conceito de adaptabilidade. Tente</p><p>160 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Cultura familiar, o conceito, e o partido</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Você, como designer, no começo de sua profissão, certamente</p><p>começará desenvolvendo dentro de casa a atividade profissional,</p><p>até que consiga se estabelecer por completo no mercado. Sendo</p><p>assim, sugerimos que consiga pensar um painel conceitual para o</p><p>mobiliário do seu home office.</p><p>Qual qualidade profissional você quer que seus clientes</p><p>percebam dentro de seu home office? Quais os requisitos que</p><p>essencialmente ele exige? Como o conceito sugerido pode ser</p><p>materializado pelo conjunto de elementos e mobiliários que se</p><p>pretende colocar?</p><p>Atenção</p><p>O painel é um documento que primará na elucidação de um</p><p>conceito, por meio de referência conceitual, por meio de imagens</p><p>sem necessariamente desenvolver um desenho. Você está na</p><p>busca de um norte de uma ideia matriz. Logo, a discussão que se</p><p>pretende como o painel conceitual é o desenvolvimento, conceito,</p><p>uma qualidade que permitirá dar o partido. Dessa forma, o painel</p><p>conceitual busca argumentos que justificarão as posturas de projeto</p><p>e obrigatoriamente precisa ter uma base conceitual. Com o painel</p><p>conceitual busca-se vender a ideia e não o desenho ou objeto. Ideia</p><p>agrega valor.</p><p>Avançando na prática</p><p>buscar elementos que possam dar início, partido ao seu projeto.</p><p>Por exemplo, as principais cores, texturas, formas, elementos e</p><p>tudo mais que possa influenciar as decisões dos materiais, da</p><p>questão construtiva do objeto, ou dessa remodelagem específica</p><p>do home office. Partido pode ser entendido como os atributos</p><p>que você conferirá ao objeto para alcançar a ideia que pretende</p><p>fixar, que, no caso dessa situação-problema, seria como resgatar</p><p>a identidade familiar.</p><p>161U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Elenque em um papel pelo menos cinco qualidades que seu</p><p>projeto de interiores precisa ter no seu home office e escolha</p><p>entre eles um que você acredita ser o que melhor evidencia o</p><p>conceito que pretende passar aos clientes que frequentarão seu</p><p>escritório. Pense nas tarefas que executará e compile um programa</p><p>de necessidades.</p><p>Depois, pegue uma folha e descreva o conceito escolhido no</p><p>centro e vá ao sentido da borda colocando imagens de hábitos</p><p>e ambientes correlatos que passam a mesma mensagem do</p><p>conceito pretendido. A ideia é que o painel conceitual seja mais</p><p>visual do que escrito.</p><p>A seleção de imagens deve acontecer sempre tomando por</p><p>base o conceito; faça sempre o exercício da autocrítica, se as</p><p>imagens representam mesmo o conceito pretendido.</p><p>O conjunto de imagens lhe dará indícios de quais cores, formas,</p><p>texturas, padrão compositivo, materiais devem ser usados, ou seja,</p><p>conseguirá, por meio das imagens, determinar uma partida para o</p><p>desenvolvimento do desenho do mobiliário para o home office.</p><p>Por ora, o interessante é que consiga entender que o painel</p><p>conceitual é a idealização para a materialização do objeto, ao</p><p>mesmo tempo em que está criando o repertório, para que quando</p><p>efetivamente desenvolver o desenho à mão (que veremos nas</p><p>seções seguintes) consiga amparar todos os argumentos das</p><p>decisões tomadas.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Avalie as afirmativas a seguir:</p><p>I. É fruto de um questionamento ou resolução</p><p>de problema.</p><p>II. Visa dar solução que melhor se adeque às necessidades do cliente e</p><p>suas expectativas.</p><p>III. Incorpora requisitos.</p><p>Qual das alternativas melhor atende à condição sobre o processo de</p><p>projeto?</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Estão corretas apenas as afirmativas I e II.</p><p>c) Estão corretas as afirmativas I, II e III.</p><p>162 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>d) Estão corretas apenas as afirmativas I e III.</p><p>e) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.</p><p>2. Leia as afirmativas a seguir:</p><p>I. Relacionado à atividade intelectual criativa.</p><p>II. Tem por princípio básico organizar e comunicar.</p><p>III. Faz uso de linguagens específicas, como o desenho técnico.</p><p>IV. Visa atribuir características de um produto ou serviço.</p><p>Qual das alternativas melhor atende à condição sobre o processo de</p><p>projeto?</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Estão corretas apenas as afirmativas I, II e IV.</p><p>c) Estão corretas apenas as afirmativas I, III e IV.</p><p>d) Estão corretas as afirmativas I, II, III, IV.</p><p>e) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.</p><p>3. À criação de novas ideias e conceitos também se dá o nome</p><p>de inventividade, pensamento original, pensamento divergente ou</p><p>imaginação construtiva. Trata-se de conceitos que implicam o ato</p><p>de inventar algo novo (isto é, recorrer ao engenho), a capacidade de</p><p>encontrar soluções originais e a vontade de mudar o mundo. Com</p><p>base em diversos ramos e disciplinas, a ciência estuda a criatividade</p><p>em busca de objetivos e termos lógicos precisos. A inventividade pode</p><p>ser considerada, do ponto de vista técnico, como um processo, como</p><p>uma característica da personalidade ou como um produto. Analise as</p><p>afirmativas a seguir:</p><p>I. A criatividade é a faculdade/habilidade de criar ou o potencial criativo.</p><p>II. Consiste em encontrar métodos ou objetos para executar tarefas de</p><p>uma maneira nova ou diferente do habitual, com a intenção de satisfazer</p><p>um propósito.</p><p>III. A criatividade permite cumprir os desejos de forma mais rápida, fácil,</p><p>eficiente ou econômica.</p><p>Após a leitura do texto, das afirmativas e pelos conteúdos assimilados</p><p>nesta seção, é possível afirmar que:</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Está correta apenas a afirmativa II.</p><p>c) Estão corretas apenas as afirmativas I e III.</p><p>d) Estão corretas as afirmativas I, II e III.</p><p>e) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.</p><p>163U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Seção 3.3</p><p>Processo criativo e desenvolvimento de projeto</p><p>de mobiliário residencial</p><p>Prezado aluno, com base no que foi visto nas unidades</p><p>anteriores gostaria de convidá-lo a continuar na evolução do</p><p>projeto da família Silva.</p><p>Como situação-problema temos o seguinte contexto:</p><p>tomando por base todos os seus ocupantes, o exercício sugerido</p><p>consiste em entender como a dinâmica familiar acontece e</p><p>apresentar uma proposta de projeto de mobiliário. Por esse</p><p>motivo, sugerimos entender as necessidades, agora, pelo viés dos</p><p>filhos. Essa sugestão é motivada principalmente pelo fato de que</p><p>o ambiente e todos os seus componentes, inclusive o mobiliário,</p><p>podem influir na interação das crianças com o meio ambiente, e</p><p>indiretamente influencia no desenvolvimento delas, principalmente</p><p>na vinculação afetiva e cognitiva até a sua vida adulta. A residência</p><p>para uma criança, durante seu desenvolvimento, tem importância</p><p>simbólica e, por vezes, é determinante para a assimilação do que</p><p>se entende como espaço familiar, que na acepção da palavra pode</p><p>ter conceitos como afetividade, confraternização, acolhimento e</p><p>seus sinônimos como base.</p><p>Mas, como começar a transformar esses conceitos abstratos,</p><p>por meio da criatividade em algo concreto, como o desenho do</p><p>mobiliário dentro da casa? Quais são as ferramentas metodológicas</p><p>de criatividade que podem favorecer esta tradução? No caso das</p><p>crianças, pare para pensar: quais requisitos são essenciais para o</p><p>desenvolvimento do mobiliário? Como sugestão de ambiente,</p><p>recomendamos que desenvolva um que conjugue dormitório com</p><p>um espaço para brincadeira e um local para estudos. Quem nunca</p><p>se lembrou do espaço onde foi criado? É possível o ambiente ter</p><p>influência sobre as interações familiares? Podem alguns espaços</p><p>serem mais representativos que outros quando se parte de um</p><p>conceito geral? Quais ferramentas metodológicas podem influir</p><p>Diálogo aberto</p><p>164 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>O desenho de móveis residenciais é um processo que depende</p><p>da interpretação direta dos hábitos das pessoas que se pretende</p><p>atender. Você tem domínio espacial sobre seu corpo? Sabe as</p><p>medidas das condições estática e dinâmica, ou seja, domínio sobre</p><p>os aspectos antropométricos do seu corpo e os seus movimentos?</p><p>E de uma criança nas idades mencionadas? Sim, esta vai ser, daqui</p><p>por diante, uma estratégia a ser utilizada para conseguir ter domínio</p><p>espacial das larguras, profundidades e alturas dos objetos que se</p><p>propõe a projetar. A cada novo projeto, poderá incorporar medidas</p><p>que se mostrarem aplicáveis a cada tipo de cliente.</p><p>Um dos principais requisitos que qualquer família preza em</p><p>um ambiente certamente é a questão do conforto, sobre os quais</p><p>recaem soluções de mobiliário e de desenho do ambiente de modo</p><p>Não pode faltar</p><p>nas definições e nos desenhos para o mobiliário voltado ao espaço</p><p>residencial?</p><p>Só para relembrar o perfil da família para esta unidade,</p><p>tomaremos por base um ambiente residencial, no qual você,</p><p>designer, desenvolverá peças de mobiliário que serão utilizadas no</p><p>projeto de interiores da casa da família Silva - casal de profissionais</p><p>liberais (pai: advogado 45 anos, mãe: médica 40 anos, filha: 5 anos,</p><p>filho: 12 anos, avós paternos (idosos): ele: 70 anos – gerente de</p><p>banco aposentado - locomoção regular, ela: 65 anos, professora</p><p>aposentada e cadeirante).</p><p>Como temática principal desta seção abordaremos o processo</p><p>criativo e o desenvolvimento de projeto de mobiliário residencial,</p><p>geração de propostas do mobiliário residencial de acordo com as</p><p>principais características levantadas nas etapas de preconcepção</p><p>e concepção. E, como produto da seção, sugerimos desenhos</p><p>de expressão de croquis contendo alternativas de mobiliários</p><p>residenciais. É importante relembrar que o estudo da ergonomia</p><p>nesta seção tomará por padrão as crianças, logo, todos os</p><p>exercícios sugeridos podem, além de considerar os parâmetros</p><p>dos adultos e de acessibilidade, estar amparados em requisitos das</p><p>crianças também.</p><p>165U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>a ter essas exigências corretamente amparadas. O profissional que</p><p>trabalha com design de interiores precisa entender o que significa</p><p>promover o conforto ambiental e todas as suas variáveis envolvidas,</p><p>como temperatura, circulação de ar, iluminação, para garantir</p><p>conforto térmico, acústico, lumínico e até aspectos ergonômicos</p><p>corretamente dimensionados.</p><p>Em um espaço residencial, o espaço toma características</p><p>peculiares das rotinas e ações que ali se desenvolverão,</p><p>compreendido por um espaço tridimensional (paredes, piso e</p><p>teto) além das condicionantes obtidas durante o levantamento.</p><p>Dessa forma, o domínio do seu corpo, somado às medidas</p><p>obtidas in loco, formará o escopo para que o processo criativo</p><p>consiga estabelecer relações essenciais para o uso de espaço</p><p>residencial. Pense na família Silva, como vimos anteriormente:</p><p>apresenta padrões antropométricos diferenciados de acordo com</p><p>seus habitantes. Assim sendo, partindo do pressuposto que nas</p><p>seções anteriores você foi convidado a entender genericamente</p><p>o que são padrões antropométricos, precisamos lançar algumas</p><p>outras ferramentas e estratégias metodológicas que podem</p><p>auxiliar na intepretação do espaço, no processo de investigação</p><p>dos levantamentos preliminares e na aplicação de soluções que</p><p>auxiliarão no processo de análise do espaço em algumas definições</p><p>pelo processo criativo.</p><p>Uma dessas ferramentas é o organograma</p><p>que estabelece a</p><p>ideia de conexões possíveis entre um ambiente ou espaço e outro</p><p>adjacente, e pode estabelecer hierarquia entre as relações que se</p><p>pretende estabelecer.</p><p>Vocabulário</p><p>Conforto ambiental: objetiva adequar variáveis ambientais,</p><p>relacionados aos princípios físicos de trocas térmicas, de umidade, de</p><p>qualidade do ar, acústica, visual, ergonômico aos projetos construtivos</p><p>e de interiores.</p><p>166 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Figura 3.1 | Organograma</p><p>Figura 3.2 | Fluxograma</p><p>hall</p><p>entrada</p><p>corredor escritório</p><p>quarto</p><p>crianças</p><p>lavabo</p><p>banheiro</p><p>social</p><p>sala de</p><p>estar</p><p>dispensa</p><p>lixo</p><p>gás</p><p>sala de</p><p>visita</p><p>closet</p><p>lavabo</p><p>BWC</p><p>suíte</p><p>lavanderia</p><p>área de</p><p>lazer</p><p>quarto</p><p>casal</p><p>quarto</p><p>idosos</p><p>BWC</p><p>suíte</p><p>sala de</p><p>jantar</p><p>cozinha</p><p>O fluxograma, por sua vez, dá a ideia de sentido ou inter-relação,</p><p>por exemplo, estabelece possíveis rotinas e como elas acontecem,</p><p>umas em relação às outras. Por exemplo, podemos pensar como</p><p>seria a relação do espaço para brincar e o espaço do estudo com</p><p>o dormitório infantil.</p><p>Recepção de</p><p>alimentos</p><p>Pré-preparo (sucos e</p><p>sobremesas/cereais</p><p>e massas/vegetais/</p><p>carnes)</p><p>Pré-higienização</p><p>Cocção</p><p>- Disponibilização para</p><p>refeição</p><p>- Organização mesa</p><p>jantar</p><p>Armazenagem</p><p>(dispensa seca/</p><p>geladeira)</p><p>Higienização de</p><p>utensílios</p><p>-Sobras armazenagem/</p><p>lixo</p><p>- Guarda dos utensílios</p><p>de cozinha</p><p>167U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>So</p><p>fá</p><p>Mesa de</p><p>jantar</p><p>Cama</p><p>Estante</p><p>Mesa de</p><p>estudos</p><p>C</p><p>am</p><p>a</p><p>T</p><p>V</p><p>/m</p><p>u</p><p>lt</p><p>im</p><p>íd</p><p>ia</p><p>T</p><p>V</p><p>/m</p><p>u</p><p>lt</p><p>im</p><p>íd</p><p>ia</p><p>Guarda-</p><p>roupa</p><p>G</p><p>u</p><p>ar</p><p>d</p><p>a-</p><p>ro</p><p>u</p><p>p</p><p>a</p><p>Estudo de massa: a partir de um estudo de massa genérico</p><p>de uma residência, podem ser desdobrados estudos de massa</p><p>menores, considerando cada ambiente, e assim por diante até</p><p>que se entendam os níveis mais elementares das tarefas que serão</p><p>desenvolvidas no ambiente.</p><p>Zoneamento e setorização: é um estágio em que a análise</p><p>já está em pleno andamento, e cujas inter-relações já estão</p><p>evidenciadas pelas ferramentas como organograma, fluxograma</p><p>e estudo de massa. Sua escala pode ser definida em escalas mais</p><p>macros, e sendo detalhadas à medida que o projetista mergulha</p><p>nas informações para definir as posturas de projeto.</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Figura 3.3 | Estudo de massa</p><p>168 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Figura 3.4 | Planta de setorização</p><p>Compatibilidade de funções/matrizes de interfaces: ajuda a</p><p>mapear as compatibilidades de determinadas funções em relação</p><p>às outras, tem aplicação prática na medida em que consegue</p><p>aglutinar funções afins ou cujas funções estão inter-relacionadas.</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>Figura 3.5 | Compatibilidade de funções</p><p>Alimentação.</p><p>Convívio social.</p><p>Higiene.</p><p>Ambiente privado.</p><p>Escritório.</p><p>Relação desejável.</p><p>Relação indesejável.</p><p>Possível relação.</p><p>lixo</p><p>banheiro</p><p>lavabo</p><p>sala de jantar</p><p>sala de estar</p><p>quarto do casal</p><p>quarto criança</p><p>área de serviço</p><p>depósito</p><p>dispensa</p><p>garagem</p><p>hall de entrada</p><p>cozinha</p><p>churrasqueira</p><p>lix</p><p>o</p><p>b</p><p>an</p><p>h</p><p>e</p><p>ir</p><p>o</p><p>la</p><p>va</p><p>b</p><p>o</p><p>sa</p><p>la</p><p>d</p><p>e</p><p>ja</p><p>n</p><p>ta</p><p>r</p><p>sa</p><p>la</p><p>d</p><p>e</p><p>e</p><p>st</p><p>ar</p><p>q</p><p>u</p><p>ar</p><p>to</p><p>d</p><p>o</p><p>c</p><p>as</p><p>al</p><p>q</p><p>u</p><p>ar</p><p>to</p><p>c</p><p>ri</p><p>an</p><p>ç</p><p>a</p><p>ár</p><p>e</p><p>a</p><p>d</p><p>e</p><p>s</p><p>e</p><p>rv</p><p>iç</p><p>o</p><p>d</p><p>e</p><p>p</p><p>ó</p><p>si</p><p>to</p><p>d</p><p>is</p><p>p</p><p>e</p><p>n</p><p>sa</p><p>g</p><p>ar</p><p>ag</p><p>e</p><p>m</p><p>h</p><p>al</p><p>l d</p><p>e</p><p>e</p><p>n</p><p>tr</p><p>ad</p><p>a</p><p>c</p><p>o</p><p>zi</p><p>n</p><p>h</p><p>a</p><p>c</p><p>h</p><p>u</p><p>rr</p><p>as</p><p>q</p><p>u</p><p>e</p><p>ir</p><p>a</p><p>Compatibilidade de funções/matrizes de interfaces</p><p>169U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>máquina de levar pratos</p><p>projeto de armários</p><p>suspensosb</p><p>an</p><p>c</p><p>ad</p><p>a</p><p>m</p><p>ín</p><p>im</p><p>a</p><p>e</p><p>xi</p><p>g</p><p>id</p><p>a</p><p>d</p><p>e</p><p>c</p><p>ad</p><p>a</p><p>la</p><p>d</p><p>o</p><p>d</p><p>a</p><p>p</p><p>ia</p><p>b</p><p>an</p><p>c</p><p>ad</p><p>a</p><p>m</p><p>ín</p><p>im</p><p>a</p><p>e</p><p>xi</p><p>g</p><p>id</p><p>a</p><p>d</p><p>e</p><p>c</p><p>ad</p><p>a</p><p>la</p><p>d</p><p>o</p><p>d</p><p>a</p><p>p</p><p>ia</p><p>distância mínima exigida</p><p>entre bancada e parede,</p><p>ou outra construção</p><p>distância mínima exigida</p><p>entre borda da pia e</p><p>canto da bancada</p><p>Linha de parede</p><p>ou contrução</p><p>Zona de</p><p>circulação</p><p>Zona de</p><p>trabalho</p><p>E</p><p>F</p><p>G</p><p>B C</p><p>A</p><p>Circulação: o estudo de circulação ocorre em um momento</p><p>para entender as relações dos espaços vazios com os espaços</p><p>relacionados com as atividades que ali acontecerão, ou seja, é</p><p>aplicação da ergonomia e da antropometria em sua essência.</p><p>É indispensável para o planejamento da circulação o domínio</p><p>das dimensões antropométricas estáticas e dinâmicas, e dessas</p><p>em relação aos demais objetos que podem ou não interferir na</p><p>circulação. Uma situação especial deve ser considerada para pessoas</p><p>com capacidade de locomoção reduzida e os requisitos podem ser</p><p>observados pela ABNT/NBR 9050 ou pela ABNT/NBR 9077.</p><p>Podemos notar na Figura 3.6 as distâncias e os espaços mínimos para</p><p>um ambiente de trabalho, como a cozinha. Neste caso, para garantir</p><p>o uso adequado dos equipamentos desse cômodo é preciso respeitar</p><p>medidas mínimas de circulação, considerando a antropometria.</p><p>Assimile</p><p>A circulação tem dependência direta dos aspectos antropométricos</p><p>relacionados aos habitantes da residência; a norma de acessibilidade</p><p>correlaciona em diversos momentos medidas de pessoas sem</p><p>restrição de mobilidade e com restrição de mobilidade e algumas</p><p>medidas podem ser obtidas diretamente pela ABNT/NBR 9050.</p><p>Fonte: Panero e Zelnik (2003).</p><p>Figura 3.6 | Planejamento de circulação</p><p>170 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Quando estamos projetando um espaço de interiores em</p><p>um ambiente residencial é necessário levar em consideração as</p><p>necessidades psicológicas dos usuários, pois têm ligação direta</p><p>com as sensações que os usuários poderão ter dentro do ambiente,</p><p>e que afetam diretamente sua condição cognitiva e de assimilação</p><p>do espaço. Aqui entram considerações acerca da percepção que</p><p>o cliente deseja ter sobre o ambiente que o acolherá, podendo ser</p><p>considerados alguns requisitos sugeridos pelos clientes quanto à</p><p>utilização de materiais, tipo de iluminação, cores, formas, texturas,</p><p>além de questões de conforto ambiental.</p><p>É relevante entender as necessidades fisio-biológicas</p><p>dos usuários, nas quais entram o entendimento de aspectos</p><p>peculiaridades de usuário do espaço residencial, pois adultos, idosos</p><p>e crianças respondem de maneira diferente sobre as condições</p><p>expostas pelo ambiente, logo o ambiente pode ser estimulante ou</p><p>depreciador da condição das necessidades elementares no que se</p><p>refere à luz natural e artificial, à umidade, ao calor/frio, à ventilação,</p><p>entre outras condicionantes de ordem física.</p><p>Todas as questões de conforto ambiental são amparadas</p><p>em parâmetros conhecidos pelas bibliografias especializadas e</p><p>normativas específicas voltadas ao assunto.</p><p>Exemplificando</p><p>Pense que o conforto do cliente pode interferir e alterar as condições</p><p>do estado de equilíbrio do corpo humano. O entendimento da</p><p>insolação sobre as aberturas do ambiente pode ajudar a fazer o</p><p>controle da insolação e das trocas térmicas, assim determinar a</p><p>relação da temperatura do ambiente. A insolação é uma aliada</p><p>para desenvolver a esterilização do ambiente de possíveis inimigos</p><p>invisíveis ao olho humano e por isso é adequada a alguns ambientes.</p><p>Porém, a insolação direta, principalmente em ambientes de longa</p><p>permanência, pode prejudicar o conforto térmico do cômodo.</p><p>De maneira equilibrada, a luz natural é uma importante aliada na</p><p>economia de energia elétrica, influenciando no bem-estar físico e</p><p>mental também.</p><p>171U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Como o objetivo desta seção é entender mais sobre estratégias</p><p>e ferramentas metodológicas que auxiliem as técnicas de</p><p>criatividade aplicadas ao desenvolvimento do projeto de mobiliário</p><p>residencial, é necessário que esteja ciente de que os recursos aqui</p><p>apresentados vêm no sentido de direcionar a geração de propostas</p><p>do mobiliário residencial de acordo com as principais características</p><p>levantadas nas etapas de preconcepção e concepção. Não podem</p><p>ser dissociados do processo criativo, principalmente pela facilidade</p><p>de aplicação</p><p>dessas estratégias e ferramentas metodológicas.</p><p>Perceba que todas essas ferramentas são basicamente</p><p>fundamentadas no desenvolvimento de esboços facilmente</p><p>desenvolvidos à mão livre e não pedem ferramentas específicas,</p><p>ou seja, facilitam, e muito, a tradução de um conjunto de</p><p>requisitos e necessidades do cliente para o desenho, que, embora</p><p>desenvolvido de forma primitiva, carrega uma carga conceitual e</p><p>documental essencial para a concepção do projeto.</p><p>Pesquise mais</p><p>Dessa forma, sugerimos que busque mais informações acerca da norma</p><p>NBR 15575, que diz que níveis de segurança, conforto e resistência</p><p>devem proporcionar cada um dos sistemas que compõem um imóvel:</p><p>estrutura, pisos, vedações, coberturas e instalações. Disponível em:</p><p>http://www.caubr.gov.br/mudancasnormadesempenho/. Acesso</p><p>em: 21 abr. 2017.</p><p>Reflita</p><p>Dessa forma, os tópicos abordados devem ser aplicados, sempre que</p><p>necessário, principalmente quando o processo metodológico do</p><p>projeto de interiores e de mobiliário inicia-se. Verifique em diversos</p><p>momentos que os conhecimentos sobre ergonomia e antropometria</p><p>são essenciais para a aplicação direta dessas estratégias e ferramentas.</p><p>Assim, à medida que seu conhecimento amplia-se dentro da</p><p>ergonomia, mais seu processo de projeto exigirá a aplicação desses</p><p>conhecimentos.</p><p>172 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Sem medo de errar</p><p>Como falamos no começo desta seção precisamos entender</p><p>a residência pelo olhar e escala das crianças que precisam ter</p><p>relações e desenvolvimento de laços afetivos e funcionais com</p><p>o ambiente projetado, a fim de que tenham seu desenvolvimento</p><p>favorecido. Lembre-se de que para uma criança, o entendimento</p><p>sobre a residência é de que está em seu “lar”. Tente entender</p><p>que a importância simbólica é por vezes determinante para a</p><p>assimilação do que se entende como espaço familiar, que na</p><p>acepção da palavra podem haver conceitos como afetividade,</p><p>confraternização, acolhimento e seus sinônimos como base.</p><p>Como sugestão de ambiente sugerimos que desenvolva um</p><p>que conjugue dormitório com ambiente de brincadeira e local</p><p>para estudos. Mas, como começar a transformar esses conceitos</p><p>abstratos por meio da criatividade em algo concreto, como o</p><p>desenho do mobiliário dentro da casa?</p><p>Considerando o que aprendeu sobre briefing, desenvolvimento</p><p>conceitual e o painel semântico, faça a investigação conceitual</p><p>e visual de como esses conceitos se materializaram em projetos</p><p>correlatos, e tente assimilar mais repertório visual de mobiliário, em</p><p>especial para itens que têm relevância para a infância, foco dado</p><p>nesta seção. Quais as ferramentas metodológicas de criatividade</p><p>que podem favorecer esta tradução?</p><p>Certamente você sabe a resposta, mas a pergunta é para</p><p>reforçar que o painel semântico seria a ferramenta e ao mesmo</p><p>tempo um dos documentos importantes nessa transformação de</p><p>algo que é abstrato em algo palpável, ou pelo menos visualmente</p><p>falando.</p><p>No caso das crianças, pare para pensar quais requisitos são</p><p>essenciais para o desenvolvimento do mobiliário. A correlação é</p><p>direta como a idade e a condição antropométrica de cada criança,</p><p>ou seja, ao projetar situações para elas, deve-se considerar que</p><p>estão em evolução, logo a condição projetada para elas deve</p><p>ser adaptável a essa evolução. Por exemplo, para a criança de 5</p><p>anos, certamente sua cama, seu espaço para desenvolvimento das</p><p>atividades de brincadeira e escolar devem levar essa condição em</p><p>consideração. Para a criança de 12 anos, talvez alguns ajustes que</p><p>173U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>se aproximem da sua evolução sejam necessários, logo o ambiente</p><p>deve ser flexível e adaptável.</p><p>Quem nunca lembrou do espaço onde foi criado?</p><p>Retome em sua memória elementos de sua casa que foram</p><p>elementares para o seu desenvolvimento emocional e psíquico,</p><p>e tente se colocar na posição em que estão seus clientes, o que</p><p>eles gostam, o que pode ser relevante em termos de elementos de</p><p>decoração, quais situações de aprendizagem podem obter com o</p><p>vivenciamento do espaço projetado.</p><p>É possível o ambiente ter influência sobre as interações</p><p>familiares? Sim, certamente é. Por exemplo, quem não se lembra</p><p>da casa da avó, onde todas as memórias estavam expostas</p><p>(fotos, quadros, objetos). Certamente por viverem com os avós,</p><p>determinadas lembranças podem ser significativas e ajudar na</p><p>educação dessas crianças. Lembre-se de que o doce feito pela</p><p>avó, que é cadeirante, precisa de uma cozinha adaptável, ou que a</p><p>mesma avó deve entrar no quarto para contar histórias para dormir.</p><p>Podem alguns espaços ser mais representativos que outros</p><p>quando se parte de um conceito?</p><p>Sim, podem, principalmente aqueles em que as famílias</p><p>em conjunto desenvolvem suas atividades, onde acontece o</p><p>aconchego (quartos), onde acontece a confraternização (sala de</p><p>jantar) ou mesmo o espaço de estudo (escritório); sim, é possível</p><p>que um conceito fique mais evidente em alguns ambientes e,</p><p>assim, os usuários crianças possam guardar o local na memória.</p><p>Quais ferramentas metodológicas podem influir nas definições</p><p>e nos desenhos para o mobiliário para o espaço residencial? Todas</p><p>as ferramentas expostas nesta unidade possuem essa capacidade</p><p>e, sendo assim, tente entender como elas influem na decisão do</p><p>projeto.</p><p>Como temática principal desta seção abordaremos o processo</p><p>criativo e o desenvolvimento de projeto de mobiliário residencial</p><p>para entendimento dessas técnicas de criatividade aplicadas</p><p>ao desenvolvimento do projeto de mobiliário residencial, e a</p><p>geração de propostas do mobiliário residencial de acordo com as</p><p>principais características levantadas nas etapas de preconcepção</p><p>e concepção. E, como produto da seção, sugerimos desenhos</p><p>174 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Ferramentas metodológicas do processo criativo e estratégias</p><p>de intervenção sobre o espaço</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Um colega de infância, ao reencontrá-lo depois de muito</p><p>tempo, fica feliz em saber que você é formado em design de</p><p>interiores e lhe pede uma ajuda, visto que sua mulher está grávida</p><p>e esperando uma filha, cujo nome é Júlia.</p><p>Moram em um apartamento popular de 50 m2, cujo quarto</p><p>da nova integrante é o maior, com dimensões de 3 x 3 metros.</p><p>Como pais novatos, fizeram pesquisas típicas de quem espera um</p><p>filho e entenderam que o melhor conceito a ser aplicado sobre o</p><p>ambiente é o acolhimento.</p><p>Atenção</p><p>Voltemos à situação-problema: casal de profissionais liberais, filha,</p><p>filho, avós paternos (idosos).</p><p>Como falamos no começo desta seção, precisamos entender</p><p>a residência pelo prisma das crianças que precisam ter relações e</p><p>desenvolvimento de laços afetivos e funcionais com o ambiente</p><p>projetado, para que favoreça o seu desenvolvimento. Lembre-se de</p><p>que para uma criança a residência é seu “lar”.</p><p>Avançando na prática</p><p>Lembre-se</p><p>Parta do princípio de que todo o mobiliário será desenvolvido</p><p>integralmente por você, mas, antes, revise tanto a webaula quanto</p><p>esta seção e faça aplicação de todas as ferramentas e estratégias</p><p>metodológicas expostas.</p><p>de expressão de croquis contendo alternativas de mobiliários</p><p>residenciais, em especial que tenham o viés de observação das</p><p>crianças da família dentro do ambiente proposto.</p><p>175U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>O início da investigação deve elencar os requisitos da família e,</p><p>em especial, da nova integrante, a Júlia. Tente elencar rapidamente</p><p>quais tipos de mobiliários são os mais propícios para o quarto da</p><p>bebê e estará desenvolvendo com isso o programa de necessidades.</p><p>Na sequência, enriqueça de informações que possam o ajudar no</p><p>desenvolvimento dos croquis, por exemplo saber quais ações os</p><p>pais novatos desenvolverão dentro do ambiente que darão suporte</p><p>à Julia trará novos argumentos ao briefing.</p><p>Gere alguns questionamentos sobre o conceito que foi</p><p>explicitado.</p><p>É necessário o entendimento do que ele significa,</p><p>para depois desenvolver o painel semântico. Lembre-se do painel</p><p>semântico e de associar o conceito às imagens que o ajudem a</p><p>entender a dinâmica de um recém-nascido, ao mesmo tempo</p><p>em que traduza em termos de cores, formas, texturas o conceito</p><p>explicitado.</p><p>Gere alguns esboços de sua ideia aplicando todas a ferramentas</p><p>de intervenção nos espaços apresentados nesta seção.</p><p>Você perceberá que, ao produzir toda essa documentação e</p><p>analisá-la conjuntamente, algumas possibilidades se tornarão mais</p><p>aderentes que outras. Gere alternativas por croquis.</p><p>Entre as que desenvolver, escolha uma que melhor consiga</p><p>justificar, como em uma venda e, se possível, utilize alguém leigo</p><p>em design para tentar vender sua ideia, depois de explicado o</p><p>objetivo do exercício.</p><p>176 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Algumas estratégias podem ser adotadas depois dos levantamentos</p><p>preliminares feitos e podem já impulsionar o processo de análise do</p><p>espaço. Assim, com todas as informações em mãos, é possível trabalhar</p><p>algumas ferramentas e estratégias que auxiliarão em algumas definições:</p><p>De acordo com o exposto na imagem apresentada, podemos dizer que</p><p>o organograma:</p><p>a) Não estabelece a ideia de conexões possíveis e pode estabelecer</p><p>hierarquia entre as relações que se pretende estabelecer.</p><p>b) Estabelece a ideia de conexões possíveis e pode estabelecer hierarquia</p><p>entre as relações que se pretende estabelecer.</p><p>c) Apenas estabelece hierarquia entre os ambientes, descartando a ideia</p><p>de conexões entre os ambientes.</p><p>d) É utilizado exclusivamente para fazer as conexões entre ambientes.</p><p>e) É utilizado exclusivamente para fazer as hierarquias entre ambientes.</p><p>hall</p><p>entrada</p><p>corredor escritório</p><p>quarto</p><p>crianças</p><p>lavabo</p><p>banheiro</p><p>social</p><p>sala de</p><p>estar</p><p>dispensa</p><p>lixo</p><p>gás</p><p>sala de</p><p>visita</p><p>closet</p><p>lavabo</p><p>BWC</p><p>suíte</p><p>lavanderia</p><p>área de</p><p>lazer</p><p>quarto</p><p>casal</p><p>quarto</p><p>idosos</p><p>BWC</p><p>suíte</p><p>sala de</p><p>jantar</p><p>cozinha</p><p>177U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>2. Analise a figura a seguir:</p><p>Recepção de</p><p>alimentos</p><p>Pré-preparo (sucos e</p><p>sobremesas/cereais</p><p>e massas/vegetais/</p><p>carnes)</p><p>Pré-higienização</p><p>Cocção</p><p>- Disponibilização para</p><p>refeição</p><p>- Organização mesa</p><p>jantar</p><p>Armazenagem</p><p>(dispensa seca/</p><p>geladeira)</p><p>Higienização de</p><p>utensílios</p><p>- Sobras armazenagem</p><p>/ lixo</p><p>- Guarda dos utensílios</p><p>de cozinha</p><p>Qual das estratégias relacionadas a seguir dá a melhor ideia de sentido</p><p>ou inter-relação, por exemplo, estabelece possíveis rotinas e como elas</p><p>acontecem, umas em relação às outras.</p><p>a) Fluxograma.</p><p>b) Organograma.</p><p>c) Estudo de massa.</p><p>d) Croqui.</p><p>e) Planta baixa.</p><p>3. Estudo de massa: talvez a mais livre das ferramentas metodológicas:</p><p>I. Que permite condensar estudos de setorização, organização e fluxo.</p><p>II. Tem a facilidade de ser desenvolvido com base na percepção daquele</p><p>que faz uso e pode ser evoluída a cada novo rascunho, de acordo com as</p><p>reflexões que se desenvolvem sobre os croquis.</p><p>III. A partir de um estudo de massa genérico de uma residência, podem ser</p><p>desdobrados estudos de massa menores, considerando cada ambiente,</p><p>e assim por diante, até que se entendam os níveis mais elementares das</p><p>tarefas que serão desenvolvidas no ambiente.</p><p>Avalie as afirmativas apresentadas e assinale a alternativa que está correta:</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Está correta apenas a afirmativa II.</p><p>c) Está correta apenas a afirmativa III.</p><p>d) Estão corretas apenas as afirmativas I e II.</p><p>e) Estão corretas as afirmativas I, II e III.</p><p>178 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Seção 3.4</p><p>Materiais e processos para produção de</p><p>mobiliário residencial</p><p>O desenvolvimento de projeto de mobiliário como vimos até</p><p>agora é fruto de um processo metodológico coordenado pelo</p><p>projetista, que criativamente processa o conjunto de informações e</p><p>analisa por meio de um conjunto de estratégias e ferramentas, para</p><p>que transformem um conceito em algo material. A materialização</p><p>efetiva do objeto inicia-se quando o desenho começa a ser</p><p>desenvolvido e é o passo em que é necessário objetivar a</p><p>atribuição dos materiais do objeto projetado, no nosso caso, o</p><p>mobiliário. A escolha de materiais entra no processo quando já</p><p>existe conhecimento de quais requisitos precisam ser atendidos.</p><p>Por mais trivial que o projeto de móveis para o ambiente</p><p>residencial possa ser, exige do projetista um olhar diferente, para</p><p>que o cliente surpreenda-se percebendo que a mudança agregou</p><p>também conforto e segurança diante da nova configuração de</p><p>mobiliário.</p><p>Retomemos a rotina da família Silva: ele (pai): advogado 45</p><p>anos, ela (mãe): médica 40 anos, filha: 5 anos, filho: 12 anos, avós</p><p>paternos (idosos): ele: 70 anos – gerente de banco aposentado</p><p>- locomoção regular, ela: 65 anos – professora aposentada –</p><p>cadeirante. Focaremos mais especificamente na mãe que exerce a</p><p>função profissional ligada à prefeitura de sua cidade como médica</p><p>da família, sendo assim, faz muitas visitas a residências de outras</p><p>famílias e, com os anos de prática profissional, começou a perceber</p><p>que a residência e a família são as bases para a manutenção da</p><p>saúde das pessoas, seja física ou psicológica.</p><p>Pensando nisso e contratando você como profissional de</p><p>designer de interiores, sugeriu que houvessem mudanças na</p><p>configuração espacial da casa toda, de tal modo que o mobiliário da</p><p>sala de jantar conseguisse aumentar os laços de convívio familiar.</p><p>Diálogo aberto</p><p>179U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Não pode faltar</p><p>Um projeto de mobiliários sempre terá como ponto de partida o ser</p><p>humano, pois não há ergonomia sem as medidas antropométricas,</p><p>Numa abordagem sua em relação às demandas colocadas pela</p><p>mãe da família, você notou que algumas palavras se destacaram</p><p>como potenciais conceitos que poderiam ser utilizados, entre</p><p>elas: aconchego, apoio, amparo, proteção, acolhimento, abrigo,</p><p>proximidade e comunicação.</p><p>Agora, você, como designer de interiores, deve avaliar quais</p><p>desses podem ou não ser considerados conceitos. Um caminho foi</p><p>dado pela matriarca da família, o problema é que, conceitualmente,</p><p>está cheio de opções para seguir. A questão é qual delas escolher?</p><p>Novamente, qual ferramenta metodológica de criatividade pode</p><p>o ajudar na escolha do conceito a seguir? Como a definição do</p><p>conceito é essencial para a determinação dos materiais, qual o</p><p>partido a ser adotado para confecção dos móveis? Com o que</p><p>aprendeu até aqui, você já possui uma série de técnicas que podem</p><p>o ajudar no delineamento para a escolha dos materiais.</p><p>Lembre-se de que o produto desse processo de negociação</p><p>continua com o cliente ao longo de todo o processo de</p><p>desenvolvimento do produto. Uma vez determinado o conceito</p><p>e desenvolvido o painel conceitual, logo nos primeiros estudos é</p><p>necessário lançar também o portfólio resumo de materiais e, se</p><p>possível, já conversar sobre os processos ideais para a produção</p><p>do mobiliário. A definição dos materiais para o design de interiores</p><p>não pode ser desvinculada do simbolismo desejado, além do</p><p>domínio do estudo de conforto e ergonomia para a elaboração</p><p>dos projetos de interiores.</p><p>Dessa forma, a presente seção objetiva garantir a você conhecer</p><p>os aspectos metodológicos no desenvolvimento de projeto e os</p><p>parâmetros ergonômicos e antropométricos, no âmbito geral,</p><p>e conhecer os aspectos de criação de desenhos de mobiliário</p><p>residencial, no âmbito técnico. Esta seção visa criar subsídios para</p><p>a tomada de decisão para a definição de materiais, mas sobretudo</p><p>incorporar aspectos ergonômicos aos processos aplicados à</p><p>produção do mobiliário residencial.</p><p>180 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Fonte: ABNT/NBR 9050. Fonte: ABNT/NBR 9050.</p><p>Figura 3.7 | Medidas</p><p>antropométricas de uma</p><p>pessoa em pé</p><p>Figura 3.9 | Medidas antropométricas de um cadeirante de lado</p><p>Figura 3.8 | Medidas</p><p>antropométricas de</p><p>uma pessoa sentada</p><p>Fonte: ABNT/NBR 9050.</p><p>ou seja, padrões estáticos e dinâmicos das interações do corpo</p><p>humano com os ambientes.</p><p>A norma ABNT/NBR 9050 certamente é uma das normas</p><p>que melhor resume o conjunto de medidas considerando o</p><p>padrão antropométrico brasileiro, além de fornecer requisitos de</p><p>acessibilidade mínimos coerentes com esse padrão. O conjunto de</p><p>imagens que serão colocadas no decorrer desta seção visa indicar</p><p>os pontos de atenção quanto a definições ao se determinarem</p><p>larguras, alturas e profundidades dos mobiliários que você está</p><p>começando a esboçar ao longo deste estudo.</p><p>181U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Figura 3.10 | Medidas antropométricas de um cadeirante de frente</p><p>Fonte: ABNT/NBR 9050.</p><p>Durante o processo de escolha dos materiais certamente</p><p>haverá, tanto por parte do projetista quanto por parte do cliente,</p><p>questionamentos quanto à resistência, durabilidade, aplicabilidade,</p><p>segurança e ao conforto, direcionado à finalidade que se destinará</p><p>na rotina diária, e levar em conta a diversidade dos padrões</p><p>antropométricos, assim como a solicitação que cada material terá</p><p>ao longo de sua vida útil, é uma forma de atender os requisitos</p><p>sugeridos anteriormente neste parágrafo.</p><p>Por esse motivo o dimensionamento do mobiliário, e também</p><p>dos materiais, deve ser referenciado no módulo “ser humano e</p><p>sua condição de mobilidade”, para determinação do portfólio de</p><p>materiais para um determinado projeto. Além do alinhamento ao</p><p>conceito, a escolha de materiais deriva, como visto no perfil do</p><p>material. A tabela a seguir sugere uma análise da escolha do material</p><p>considerando a objetividade e subjetividade, ou seja, a que se destina</p><p>e por que se destina, conforme decisões tomadas durante o projeto.</p><p>Perfil objetivo Perfil subjetivo</p><p>ATRIBUTOS TÉCNICOS</p><p>Gerais</p><p>• Densidade</p><p>• Preço</p><p>Técnicos</p><p>• Físico</p><p>• Mecânicos</p><p>• Térmicos</p><p>• Elétricos</p><p>• De processos</p><p>ATRIBUTOS ESTÉTICOS</p><p>• Densidade</p><p>• Forma</p><p>• Cor</p><p>• Transparência</p><p>• Brilho</p><p>• Tátil</p><p>• Textura</p><p>• Som</p><p>• Cheiro</p><p>ATRIBUTOS</p><p>SIMBÓLICOS</p><p>• Cultura e tradição</p><p>• Memória</p><p>• Envelhecimento</p><p>• Natural e artificial</p><p>• Autêntico/imitação</p><p>• Artesanal e industrial</p><p>• Inovação</p><p>• Identidade</p><p>Quadro 3.2 | Análise da escolha do material (objetividade e subjetividade)</p><p>182 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Verifica-se pela tabela que dentro do perfil objetivo para a escolha</p><p>de materiais é necessário identificar junto ao cliente quais atributos</p><p>técnicos dos materiais são necessários, por exemplo, gerais,</p><p>técnicos (propriedades físicas dos materiais, ambientais, sociais e</p><p>econômicos, conforme os levantamentos iniciais direcionem). Já</p><p>dentro do perfil subjetivo de escolha dos materiais é necessário</p><p>conjugar principalmente na fase da análise das informações</p><p>inicialmente levantadas os atributos estéticos, atributos práticos,</p><p>atributos simbólicos, além da observação das influências do perfil</p><p>do usuário e da influência do comportamento.</p><p>Mais uma vez é reforçada a necessidade de você, aluno, como</p><p>designer, fazer uso da visão sistêmica para a determinação de</p><p>quais materiais poderão ser considerados tanto pelo lado objetivo,</p><p>aplicabilidade propriamente dita, quanto pelo lado subjetivo, que de</p><p>certa forma exigirá sua capacidade de interpretação do contexto</p><p>que o projeto se insere, do problema colocado pelo cliente, das</p><p>demandas e dos requisitos específicos dos diversos agentes que</p><p>podem atuar dentro do ambiente residencial.</p><p>Ambientais</p><p>• Legalidade</p><p>• Disponibilidade</p><p>• Uso de recursos</p><p>naturais</p><p>• Impactos de extração</p><p>dos recursos</p><p>• Conteúdo energético</p><p>• Uso de materiais locais</p><p>• Uso de materiais</p><p>renováveis</p><p>• Resíduos e emissões</p><p>industriais</p><p>• Reciclagem/</p><p>reaproveitamento</p><p>• Qualidade do ambiente</p><p>de uso</p><p>Social</p><p>• Extração de recursos e</p><p>manufatura</p><p>Econômicos</p><p>• Custos envolvidos no</p><p>ciclo de vida do material.</p><p>• Sabor</p><p>• Temperatura</p><p>ATRIBUTOS PRÁTICOS</p><p>• Identificação</p><p>• Usabilidade</p><p>• Ergonomia</p><p>• Contexto de uso</p><p>• Conforto</p><p>• Segurança e proteção</p><p>• Limpeza e higiene</p><p>• Saúde e salubridade</p><p>• Sustentabilidade</p><p>• Qualidade</p><p>• Desempenho</p><p>• Confiabilidade</p><p>• Resistência</p><p>• Eficiência energética</p><p>• Durabilidade</p><p>• Valor de marca</p><p>• Valor de imagem</p><p>• Preço</p><p>• Valor social</p><p>• Valor sentimental</p><p>• Fetiche</p><p>• Metáfora</p><p>• Associação</p><p>• Padrões</p><p>• Estilo de design</p><p>• Personalidade</p><p>OUTRAS INFLUÊNCIAS</p><p>Perfil do usuário</p><p>• Gênero</p><p>• Idade</p><p>• Profissão</p><p>• Experiência</p><p>• Estilo de vida</p><p>INFLUÊNCIA DE</p><p>COMPORTAMENTO</p><p>• Tendências</p><p>• Consumo visual</p><p>• Consumo consciente</p><p>e físico</p><p>• Benefícios</p><p>Fonte: adaptado de Dias (2009).</p><p>183U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Reflita</p><p>O painel semântico tem por finalidade materializar o conceito que</p><p>é sugerido pelo contexto do projeto, mas sobretudo a capacidade</p><p>interpretativa do designer é que transformará as imagens em atributos</p><p>efetivos no mobiliário. Por atributo entende-se o que é próprio,</p><p>característico de algo ou de alguém, particularidade; e pode ser</p><p>também uma característica positiva, o que confere um bom conceito.</p><p>Atributo é sinônimo de: condição predicado, propriedade, qualidade,</p><p>particularidade, característica, emblema. Dessa forma, pode ser</p><p>associado às qualidades do material e pode ter relação direta com</p><p>as qualidades do cliente que, em suma, são resumo de um conceito.</p><p>Como podemos constatar, um programa de necessidade quando</p><p>não desenvolvido com responsabilidade não só pode influir em todo</p><p>o processo criativo, no processo metodológico do projeto com as</p><p>ferramentas que foram sugeridas, como pode levar à especificação</p><p>equivocada dos materiais, que como está sendo visto é mais</p><p>complexa do que se imagina. Soma-se a isso a necessidade de que,</p><p>à medida que evoluir profissionalmente, conseguirá criar filtros mais</p><p>específicos para a definição dos materiais. O que foi sugerido pela</p><p>tabela é um conjunto de possíveis caminhos que podem delinear a</p><p>definição de materiais. Ao se projetar um mobiliário, para qualquer</p><p>que seja o ambiente, existem quatro pontos essenciais a serem</p><p>analisados: função, forma, processo e material, estes dois últimos</p><p>ainda tendo a variável custo como limitadora.</p><p>Ao desenvolver um croqui, a função surge quase imediata</p><p>quando os requisitos de uso são explicitados pelo cliente,</p><p>por exemplo, quando nos lembramos de uma sala de jantar,</p><p>essencialmente nos vem à cabeça a necessidade de colocar uma</p><p>mesa de jantar e cadeiras, um processo quase que descritivo e</p><p>involuntário, óbvio. Mas se o cliente tem hábitos que desenvolver a</p><p>refeição na cozinha propriamente dita e ela tem espaço reduzido,</p><p>não seria interessante buscar variáveis, como uma bancada</p><p>e bancos junto a uma parede ou mesmo junto a uma ilha que</p><p>conjugue também espaço para o cozimento? Quem determina</p><p>isso? O cliente ou o designer? Lembre-se de que todo processo de</p><p>projeto mais rico se tornará quanto mais próximo for à condição</p><p>negocial e mais aderente ao conceito o projeto for.</p><p>184 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Referente à forma, cairemos no mesmo dilema, visto que</p><p>há uma infinidade de possibilidades a serem exploradas quando</p><p>submetidas ao desenho em croqui, pelo simples fato de atender</p><p>à função. O que o designer precisa fazer para conduzir bem o</p><p>desenvolvimento formal é conjugar o perfil objetivo e o perfil</p><p>subjetivo do objeto, de modo a aliar as condições técnicas</p><p>e executivas ao mesmo tempo em que cria significância na</p><p>determinação de cor, textura, acabamentos, entre outros aspectos,</p><p>sempre retomando o conceito desenvolvido para o projeto. No</p><p>mesmo exemplo da mesa, citado no parágrafo anterior, podemos</p><p>ter mesas retangulares, quadradas, hexagonais, circulares e ovais,</p><p>apenas para citar; o que o designer precisa é se questionar quais</p><p>dessas formas se aproximam do conceito. Se a família em questão</p><p>tem por conceito básico a ideia aproximação, qual das formas se</p><p>tornaria mais aderente ao conceito? Como sugestão,</p><p>estilos históricos do mobiliário. Como mudar e reinventar</p><p>um novo bar, que seja simples e familiar, atraindo um público</p><p>diferente e gerando, assim, mais lucro para o estabelecimento?</p><p>Como inovar e aumentar a atratividade?</p><p>Sem medo de errar</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 19</p><p>Júlio precisa de um trabalho em equipe que faça desde</p><p>a investigação e concepção de um novo conceito até a</p><p>materialização dos resultados. Deve deixar claro os critérios que</p><p>utilizará para a construção da mesa e da cadeira. Então, para esse</p><p>primeiro momento, você, um designer de interiores, deverá iniciar</p><p>com os conhecimentos sobre as características do mobiliário</p><p>na antiguidade, depois definir os aspectos que esses mobiliários</p><p>deverão ter, como: forma, cor, texturas e acessórios.</p><p>Inicie fazendo uma análise dos estilos egípcio, mesopotâmico</p><p>e greco-romano, depois selecione um desses estilos e aprofunde</p><p>seus conhecimentos referentes às suas características, escolha um</p><p>estilo que possua atributos fortes e propicie maior número possível</p><p>de alternativas, o egípcio, por exemplo.</p><p>Sendo assim, os itens mais importantes para sua pesquisa são:</p><p>a forma dos objetos, os materiais usados, os tipos de móveis, as</p><p>cores e os acessórios que faziam parte do mobiliário referente ao</p><p>estilo egípcio. Observe que, no Egito, a criação de móveis priorizava</p><p>o conforto e o bem-estar, ou seja, a ergonomia já estava presente</p><p>nas suas fundamentações e, portanto, havia essa preocupação.</p><p>Em geral, esse estilo é predominado pelos monumentos</p><p>funerários e religiosos, que se refletem em todos os mobiliários,</p><p>pinturas e arquiteturas.</p><p>Os móveis, em sua maioria, eram feitos de pinho, cedro, oliveira</p><p>e figueira, eram pintados de cores vivas e tinham incrustações</p><p>aplicadas. Para as famílias mais humildes, usava-se madeira natural,</p><p>enquanto, para os faraós e nobres, os móveis eram recobertos de</p><p>ouro, prata e marfim.</p><p>Quanto às formas, os desenhos geométricos eram bastante</p><p>reverenciados na decoração dos mobiliários e também se usavam</p><p>cores como o vermelho, amarelo, verde e branco. Os temas que</p><p>inspiravam suas criações fundamentavam-se em plantas estilizadas,</p><p>como o lótus e o papiro; e animais, como o leão, o falcão, o</p><p>escaravelho, o escorpião, o apto, o íbis, a naja, o crocodilo e a esfinge,</p><p>que também representavam seus deuses e a proporção áurea.</p><p>Outra propriedade presente nos móveis eram os assentos</p><p>e cadeiras com quatro pés em formato de patas de leão e com</p><p>incrustações. Utilizavam processos de encaixes nas madeiras e</p><p>cavilhas.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário20</p><p>Após essa tarefa, verá que ter adotado esse estilo para suas</p><p>criações pode ter sido de grande valia, pois poderá tê-lo ajudado</p><p>nas mais diversas opções inventivas.</p><p>Atenção</p><p>É importante esclarecer que a proposta desta unidade curricular é</p><p>que você conheça os diferentes estilos do mobiliário na antiguidade.</p><p>E, assim, possa criar repertório histórico, formal e cultural sobre</p><p>desenho de mobiliário.</p><p>Avançando na prática</p><p>Restaura Objetos – design de interiores</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>A “Restaura Objetos” é uma loja comercial com 40 anos de</p><p>experiência. Ela restaura e vende móveis nos mais diferentes estilos,</p><p>sendo que os mais vendidos são: estantes, cama, mesas e cadeiras.</p><p>Além de fazer restaurações, a empresa possui uma fábrica própria,</p><p>onde emprega os mais diversos modelos e estilos. No entanto,</p><p>com a recessão econômica do mercado atual, as vendas vêm</p><p>declinando. Sendo assim, a equipe administrativa está em busca de</p><p>soluções para poder destacar-se novamente, nesse momento de</p><p>crise, procurando criar novos modelos.</p><p>Você foi escolhido para ajudá-los. Precisará conhecer a empresa</p><p>de perto, bem como sua produção de mobiliários e restauração.</p><p>Como você poderá auxiliá-los de forma adequada na criação e</p><p>reformulação de móveis?</p><p>Lembre-se</p><p>Recorde-se das principais características que diferenciaram cada</p><p>estilo do mobiliário estudado nesta seção. Como eram os móveis</p><p>dos egípcios? Que formas possuíam os pés dos mobiliários? Havia</p><p>incrustações nas madeiras? E o estilo greco-romano, trabalhava com</p><p>quais materiais? Pense nos modelos dos assentos, nos pés de formato</p><p>X torneados em forma de corpo de animal. Os mesopotâmicos</p><p>gostavam de trabalhar qual madeira? Será que era um estilo mais</p><p>recatado ou grandioso? São diversos fatores que podem ser</p><p>explorados nesse conteúdo.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 21</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Fundamentado nas informações contidas neste Livro Didático,</p><p>pense como a “Restaura Objetos” pode se sobressair no mercado.</p><p>Como você pode auxiliar na criação desses móveis?</p><p>Primeiramente, você deve: observar os produtos vendidos na</p><p>empresa; analisar os pontos positivos e negativos de cada um</p><p>dos mobiliários, referentes aos itens como ergonomia e emprego</p><p>característico de um estilo; verifique se esses itens estão aderentes</p><p>nos produtos; após, pesquise os tipos de materiais usados nos</p><p>móveis e outros que possam ser explorados e que estejam de</p><p>acordo com os estilos adotados; verifique os tipos de acabamentos</p><p>que podem ser feitos, como texturas, frisos, apliques, entre outros,</p><p>sempre se lembrando de empregar os estilos nas peças ou nos</p><p>conjuntos, mesa e cadeira, por exemplo; investigue a combinação</p><p>dos materiais, veja o que pode ser feito dentro dos estilos adotados</p><p>na empresa, como cedro e marfim, que fazem referência ao Egito,</p><p>ou madeira e mármore, ao estilo greco-romano.</p><p>Estudar os estilos do mobiliário na antiguidade e destacar suas</p><p>principais características são imperativos que devem ser abordados</p><p>como proposta para a empresa em questão. Além disso, sugerir</p><p>alterações que sejam condizentes com os estilos indicados e ao</p><p>momento atual, pensando na valorização da peça, qualidade e</p><p>funcionalidade, também é fator fundamental.</p><p>Todas as pessoas que gostam de arte se surpreendem</p><p>com a beleza das obras de arte egípcias. Elas</p><p>demonstram uma grande sensibilidade e um senso</p><p>muito grande sobre o equilíbrio das formas e a simetria,</p><p>além de desenvolveram vários tipos de tintas para suas</p><p>pinturas. [...] Nas tumbas egípcias de milhares de anos</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário22</p><p>Vamos aprender mais um pouco? Que tal lermos o trecho da</p><p>publicação do Jornal Diário, de Bragança Paulista/SP, Contribuições</p><p>da Civilização Egípcia para a Humanidade, disponível em: http://</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Quais foram os estilos do mobiliário característico na antiguidade?</p><p>a) O chileno, o mesopotâmico, o persa, o hindu, o alemão e o francês.</p><p>b) O chileno, o inca, o persa, o hindu, a alemão e o italiano.</p><p>c) O italiano, o francês, o egípcio, o chino-japonês, o coreano e o russo.</p><p>d) O egípcio, o mesopotâmico, o persa, o hindu, o chino-japonês e o</p><p>greco-romano.</p><p>e) O chino-japonês, o greco-romano, o inglês, o finlandês, o americano</p><p>e o espanhol.</p><p>2. Segundo Battistoni Filho (1987, p. 9), como podem ser classificadas</p><p>“obras de arte”?</p><p>a) É algo particular que, às vezes, é expresso pela experiência, dentro de</p><p>uma determinada organização ou disciplina.</p><p>b) É a capacidade de expressar uma experiência, dentro de uma</p><p>determinada organização ou disciplina.</p><p>c) É algo particular que quase nunca é expresso pela experiência, dentro</p><p>de uma determinada organização ou disciplina.</p><p>d) É algo particular que jamais é expresso pela experiência, dentro de</p><p>uma determinada organização ou disciplina.</p><p>e) É algo particular que talvez ou quase nunca é expresso pela experiência,</p><p>dentro de uma determinada organização ou disciplina.</p><p>3. De acordo com o estudo dos estilos na antiguidade, como podemos</p><p>definir a arte egípcia?</p><p>foram encontrados muitos tipos de jogos e materiais</p><p>para diversão. Um deles era chamado de “senet”,</p><p>jogado sobre um tabuleiro com peças brancas e</p><p>coloridas como no xadrez moderno. Para as crianças</p><p>eles criaram vários tipos de brinquedos de madeira,</p><p>como pequenos cavalinhos que podiam ser puxados</p><p>por um cordão. Como vocês percebem a influência</p><p>egípcia em nossa civilização é gigantesca.</p><p>pense no</p><p>quadrado em relação à circunferência; será que esta segunda não</p><p>seria mais fácil a aproximar, inclusive visualmente, quem fizesse seu</p><p>uso? A função em si exige do projetista o domínio da ergonomia</p><p>e da antropometria, visto que é por meio delas que se consegue</p><p>a interação homem-objeto e se pode, inclusive, alterar a maneira</p><p>como os habitantes se comportam em relação ao espaço e aos</p><p>objetos contidos neles.</p><p>Quanto ao material em si, o designer de interiores, na medida</p><p>em que evolui profissionalmente, por meio de cada projeto que é</p><p>submetido à sua responsabilidade, vai formando seu portfólio de</p><p>materiais, e vê-se na aplicabilidade de cada projeto a assimilação</p><p>Assimile</p><p>O processo de fabricação é uma etapa tecnológica determinante na</p><p>executabilidade tanto em termos de forma quanto no atendimento</p><p>da função. O designer é compelido a ter domínio sobre o material,</p><p>de sua extração, transformação, processamento, comportamentos</p><p>físicos, inclusive sobre como a mão de obra que precisa ter</p><p>entendimento do projeto e do objetivo a que se pretende chegar</p><p>numa determinada peça do mobiliário. O domínio sobre o material é</p><p>diretamente proporcional às experiências que o designer de interiores</p><p>tem literalmente no “chão da fábrica” (serralherias, marcenarias,</p><p>serrarias, vidraçarias, entre tantos outros fornecedores).</p><p>185U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>de características essenciais para cada tipo de mobiliário, para cada</p><p>tipo de ambiente, para cada tipo de função.</p><p>O projeto em seu sentido amplo é ergonomicamente moldado</p><p>pela incorporação de medidas que consigam atender de maneira</p><p>satisfatória os habitantes da residência, por esse motivo não se</p><p>consegue dissociar o entendimento função, forma, processo e</p><p>material no processo de transformação criativa do mobiliário.</p><p>O zoneamento das ações da família nada mais é que uma</p><p>análise ergonômica e que será desenvolvida dentro da residência.</p><p>O programa de necessidades é uma compilação das relações</p><p>de uso do projeto, e por esse motivo deve-se, ao croquizar o</p><p>mobiliário, pensar tanto no plano horizontal quanto no vertical.</p><p>Mas isso é apenas um artifício de desenho que, na verdade, é o</p><p>entendimento da tridimensionalidade da interação do homem</p><p>com o objeto. Mas como? Simples, faça uso de seu próprio corpo</p><p>simulando situações e tente se colocar “na pele” do usuário.</p><p>Esse exercício, embora possa parecer loucura, coloca-o em</p><p>experiência funcional de como sua proposta pode atender seu</p><p>cliente. O conjunto de medidas que é sugerido deve ser retirado de</p><p>seu próprio corpo, o que o auxiliará no planejamento dos espaços,</p><p>dos módulos dos mobiliários e da circulação. Para exemplificar, a</p><p>circulação que aparentemente é os espaços que sobra entre os</p><p>móveis, do ponto de vista ergonômico, acaba sendo um ferramental</p><p>essencial de dimensionamento dos espaços. A circulação deriva</p><p>das larguras dos ombros e as amplitudes dos movimentos; esses</p><p>dados serão determinantes para dimensionamento das alturas,</p><p>larguras, profundidades, agachamentos e extensões membro.</p><p>Sendo assim, a anatomia e ergonomia humana mais do que</p><p>determinar as dimensões dos mobiliários configuram o espaço</p><p>“vazio” de conexão entre as atividades, das ações e destas com o</p><p>mobiliário.</p><p>As escolhas dos materiais, além dos aspectos técnicos,</p><p>tecnológicos e de características dos materiais, precisam</p><p>considerar aspectos de ordem visual, compositiva, simbólica, que</p><p>cada material sempre tem por partido/premissa o conceito que o</p><p>cliente pode lhe fornecer.</p><p>186 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>A ideia desta seção, assim como do capítulo de um modo geral,</p><p>foi de o instrumentalizar com métodos, técnicas e estratégias e,</p><p>por meio da experimentação, conseguir definir quais deles melhor</p><p>se adequam à sua rotina no desenvolver dos seus projetos e do</p><p>ponto de vista ergonômico. Sugerimos que busque sempre uma</p><p>visão sistêmica, para que consiga primeiramente levantar os dados</p><p>essenciais para o projeto e desenvolver em você senso crítico</p><p>para as tomadas de decisão. Ergonomia não é memorização de</p><p>medidas, e sim inter-relacionar e gerar uma boa interface entre</p><p>homem-ambiente-ferramentas e mobiliários.</p><p>Exemplificando</p><p>O artigo “Variáveis antropométricas relevantes no projeto de habitações</p><p>sociais” é uma relevante contribuição para os programas de provisão de</p><p>moradia que tentam preencher uma forte lacuna presente na realidade</p><p>concreta das populações menos favorecidas. Incluídos nas políticas</p><p>habitacionais dos municípios, requerem, no entanto, medidas eficazes</p><p>no sentido de promover uma melhor adequação ao usuário. O reduzido</p><p>espaço vital concebido às habitações sociais, face à imensa gama de</p><p>atividades humanas ali desenvolvidas, bem como a falta de qualidade de vida</p><p>observada em conjuntos de interesse social, refletem moradias insalubres,</p><p>alterações ao projeto original e falta de infraestrutura básica”. Disponível</p><p>em: ftp://ip20017719.eng.ufjf.br/Public/AnaisEventosCientificos/</p><p>ENTAC_2004/trabalhos/PAP0536d.pdf. Acesso em: 21 abr. 2017.</p><p>Pesquise mais</p><p>Como surgiu essa proposta atual de implantação de Residências</p><p>Inclusivas? A proposta de implantação de Residências Inclusivas está</p><p>em sintonia com as metas previstas no Plano Nacional de Direitos da</p><p>Pessoa com Deficiência - Viver Sem Limite – Eixo Inclusão, lançado</p><p>pela Presidenta da República Dilma Rousseff, em 2011. É uma resposta</p><p>aos anseios já há muito manifestados no âmbito da área da pessoa com</p><p>deficiência e responde aos compromissos assumidos pelo Brasil, junto à</p><p>Organização das Nações Unidas (ONU), ao ratificar a Convenção sobre</p><p>os Direitos das Pessoas com Deficiência. Disponível em: http://www.</p><p>mpsp.mp.br/portal/page/portal/cao_civel/aa_ppdeficiencia/aa_ppd_</p><p>diversos/Perguntas%20e%20Respostas%20sobre%20Residencia%20</p><p>Inclusiva.pdf. Acesso em: 21 abr. 2017.</p><p>187U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Sem medo de errar</p><p>Retomemos a rotina da família Silva: ele (pai): advogado 45 anos,</p><p>ela (mãe): médica 40 anos, filha: 5 anos, filho: 12 anos, avós paternos</p><p>(idosos): ele: 70 anos – gerente de banco aposentado - locomoção</p><p>regular, ela: 65 anos – professora aposentada – cadeirante.</p><p>Focaremos a situação de realidade, mais especificamente a</p><p>mãe, médica dedicada, que exerce a função profissional ligada à</p><p>prefeitura de sua cidade como médica da família. Sendo assim,</p><p>faz muitas visitas a residências de outras famílias e, com os anos</p><p>de prática profissional, começou a perceber que a residência e a</p><p>família são os esteios para a manutenção da saúde das pessoas,</p><p>seja física ou psicológica.</p><p>Pensando nisso e contratando você como profissional de</p><p>designer de interiores, sugeriu que houvesse mudanças na</p><p>configuração espacial da casa toda, mas que tinha por desejo que a</p><p>sala de jantar e estar conseguissem aumentar os laços de convívio</p><p>familiar. Numa abordagem sua em relação às demandas colocadas</p><p>pela mãe, você notou que algumas palavras se destacaram</p><p>como potenciais conceitos que poderiam ser utilizados, entre</p><p>elas: aconchego, apoio, amparo proteção, acolhimento, abrigo,</p><p>proximidade e comunicação.</p><p>Agora, você, como designer de interiores, pense: quais desses</p><p>podem ou não ser considerados como conceitos? Uma das</p><p>estratégias é que, nessa mesma entrevista, depois de anotados</p><p>os conceitos, redija à solicitante do projeto um questionamento</p><p>como do tipo: “Percebi que, durante a conversa, houve a citação</p><p>de alguns conceitos e gostaria que me confirmasse quais se</p><p>tornariam mais representativos para que o projeto atingisse seus</p><p>anseios”. Não há problema em desenvolver uma conversa para que</p><p>se esclareça o quanto antes o conceito, pois o cliente precisa se</p><p>entender participante da construção conceitual do projeto, o que</p><p>facilita de certo modo a vida do projetista. Isso nos leva ao próximo</p><p>questionamento: um caminho foi dado pela matriarca da família,</p><p>mas o problema é que, conceitualmente,</p><p>está cheio de opções</p><p>para seguir. A questão é: qual deles escolher? Não é questão do</p><p>projetista escolher o conceito, mas a determinação dos caminhos</p><p>conceituais também pode derivar de uma negociação com o</p><p>cliente.</p><p>188 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Novamente, qual ferramenta metodológica de criatividade pode</p><p>o ajudar na escolha do conceito? Você já deve ter percebido que</p><p>estamos insistindo na questão conceitual, mais especificamente</p><p>no uso do painel conceitual, pois quando bem feito é determinante</p><p>para incorporação dos requisitos dos clientes e é capaz de traduzir</p><p>algo abstrato, o conceito, em algo mais palpável para ideia que</p><p>norteará a escolha dos materiais, principal foco desta seção.</p><p>Como a definição do conceito é essencial para a determinação</p><p>dos materiais, logo se sabe o partido a ser adotado para confecção</p><p>dos móveis. Com o que aprendeu até aqui você já possui uma</p><p>série de técnicas que podem o ajudar no delineamento para a</p><p>escolha dos materiais.</p><p>Tradução do conceito na definição de materiais para o design</p><p>de interiores</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Você foi contratado para desenvolver um projeto como</p><p>designer. Ao conversar com o cliente, foram comentados os</p><p>seguintes conceitos: aconchego, apoio, amparo proteção,</p><p>acolhimento, abrigo, proximidade e comunicação. Em uma nova</p><p>arguição, na tentativa de definir o conceito principal do projeto, o</p><p>cliente entendeu que o “acolhimento” seria a representação ideal</p><p>do que é representativo para o que entende como sinônimo do</p><p>convívio familiar.</p><p>Atenção</p><p>A definição dos materiais em design de interiores é resultante da</p><p>interpretação do conceito, um projeto pode ser um plano geral de uma</p><p>determinada obra e é constituído por um conjunto de documentos</p><p>que contêm as instruções e determinações necessárias para definir a</p><p>construção de um edifício ou outra obra. Um projeto consta de peças</p><p>desenhadas, memória descritiva, medições, orçamento e caderno</p><p>de encargos. Um projeto final de uma obra deve conter todos os</p><p>documentos técnicos necessários para a construção de um edifício</p><p>ou a execução de uma outra obra.</p><p>Avançando na prática</p><p>189U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>A colocação dessa prioridade conceitual leva o designer aos</p><p>seguintes questionamentos: quais materiais podem se relacionar a</p><p>esse conceito? A ideia de acolhimento está diretamente associada</p><p>com oferecer ou obter refúgio, proteção ou conforto físico. Isso</p><p>já lhe dará alguns indicativos de quais mobiliários podem carregar</p><p>essa representação nos ambientes que o cliente entende ser mais</p><p>interessante para a representação do conceito.</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>A resolução do problema parte da conceituação do projeto,</p><p>logo, a tradução vai acontecer à medida que busque a acepção</p><p>do termo e seu significado. Mais do que isso, visualmente deve</p><p>ser transparecido no painel conceitual em termos de cores,</p><p>formas, texturas, acabamentos, forma, função. Retomemos o</p><p>questionamento: quais materiais podem se relacionar a esse</p><p>conceito? Vimos que aconchego relaciona-se com oferecer ou</p><p>obter refúgio, proteção ou conforto físico.</p><p>Vamos à sala, o que seria mais aderente a esse conceito, com</p><p>o uso de poltronas individualizadas ou uso de um sofá que, pela</p><p>sua configuração, conseguisse aproximar os habitantes. Em qual</p><p>desses objetos seria mais provável a representação simbólica do</p><p>que é almejado pela médica?</p><p>O mesmo raciocínio podemos fazer quanto aos materiais. O</p><p>que seria mais aconchegante: um sofá cujo acabamento fosse</p><p>feito por com um material bruto, como madeira, ou um tecido</p><p>que tivesse a capacidade de se moldar ao corpo dos ocupantes?</p><p>Certamente a segunda opção seria a mais provável e aderente ao</p><p>conceito.</p><p>Vamos pensar o outro ambiente sugerido pela matriarca, a sala</p><p>de jantar. O que seria mais aderente em termos de escolha do</p><p>material da mesa? Por exemplo, escolher um tampo de vidro ou</p><p>Lembre-se</p><p>Lembre-se de que o desdobramento do conceito e sua definição são</p><p>essenciais para o início da escolha dos materiais, e que seu repertório</p><p>de uso desses elementos advém de sua capacidade de entendimento</p><p>e argumentação para defender as posturas adotadas no projeto.</p><p>190 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. A visão sistêmica é a habilidade em compreender os sistemas e</p><p>ter o conhecimento sobre o todo, de modo a permitir a análise ou a</p><p>interferência no mesmo. Ligação de fatos específicos e particulares sobre</p><p>um todo são características essenciais da visão sistêmica.</p><p>( ) Inter-relacionamento entre as partes direta ou indiretamente.</p><p>( ) Pode ser obtido pelo ponto de vista de um ou mais observadores.</p><p>( ) A parte pelo todo e o todo pela parte, uma interfere diretamente sobre</p><p>o outro.</p><p>( ) Um sistema pode conter outros vários sistemas ou subsistemas.</p><p>( ) É necessário considerar sua existência no tempo e no espaço.</p><p>Avalie as afirmativas e classifique-as em (V) se verdadeira e (F) se falsa. Em</p><p>seguida, escolha a alternativa que representa a sequência correta.</p><p>a) V, V, F, V, F.</p><p>b) V, F, F, V, F.</p><p>c) V, V, V, V, V.</p><p>d) F, F, F, F, F.</p><p>e) V, V, F, F, F.</p><p>de madeira, qual desses materiais repassam a ideia de aconchego,</p><p>considerando as duas texturas? Em relação às cadeiras, seriam</p><p>de um acabamento liso e “frio”, por exemplo, feitas de metal, ou</p><p>teriam os assentos e encosto almofadados para passar a ideia de</p><p>conforto?</p><p>Como você pode ver, é um raciocínio subjetivo, mas ao</p><p>mesmo tempo norteado pelo conceito, por esse motivo insistimos</p><p>que o painel conceitual é uma das principais ferramentas que</p><p>fundamentam a postura de projeto à medida que ampara o</p><p>projetista na sua capacidade argumentativa.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Estabeleça sobre um outro ambiente da casa dos Silva um outro</p><p>conceito que possa ser significativo para a representação do convívio</p><p>familiar; tente fazer questionamentos quanto à aderência do conceito</p><p>na escolha dos materiais. Lembre-se de que a definição de materiais</p><p>está ligada ao seu repertório ou portfólio de materiais e evoluirá na</p><p>medida em que for submetido pelo desafio de novos projetos.</p><p>191U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>2. Em relação à seleção de materiais para design de mobiliários, podemos</p><p>afirmar que:</p><p>I. Depois de todo o processo de concepção, a escolha de materiais torna-</p><p>se um dos processos que devem ser retomados a partir do processo</p><p>negocial entre cliente e projetista.</p><p>II. Deve incorporar os requisitos do cliente de maneira sistêmica.</p><p>III. Não incorpora critérios que o próprio processo de concepção do</p><p>projeto fornece.</p><p>Identifique quais das alternativas a seguir melhor indicará as ações</p><p>necessárias para a definição dos materiais em mobiliários</p><p>a) Somente a afirmativa I está correta.</p><p>b) Somente a afirmativa II está correta.</p><p>c) Somente as afirmativas I e II estão corretas.</p><p>d) Somente as afirmativas II e III estão corretas.</p><p>e) As afirmativas I, II e III estão corretas.</p><p>3. Em relação à seleção de materiais para design de mobiliários, podemos</p><p>descrever como resultado de todo o processo de concepção a escolha</p><p>de materiais, que se torna um dos processos que devem ser retomados</p><p>a partir do processo negocial entre cliente e projetista, mas sobretudo</p><p>deve incorporar os requisitos do cliente de maneira sistêmica, ou seja,</p><p>com critérios que o próprio processo de concepção do projeto fornece.</p><p>I. Seleção por análise.</p><p>II. Seleção por síntese.</p><p>III. Seleção por similaridade.</p><p>IV. Seleção por inspiração.</p><p>Assim sendo, quais das alternativas melhor representa o processo de</p><p>seleção de materiais e podem ser consideradas estratégias válidas para</p><p>a escolha de materiais?</p><p>a) Somente a afirmativa I.</p><p>b) Somente a afirmativa II.</p><p>c) Somente as afirmativas I, II e IV.</p><p>d) Somente as afirmativas I, II e III.</p><p>e) As afirmativas I, II, III e IV.</p><p>192 U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>Referências</p><p>Associação</p><p>brasileira de normas técnicas. NBR ISO 9000: sistema de gestão de</p><p>qualidade - fundamentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2008.</p><p>______. NBR ISO 13962: cadeiras. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.</p><p>______. NBR ISO 13966: mesas. Rio de Janeiro: ABNT, 2008.</p><p>______. NBR ISO 13961: armários. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.</p><p>______. NBR ISO 13967: estação de trabalho. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.</p><p>______. NBR ISO 9241: requisitos ergonômicos para o trabalho com dispositivos</p><p>de interação visual. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.</p><p>______. NBR ISO 9050: acessibilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.</p><p>ALVES, J. C.; GOMES, V.; PIMENTA, W. L. A Importância dos Materiais e do Design</p><p>para o Processo de Produção. Revista Brasileira de Gestão e Engenharia, Centro</p><p>de Ensino Superior de São Gotardo, n. 5, p. 114-133, jan./jul. 2012. Disponível em:</p><p>http://www.periodicos.cesg.edu.br/index.php/gestaoeengenharia. Acesso em: 24</p><p>nov. 2016</p><p>ASHBY, M. F.; JOHNSON, K. Materiais e Design: Arte e Ciências da Seleção de</p><p>Materiais do Design do Produto. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2010.</p><p>BACK, N. Metodologia de projeto de produtos industriais. Rio de Janeiro: Editora</p><p>Guanabara Dois, 1983.</p><p>BARROS, B.; TAKAKI, E.; VILLAROUCO, V. Variáveis antropométricas relevantes</p><p>no projeto de habitações sociais. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA</p><p>DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 10., CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE</p><p>CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, 1., São Paulo. 2004. Anais... São Paulo, 2004.</p><p>BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. 3.</p><p>ed. São Paulo: Blucher, 2011.</p><p>BONSIEPE, G. Metodologia Experimental: Desenho Industrial. Brasília: CNPq/</p><p>Coordenação Editorial, 1984.</p><p>BONSIEPE, G. Um experimento em projeto de produto: Desenho Industrial.</p><p>Brasília: CNPq/Coordenação Editorial, 1983.</p><p>BONSIEPE, G. A Tecnologia da Tecnologia. São Paulo: Ed. Blücher, 1983.</p><p>CALEGARI, E. P. Aspectos que influenciam a seleção de materiais no processo</p><p>de design. Arcos Design, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 1-19. Disponível em: http://</p><p>www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/arcosdesign. Acesso em: 24 nov. 2016.</p><p>DIAS, M. R. A. C. Percepção dos materiais pelos usuários: modelo de avaliação</p><p>permatus. 2009. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento)</p><p>–Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento,</p><p>Universidade Federal de Santa Catarina.</p><p>FACCA, C. Como criar um Painel Semântico ou “Mood Board”? Disponível em:</p><p>193U3 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis residencial</p><p>http://chocoladesign.com/como-criar-um-painel-semantico-ou-mood-board.</p><p>Acesso em: 15 nov. 2016.</p><p>FERREIRA, S. M. S. P. Estudo de necessidade de informação: dos paradigmas</p><p>tradicionais à abordagem sense making. Porto alegre: ABEBD, 1997.</p><p>LÖBACH, B. Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais.</p><p>São Paulo: Edgard Blücher, 2001.</p><p>Ministério do Trabalho e Emprego. NR17: ergonomia. 2016.</p><p>MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. 2. ed. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2008.</p><p>PANERO, J.; ZELNIK, M. Dimensionamento Humano para Espaços Interiores –</p><p>Um livro de consulta e referência para projetos. 1. ed. São Paulo: Editora GG Brasil,</p><p>2003.</p><p>ROHENKOHL, R. A. S. Criatividade e Design: uma análise da habilidade criativa</p><p>no processo projetual. Unoesc & Ciência – ACSA, Joaçaba, v. 3, n. 1, p. 45-54,</p><p>jan/ jun. 2012. Disponível em http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acsa/article/</p><p>viewFile/1484/pdf. Acesso em: 15 nov. 2016.</p><p>SANTOS, F. A. N. V. MD3E (Método de Desdobramento em 3 Etapas): uma</p><p>proposta de método aberto de projeto para uso no ensino de design industrial.</p><p>2005. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de</p><p>Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. 2005.</p><p>Unidade 4</p><p>Conceitos e parâmetros</p><p>para a criação do design de</p><p>móveis comerciais</p><p>Prezado aluno, estudaremos na Unidade 4 sobre o</p><p>projeto de mobiliário comercial e as definições de aspectos</p><p>ergonômicos no mobiliário para esse tipo de estabelecimento.</p><p>Também conheceremos os aspectos metodológicos no</p><p>desenvolvimento de projeto e os parâmetros ergonômicos</p><p>e antropométricos.</p><p>Como situação-problema (SR) temos o seguinte contexto:</p><p>você, designer de interiores, foi contratado para desenvolver</p><p>o mobiliário de uma rede de lojas, direcionada ao público</p><p>jovem, de uma marca de roupas e acessórios. O cliente</p><p>manifestou que o conceito da sua marca é a jovialidade, visto</p><p>que suas peças são informais e modernas.</p><p>O projeto de mobiliário comercial precisa ser abordado</p><p>de maneira integrada ao espaço da loja, tendo a ergonomia</p><p>o papel fundamental para realizar a fusão entre o mobiliário</p><p>e o modo como o espaço será utilizado. Quais estratégias</p><p>devem ser adotadas para o desenvolvimento do projeto de</p><p>mobiliário para projeto comercial respeitando a ergonomia?</p><p>Como fazer a seleção dos mobiliários, segundo a necessidade</p><p>do espaço e dos usuários?</p><p>Você desenvolverá o projeto das poltronas de uma loja</p><p>que contará com a compreensão do briefing, contendo a</p><p>descrição do problema, das necessidades do cliente e dos</p><p>usuários e das restrições projetuais, documentado por painel</p><p>conceitual/painel visual do móvel comercial.</p><p>Convite ao estudo</p><p>196 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Ao final da unidade, você será capaz de entender todo</p><p>o processo e particularidades dimensionais de um projeto</p><p>de mobiliário para área comercial. Você terá conhecimento</p><p>sobre os desenhos de expressão de croquis contendo</p><p>alternativas de mobiliários comerciais e será capaz de</p><p>desenvolver o portfólio, resumo de materiais e processos</p><p>ideais para a produção do mobiliário. Pronto para começar?</p><p>Bons estudos!</p><p>197U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Seção 4.1</p><p>Metodologia de projeto para mobiliário</p><p>comercial</p><p>Diante do desenvolvimento de um projeto de mobiliário</p><p>comercial, o projetista tem que conhecer algumas relações de</p><p>dimensionamento humano. Independentemente do espaço e</p><p>nicho de mercado a que o estabelecimento comercial se destinará,</p><p>o designer de interiores precisa entender que existe uma ligação</p><p>entre o tamanho (dimensões) do mobiliário e o homem (usuário).</p><p>Como situação-problema desta seção, temos o seguinte</p><p>contexto: você foi contratado, como designer de interiores, para</p><p>elaborar o projeto das poltronas de uma loja e é importante que</p><p>você tenha uma visão global, estratégias comerciais e de marketing</p><p>do negócio para aplicar no seu projeto de mobiliário.</p><p>Em um projeto comercial, é possível desenvolver um conceito</p><p>de design específico para o mobiliário? E quais premissas devem</p><p>ser adotadas para o projeto comercial de móveis? Existe uma</p><p>ferramenta que auxilia nesse processo, que é o painel semântico/</p><p>conceitual, assim, qual a relação entre os produtos e o mobiliário do</p><p>ambiente e como eles podem influir na atividade da loja?</p><p>O painel semântico visa algo primeiramente abstrato, porém</p><p>aplicável ao projeto de interiores e, na medida do possível, incorpora</p><p>mais repertório para seu projeto da loja em específico. Ainda na</p><p>utilização do painel semântico já é possível buscar um vocabulário</p><p>visual, uma grafia que poderá se manifestar ainda nos primeiros</p><p>croquis quando estes estiverem incorporados pela intensa pesquisa</p><p>que se desenvolve em ambientes e mobiliários aplicáveis no</p><p>ambiente comercial.</p><p>Nesta seção, você deve focar os estudos para a criação de</p><p>desenhos de mobiliário comercial usando a ferramenta do painel</p><p>conceitual/semântico aplicando a ergonomia no projeto. Esta seção</p><p>tem por objetivo ajudar quanto ao briefing contendo a descrição do</p><p>Diálogo aberto</p><p>198 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>A análise do espaço e da necessidade do cliente é primordial</p><p>na execução do projeto, mas entender as razões do tamanho do</p><p>mobiliário é a essência de todo o trabalho. A técnica de mensuração</p><p>do corpo humano é chamada de antropometria. Vitrúvio (sec.</p><p>I a. C.) foi o primeiro a registrar as medidas dos</p><p>homens com a</p><p>finalidade de entender as proporções humanas. No Renascimento,</p><p>Leonardo da Vinci desenha o Homem de Vitrúvio (Figura 4.1) e, a</p><p>partir daí, passou a se pensar as proporções humanas como base</p><p>para projetar a arquitetura.</p><p>Uma vez que as proporções são respeitadas, os projetistas iniciam</p><p>o desenvolvimento do projeto a partir do uso de uma ferramenta</p><p>denominada painel semântico. Todo projeto de mobiliário e design</p><p>de interiores precisa, na visão dos consumidores, ter um sentido,</p><p>criar uma vinculação em relação à sua percepção e à sua cognição,</p><p>por isso o design utiliza essa linha de conhecimento. Áreas como</p><p>design e arquitetura conseguem empregar a semântica, pois, no</p><p>desenvolvimento do projeto, a argumentação e fundamentação,</p><p>em sua essência, permitem subsidiar muitas decisões com base</p><p>Não pode faltar</p><p>Fonte: http://media.istockphoto.com/vectors/vitruvian-man-scalable-vector-illustration-vector-</p><p>id509686197. Acessado em: 12 abr. 2017.</p><p>Figura 4.1 | Homem de Vitrúvio desenhado por Leonardo Da Vinci</p><p>problema, identificação das necessidades do cliente do projeto de</p><p>mobiliário comercial, assim como conhecer restrições projetuais,</p><p>documentado por painel conceitual.</p><p>199U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>em um conceito. Dessa forma, o painel semântico tenta relacionar</p><p>uma ideia com ações para o projeto.</p><p>O partido adotado para o projeto de interiores é muito</p><p>importante, principalmente para a delimitação dos requisitos, do</p><p>conceito a ser seguido, do modo a ser produzido e dos materiais</p><p>a serem utilizados nos mobiliários. Mas, como transpassar a</p><p>identidade da marca em projeto? Como fazer a escolha dos</p><p>materiais?</p><p>Para exemplificar como um processo para a formulação do</p><p>painel semântico é utilizado, a palavra poltrona é escrita no centro</p><p>de uma folha em branco. Supomos que seja inserida a palavra</p><p>conforto também; a que essa palavra remete? Provavelmente, a</p><p>algo relacionado ao estado de repouso, ou que, de certa forma, seja</p><p>macio ao tato, ou que seja adaptável à sua condição ergonômica.</p><p>Assim, nota-se que uma única palavra permite uma infinidade de</p><p>interpretações. Paralelamente, o princípio adotado para se pensar</p><p>no objeto poltrona é entender os elementos que a compõem:</p><p>pés, elemento de apoio do objeto ao chão, de altura entre 0,41</p><p>a 0,45 m; assento, elemento que serve de apoio, de dimensões</p><p>variáveis, adotando o mínimo de 0,45 m; espaldar, elemento que</p><p>serve de encosto, que pode ter altura variável, segundo o ângulo</p><p>de inclinação entre o encosto e o assento pode variar entre 95° a</p><p>105°, sendo ângulos superiores a 110° reservados para cadeiras de</p><p>descanso.</p><p>Assimile</p><p>O painel semântico é uma ferramenta de mediação entre o processo</p><p>criativo, agente de criação e o próprio objeto a ser criado. Ou seja,</p><p>essa ferramenta permite a transposição para o papel das principais</p><p>ideias iniciais. Trabalhar com métodos visuais é a essência para</p><p>qualquer projeto da área do design.</p><p>Exemplificando</p><p>O painel semântico, aplicado ao design, precisa estar contextualizado</p><p>ao conjunto de informações passado pelo cliente e em um conjunto</p><p>de conceitos fundamentados por estudos.</p><p>200 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>O painel semântico tem grande utilidade nas etapas iniciais de</p><p>projetos, pois ajuda o projetista a coletar uma grande quantidade</p><p>de informações sobre aquilo que é realmente relevante e</p><p>contribui para que ele perceba como utilizá-las criando repertório,</p><p>subsidiando a identificação, na solução dos problemas, além de</p><p>gerar ideias correlacionando de forma inovadora e criativa as</p><p>informações do criador do projeto comercial.</p><p>A delimitação do problema do cliente é tão importante quanto</p><p>o levantamento de informações, sendo necessário determinar o</p><p>grupo de informações que direcionará sua pesquisa, estipulando</p><p>um prazo de finalização dessa etapa. Há pelo menos três grandes</p><p>conjuntos de informações que podem ser levantados para que</p><p>objetivamente se consiga chegar a um resultado satisfatório. Uma</p><p>boa forma de organizar a pesquisa é dividindo as informações</p><p>levantadas em três grupos principais: objetos, pessoas e ambientes.</p><p>A Norma Brasileira, ABNT 9050 – Acessibilidade a edificações,</p><p>mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, retrata as dimensões</p><p>necessárias de mobiliário e situação arquitetônica para uma produção</p><p>de espaço universal, propondo acessibilidade. Disponível em: http://</p><p>www.ufpb.br/cia/contents/manuais/abnt-nbr9050-edicao-2015.pdf.</p><p>Acesso em: 18 abr. 2017.</p><p>Reflita</p><p>No caso da loja da situação-problema apresentada, como seria feito</p><p>o levantamento das informações para a formulação de um painel</p><p>conceitual? Deve-se considerar que:</p><p>Objetos: são utensílios físicos do cotidiano que podem ser de uso</p><p>pessoal ou coletivo. Observe a interação, o manuseio e em como</p><p>afeta a vida do homem.</p><p>Pessoas: são os seres que consomem, utilizam e convivem com os</p><p>objetos. Observe o comportamento, costumes e experiências.</p><p>Ambiente: É o meio onde existe esta interação entre as pessoas e os</p><p>objetos. Observe os locais e as situações onde ocorrem as interações.</p><p>Pesquise mais</p><p>201U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Mas, como toda essa teoria se relaciona com a proposição</p><p>de um espaço comercial, em especial, no desenvolvimento de</p><p>mobiliários para interiores comerciais? Uma loja está inserida</p><p>em um contexto sóciocultural que não pode ser dissociado de</p><p>seus usuários, e estes são importantes fontes de informação para</p><p>delimitação das necessidades que o projeto deve atender, inclusive</p><p>no âmbito da percepção que eles terão do ambiente e todos os</p><p>seus componentes. O projeto comercial precisa ser consumido</p><p>como produto e ter a capacidade de se adequar ao exercício das</p><p>atividades que nele são propostas.</p><p>Devem ser analisadas para o projeto comercial medidas</p><p>referenciais básicas como: altura, alcance, altura dos olhos, campo</p><p>de visão e a relação estabelecida entre esses elementos, pois é</p><p>por meio deles que se pode influir psicologicamente na atitude</p><p>do consumidor. São amplas as possibilidades de intervenção no</p><p>projeto comercial, considerando os aspectos da ergonomia, o</p><p>estágio de conforto e como ele pode receber influência sob o</p><p>aspecto visual, lumínico, acústico, ergonômico e olfativo. Dessa</p><p>forma, o projeto comercial precisa potencializar sua capacidade</p><p>de comunicação por meio dos sentidos (percepção e cognição)</p><p>dos usuários dos espaços comerciais.</p><p>A condição sentada e em pé sugere abordagens diferentes</p><p>quanto à altura dos objetos, e as mensagens passadas por estes</p><p>também devem ser levadas em consideração. Assim, podemos</p><p>influir na percepção da pessoa, na forma como ela consumirá</p><p>o espaço comercial, por meio da ergonomia física, cognitiva e</p><p>organizacional. Vamos entender um pouco mais sobre elas.</p><p>Assimile</p><p>Ergonomia física: relacionada a antropometria, fisiologia e</p><p>biomecânica do homem</p><p>Ergonomia cognitiva: relacionada aos processos mentais, tais como</p><p>percepção, memória, raciocínio e resposta motora.</p><p>Ergonomia organizacional: relacionada ao melhoramento das</p><p>estruturas organizacionais, políticas e de processos.</p><p>Para saber mais acesse: www.abergo.org.br</p><p>202 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>É importante destacar que, por mais que se busque um desenho</p><p>universal entre os homens, sabe-se que as medidas antropométricas</p><p>são distintas. Por exemplo: a altura média do homem brasileiro</p><p>é de 1,73 m e, da mulher brasileira, é de 1,60 m, enquanto, na</p><p>Holanda, a altura média do homem é de 1,83 m e, da mulher, 1,70 m.</p><p>Logo, para produção de mobiliário é necessária a busca de uma</p><p>média entre os padrões diagnosticados. Consequentemente, os</p><p>campos visuais acabam tendo uma proporção diferente. No caso</p><p>do brasileiro, as figuras 4.1 e 4.2, a seguir, apresentam os ângulos</p><p>visuais nos planos vertical e horizontal (pessoa em pé e sentada),</p><p>respectivamente:</p><p>Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015,</p><p>p. 28).</p><p>Figura 4.2 | Ângulos visão (vista frontal) de uma pessoa sentada</p><p>203U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Para trabalhar a percepção (visão) e a influência sobre o usuário,</p><p>existem alguns artifícios que genericamente chamaremos como</p><p>princípios de composição ou princípios de ordem:</p><p>A proporção é obtida pela relação direta entre duas razões</p><p>(medidas, áreas ou espaços). Utilizada para enfatizar ou diminuir</p><p>uma característica de um espaço, normalmente se referencia</p><p>na escala humana ou em partes que compõem o ambiente. A</p><p>proporção está diretamente ligada à noção de hierarquia, e esta</p><p>diferenciação ocorre para criar pontos de interesse; quanto às</p><p>características geométricas, cria-se essa ordem visual por meio</p><p>do contraste entre as formas, restando ao campo da percepção</p><p>encarregar-se da diferenciação formal, de tamanho ou designação</p><p>dos materiais. A hierarquia visual é a sequência e priorização de</p><p>uma ordem na qual o olho humano percebe o que vê.</p><p>Os centros de interesse ou focos visuais são elementos</p><p>dispostos de modo a não haver disputa entre eles, mas, sim, a</p><p>valorização de um dos elementos, seja por sua forma, iluminação,</p><p>tamanho, entre outros, atraindo a atenção.</p><p>A variedade confere dinamicidade por meio das relações</p><p>geométricas, de formas, texturas, cor, fazendo contraponto à</p><p>Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015, p. 28).</p><p>Figura 4.3 | Cones visuais da pessoa em pé</p><p>204 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>uniformidade, de tal modo a conduzir o olho do espectador para</p><p>aquilo que chame mais atenção, podendo ou não haver padrões</p><p>geométricos. Com esse artificio visual evita-se a monotonia.</p><p>O equilíbrio pode ser simétrico, assimétrico ou radial; o</p><p>importante é que seja disposto segundo eixos imaginários de</p><p>modo que os elementos passem a sensação de “estabilidade" ou</p><p>“instabilidade”.</p><p>Já o contraste tem por base a cor, mas pode ser de formas</p><p>e texturas, de modo a combinar diferentes elementos, o que</p><p>por vezes equilibra as diversas diferenças entre cores, formas e</p><p>texturas. Muitas vezes pode ser relacionado ao movimento ou</p><p>ritmo principalmente quando desenvolvido sobre texturas ou</p><p>em artifícios de decoração, de modo a permitir uma experiência</p><p>dinâmica de assimilação dos detalhes. Em relação ao ritmo, é</p><p>necessário que exista a repetição de determinados padrões, cores,</p><p>formas, valores, espaços e texturas ou de um elemento.</p><p>O espaço é uma estratégia de anteparo, de criar tempo e espaço</p><p>à contemplação, respeitando a interação do espectador, meio e</p><p>objeto exposto, logo, tem a capacidade de controlar o tempo de</p><p>exposição da mensagem e é muito utilizado em merchandising,</p><p>podendo acontecer no espaço bidimensional, tridimensional,</p><p>negativo e/ou positivo em relação ao espectador.</p><p>E, por fim, a unidade conjuga a harmonização das partes com</p><p>o todo e a conversação entre os elementos geométricos, cores</p><p>e outros detalhes. As partes de uma composição são feitas para</p><p>trabalhar juntas, desenvolvendo uma temática visual total, por</p><p>exemplo, quando dispomos um conjunto de camisas coloridas de</p><p>modo a formar uma matização.</p><p>É importante também que você faça da percepção (visão) dos</p><p>clientes uma ferramenta para promoção do espaço e que este</p><p>consiga influenciar o usuário. Boa parte dos artifícios para que</p><p>isso aconteça está nos princípios de composição ou princípios</p><p>de ordem, que por meio de uma linguagem visual trabalham</p><p>a interação usuário e ambiente. É possível que os princípios de</p><p>composição sejam aplicados pela organização dos mobiliários,</p><p>sobre os próprios desenhos e da interação destes, como o espaço</p><p>em si e seus acabamentos.</p><p>205U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Para resolver a situação-problema apresentada, primeiramente,</p><p>você precisa entender o que o conceito pedido pelo cliente</p><p>representa literalmente. Para isso, será necessário que você faça</p><p>uma pesquisa sobre o que pode representar esse conceito, em</p><p>termos de comportamento humano, hábitos, objetos, gestos</p><p>e atitudes que para o público da loja possam ser considerados</p><p>adaptabilidade. Mas não se esqueça, antes é necessário montar</p><p>um painel conceitual ou um painel semântico.</p><p>Para desenvolver essa pesquisa, junte todas as informações</p><p>visuais que conseguir. Depois, por exemplo, você pode pegar</p><p>uma folha em branco, preferencialmente uma de tamanho A3,</p><p>e colocar a palavra “conceito” bem ao centro. Pense como essa</p><p>palavra materializa-se no dia a dia, ou como o público da loja</p><p>entende essa palavra.</p><p>Lembre-se de que estamos investigando o conceito, tentando</p><p>materializar em imagens, por esse motivo também estudamos</p><p>nesta unidade princípios de composição para que tenhamos</p><p>vocabulário gráfico, ou repertório.</p><p>Tente seguir seus conhecimentos, você precisa, por meio do</p><p>seu painel semântico, criar argumentos que façam com que o</p><p>seu cliente entenda o conceito transformado, você apenas estará</p><p>interpretando o que o cliente quer.</p><p>O projeto comercial em seu fundamento deve ser encarado</p><p>também como um “produto” a ser vendido, tanto quanto o</p><p>produto que está dentro do ambiente. Assim, projetar um</p><p>ambiente comercial é pensar de maneira integrada o conceito, o</p><p>partido, a ergonomia, a definição dos princípios de composição</p><p>que atenderão o partido e que, no fundo, consiga ser um produto</p><p>vendável.</p><p>Mas, como transformar um ambiente comercial em um produto</p><p>a ser consumido? Conforme observamos o cliente possibilitou-nos</p><p>a compreensão do conceito que dá amparo a diversas decisões.</p><p>Vamos a alguns exemplos: adaptabilidade, que pode ser entendida</p><p>como aquilo que é atributo, particularidade ou característica do</p><p>que é adaptável. Como seriam os mobiliários? Fixos ou móveis</p><p>(com rodas)? Qual representa adaptabilidade? A segunda opção,</p><p>Sem medo de errar</p><p>206 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Atenção</p><p>O ponto crítico para o desenvolvimento de qualquer projeto é</p><p>entender a relação das proporções dos espaços com o desejo</p><p>final do cliente. O painel semântico tem importante papel nessa</p><p>transformação de algo idealizado para algo que pode se materializar.</p><p>certamente! Optaria por um tipo de acabamento, apenas, ou seria</p><p>possível mais de um acabamento? Qual condição representaria</p><p>mais a adaptabilidade? Assim deve ser seu pensamento em todos os</p><p>aspectos e isso deve acontecer durante o processo de montagem</p><p>do painel conceitual, pois é por meio dele que se estabelecem</p><p>algumas diretrizes antes mesmo de desenvolver o projeto.</p><p>Uma das perguntas feitas no começo da seção foi quais</p><p>estratégias de adoção são possíveis para o desenvolvimento do</p><p>projeto de mobiliário para projeto comercial. A resposta a essa</p><p>pergunta seria a investigação junto ao cliente, determinação do</p><p>conceito, uso do painel semântico para determinação de diretrizes</p><p>do projeto, assim com a adoção de um partido embasado no</p><p>conceito.</p><p>Na medida em que o projeto se alinha ao conceito essencial</p><p>da marca que pretende representar, incorporando os mesmos</p><p>requisitos que o cliente sugere para sua marca, ou seja, alinha-se</p><p>em todas as suas estratégias, é amparado para que as estratégias de</p><p>marketing e merchandising aconteçam. Sendo assim, o ambiente</p><p>deixa de ser apenas um pano de fundo para ser parte integrante do</p><p>processo de venda.</p><p>Como esse ambiente pode gerar emoções? Na medida em que</p><p>influi na percepção e na cognição dos consumidores. Estudamos</p><p>que para influir no conforto humano, para desenvolver o projeto,</p><p>é necessário que o projetista tenha senso crítico para entender</p><p>aspectos dos componentes culturais. É necessário entender os</p><p>aspectos da fisiologia humana, e aqui entra a ergonomia e como</p><p>o ambiente será interpretado pelo público, segundo seus valores</p><p>subjetivos.</p><p>207U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>“Simplicidade da marca”</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Você, profissional de design de interiores, foi contratado para</p><p>fazer</p><p>os móveis de um restaurante localizado em um shopping</p><p>que foca em alimentos tradicionais da culinária brasileira e de uma</p><p>marca na qual o seu maior conceito é a “simplicidade”. O público-</p><p>alvo são pessoas que valorizam a comida caseira, mas procuram</p><p>uma alimentação que seja rápida. Dessa forma, qual seria seu</p><p>primeiro passo para pensar no mobiliário desse espaço? Por se</p><p>tratar de um restaurante no shopping, há grande fluxo de pessoas</p><p>diariamente. Qual a diferença importante para esses móveis?</p><p>Como você iniciaria o processo de investigação conceitual? Quais</p><p>ferramentas facilitadoras para conceituação seriam interessantes</p><p>usar nesse caso? Como você desenvolverá um painel semântico</p><p>tomando por base a palavra solidez?</p><p>O mobiliário a ser projetado deve ser móvel ou fixo? O que é</p><p>mais simples: fixar o mobiliário ou permitir que ele faça adaptação</p><p>às condições que se apresentarem no dia a dia? Quais materiais</p><p>atendem à demanda de grande fluxo de pessoas diariamente? Em</p><p>termos funcionais, a organização do layout e dos fluxos poderia ser</p><p>concebida de modo a simplificar a dinâmica do estabelecimento?</p><p>E em relação às questões ergonômicas compositivas? No que</p><p>poderíamos simplificar?</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Você pode seguir o passo a passo apresentado a seguir para o</p><p>desenvolvimento dessa situação-problema: investigar o conceito;</p><p>pesquisar as preferências do público-alvo; verificar comportamento,</p><p>atitudes e estratégias comerciais da marca; desenvolver uma pesquisa</p><p>visual e formular o painel conceitual, entender principalmente como</p><p>lojas correlatas trabalham a identidade visual ou o merchandising;</p><p>Avançando na prática</p><p>Lembre-se</p><p>O painel semântico é uma mediação entre o processo criativo, agente</p><p>de criação e o próprio objeto a ser criado.</p><p>208 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>à medida que vai entendendo os hábitos, vá também associando</p><p>imagens de possíveis ambientes e mobiliários que podem o amparar</p><p>na sua decisão; rabisque um pouco, desenhos, palavras soltas, frases,</p><p>ou seja, aproveite e faça um brainstorming. Durante esse processo,</p><p>pense ergonomicamente os gestos que serão desenvolvidos na loja</p><p>e esboce alguns croquis de móveis e do ambiente, sempre levando</p><p>em consideração a escala humana (antropometria); verifique se o</p><p>conceito conseguiu materializar-se. Mesmo sem partir para o painel</p><p>semântico, é possível perceber que algumas definições de materiais,</p><p>acabamentos, disposições de móveis podem ser definidas.</p><p>O entendimento do conceito simplicidade em design de</p><p>interiores é algo que tem pouca informação visual, cujo processo</p><p>de fabricação pode ser artesanal a partir de matéria-prima natural.</p><p>O conceito de simplicidade remete também ao que é de fácil</p><p>compreensão ou cuja complexidade formal não exija da percepção</p><p>dos usuários vocabulário formal e compositivo muito apurado, ou</p><p>seja, descomplicado.</p><p>Pense que o ambiente tem que permitir que o usuário o utilize</p><p>de modo espontâneo, que a interação do ambiente é uma forma</p><p>de criar familiaridades no dia a dia com o usuário; quanto mais nos</p><p>aproximarmos do que é comum à sua rotina diária, melhor.</p><p>Retomando os questionamentos, mesmo sem partirmos para</p><p>o painel semântico, é possível perceber que algumas definições</p><p>de materiais, acabamentos, disposições de móveis podem ser</p><p>definidas palitando no conceito de simplicidade.</p><p>Na pergunta sobre o mobiliário a ser projetado, se deve ser</p><p>móvel ou fixo. O que é mais simples ao usuário: deixá-lo livre</p><p>quanto ao uso do mobiliário e, seguindo esse conceito, justificar</p><p>que a simples movimentação dos mobiliários para sua condição</p><p>ergonômica pode ser mais simples do que deixarmos mobiliários</p><p>fixos? A ideia é simplificar sobre o ponto de vista do usuário e, com</p><p>isso, argumentar em favor.</p><p>Quando pensamos em termos dos materiais dos móveis,</p><p>pensamos em objetos que remetem à durabilidade, por se</p><p>tratarem de móveis de uso intenso diário e que, ao mesmo tempo,</p><p>configurem a ambientação do espaço. Nesse caso, pode-se pensar</p><p>na madeira, bambu, fibras naturais.</p><p>209U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Faça você mesmo</p><p>Seguindo os passos colocados desenvolva um painel semântico</p><p>tomando por base o que estudou nesta unidade; devem estar claros</p><p>o conceito e aspectos do comportamento do público-alvo da loja.</p><p>Tente pensar como o conceito poderá se manifestar no layout e</p><p>como a ergonomia deverá influir nos desenhos dos mobiliários.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Leia o trecho a seguir:</p><p>Premissa denota a proposição, o conteúdo, as informações fundamentais</p><p>que são a base para um raciocínio que levará a uma conclusão. Assim, a</p><p>busca por premissas para o projeto consiste:</p><p>I. Em não ser considerado uma hipótese verdadeira para se chegar a uma</p><p>conclusão.</p><p>II. Em suposições externas ao projeto, que normalmente estão associadas</p><p>a uma incerteza colocada pelo cliente.</p><p>III. Em suma, sobre o que o cliente almeja que seja resolvido pelo</p><p>projetista.</p><p>Considerando as afirmativas apresentadas, qual alternativa está correta?</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Está correta apenas a afirmativa II.</p><p>c) Está correta apenas a afirmativa III.</p><p>d) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.</p><p>e) Estão corretas as afirmativas I, II e III.</p><p>Em termos funcionais, o layout do espaço é determinado pelos</p><p>fluxos das pessoas. Com isso, você decide se ao entrar ao ambiente</p><p>fica evidenciada a forma dos serviços prestados. Por exemplo, se</p><p>for um self-service, pode-se usar uma gôndola estrategicamente</p><p>colocada. Para um ambiente em que o cliente peça à la carte,</p><p>certamente a organização das mesas e a presença de garçons e</p><p>suas estações de trabalho poderiam facilitar essa leitura.</p><p>E em relação as questões ergonômicas compositivas? No</p><p>que poderíamos simplificar? Poderíamos obter essa simplificação</p><p>quando a leitura formal fosse a mais simples possível e próxima da</p><p>realidade do que o usuário deseja, e questões ergonômicas tanto</p><p>do corpo quanto da visão atuam como tradutores dos espaços que</p><p>se pretende comunicar e permitir a interação de modo simples.</p><p>210 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>2. Diante da realidade do desenvolvimento de um projeto comercial</p><p>algumas perguntas e abordagens devem ser feitas pelo projetista em</p><p>relação ao cliente. Independentemente do espaço e nicho de mercado</p><p>a que o estabelecimento comercial se destinará, na abordagem do</p><p>problema, o projetista:</p><p>I. Precisa entender a essência do negócio em todos seus aspectos,</p><p>conseguir elucidar todos os requisitos, desmembrando de um conjunto</p><p>de informações todos os conceitos e requisitos, os quais nortearão as</p><p>decisões do processo de projeto comercial.</p><p>II. Ter uma visão global, de estratégias comerciais e de marketing do</p><p>negócio.</p><p>III. Intensificar a pesquisa principalmente dos requisitos provenientes dos</p><p>aspectos legais, operacionais, funcionais, de marketing e administrativos.</p><p>Diante das afirmações colocadas anteriormente em relação ao</p><p>desenvolvimento do espaço comercial é possível afirmar que:</p><p>a) Está correta apenas a afirmativa I.</p><p>b) Está correta apenas a afirmativa II.</p><p>c) Está correta apenas a afirmativa III.</p><p>d) Estão corretas apenas as afirmativas II e III.</p><p>e) Estão corretas as afirmativas I, II e III.</p><p>3. O trabalho com métodos visuais faz-se necessário no campo criativo,</p><p>pois, em geral, a descrição verbal tornou-se insuficiente, visto que</p><p>a divergência sobre o que é dito é bem maior do que sobre o que é</p><p>visualizado. Às vezes, não se compreende muito bem a ideia do outro</p><p>quando algo é falado, mas, visualmente, isso é desenvolvido com mais</p><p>estímulo.</p><p>O texto explora uma ideia básica usada por uma ferramenta muito</p><p>comum dentro da área do design e da arquitetura. O texto faz referência</p><p>a qual tipo de ferramenta metodológica para materialização do conceito</p><p>durante o processo de projeto?</p><p>a) Levantamento de informações.</p><p>b) Mapa conceitual ou mapa semântico.</p><p>c) Entrevista.</p><p>d) Levantamento métrico.</p><p>e) Detalhamento.</p><p>211U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Seção 4.2</p><p>Processo criativo e desenvolvimento de projeto</p><p>de mobiliário comercial</p><p>Prezado aluno, nesta seção iremos nos dedicar um pouco mais</p><p>ao processo criativo e ao desenvolvimento do projeto de mobiliário</p><p>comercial. Nela você deverá desenvolver o projeto de design de</p><p>mobiliário comercial utilizando técnicas de criatividade aplicadas,</p><p>a partir da geração de alternativas para um ambiente comercial.</p><p>Como situação-problema temos o seguinte contexto:</p><p>você, como designer de interiores, desenvolverá alternativas</p><p>de mobiliários para um ambiente comercial. Se anteriormente</p><p>você aprendeu sobre o processo de projeto de mobiliário, com</p><p>a elaboração do painel semântico, agora, é necessário que seu</p><p>repertório formal seja enriquecido, para que ele se manifeste com</p><p>propostas e alternativas para resolução de problemas, em especial</p><p>por meio do desenho livre à mão, na forma de croqui (esboço).</p><p>Para continuar trabalhando no desenvolvimento da loja, você</p><p>precisará inserir alguns parâmetros para o ambiente de 8 metros</p><p>de vitrine por 10 metros de profundidade e 6 metros de altura.</p><p>Essa será a base para o desenvolvimento dos croquis para a loja</p><p>direcionada ao público jovem. Para facilitar o desenvolvimento dos</p><p>croquis, o conceito a ser desenvolvido deverá ser fundamentado</p><p>no “dinamismo”, além de considerar as demais características da</p><p>geração jovem, principal público da loja.</p><p>Sendo assim, em que consiste o conceito “dinâmico”? O</p><p>dinamismo pode ser representado no design de um ambiente</p><p>comercial? Quais informações do público-alvo dessa loja podem</p><p>ser agregadas ao painel conceitual? Como as características desse</p><p>público podem influenciar no processo de criação do projeto de</p><p>mobiliário para o ambiente comercial?</p><p>Como proposição de croqui, você terá que pensar nos objetos</p><p>essenciais de uma loja, por exemplo, o caixa, os provadores,</p><p>gôndolas, entre outros elementos que podem ter seus partidos</p><p>Diálogo aberto</p><p>212 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>É um equívoco pensar que a criatividade é uma qualidade</p><p>que dependente somente da personalidade de um indivíduo,</p><p>sobretudo de características de cognição e estilo pessoal. Sob a</p><p>perspectiva social, a criatividade e o design podem ser resultados</p><p>de uma interação social entre o indivíduo criador, o objeto e os</p><p>usuários. Dessa forma, o indivíduo criador precisa admitir que seu</p><p>papel transformador está na possibilidade de conseguir interpretar,</p><p>compilar e traduzir as influências sociais nas quais está imerso, ou</p><p>seja, incutir ao problema soluções que atendam o maior público</p><p>possível, e, assim, a ergonomia poderá contribuir como uma</p><p>ferramenta de solução de problemas no desenho do mobiliário</p><p>comercial.</p><p>Amabile (1983; 1996) expõe que o processo criativo possui pelo</p><p>menos cinco estágios. Primeiramente, consiste na identificação</p><p>do problema, ou seja, algo que necessite ser solucionado. Em</p><p>segundo lugar, o processo de design carece de uma preparação</p><p>e de incorporação de informações, nas quais o indivíduo criador</p><p>busca formas diante do desafio colocado pela identificação do</p><p>problema, o que direciona para a sua solução. Nessa segunda</p><p>etapa, o criador precisa desenvolver habilidades de domínio na</p><p>gestão da informação dentro do processo criativo.</p><p>O processo criativo pode surgir da relação direta de aspectos</p><p>cognitivos (inteligência e conhecimento), emocionais e ambientais.</p><p>Logo, compreende-se que o processo criativo é fruto de uma</p><p>vivência e experiências do criador. A associação com experiências</p><p>Não pode faltar</p><p>embasados no conceito de dinamismo. Todos esses elementos</p><p>deverão respeitar a ergonomia.</p><p>Ao final desta seção, ao conhecer sobre o processo de desenho</p><p>com aplicação, você será capaz de desenvolver proposições e</p><p>soluções para um objeto comercial dentro do contexto da loja</p><p>que irá desenvolver.</p><p>Bons estudos!</p><p>213U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>anteriores de uma pessoa é resultado da memória afetiva, e</p><p>isso pode contribuir para o processo do desenho de mobiliário,</p><p>principalmente quando o projetista vivencia experiências positivas,</p><p>ou seja, o processo de elaboração do desenho de mobiliário</p><p>carece de conhecimentos tácitos.</p><p>O desenho de uma cadeira, por exemplo, evolui à medida que</p><p>o conhecimento prévio de ergonomia se insere no processo de</p><p>desenho. O projetista tem a possibilidade de propor soluções</p><p>que levam em consideração a antropometria, na definição das</p><p>angulações, dos materiais e da interface do objeto com o usuário.</p><p>Embora o projeto regular de uma cadeira tenha, geralmente,</p><p>quatro pernas, também existem projetos com uma, duas, três</p><p>pernas, ou mais. Também em termos de material, há uma</p><p>variedade de alternativas: madeira, ferro, plástico, a combinação</p><p>de alguns destes, entre outros. Quanto ao estilo, podemos pensar</p><p>nas cadeiras no estilo moderno, clássico, rústico, escritório, entre</p><p>tantos outros.</p><p>Assimile</p><p>O processo criativo tem a ver com o indivíduo com o contexto de</p><p>vida, o lugar em que vive e o grupo social em que está inserido e</p><p>tem uma relação direta com a forma como a pessoa busca conhecer</p><p>mais sobre os assuntos. Para entender mais sobre o processo</p><p>criativo, assista ao documentário: https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=TeNjbaFTzaE acesso em 11 de maio de 2017.</p><p>Exemplificando</p><p>A poltrona de balanço Euvira, do designer Jader Almeida, concilia</p><p>as formas orgânicas à racionalidade do design escandinavo. Jader</p><p>Almeida idealizou sua versão da cadeira quando observou um adesivo</p><p>com o desenho de uma velhinha lendo em uma cadeira de balanço.</p><p>214 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Fonte: http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/214/imagens/i313502.jpg. Acesso em: 12</p><p>abr. 2017.</p><p>Figura 4.4 | Poltronas de balanço Euvira, de Jader Almeida</p><p>Como o desenho pode transmitir esse conhecimento tácito? O</p><p>desenho entra como forma de explicitar o conjunto de informações</p><p>que o projetista idealiza, sobretudo, expondo primeiramente no</p><p>croqui e, à medida que evolui, transformando o próprio objeto, por</p><p>meio de análises consecutivas que o próprio processo de projeto</p><p>permite.</p><p>No processo criativo da cadeira, apresentada na Figura 4.4, o</p><p>designer precisou buscar o melhor ângulo fazendo uso de duas</p><p>tábuas unidas por uma dobradiça, apoiando-as na parede e em</p><p>um calço, reclinando-se até conseguir uma abertura em que se</p><p>sentisse confortável. Para chegar ao ângulo ideal, foi feito um teste</p><p>do modelo com voluntários, fazendo alterações até concluir que</p><p>o ângulo de 103° atenderia adequadamente o objetivo da cadeira.</p><p>Quando abordamos sobre a ergonomia, é inevitável pensar</p><p>nas interações humanas com o objeto, o que pode contribuir</p><p>diretamente para o processo de desenho. A discussão nos dias</p><p>atuais está nos ganhos durante o processo de projeto nessas</p><p>análises entre o desenvolvimento nos meios físicos e virtuais e em</p><p>quais etapas seus resultados mostram-se mais enriquecedores para</p><p>o processo de criação. O exemplo da cadeira usada nesta seção</p><p>demonstra que a prototipagem em escala real e com a participação</p><p>do usuário foi determinante para a execução do desenho final do</p><p>objeto. O protótipo ou modelo de estudo é muito utilizado por</p><p>profissionais para apresentação de seus projetos, da mesma forma</p><p>que é utilizado para estudo dos objetos.</p><p>Em design, no processo de criação do objeto, acontece</p><p>a mesma coisa e, segundo Santos (2000), esse processo de</p><p>215U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>concepção de projeto pode ser considerado um sistema no qual o</p><p>processador de informações é o designer, o projetista, o arquiteto,</p><p>pelo qual existem entradas e saídas de informações. Ferramentas</p><p>como o desenho ou o protótipo ajudam no processamento</p><p>da informação. No caso específico do projeto de mobiliário</p><p>pode acontecer que as informações venham</p><p>de várias áreas,</p><p>por exemplo, da produção, da ergonomia, comportamental, de</p><p>marketing, entre outros, considerando-se inclusive informações de</p><p>correlatos, concorrentes e consumidores.</p><p>Segundo Ferroli (2009), a integração mostra que o processo de</p><p>design, em um ambiente que busque a garantia da satisfação do</p><p>usuário mediante uma abordagem, pode envolver alguns critérios</p><p>fundamentais e interdependentes entre si, mas com características</p><p>únicas e inseparáveis, como: critérios fabris e produtivos; critérios</p><p>mercadológicos e sociais; critérios financeiros e econômicos;</p><p>critérios estéticos e de apresentação do produto; critérios</p><p>ergonômicos e de segurança do produto; e critérios ecológicos</p><p>e ambientais.</p><p>Destes, pelo contexto de nossos estudos, os critérios</p><p>ergonômicos e de segurança do produto incutem nos processos</p><p>de projeto de mobiliários, aspectos fundamentais de satisfação</p><p>dos usuários. É o conforto proporcionado pelo uso do produto, a</p><p>usabilidade, além de prever o atendimento seguro e confortável do</p><p>produto. Mas, nessa análise, é possível fazer algumas verificações</p><p>ainda na fase do desenho, se a segurança é um critério essencial,</p><p>por exemplo. Tendo em vista o público-alvo, o projeto deve estar</p><p>provido de incrementos tecnológicos (de construção) que podem</p><p>ainda ser observados no desenho à mão, conferidos no desenho</p><p>técnico e submetidos a testes de usabilidade no protótipo, para</p><p>que promovam a confiabilidade total sobre o produto.</p><p>Desse modo, dentro do processo de desenho de mobiliário</p><p>antecipa-se a observação. Os aspectos ergonômicos, como</p><p>medidas antropométricas, biomecânicas e cognitivas, devem</p><p>ser testados em diferentes momentos do projeto, por meio de</p><p>simulações físicas e virtuais.</p><p>216 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Assimile</p><p>Usabilidade é a definição da facilidade de uso de algum produto. Se</p><p>um produto é fácil de usar, o usuário consequentemente memoriza as</p><p>ações de maneira mais rápida, comete menos erros e usa o produto</p><p>novamente. Você pode encontrar usabilidade em tudo que tenha uma</p><p>interface que possibilite um contato entre um objeto e o ser humano.</p><p>A associação do desenho à mão, do desenho assistido por</p><p>computador e do uso do protótipo pode auxiliar na geração</p><p>de mais informação no processo de projeto à medida que sua</p><p>complexidade tridimensional aumenta, pois integra diversos</p><p>componentes do produto mobiliário. Isso permite estabelecer</p><p>novas relações geométricas e de interação entre os materiais</p><p>fornecendo ao criador respostas mais específicas ao fornecerem</p><p>em seu conjunto a capacidade de simulação que somente no</p><p>desenho, às vezes, não é possível evidenciar.</p><p>Assim, os protótipos (versão final do produto em escala reduzida)</p><p>servirão como moldes e matrizes, quando for necessário produzir</p><p>em escala para avaliar o desempenho dos produtos e conseguir</p><p>reações dos usuários.</p><p>O estudo por protótipo auxilia na escolha dos materiais</p><p>adotados e na percepção da relação entre usuário e objeto. Em</p><p>especial, no caso dos mobiliários voltados para área comercial,</p><p>exige-se um desenho universal, ou seja, que atenda ao máximo de</p><p>pessoas com o mínimo de adaptações.</p><p>Reflita</p><p>Os protótipos, que também podem ser chamados modelos, servem</p><p>para auxiliar no processo de criação do mobiliário, pois mostram a</p><p>interação do usuário com o produto. Aumentando a percepção do</p><p>material adotado no projeto, compreensão que não é possível com</p><p>os desenhos técnicos. Dessa forma, o uso do modelo servirá para</p><p>auxiliar o projetista no desenvolvimento do mobiliário?</p><p>217U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>O artigo indicado a seguir descreve a relação do homem com o</p><p>ambiente construído. Nele é possível perceber a evolução do espaço,</p><p>bem como as adaptações que devem ser feitas uma vez que o projetista</p><p>não levou em conta a ergonomia. Disponível em: https://www.</p><p>researchgate.net/profile/placido_silva2/publication/282672810_</p><p>ergonomia_e_analise_pos-ocupacao_a_relacao_entre_ambiente_</p><p>usuario_e_atividade_uma_contribuicao_da_ergonomia_aos_</p><p>estudos_da_arquitetura/links/5618291008aea803671ddfa1.pdf.</p><p>Acesso em: 12 abr. 2017.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Como dissemos no início desta seção, é necessário que se</p><p>desenvolvam proposições e soluções por meio dos croquis</p><p>para um objeto comercial dentro do contexto da loja que você</p><p>desenvolverá. A continuidade do desenvolvimento da loja proposta</p><p>contextualiza-se dentro dos parâmetros passados, inicialmente</p><p>para o ambiente fictício de 8 metros de vitrine por 10 metros de</p><p>profundidade e 6 metros de altura. A loja exige que se desenvolva</p><p>um projeto de desenho universal, ou seja, atender pessoas com</p><p>necessidades especiais e cadeirantes; o espaço do “caixa” deve ter</p><p>dimensão mínima de 1,20m × 1,50m. Fique atento às mensurações</p><p>dadas nas figuras 4.5 e 4.6.</p><p>Fonte: ABNT/NBR 9050, p. 18.</p><p>Figura 4.5 | Mensuração de espaço para cadeirante</p><p>Pesquise mais</p><p>218 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Fonte: adaptada de Neufert (1998) e Pronk (2003).</p><p>Figura 4.6 | Medidas estáticas e dinâmicas do homem</p><p>Sugere-se pelo menos três esboços de layout do caixa</p><p>para o projeto da loja. A proposição de mais de um layout visa</p><p>simplesmente colocar o desenho em uma evolução, e também</p><p>o processo de decisão sobre um dos desenhos modelados.</p><p>Esse processo, provavelmente durante a evolução do desenho,</p><p>precisará considerar a escala humana.</p><p>Para ajudar, lançamos alguns questionamentos: as dimensões</p><p>dos móveis independem das medidas estáticas ou dinâmicas do</p><p>homem? Quais informações do público-alvo dessa loja podem</p><p>ser agregadas ao painel conceitual? Como as características desse</p><p>público podem influenciar no processo de criação do projeto</p><p>de mobiliário para o ambiente comercial? Quais informações do</p><p>público-alvo dessa loja podem ser agregadas ao painel conceitual?</p><p>O principal ponto de contribuição que podemos tirar do público-</p><p>alvo e que pode ser aplicado no desenvolvimento do mobiliário</p><p>comercial é o conjunto de medidas antropométricas (ver Figura</p><p>4.6), o conhecimento de quais processos interativos tal público</p><p>exigirá e o conjunto de comportamentos que esse público terá</p><p>com a associação do argumento do que é dinâmico no ambiente.</p><p>Isso contribuirá diretamente na forma de exposição dos objetos que</p><p>podem criar padrões de informações que o público-alvo aceite com</p><p>maior facilidade, tanto quanto ao ambiente como nos produtos que</p><p>ali serão expostos. Dessa forma, pense em todos os objetos para</p><p>219U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>que os conceitos atendam à ergonomia e sejam de materiais que</p><p>componham a necessidade estabelecida pelo projeto.</p><p>A padronagem gráfica e compositiva do ambiente comercial</p><p>é o ponto crucial para a tradução dos conceitos em atributos dos</p><p>mobiliários. Em projetos comerciais é crucial a intenção de que o</p><p>conceito subsidie toda a atividade de consumo.</p><p>Atenção</p><p>O ponto crítico para a resolução da situação-problema é entender o</p><p>conceito sugerido e desenvolver o painel conceitual, no qual pode</p><p>constar, além dos comportamentos típicos do público-alvo, imagens</p><p>que sejam correlatas à sensação que o conceito pede.</p><p>Avançando na prática</p><p>“A evolução da loja e a fundamentação no conceito”</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Você, designer de interiores, foi contratado para fazer a</p><p>definição do layout e, depois, direcionar seus esforços para o</p><p>desenvolvimento do espaço “caixa” de uma loja, respeitando o</p><p>desenho universal.</p><p>O espaço para o desenho universal significa que qualquer pessoa</p><p>consegue circular pela loja. A primeira recomendação é para atentar</p><p>às dimensões particulares recomendadas para cada mobiliário e</p><p>contar com os espaços de circulação de pessoas. Posteriormente,</p><p>deve-se fazer uma pesquisa de móveis que considere serem</p><p>necessários e adotar o conceito do seu projeto, assim como</p><p>responder quais móveis serão fixos e quais serão móveis.</p><p>Como a circulação</p><p>e demais mobiliários/espaços devem ser</p><p>para respeitar a ergonomia?</p><p>Lembre-se</p><p>Você deve entender o conceito sugerido e desenvolver o painel</p><p>conceitual, no qual pode constar, além dos comportamentos típicos</p><p>do público-alvo, o acesso às imagens correlatas que consigam passar</p><p>a sensação que o conceito pede.</p><p>220 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Você terá que desenvolver, no mínimo, três layouts distintos para</p><p>o mesmo projeto de loja. Pesquise um conjunto de imagens que</p><p>faça referência ao público-alvo e que ajude a definir quais móveis</p><p>são necessários para compor seu espaço. Exemplo: cabideiros</p><p>e araras, caixa, poltronas para área de provador, manequim para</p><p>vitrine. É interessante que nessa busca você faça uma investigação</p><p>de imagens de móveis que possam representar o seu conceito.</p><p>Assim, você estará incorporando no seu repertório formal mais</p><p>informações que o auxiliarão a desenvolver os croquis e a seguir o</p><p>conceito do seu projeto.</p><p>O painel semântico é uma ferramenta que permite a tradução</p><p>de conceitos abstratos e aspectos formais, logo, deve ser analisado</p><p>e reanalisado quantas vezes forem necessárias, antes de partir para</p><p>o desenvolvimento de croquis sobre a base sugerida.</p><p>A cada novo croqui, tome o painel conceitual para verificar se</p><p>a aderência o desenvolvimento do seu desenho está alinhada ao</p><p>discurso proposto pelo painel conceitual.</p><p>O desenho do mobiliário comercial e da loja como um todo</p><p>somente atingirá a maturidade quando conseguir correlacionar</p><p>seu discurso desenvolvido pelo painel conceitual ao desenho.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Equivoca-se quem imagina que a criatividade é uma qualidade,</p><p>dependente somente das nuances de personalidade, sobretudo de</p><p>características de cognição e estilo pessoal.</p><p>Com base na discussão proposta nesta seção sobre criatividade e design,</p><p>podemos afirmar que:</p><p>I. A criatividade e o design podem ser fruto de uma interação social entre</p><p>criador, objeto e usuários.</p><p>II. A criatividade depende exclusivamente da personalidade do criador.</p><p>III. O indivíduo criador precisa admitir que seu papel transformador está na</p><p>possibilidade de conseguir interpretar, compilar e traduzir as influências</p><p>sociais nas quais está imerso.</p><p>IV. Precisa incutir no design, soluções ao problema que atendam o maior</p><p>público possível, por meio da ergonomia.</p><p>Analisando o texto-base, qual alternativa apresenta a afirmativa correta?</p><p>a) Apenas a afirmativa I.</p><p>221U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>b) Apenas a afirmativa II.</p><p>c) Apenas a afirmativa III.</p><p>d) Apenas as afirmativas II e III.</p><p>e) Apenas as afirmativas I, III e IV.</p><p>2. Embora o processo criativo configure-se como um processo</p><p>individual, a concepção do objeto em si não fica restrito a isso, pois, mais</p><p>cedo ou mais tarde, o desenho, o objeto ou protótipo será de qualquer</p><p>forma questionado e submetido a julgamento social, conforme as</p><p>características de usabilidade do objeto.</p><p>O processo criativo possui pelo menos cinco estágios:</p><p>( ) Identificação do problema.</p><p>( ) Preparação e incorporação de informações.</p><p>( ) Geração de respostas, nas quais entram os processos cognitivos e da</p><p>percepção, tanto do criador quanto dos usuários dos objetos.</p><p>( ) Toda proposta precisar ter comunicação, entendendo-se que esta</p><p>precisar ter a validação social dos usuários.</p><p>( ) Tomada de decisão, com base no conjunto de avaliações, entre as</p><p>possibilidades que o desenho traduz do processo criativo.</p><p>Indique a sequência correta desses cinco estágios:</p><p>a) 2 – 4 – 3 – 5 – 1.</p><p>b) 2 – 5 – 3 – 4 – 1.</p><p>c) 5 – 4 – 3 – 2 – 1.</p><p>d) 1 – 2 – 3 – 4 – 5.</p><p>e) 1 – 5 – 3 – 4 – 2.</p><p>3. A associação com experiências anteriores, fruto da memória afetiva,</p><p>pode assim contribuir para o processo do desenho de mobiliário,</p><p>principalmente quanto o projetista vivencia boas experiências, ou</p><p>seja, o processo de elaboração do desenho de mobiliário carece de</p><p>conhecimentos tácitos.</p><p>Analise as afirmações a seguir:</p><p>( ) O conhecimento tácito é subjetivo e cada indivíduo adquire com</p><p>suas experiências de vida.</p><p>( ) Pode ser chamado de uma habilidade individual, não se consegue</p><p>ensinar, uma vez que é dado pela percepção de cada um e as experiências</p><p>individuais podem gerar resultados diferentes.</p><p>( ) O conhecimento tácito cognitivo, por sua vez, é basicamente a</p><p>percepção de mundo criada por cada pessoa ao longo dos anos, suas</p><p>crenças e filosofias.</p><p>Marque V, se verdadeiro, e F, se falso, e, depois, marque a alternativa</p><p>que contém a sequência que melhor especifique o que é conhecimento</p><p>tácito:</p><p>222 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>a) V – V – V.</p><p>b) V – F – V.</p><p>c) F – V – F.</p><p>d) V – F – F.</p><p>e) F – V – V.</p><p>223U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Seção 4.3</p><p>Materiais e processos para produção de</p><p>mobiliário comercial</p><p>Prezado aluno, nesta seção desenvolveremos o estudo acerca do</p><p>uso de materiais e processos para produção de mobiliário comercial,</p><p>e partimos da premissa que conhecer os materiais mais utilizados</p><p>assim como dominar as técnicas de transformação da matéria-</p><p>prima e fabricação do mobiliário tem relevante contribuição para o</p><p>processo de projeto como um todo, visto que pode enriquecer as</p><p>tomadas de decisão que vão desde a concepção até a fabricação</p><p>efetiva do mobiliário comercial. O estudo de ergonomia objetivou</p><p>conhecer o panorama histórico sobre os estilos e a produção de</p><p>mobiliário nacional e internacional, os aspectos metodológicos</p><p>no desenvolvimento de projeto e os parâmetros ergonômicos e</p><p>antropométricos.</p><p>Como situação-problema desta seção temos a seguinte</p><p>problemática: anteriormente, você foi capaz de observar como</p><p>o briefing contém a descrição do problema, das necessidades do</p><p>cliente e das restrições projetuais documentado por painel conceitual</p><p>e painel visual do móvel comercial. Depois, você observou como</p><p>é elaborado o documento de painel conceitual e painel visual do</p><p>mobiliário comercial.</p><p>É importante observar que, com o desenvolvimento do projeto,</p><p>realizado em croquis, surge a necessidade da aplicação dos</p><p>materiais e, consequentemente, o modo de produção da peça. O</p><p>projeto torna-se mais concreto à medida que se ganha o domínio</p><p>das técnicas construtivas.</p><p>Você desenvolverá um expositor, no formato de gôndola, no</p><p>qual as peças de roupas ficarão expostas em um manequim e haverá</p><p>espaço de armazenagem. O objeto atenderá, na parte inferior,</p><p>espaço para guardar as roupas e na parte superior exposição das</p><p>peças (por meio do manequim).</p><p>Diálogo aberto</p><p>224 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Alguns aspectos devem ser considerados para a determinação</p><p>do portfólio de materiais que poderão ser utilizados em um projeto</p><p>comercial. O projeto comercial tem uma característica peculiar: ser</p><p>efêmero em sua composição por conta das demandas constantes</p><p>de modificação, acompanhando tendências de mercado.</p><p>Somado a isso, é necessário entender aspectos importantes da</p><p>operacionalização das ações que serão desenvolvidas dentro do</p><p>ambiente comercial, entre outras variáveis que possam envolver</p><p>o espaço comercial (marketing, administrativo, entre outros),</p><p>conforme visto em unidades anteriores.</p><p>É essencial para a escolha de materiais considerar primeiramente</p><p>os aspectos técnicos dos materiais utilizados e, entre os requisitos</p><p>essenciais para a confecção do mobiliário, devem ser considerados:</p><p>a composição do material, aspectos mecânicos (resistência à</p><p>tração, compressão, torção, elasticidade e plasticidade), aspectos</p><p>químicos, modo de extração, de processamento e de fabricação,</p><p>peso, densidade, comportamento térmico, comportamento</p><p>acústico, resistência à umidade. Como o foco deste estudo</p><p>relaciona-se diretamente ao estudo da ergonomia, atentaremos a</p><p>aspectos que influem na escolha dos materiais.</p><p>Você não precisará ter todas essas informações sobre todos</p><p>os materiais logo em seu primeiro projeto de</p><p>mobiliário, mas</p><p>perceberá que, a cada novo projeto, será necessária a aplicação</p><p>de alguns testes sobre os materiais para que consiga verificar se</p><p>são ou não compatíveis para o objeto mobiliário e função que está</p><p>propondo.</p><p>Não pode faltar</p><p>Dessa forma, quais os aspectos que serão discutidos em relação</p><p>ao dimensionamento e especificação de materiais? Como encontrar</p><p>as medidas para o mobiliário que atende um público heterogêneo?</p><p>Como definir o material e o acabamento?</p><p>É chegado o momento em que o projeto de design de mobiliário</p><p>comercial deve partir para a seleção e adequação de materiais ao</p><p>produto com base em critérios ergonômicos, antropométricos,</p><p>técnicas e processos utilizados para produção do móvel.</p><p>Vamos começar o estudo?!</p><p>225U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>A seleção e adequação do produto com base em critérios</p><p>ergonômicos, antropométricos, as técnicas e os processos</p><p>utilizados para produção do móvel são bastante vastos, por esse</p><p>motivo a visão sistêmica é importante para observação de variáveis</p><p>específicas para cada projeto.</p><p>Nos dias atuais, o design para espaços comerciais atingiu grande</p><p>importância, pela capacidade de responder na velocidade com que</p><p>as mudanças acontecem. Da mesma forma, a escolha de materiais</p><p>e técnicas deve estar alinhada ao ritmo de mudanças dos espaços</p><p>comerciais. Assim, uma outra estratégia, ao se pensar o design</p><p>para o ambiente comercial, é permitir que ele seja montável e</p><p>desmontável de modo a atender rápidas mudanças. Por essa razão,</p><p>são características nos dias atuais: a flexibilidade espacial, capacidade</p><p>de adaptação dos mobiliários, a pré-fabricação e pré-montagem</p><p>que facilitam a execução rápida do espaço, facilidade de reparo e</p><p>reposição, baixo custo de manutenção, facilidade de manutenção</p><p>diária, facilidade de atendimento de normas de segurança contra</p><p>incêndio e prevenção ao pânico, facilidade de atendimento aos</p><p>aspectos normativos dos locais onde se instalam os espaços</p><p>comerciais e apelo estético compatível com o conceito adotado.</p><p>Assim, o design de mobiliários precisa ser versátil, para atender</p><p>os requisitos anteriormente expostos, o que, de certa forma, são</p><p>determinantes para a utilização do tipo de material e do tipo de</p><p>processamento que esse material irá sofrer até que se converta</p><p>efetivamente em mobiliário.</p><p>É de grande importância para o design do mobiliário dar</p><p>ênfase aos detalhes e aos materiais utilizados, bem como à</p><p>funcionalidade dos móveis e à estética, mas não podem ser</p><p>projetados isoladamente, sem se considerar o seu contexto de</p><p>aplicação, ou seja, o ambiente.</p><p>No quadro a seguir, foram listados os principais tipos de material</p><p>usados em mobiliário, tipos, subtipos, características essenciais,</p><p>ferramentas e processos fabris usuais para transformação da</p><p>matéria-prima e processo de acabamento que podem ser</p><p>direcionados ao desenvolvimento de mobiliário para ambientes</p><p>comerciais. Quanto ao tipo de materiais e subtipos temos:</p><p>226 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Tipo de material</p><p>Características do</p><p>material</p><p>Subtipos</p><p>Madeira</p><p>Fácil trabalhabilidade, fácil</p><p>conformação a diferentes</p><p>técnicas, diversidade de</p><p>aplicação multiplicidade</p><p>de acabamentos, criação</p><p>de uma atmosfera</p><p>mais confortável e</p><p>aconchegante.</p><p>- Madeira in natura /madeira</p><p>maciça.</p><p>- Compensado.</p><p>- Aglomerado.</p><p>- MDF (Medium Density</p><p>Fiberboard).</p><p>Metal</p><p>Resistência mecânica,</p><p>maleabilidade,</p><p>ductibilidade,</p><p>condutibilidade.</p><p>- Bronze.</p><p>- Duralumínio (alumínio</p><p>e cobre, podendo conter</p><p>outros elementos).</p><p>- Latão (cobre e zinco), aço</p><p>(ferro, carbono e outros).</p><p>- Aços inoxidáveis.</p><p>Vidro</p><p>(Vidro float e Vidro</p><p>impresso)</p><p>Reciclabilidade,</p><p>transparência (permeável</p><p>à luz), dureza, não</p><p>absorvência, ótimo</p><p>isolador dielétrico, baixa</p><p>condutividade térmica,</p><p>durabilidade.</p><p>Vidro de segurança, vidro</p><p>temperado.</p><p>vidro resistente a balas,</p><p>vidro resistente a fogo, vidro</p><p>acústico, vidro laminado</p><p>acústico, vidro duplo ou</p><p>insulado, vidros especiais.</p><p>Rochas</p><p>ornamentais</p><p>Facilidade nos processos</p><p>de assentamento,</p><p>Utilizada em áreas</p><p>molháveis ou com grande</p><p>fluxo de pessoas. Maior</p><p>facilidade de limpeza e</p><p>alto valor estético.</p><p>Granitos.</p><p>Mármores.</p><p>Conglomerados e quartzitos</p><p>“Pedras naturais”.</p><p>Gesso</p><p>Baixo custo, facilidade de</p><p>montagem.</p><p>Custo/benefício</p><p>do material. Facilita</p><p>instalações elétricas,</p><p>colocação de luzes,</p><p>proteção térmica e</p><p>acústica. Colocação é</p><p>bastante simples e fornece</p><p>qualidade no acabamento.</p><p>Bloco de gesso simples.</p><p>Gesso fino para</p><p>revestimento.</p><p>Gesso grosso para</p><p>revestimento.</p><p>Gesso acartonado para</p><p>áreas úmidas ou secas.</p><p>Quadro 4.1 | Materiais e subtipos de mobiliários</p><p>227U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Tintas e</p><p>acabamentos</p><p>Tinta a óleo: Atualmente,</p><p>essas tintas são designadas</p><p>genericamente por</p><p>esmaltes sintéticos.</p><p>Tinta acrílica: se tornou</p><p>mais popular, por ter</p><p>facilidade de aplicação</p><p>e possibilidade de</p><p>lavar com água tem</p><p>aparecido em pinturas</p><p>de áreas molhadas,</p><p>como banheiros, lavabos,</p><p>cozinhas e áreas de</p><p>serviço.</p><p>Tinta plástica: pode ser</p><p>diluída em água, o que</p><p>torna mais fácil a limpeza</p><p>dos pincéis, trinchas, rolos</p><p>e locais de trabalho.</p><p>Tinta látex: é a mais</p><p>comum entre as tintas,</p><p>como pode ser dissolvida</p><p>na água, evita-se aplica-la</p><p>em áreas molháveis.</p><p>Látex PVA.</p><p>Tinta acrílica.</p><p>Superlaváveis.</p><p>Inodoras.</p><p>Esmalte sintético.</p><p>Tintas epóxi.</p><p>Tintas para fazer textura.</p><p>Fonte: elaborado pelo autor.</p><p>Na abordagem de materiais é inevitável que o aspecto cor</p><p>seja um dos parâmetros analisados, e a influência da cor faz parte</p><p>da ergonomia cognitiva, pois é capaz de influenciar no estado</p><p>psicológico das pessoas, influir no estado de ânimo e, por vezes,</p><p>contribuir para fixação de aspectos simbólicos que o projetista de</p><p>mobiliário pretende. Em design de interiores é muito comum o</p><p>uso das cores e da iluminação que têm a capacidade de valorizar</p><p>aspectos específicos do ambiente e mesmo interagir com a cor de</p><p>modo a criar um ponto de interesse dentro do ambiente.</p><p>228 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>A abordagem da cor e da iluminação em um ambiente comercial,</p><p>especialmente vinculado ao design de mobiliário e de interiores</p><p>é essencial para transferências de informações ao espectador,</p><p>e este tem influência sobre o estado psicológico e em sua forma</p><p>de se inter-relacionar com o ambiente e seus objetos. Nas leituras</p><p>complementares a seguir você poderá encontrar mais informações</p><p>sobre a ergonomia e a influência da cor nos ambientes construídos.</p><p>Para saber mais sobre a ergonomia e a cor nos ambientes, desenvolva</p><p>a leitura do material disponível em:</p><p>http://www.iar .unicamp.br/ lab/ luz/ ld/Arqui tetura l/ l iv ros/</p><p>ergonomia_e_cor_nos_ambientes_e_locais_de_trabalho.pdf.</p><p>Acesso em: 9 mai. 2017.</p><p>Para saber mais sobre ergonomia cognitiva e a aplicação da cor em</p><p>design de interiores, desenvolva a leitura do material disponível em:</p><p>http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/395_aula_</p><p>ergonomia_cognitiva.pdf. Acesso em: 9 mai. 2017.</p><p>As escolhas dos materiais para o ambiente comercial devem</p><p>considerar o ciclo de vida e as condições ambientais de uso,</p><p>observando as questões de desempenho, disponibilidade e</p><p>durabilidade. Diante desses aspectos, o projetista do ambiente</p><p>comercial, ao planejar o mobiliário precisa levar em consideração</p><p>os fatores de degradação dos materiais, como umidade, variações</p><p>de temperatura, entre outros.</p><p>Vem aumentando, nos últimos anos, a discussão sobre a</p><p>sustentabilidade ambiental na produção de mobiliário para espaços</p><p>comerciais. O objetivo é gerar menos impacto ambiental, com</p><p>processos em alinhamento com os preceitos da sustentabilidade.</p><p>Sendo assim, é preciso considerar a capacidade de reutilização, a</p><p>capacidade de reciclagem e o ciclo de vida dos materiais.</p><p>Assimile</p><p>Sustentabilidade é um conceito relativamente novo na indústria</p><p>de móveis. Com a necessidade de oferecer produtos</p><p>(OLIVEIRA,</p><p>2010, p. 5)</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 23</p><p>a) Padronizada e com perfeito domínio das técnicas de execução.</p><p>b) Não era padronizada e não tinha uma relação com as técnicas de</p><p>execução.</p><p>c) Não era padronizada, mas com perfeito domínio das técnicas de</p><p>execução.</p><p>d) Estilo neutro, sem cores, dando margem à criatividade ou imaginação</p><p>pessoal.</p><p>e) Formas somente orgânicas e com perfeito domínio das técnicas de</p><p>execução.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário24</p><p>Seção 1.2</p><p>Mobiliário medieval e renascentista</p><p>Caro aluno, vamos dar continuidade ao nosso trabalho da</p><p>disciplina de Ergonomia e Desenho de Móveis. É interessante</p><p>observar que faziam parte do Período Medieval os seguintes estilos:</p><p>islâmico, bizantino, românico e gótico: isabelino e manuelino; já no</p><p>Período Renascentista, faziam parte os seguintes estilos: italiano,</p><p>francês, nórdico, plateresco, tudor-stuart, elisabetano, jacobino,</p><p>cromwell e carolíneo. Entretanto, abordaremos nesta seção</p><p>somente os estilos que mais se destacaram: bizantino, românico</p><p>e gótico, do período medieval; italiano, francês e carolíneo, do</p><p>período Renascentista.</p><p>Como profissionais, precisamos saber pesquisar, analisar de</p><p>forma coerente os períodos históricos do mobiliário e seus principais</p><p>estilos, para que, assim, possa haver uma melhor assimilação dos</p><p>conteúdos. Esta seção nos fornecerá alguns desses dados.</p><p>Para iniciar essa segunda etapa, lembremos que estamos</p><p>trabalhando para a construção de um bar temático. Em uma reunião</p><p>com Júlio, surgiu a ideia de fazer mesas e cadeiras com modelos</p><p>diferentes, assim como a decoração ao redor, de acordo com o</p><p>período do mobiliário explorado. Assim, os móveis conseguirão</p><p>chamar a atenção dos clientes e cada mesa e cadeira pertencente</p><p>a um estilo diferenciado terá a sua miniala ambientada, fazendo</p><p>todo o diferencial do bar. Desse modo, seu objetivo agora será</p><p>decorar e criar a mesa e a cadeira para um ambiente voltado ao</p><p>Mobiliário Medieval e Renascentista.</p><p>Dessa forma, alguns questionamentos surgirão, como: qual</p><p>o estilo mais indicado para criar e projetar uma mesa e cadeira</p><p>do Período Medieval e Renascentista? Quais aspectos devem ser</p><p>analisados na escolha dos mobiliários? Qual a importância da</p><p>escolha dos mobiliários considerando o estilo que o cliente quer</p><p>adotar no restaurante? Que materiais serão explorados? Haverá</p><p>ergonomia?</p><p>Diálogo aberto</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 25</p><p>Portanto, será necessário conhecer mais sobre outros períodos</p><p>e, ao final, você deverá entregar uma pesquisa e expor para</p><p>Júlio as possibilidades aplicáveis ao ambiente, conforme cada</p><p>estilo estudado. Gostou do desafio? Como podemos adquirir</p><p>mais informações sobre os estilos vistos até agora? Estudando o</p><p>Mobiliário Medieval e Renascentista.</p><p>Bom trabalho!</p><p>O Estilo Bizantino teve o seu apogeu no século VI e está</p><p>totalmente ligado à religião. Localizou-se em Constantinopla, o</p><p>que propiciou à arte bizantina a absorção de influências vindas</p><p>de Roma, da Grécia e do Oriente, essa ligação intercultural fez</p><p>com que se impulsionasse a criação de um novo estilo, cheio de</p><p>técnica e cor.</p><p>Proença (2001) relata que Constantinopla foi criada pelo</p><p>Imperador Constantino, em 330, no local onde ficava Bizâncio,</p><p>antiga colônia Grega. Por causa de sua localização geográfica</p><p>entre a Europa e a Ásia, houve uma síntese muito forte das culturas</p><p>gregas, romanas e orientais.</p><p>O objetivo da arte bizantina era transmitir o poder absoluto do</p><p>imperador, evidenciado como sagrado, um emissário de Deus,</p><p>Não pode faltar</p><p>Fonte: Proença (2012).</p><p>Figura 1.7 | Mosaico bizantino do</p><p>imperador Justiniano</p><p>com poderes temporais e</p><p>espirituais. Essa característica</p><p>se evidencia nas obras e</p><p>construções religiosas, pois</p><p>eram imponentes, com cúpulas</p><p>sustentadas por colunas.</p><p>Proença (2012) relata que, para</p><p>que o alcance da arte fosse</p><p>atingido, inúmeras convenções</p><p>foram criadas, assim como o</p><p>foi na arte egípcia. Na Figura</p><p>1.7, pode ser visto o mosaico</p><p>do imperador Justiniano (547-</p><p>548 d.C), na Igreja de São Vital,</p><p>em Ravena/Itália.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário26</p><p>A pintura teve destaque para os afrescos (pinturas realizadas</p><p>nas paredes), comuns nas igrejas e ícones (imagens pintadas em</p><p>painéis de madeira). Além disso, foi também estabelecido pelos</p><p>sacerdotes que cada figura deveria ser representada com extrema</p><p>definição dos personagens, no que se refere à posição das mãos,</p><p>aos gestos, aos pés, às dobras das roupas e aos símbolos. Havia</p><p>um rigor muito forte imposto nas composições.</p><p>Segundo Castenoul (1999, p. 42), havia também na escultura</p><p>decorativa bizantina um estilo que parecia uma espécie de gravura</p><p>em pedra, lembrando um bordado; muitos capitéis eram esculpidos</p><p>de acordo com esse processo. As maiores qualidades ornamentais</p><p>do Bizâncio foram os capitéis esculpidos, os mosaicos de pedras e</p><p>os entrelaçados de origem mesopotâmica.</p><p>Para Battistoni Filho (1987), algumas características mais</p><p>importantes na arte bizantina são: desconhecimento de volume,</p><p>a perspectiva ignorada, seu espaço não tem profundidade. É uma</p><p>arte da cor, na qual a forma é trocada pela decoração. Na Figura</p><p>1.8, pode-se ver um exemplo de mobiliário bizantino.</p><p>Fonte: http://www.arqhys.com/contenidos/bizantino-mobiliario.html. Acesso em: 5 ago. 2016.</p><p>Figura 1.8 | Trono bizantino</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 27</p><p>Para Battistoni (1987, p. 52), “as manufaturas artísticas bizantinas</p><p>foram enormemente apreciadas. Armas, joias, cofres e os relicários se</p><p>esparramaram por todo o globo”. Além disso, desenvolveram em escala</p><p>industrial a criação do bicho da seda, seus tecidos foram famosos.</p><p>O estilo românico recebeu esse nome pelo fato dos artistas</p><p>superarem o estilo ornamental, mesmo na época das invasões</p><p>bárbaras, redescobrindo a tradição cultural e artística influenciada</p><p>pelo mundo greco-romano. Esse nome surgiu para definir os</p><p>monumentos arquitetônicos dos séculos XI e XII, na Europa.</p><p>De acordo com Proença (2001, p. 56), “suas características mais</p><p>marcantes são: utilização da abóboda, dos pilares maciços que</p><p>as sustentam e das redes espessas com aberturas estreitas usadas</p><p>como janelas”. Esse estilo criou grandes igrejas e, para isso, houve</p><p>evolução dos métodos construtivos e dos materiais. O uso das</p><p>abóbodas transmitia sensação de durabilidade e conforto, que</p><p>se deve às linhas semicirculares e aos grossos pilares que anulam</p><p>qualquer impressão de esforço e tensão. O seu estilo nas igrejas</p><p>românicas era de grandeza, seu tamanho remetia à robustez, eram</p><p>chamadas de “fortalezas de Deus”. Desejavam transmitir ligação</p><p>com o divino. Percebem-se, assim, indícios do emprego da gestalt</p><p>(que significa “forma”, em alemão), para transmitir as sensações</p><p>desejadas por meio do visual estético.</p><p>Para Castenoul (1999), o interior românico caracterizou-se pela</p><p>sobriedade e aspecto de durabilidade, com repetição de elementos</p><p>construtivos, como janelas e colunas geminadas; e a decoração</p><p>pesada e escura, com temática fundamentada em motivos gregos,</p><p>meandros, losangos, pontas de diamante, animais e monstros, além</p><p>de um repertório oriundo da antiguidade greco-romana (folhagens</p><p>espiraladas e gregas). E mais: na decoração, usavam-se muitos</p><p>elementos geométricos, entre os quais estavam entrelaçamentos,</p><p>gregas, fitas pregueadas, ziguezagues, besantes, xadrez.</p><p>Já os móveis românicos eram simples, com poucas mudanças,</p><p>sendo: a cadeira, a mesa, a cama alta, o escritório, a arca e o</p><p>armário (simples, contendo uma única porta). As cadeiras não</p><p>eram chamativas, possuíam poucos ornamentos, usavam muitos</p><p>bancos. Quanto às mesas, eram bastante longas, compostas por</p><p>largas tábuas sobre cavaletes. Na Figura 1.9, há um exemplo de</p><p>estilo românico e suas características.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário28</p><p>O estilo gótico foi dominado por um excessivo conjunto de</p><p>revelações artísticas, entre o meio do século XII e XVI. Segundo</p><p>Bracons (1992), a arte gótica difundiu-se rapidamente pela Europa</p><p>sustentáveis,</p><p>Pesquise mais</p><p>229U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>A manutenção dos materiais precisa ser pensada ainda no</p><p>processo de criação dos mobiliários, por isto é imprescindível o</p><p>conhecimento das propriedades físicas e químicas dos materiais, de</p><p>forma a proporcionar segurança, resistência e durabilidade. Como</p><p>a aplicação de materiais em mobiliário em espaços comerciais,</p><p>normalmente, leva em consideração um ciclo de vida relativamente</p><p>curto, dada a condição contínua de acompanhamento das</p><p>tendências de mercado, faz com que a durabilidade dos materiais</p><p>seja um ponto essencial para a sua escolha, de forma a evitar</p><p>constantes substituições e manutenções frequentes, considerando</p><p>um tempo de vida útil que seja relativamente longo.</p><p>Em espaços comerciais, por questões de legislação e segurança,</p><p>deve-se observar a resistência dos materiais ao fogo. A evolução</p><p>dos materiais, das legislações de prevenção e combate a incêndio</p><p>e pânico têm incutido nos processos de criação dos espaços</p><p>comerciais diversos requisitos de segurança, respondendo o</p><p>profissional que os especificar, em termos de responsabilidades.</p><p>Outras características essenciais para a definição de materiais</p><p>dos mobiliários em espaços comerciais são a capacidade térmica</p><p>e a capacidade acústica. Mas, como essas propriedades podem</p><p>influenciar no ambiente comercial? Influenciam à medida que</p><p>contribuem para a criação da ambientação, no estado de conforto</p><p>dos usuários do ambiente comercial.</p><p>A capacidade térmica na condição ideal contribui na eficiência</p><p>do projeto ao oferecer mais conforto ao cliente final. Dessa</p><p>forma, evita-se o calor ou frio excessivos, além de contribuir para</p><p>a diminuição dos gastos com energia. O isolamento acústico,</p><p>por sua vez, tem a capacidade de diminuir o nível de ruídos nos</p><p>ambientes. Ruídos contínuos, ou de grandes amplitudes, influem</p><p>diretamente no estado emocional das pessoas. A madeira, que</p><p>tem como característica ser um isolante acústico, é um exemplo</p><p>de aplicação de material que pode contribuir para o controle sobre</p><p>os ruídos externos e a propagação interna do som.</p><p>as empresas de móveis estão se adaptando e buscando práticas</p><p>econômicas e ambientalmente corretas, sem que o móvel perca a</p><p>beleza ou funcionalidade.</p><p>230 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>Outro ponto de análise para a definição do portfólio de materiais</p><p>é o custo que os envolve . Devem ser consideradas as manutenções,</p><p>as substituições, os impactos no meio ambiente e na própria saúde</p><p>dos clientes. É relevante considerar custos associados do processo</p><p>de transformação, até o efetivo acabamento dos materiais,</p><p>principalmente no uso de mão de obras específicas, normalmente</p><p>de custos elevados.</p><p>A escolha de um conjunto de materiais, para o projeto de</p><p>mobiliário de um ambiente comercial, alinha-se também às</p><p>estratégias de marketing, que por sua vez estão conectadas às</p><p>estratégias do negócio. Se uma cadeira será feita de metal, de</p><p>madeira, de plástico, assim como seus acabamentos, essa escolha</p><p>partirá de pressupostos, frutos da evolução do entendimento do</p><p>negócio comercial em concordância com as necessidades e os</p><p>desejos do cliente.</p><p>Prezado aluno, é chegado o momento de entender que o</p><p>portfólio de materiais para projetos de design deriva de um processo</p><p>decorrente da problematização colocada pelo cliente. No espaço</p><p>Reflita</p><p>A elaboração de um portfólio de materiais para o mobiliário comercial</p><p>deve levar em consideração apenas aspectos técnicos e tecnológicos</p><p>dos materiais ou está também relacionada ao entendimento de seus</p><p>atributos capazes de influenciar o estado psicológico do usuário?</p><p>Exemplificando</p><p>Existem identidades visuais, fruto do trabalho do designer de mobiliário</p><p>e de interiores em ambientes comerciais, que são capazes de garantir,</p><p>além da identidade de uma marca, uma aura propícia ao consumo,</p><p>o que é muito evidenciado em ambientes comerciais ligados à</p><p>alimentação, como McDonalds, Outback, Starbucks e outros ligados</p><p>à tecnologia, como o caso da Macintosh. Esse artifício cognitivo vem</p><p>ao encontro das estratégias das marcas e das mensagens que elas</p><p>queiram transmitir aos seus consumidores.</p><p>Sem medo de errar</p><p>231U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>comercial, em específico, é necessária uma abordagem sistêmica na</p><p>busca do estabelecimento de relações dos usos dos materiais, dos</p><p>seus processos de fabricação, para obtenção de um efeito estético</p><p>alinhado aos conceitos e principalmente à estratégia do negócio.</p><p>Como vimos, o projeto de design de mobiliário comercial deve</p><p>partir da seleção e adequação de materiais ao produto, com base</p><p>em critérios ergonômicos, antropométricos, técnicas e processos</p><p>de fabricação.</p><p>Nesse sentido, é chegado o momento de pensar o projeto em</p><p>questão partindo da seleção e adequação de materiais com base</p><p>nos critérios mencionados. Desse modo, é sugerido novamente</p><p>aplicarmos os conhecimentos dentro de uma evolução do</p><p>pensamento no desenvolvimento da loja para o público jovem. É</p><p>necessário atuar agora com o dimensionamento e especificação</p><p>dos materiais. Pense nos materiais que especificaria para uma</p><p>gôndola, dentro das caracterizações colocadas há pouco,</p><p>levando em consideração, além dos aspectos compositivos, a</p><p>caracterização dos materiais referenciados sempre no conceito,</p><p>mas explore os atributos dos materiais, observando que aspectos</p><p>cognitivos poderiam ser explorados, aderentes ao conceito.</p><p>Antes de desenvolver o objeto, faça uma relação dos materiais</p><p>que, quando especificados, sejam considerados no desenho e</p><p>como estes poderiam ser beneficiados pelos aspectos técnicos e</p><p>tecnológicos da fabricação para atingir o resultado final desejado.</p><p>Novamente fazemos a pergunta: é possível considerar aspectos,</p><p>quanto ao dimensionamento e especificação de materiais, ainda</p><p>no processo de desenho, para formulação de um portfólio para</p><p>esse projeto em específico? Sim, é possível, mas parte da tomada</p><p>de decisão está diretamente ligada ao nível de conhecimento</p><p>que o projetista tem, além dos aspectos técnico e tecnológico,</p><p>seu beneficiamento, sua interação com os demais materiais e,</p><p>sobretudo, com atributos físicos e químicos inerentes aos materiais,</p><p>com os aspectos de cor, textura, tipo de acabamento e como eles</p><p>interagem com os usuários.</p><p>Como os materiais podem ser escolhidos, considerando-se</p><p>as características do público heterogêneo, como proposto nessa</p><p>problematização? O conceito certamente é o ponto definidor dos</p><p>tipos de materiais que se utilizará, pois, como foi visto, podem ter</p><p>232 U4 - Conceitos e parâmetros para a criação do design de móveis comerciais</p><p>“O pensamento sistêmico para a criação de um projeto de loja</p><p>comercial, considerando aspectos técnicos e construtivos do</p><p>mobiliário dentro do espaço”</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>Uma loja o contratou para que fosse inserido em sua marca o</p><p>conceito de “Mutação”, ou seja, o objeto a ser desenvolvido terá</p><p>que atender, no mínimo, duas funções distintas. É necessário o</p><p>enfoque na escolha dos materiais que serão utilizados. Considere</p><p>na seleção dos materiais a interação com os usuários e os aspectos</p><p>técnicos e tecnológicos.</p><p>Oriente-se por esse conceito para que, do ponto de vista</p><p>cognitivo, o projeto seja enriquecido pelas possíveis interações de</p><p>formas, cores, texturas e acabamentos. Como sugestão de objeto</p><p>a ser desenvolvido faça a apreciação do conceito sobre um objeto</p><p>que cumpra as funções de assento para o consumidor e expositor</p><p>de produto.</p><p>Atenção</p><p>O ponto crítico da situação-problema relaciona-se diretamente à</p><p>capacidade do designer em conseguir orientar-se por um conceito</p><p>norteador e traduzi-lo pelo conjunto de conhecimentos que precisa</p><p>ter antes mesmo de desenvolver o objeto. Assim, são necessários,</p><p>além do pleno domínio argumentativo, conhecimentos sobre os</p><p>diversos materiais, seus atributos, suas técnicas de fabricação e</p><p>extração, seu</p><p>e</p><p>se expressou em várias manifestações.</p><p>O artista do período gótico assemelhava-se aos artesãos, e a</p><p>sociedade buscava em seus trabalhos o domínio das técnicas do</p><p>respectivo ofício.</p><p>Para Castenoul (1999), as principais características dos interiores</p><p>góticos são: predominância dos vazios sobre os cheios e da linha</p><p>vertical (pináculos e agulhas); simetria e impressão de força,</p><p>grandiosidade e delicadeza; estilo imponente por meio de um</p><p>heroísmo marcante; interior esplêndido, com iluminação ampla;</p><p>temática decorativa fundamentada em estátuas de santos, monstros,</p><p>animais (em gárgulas e arremates); janelas ogivais, rosáceas e</p><p>elementos retirados da natureza.</p><p>Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Catedra_de_Maximiano.jpg. Acesso em: 5</p><p>ago. 2016.</p><p>Figura 1.9 | Trono de Maximiano, entalhado com chapas de marfim</p><p>Exemplificando</p><p>Os móveis mais usados nesse período foram: cadeiras (em geral de</p><p>madeira, com espaldar alto, banquetas de ferro, com pés cruzados</p><p>e almofada); mesas (retangulares, cobertas com tapeçarias ou</p><p>poligonais pequenas, com um pé central); arcas e camas.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 29</p><p>As formas góticas dos arcos e linhas, que iam em direção ao alto,</p><p>pretendiam remeter ao encontro com Deus, ainda um resquício do</p><p>homem medieval, orientado pelo misticismo. Os móveis, em geral,</p><p>eram feitos de carvalho com entalhes inspirados na arquitetura.</p><p>Nesse período foi muito explorado o refinamento e o luxo, a</p><p>ourivesaria e esmaltes (transparentes ou translúcidos), que tiveram</p><p>grande participação, não somente ao culto religioso, mas no aspecto</p><p>civil também. Também se popularizou a pintura a óleo e a técnica do</p><p>vitral, explorando novamente a pintura de paisagem, que havia sido</p><p>esquecida desde o período da antiguidade.</p><p>Reflita</p><p>Você consegue perceber as principais características do estilo gótico?</p><p>Olhando ao seu redor, na sua cidade, você pode identificar esse</p><p>estilo em alguma igreja, uma janela, um pilar, um relógio ou outro</p><p>elemento?</p><p>Assimile</p><p>Na arte gótica, os móveis em</p><p>geral eram feitos de carvalho.</p><p>Podemos ver um exemplo na</p><p>Figura 1.10.</p><p>Fonte: http://www.institutoricardobrennand.org.</p><p>br/castelo/acervo_mob/mob_006.htm. Acesso</p><p>em: 5 ago. 2016.</p><p>Figura 1.10 | Armário de guarda,</p><p>exposto no Museu do Instituto</p><p>Ricardo Brennand</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário30</p><p>Período Renascentista (estilo italiano, francês e carolíneo)</p><p>O Renascimento foi aplicado à população europeia que se</p><p>desenvolveu entre 1300 e 1650. Para Proença (2001), indica que, a</p><p>partir do século XIV, houve na Europa um repentino reviver dos ideais</p><p>da cultura greco-romana. Nesse período ocorreram várias evoluções</p><p>e descobertas no campo da cultura, da arte e das ciências, superando</p><p>a herança clássica.</p><p>O estilo renascentista italiano incentivou o ideal de humanismo,</p><p>tornando-se o impulso do Renascimento, da valorização do homem</p><p>e da natureza. Na pintura, os artistas buscaram refletir a realidade,</p><p>submetida a uma beleza idealizada. Continha: ordem visual e formas</p><p>simétricas.</p><p>Desejava criar espaços compreensíveis de todos os ângulos</p><p>visuais, com equilíbrio das proporções na sua totalidade. Foi a busca</p><p>pela ordem e disciplina.</p><p>De acordo com Battistoni Filho (1987, p. 64), “as primeiras</p><p>características da arquitetura renascentista são: presença de coluna,</p><p>capitéis suspensos, cornijas salientes, janelas de dupla abertura</p><p>e altos-relevos”. Como esses monumentos artísticos eram vistos</p><p>pelas pessoas? Quais emoções eram provocadas nas pessoas ao</p><p>se depararem com tamanha perfeição e detalhamento dessas</p><p>construções? É algo para pensar e admirar!</p><p>Segundo Castenoul (1999), a madeira usada nos mobiliários foi a</p><p>nogueira, pintada ou encerada. Surgiu a “cassapanca”, tipo de arca</p><p>com encosto, braços e assento levantável e almofadas. Assim, esse</p><p>móvel tinha dupla finalidade, servindo como assento e como arca. Se</p><p>notarmos, há emprego da ergonomia, visto que houve preocupação</p><p>com a funcionalidade.</p><p>Apareceu a credenza, outro móvel da época: um aparador</p><p>baixo, com portas e gavetas, que era um mediador entre a arca e</p><p>o armário. Eram magníficas, com fachadas e pilastras separando as</p><p>portas. Algumas possuíam gavetas e portas. Tinham incrustações</p><p>de mármore, com muita variação de altura. Na Figura 1.11, a seguir,</p><p>pode-se verificar um mobiliário do estilo renascentista italiano.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 31</p><p>Fonte: Ducher (1992).</p><p>Figura 1.11 | Cadeiras e arcas</p><p>O estilo renascentista francês tomou o lugar dos italianos,</p><p>promovendo uma arte primorosa e inédita. Castenoul (1999)</p><p>relata que o renascimento francês foi marcado também por</p><p>folhagens espiraladas, cártulas (ornamentos feitos de papel, com</p><p>as extremidades enroladas, nas quais, ao centro, havia manuscritos</p><p>ou impressos), conchas, guirlandas, mascarão (um ornamento em</p><p>forma de máscara que enfeitava portas).</p><p>As técnicas mais utilizadas eram a talha em madeira; a</p><p>marchetaria geométrica; a pintura colorida; e as incrustações de</p><p>osso, marfim e nácar (madrepérola), inclusive em instrumentos</p><p>musicais. Eram utilizadas madeiras puras (ao natural), como o</p><p>ébano e o pau-santo (jacarandá), além de grãos finos para o</p><p>polimento. Como tecidos, aplicavam-se brocados, trançados e</p><p>couros repuxados e policromados. Com tantos detalhes, percebe-</p><p>se que o móvel deveria transmitir suntuosidade e elegância.</p><p>Nos móveis usavam folhagens, arabescos, cariátides (suporte</p><p>arquitetônico em forma de colunas ou pilastras, em geral esculpidas</p><p>como corpos femininos que suportavam na cabeça todo o peso</p><p>do entablamento e da cobertura de um templo), meandros, ovais,</p><p>palmitos, acantos e motivos naturalistas.</p><p>Os móveis utilizados nesse período renascentista francês foram:</p><p>cadeira, mesa, cama, escritório ou papeleira. Perguntamos a você,</p><p>caro aluno, como eram feitos esses móveis? Será que o processo</p><p>produtivo evoluiu nessa época?</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário32</p><p>O estilo carolíneo, conhecido também como Estilo Jacobino II</p><p>ou Stuart, representou um período de transição ao Barroco, entre</p><p>1660 e 1685. Castenoul (1999) descreve que, no estilo carolíneo, os</p><p>traços mais característicos da mobília passaram a ser: a esteirinha</p><p>de palha para os encostos e assentos, a voluta flamenga e as partes</p><p>altas das cadeiras em forma de escudo ou coroa. Explorava-se o</p><p>luxo, com móveis atapetados em veludo e brocado. Na Figura 1.12,</p><p>pode ser vista uma cadeira no modelo Jacobino II.</p><p>As mesas tinham pés torneados em espirais, e as cadeiras eram</p><p>retilíneas. Pela primeira vez, os sofás e cadeiras passam a ser usados</p><p>com “orelhas” laterais. Foram introduzidos nesse período os móveis</p><p>chineses e de laca. Os móveis tiveram uma influência oriental,</p><p>usavam na decoração arabescos e folhas de acanto. As cadeiras</p><p>e sofás possuíam espaldares torneados, com encosto e assento</p><p>de palhinha; pés imitando patas de animais, com sofisticados e</p><p>estranhos motivos; e espaldares ovalados ou em forma de escada.</p><p>Os armários tinham a parte superior com flores e arcos. Os enfeites</p><p>eram flores, espigas, borboletas e algas. Como acessórios havia os</p><p>relógios com pêndulo, surgindo, depois, os relógios de mesa e os</p><p>grandes relógios de pé ou carrilhão.</p><p>Fonte: http://www.sabelotodo.org/hogar/jacobino.html. Acesso em: 5 ago. 2016.</p><p>Figura 1.12 | Cadeira no modelo Jacobino II</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 33</p><p>Pesquise mais</p><p>Para conhecer um pouco mais sobre a arte bizantina e gótica,</p><p>assista ao vídeo:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=8emOlwpGQbE</p><p>Aluno, você já possui informações suficientes para opinar e</p><p>tem capacidade de gerar novas ideias no setor de mobiliários.</p><p>Com isso, poderá ter maior discernimento na hora de avaliar uma</p><p>estrutura ou um objeto e aumentar seu poder de atuação perante</p><p>o mercado de trabalho.</p><p>Sem medo de errar</p><p>Agora você já adquiriu muitas informações e poderá repassá-las</p><p>para Júlio, desenvolvendo de forma adequada o seu bar temático.</p><p>Portanto, a criação da mesa e da cadeira e a decoração</p><p>ao redor, no</p><p>estilo do Mobiliário Medieval e Renascentista, poderá ser proposta,</p><p>atingindo eficazmente seu público-alvo.</p><p>Para que isso aconteça, escolha um estilo dentro do Período</p><p>Medieval e Renascentista que favoreça a sua criatividade, como o</p><p>gótico, pois tem características bem marcantes, como predominância</p><p>dos vazios sobre os cheios e da linha vertical (pináculos e agulhas);</p><p>simetria e impressão de força, grandiosidade e delicadeza; temática</p><p>decorativa fundamentada em estátuas de santos, monstros, animais</p><p>(em gárgulas e arremates); janelas ogivais, rosáceas e elementos</p><p>retirados da natureza.</p><p>As cadeiras podem ser de madeira, com espaldar alto e banquetas</p><p>de ferro, com pés cruzados e almofada. Quanto às mesas, podem</p><p>ser retangulares, cobertas com tapeçarias ou poligonais pequenas,</p><p>com um pé central. Os materiais e os acabamentos podem ser</p><p>feitos em carvalho e com entalhes. A aplicação da ergonomia faz-se</p><p>importante, pois é necessário ter conforto ao se sentar, ao estar em</p><p>contato com o mobiliário.</p><p>Sendo assim, os principais aspectos a serem considerados no</p><p>mobiliário em questão devem ser: suas formas simétricas, linhas</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário34</p><p>empregadas nos mobiliários, os materiais e acabamentos a serem</p><p>executados. Pois é imprescindível que esteja em consonância com</p><p>as principais características do estilo gótico, considerando que os</p><p>móveis em questão deverão segui-lo.</p><p>Arquitetura e o patrimônio de fachadas</p><p>Descrição da situação-problema</p><p>O site “Arquitetura e o patrimônio de fachadas” fornece dados</p><p>sobre os diferentes períodos, desde a antiguidade até o momento</p><p>atual. Ele indica as principais características, com fotos e palavras-</p><p>chave sobre os estilos. Além disso, tira dúvidas das pessoas que os</p><p>contatam, respondendo aos questionamentos em poucos dias.</p><p>No entanto, o site precisa de ajustes e novas imagens e, também,</p><p>de conteúdos que melhorem o entendimento e discernimento dos</p><p>períodos e estilos. Pois perceberam que têm ocorrido reclamações</p><p>por parte do público e clientes, alegando dificuldade em discernir</p><p>corretamente os estilos que ali são expostos.</p><p>Sendo assim, a equipe administrativa está em busca de</p><p>profissionais que possam contribuir com essa tarefa. Para que, dessa</p><p>forma, atinjam de maneira eficiente seus usuários. Você foi escolhido</p><p>para ajudá-los! Para isso, precisará conhecer o site da empresa de</p><p>perto e redefinir as prioridades estilísticas dos mobiliários que deseja</p><p>expor, assim como melhorar a performance comercial deles.</p><p>Então, pondere: o que precisa ser feito na primeira etapa? Que</p><p>profissionais convém contratar? Que materiais estarão expostos</p><p>no site? Qual tipo de mobiliário eles trabalham: mesa, cadeira,</p><p>Atenção</p><p>Nessa etapa, muitos podem se confundir com os estilos e períodos,</p><p>então pense qual seria a melhor maneira de compreendê-los?</p><p>Organize-se, coloque em prática as ferramentas que aprendeu</p><p>na Seção 1.1, sobre como pesquisar. Use também o bom senso,</p><p>procurando relacionar cada período e estilo com imagens</p><p>pertencentes a ele. Assim, ficará mais fácil. Prepare sua apresentação</p><p>em um arquivo PowerPoint, e boa sorte! Leve também alguns</p><p>exemplos impressos, que possam ser distribuídos no evento.</p><p>Avançando na prática</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 35</p><p>sofá, fachadas e arquiteturas ou outros itens? Em que ordem serão</p><p>postados esses temas no site? Como tornar didáticas e atraentes</p><p>as imagens do site? A partir desses questionamentos, será possível</p><p>resolver a questão. Portanto, primeiramente é necessário saber</p><p>quais elementos serão trabalhados, verificar no site a linha que eles</p><p>pretendem seguir.</p><p>Lembre-se</p><p>Você se lembra dos estilos estudados? É importante realizar um</p><p>aprofundamento sobre os estilos que você deverá analisar. Isso o</p><p>ajudará a identificar de forma mais eficaz as arquiteturas e fachadas da</p><p>sua cidade e elaborar critérios estéticos e conceituais que facilitarão</p><p>na visualização e no aprendizado das figuras.</p><p>Resolução da situação-problema</p><p>Para a resolução dessa problemática, a equipe administrativa</p><p>contratou um grupo eficiente de profissionais, e você pode</p><p>contribuir de maneira efetiva propondo as seguintes diretrizes:</p><p>primeiramente, você deverá fazer uma reunião com os dirigentes</p><p>do projeto e seus participantes, definir quais estilos serão abordados</p><p>e o processo evolutivo que será usado. Os profissionais que serão</p><p>contratados devem ser da área de arquitetura e design de interiores,</p><p>pois poderão contribuir de maneira eficaz para o projeto.</p><p>Também, será preciso definir os materiais que serão expostos</p><p>no site: as mesas e as cadeiras. Além disso, deve-se adotar uma</p><p>linha de raciocínio: seguir evolução histórica do tipo de mobiliário,</p><p>devendo ser postado no site conforme sua evolução no tempo.</p><p>Por exemplo, é possível selecionar todos os tipos de mesas e de</p><p>cadeiras e explicar o design de cada um deles, falar da forma,</p><p>dos materiais usados e de outros elementos pertencentes ao</p><p>mobiliário. Portanto, haverá necessidade de deixar esse assunto</p><p>muito bem definido. Uma vez feito isso, todo o restante fluirá de</p><p>modo natural e adequado.</p><p>Outro item a ser considerado é o modo como o layout dessa</p><p>página funcionará juntamente com os mobiliários anexados, que</p><p>devem ser didáticos; portanto, é necessário facilitar a visualização</p><p>dos produtos rapidamente e possibilitar de forma simples a</p><p>detecção do estilo e o período a que pertencem. Assim, utilizar</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário36</p><p>uma estrutura que propicie essa organização levando em conta o</p><p>contraste de cores e boa legibilidade da fonte é fundamental para</p><p>o sucesso e atratividade do site.</p><p>Com essas premissas alcançadas, será possível realizar as</p><p>melhorias desejadas e aumentar o número de pessoas acessando</p><p>e curtindo a página do site. Assim, pode-se garantir maior nível de</p><p>satisfação e garantia de sucesso perante o mercado mobiliário.</p><p>Faça você mesmo</p><p>Destaque os principais conteúdos que você assimilou nesta seção,</p><p>depois, relacione-os ao uso do espaço e mobiliário utilizado na</p><p>época com o período atual. Apresente dois exemplos e justifique sua</p><p>resposta. Para ajudá-lo, entre no endereço disponível em: http://</p><p>arquiteturadeinteriores.weebly.com/uploads/3/0/2/6/3026071/</p><p>utfpr_apostila.pdf. (Acesso em: 10 nov. 2016). Nele, você terá acesso</p><p>a uma apostila elaborada pela UTFPR que possui conteúdos valiosos</p><p>para sua leitura e trabalho referente à “História do mobiliário e da</p><p>decoração”, do professor Antônio Castenoul.</p><p>Faça valer a pena</p><p>1. Nos mobiliários góticos, várias formas e madeiras foram utilizadas,</p><p>porém, qual madeira foi mais usada/característica?</p><p>a) Eucalipto.</p><p>b) Peroba.</p><p>c) Jatobá.</p><p>d) Carvalho.</p><p>e) Pinus.</p><p>2. A arte do estilo bizantino viveu o seu apogeu no século VI e teve</p><p>influências de Roma, da Grécia e do Oriente, fazendo com que se</p><p>impulsionasse a criação de um novo estilo, cheio de técnica e de cor.</p><p>Essa arte era inspirada principalmente em quê?</p><p>a) No progresso político.</p><p>b) Na arte libanesa.</p><p>c) Na religião.</p><p>d) Na música judaica.</p><p>e) Na culinária.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 37</p><p>3. Leia a frase a seguir:</p><p>“No estilo românico, o uso das abóbodas na arquitetura transmitia</p><p>sensação de e ”.</p><p>De acordo com a frase apresentada, qual alternativa completa as lacunas</p><p>corretamente?</p><p>a) Durabilidade e conforto.</p><p>b) Instabilidade e conforto.</p><p>c) Estrutura e instabilidade.</p><p>d) Luxúria e persuasão.</p><p>e) Graciosidade e tempestividade.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário38</p><p>Seção 1.3</p><p>Mobiliário barroco</p><p>Caro aluno, estamos na Seção 1.3 e abordaremos o Mobiliário</p><p>Barroco. Anteriormente, você estudou os diferentes estilos do design</p><p>de mobiliário na antiguidade, depois, de outros períodos, como</p><p>o Medieval e o Renascentista. Dessa forma, cada vez mais temos</p><p>agregado conteúdos importantes para sua formação profissional.</p><p>Para esta seção, vamos dar continuidade ao nosso trabalho,</p><p>iniciando uma nova atividade. Júlio quer montar</p><p>um bar temático,</p><p>com diversas alas pertencentes a períodos diferentes do mobiliário,</p><p>que seja acolhedor e original, e no qual os clientes possam fazer</p><p>suas refeições admirando o espaço cultural. Porém, Júlio ainda</p><p>está indeciso sobre os elementos que deverão conter o ambiente</p><p>específico do bar. Anteriormente, trabalhou-se a cadeira, mesa e</p><p>enfeites, mas desta vez veio a ideia é fazer algo que chame a atenção</p><p>na entrada do estabelecimento, como um “mosaico”. No entanto,</p><p>para que isso ocorra, Júlio ainda precisa conhecer outros estilos dos</p><p>períodos do mobiliário na história da arte.</p><p>E, como designer, sua missão será a de desenvolver um mosaico</p><p>inspirado no barroco. Mas, para isso, que atitudes você empregará</p><p>para chegar a esse resultado na decoração do restaurante de</p><p>Júlio? Quais estilos do barroco ficariam mais atraentes à proposta</p><p>do bar temático? Que imagens serão exploradas no mosaico?</p><p>Quais mobiliários farão parte do conjunto? Para isso, você deverá</p><p>compreender de forma adequada cada seção estudada e seus</p><p>estilos, inclusive esta. Além disso, é importante definir quais estilos do</p><p>Período Barroco Júlio preferirá empregar no seu estabelecimento.</p><p>É isso que vamos fazer nessa nova etapa: vamos pensar</p><p>juntamente com Júlio como o Período Barroco pode contribuir</p><p>para este estudo. A decoração do restaurante vai determinar a</p><p>personalidade do estabelecimento e, dessa forma, garantir um</p><p>determinado público-alvo. É necessário, portanto, verificar a</p><p>utilização e decoração dos ambientes.</p><p>Diálogo aberto</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 39</p><p>No Período Barroco, estão presentes os seguintes estilos:</p><p>italiano, luíses franceses (XIII, XIV, XV, XVI), regência, Queen Anne,</p><p>georgiano, rococó e churrigueresco; o período surgiu no final do</p><p>século XVI e meados do século XVIII, na Itália. O Barroco foi avaliado</p><p>como um estilo referente ao Absolutismo e à Contrarreforma,</p><p>diferenciando-se pelo luxo exuberante. Ele englobou diversos</p><p>estilos, porém abordaremos os mais importantes: estilos rococó</p><p>e luíses franceses: XIII, XIV, XV, XVI.</p><p>O Barroco constituiu-se de uma evolução do Renascimento,</p><p>sendo que os dois movimentos participaram de um profundo</p><p>interesse pela arte da Antiguidade Clássica, embora com</p><p>concepções diferentes. Percebe-se que no Período Renascentista</p><p>as temáticas abordadas enfatizavam qualidades de prudência e</p><p>equilíbrio, economia formal, rigidez e harmonia.</p><p>Já no Período Barroco, os temas eram os mesmos, porém com</p><p>maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior ênfase ao drama,</p><p>exuberância, realismo e uma tendência ao decorativo, além de</p><p>um contraditório entre o gosto pela materialidade abastada e as</p><p>demandas de uma vida espiritual.</p><p>Para muitos estudiosos, o Barroco estabeleceu não apenas</p><p>um estilo artístico, mas todo um histórico e um movimento</p><p>sociocultural, no qual se criaram novos modos para perceber</p><p>o mundo, o homem e Deus. O estilo barroco possuía grande</p><p>admiração e respeito pela Antiguidade Clássica, assim como um</p><p>enorme desejo de superá-la com novas ideias e criações originais.</p><p>Segundo Battistoni (1987), barroco vem de barrueco (espanhol),</p><p>que significa um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa.</p><p>Ele descreve que os artistas do Renascimento procuravam a</p><p>harmonia, enquanto os do Barroco, a emoção.</p><p>As grandes características do Período Barroco foram: uso de</p><p>recursos ilusionistas, utilizando a perspectiva arquitetônica, com</p><p>tetos e paredes que dão sensação de amplitude. Também era</p><p>utilizado o contraste de luz e sombra, provocando ao máximo a</p><p>emoção, o drama. Segundo Battistoni (1987, p. 74), “Ao barroco,</p><p>como estilo artístico vinculam-se diretamente acontecimentos</p><p>históricos, religiosos, econômicos e sociais de grande importância</p><p>Não pode faltar</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário40</p><p>para a história da humanidade”. E mais: "a cultura barroca serviu</p><p>de idealismo da burguesia, manipulando a opinião pública através</p><p>de vários artifícios visíveis nas artes plásticas, no teatro e nas festas</p><p>religiosas”.</p><p>O estilo rococó, segundo Proença (2001), originou-se da palavra</p><p>rocaille (concha) e teve um estilo decorativo bem espontâneo.</p><p>Segundo Ducher (1992), o Rococó surgiu na França com o Estilo</p><p>Luís XV, sendo suas principais características: rocaille (caracterizado</p><p>pela fantasia de linhas contornadas e de ornamentos representando</p><p>grutas, rochas e conchas), um estilo exagerado e assimétrico; e</p><p>cártula (papel, documento): formas arredondadas e assimétricas,</p><p>bordados bem recortados, rendilhados. Consistiam de uma escrita</p><p>leve e uma arte de superfície voltada à ornamentação interior.</p><p>Muitas curvas e contracurvas, rupturas, exagerados enrolamentos</p><p>díspares sobre o tema rocaille.</p><p>Exemplificando</p><p>Caro aluno, observe os detalhes e ornamentos desta poltrona, do</p><p>período rococó.</p><p>Na Figura 1.13, observam-se as principais características do estilo Luís</p><p>XIII, ainda com influências do Barroco, transmitindo grandiosidade e</p><p>elegância.</p><p>Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Rococ%C3%B3#/media/File:Fransk_rokokosoffa,_Nordisk_familjebok.</p><p>png. Acesso em: 10 nov. 2016.</p><p>Figura 1.13 | Divã do período rococó</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 41</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_Lu%C3%ADs_XIII#/media/File:Clermont_1.JPG. Acesso em:</p><p>27 jul. 2016.</p><p>Figura 1.14 | O château de Clermont (1643-1649), em Cellier (Loire-Atlantique),</p><p>fornece as principais características de Luís XIII</p><p>Lareiras, almofadas de portas, molduras de quadros e</p><p>de espelhos desaparecem então sob a exuberância dos</p><p>recortes sinuosos, das ondulações, das espirais e dos</p><p>entrelaçamentos tirados da concha e das formas vegetais,</p><p>que se destacam em relevo dourado ou prateado sobre</p><p>fundos brancos ou claros. (DUCHER, 1992, p. 152)</p><p>O rococó foi considerado uma arte fina e elegante. Procurava</p><p>inspiração em momentos agradáveis e prazerosos. Para Proença</p><p>(2001), essa arte revela-se: requintada, aristocrática e convencional.</p><p>Foi uma arte que pensou em transmitir coisas boas, positivas, em</p><p>sentimentos agradáveis, dominando a técnica com uma execução</p><p>perfeita.</p><p>Castenoul (1999, p. 138), afirma que “o Estilo Rococó tinha</p><p>horror pela linha reta, usando muito grinaldas contorcidas,</p><p>conchas, folhagens e marchetaria, que, por influência holandesa,</p><p>compunha grandes centros com flores, frutas e assuntos pastoris”.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário42</p><p>Quanto aos estilos luíses franceses, sempre que havia</p><p>renovação dos reis, um estilo novo surgia, afinal, mudavam a</p><p>decoração, os móveis, os tecidos, as estruturas, as cores, entre</p><p>outros elementos. E cada novo monarca impunha seu nome ao</p><p>novo estilo.</p><p>Segundo Castenoul (1999), os estilos luíses franceses criaram</p><p>móveis chamativos, mas pouco confortáveis, pois tinham o intuito</p><p>apenas de transmitir luxuosidade. Móveis em linhas retas carregadas</p><p>de ornamentos apresentavam pés em forma de S alongado. No final</p><p>do período, eles passaram a ser arrematados por um disco, taco ou</p><p>voluta, ou também se apresentaram simples e sem nenhum outro</p><p>arremate.</p><p>O autor ainda relata que se usou também muita marchetaria,</p><p>normalmente com materiais como o bronze, o nácar, o ouro, a</p><p>prata e o cobre. Os assentos eram brocados, adamascados, em</p><p>cetins, veludos ou tapeçarias. Os acessórios eram, geralmente,</p><p>castiçais e candelabros de cristal, porcelanas chinesas e objetos de</p><p>metais nobres, como ouro e prata.</p><p>O estilo Luís XIII surgiu no século XVII, no final da Renascença.</p><p>De acordo com Castenoul (1999, p. 91), “era um estilo frio,</p><p>sóbrio e desprovido de riqueza imaginativa, reflexo da vida severa</p><p>desta época”. Ainda carregavam algumas influências do Período</p><p>Renascentista, como as guirlandas, cariátides, entalhes das peças,</p><p>que tinham incrustações de pedras ou marfim, madrepérola e</p><p>metais.</p><p>O couro gravado ou estampado substituía as ricas telas de</p><p>tapeçaria, dando um tom mais aconchegante ao produto. Os</p><p>dormitórios eram normalmente sem muitos móveis, porém com</p><p>elegantes detalhes.</p><p>Reflita</p><p>É possível perceber como</p><p>os estilos mudavam nos mobiliários?</p><p>Percebe-se que a inspiração vinha de momentos da época ou de</p><p>cada novo reinado, um desejo de modificar, de alterar o ambiente, os</p><p>estilos e tudo à sua volta.</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 43</p><p>No mobiliário, as madeiras maciças como a nogueira e o ébano</p><p>foram muito usadas; já nos móveis rústicos, o pinheiro. A seguir, na</p><p>Figura 1.15, é possível visualizar um móvel com essas características.</p><p>Apareceram três novas técnicas: placas de ébano esculpidas</p><p>em baixo-relevo; incrustações de madeiras coloridas ou de folhas</p><p>de mármore. Nos assentos, a madeira torneada adotava a forma</p><p>dos montantes, dos pés, dos suportes dos braços e das travessas</p><p>em forma de H. Entre os tipos de pernas dos móveis Luís XIII,</p><p>distinguiam-se as formas em rosário e espiral.</p><p>Castenoul (1999, p. 93) relata que nesse estilo a cadeira de</p><p>braços, com o tempo, modificou-se em “poltronas” e possuía</p><p>assento retangular baixo, a uma altura de 45 cm do chão; espaldar</p><p>reto, baixo e largo; braços retilíneos, perpendiculares ao espaldar;</p><p>hastes dos pés em forma de H; e pés pouco decorados, da mesma</p><p>maneira que as traves de sustentação.</p><p>As cadeiras eram no mesmo estilo da anterior, a diferença</p><p>somente é que não tinham braços. Os assentos eram quadrados,</p><p>pouco espaçosos e os encostos eram altos. Reapareceram</p><p>também os braços em cruz e curvos. Em ambas as cadeiras, muito</p><p>bem ornamentadas, usaram-se couros, tecidos bordados, listras,</p><p>flores, frutas, franjas soltas ou com nós, desenhos impressos ou</p><p>pintados, entre outros.</p><p>Ducher (1992) diz que no mobiliário usaram-se muito papeleiras</p><p>(com colunas, frontões, pilastras, balaústres e nichos); armários</p><p>Fonte: Ducher (1992).</p><p>Figura 1.15 | Papeleira (Castelo de Fontainebleau)</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário44</p><p>(suas almofadas quadradas ou retangulares, muitas com pontas de</p><p>diamante – decoração rica de jogos luminosos e plásticos); mesas</p><p>(quadradas ou retangulares, deixam de ser móveis e passam a ser</p><p>fixas); assentos (madeira torneada: dos pés, braços de apoio e</p><p>pernas da cadeira e das travessas em forma de H, sob Luís XIII).</p><p>As poltronas possuíam espaldar (encosto) alto, o apoio dos</p><p>braços se curvam e as “cadeiras de braço”, em si, possuem</p><p>ornamento em couro ou de tecido.</p><p>Já o Estilo Luís XIV satisfez um mobiliário maciço com</p><p>ornamentação grandiosa, desenvolveu o uso de móveis e cadeiras</p><p>esculpidos e dourados.</p><p>Segundo Ducher (1992, p. 132), "as poltronas tinham pés em</p><p>soco (quadrangulares e afinados embaixo, ou “em balaústre”). A</p><p>travessa em H, herdada do Estilo Luís XIII, evoluiu aos poucos para</p><p>uma forma em X. Os braços, em geral arqueados, terminavam em</p><p>ponta encurvada ou em voluta. A etiqueta favorecia o aparecimento</p><p>de inúmeros ployants (cadeiras dobráveis) e placets (tamboretes),</p><p>às vezes também enriquecidos de esculturas”.</p><p>As mesas possuíam as mesmas características das poltronas,</p><p>com uma elegante decoração esculpida. Também surgiram os</p><p>móveis de dois corpos, mais flexíveis, com almofadas que se</p><p>curvam na parte inferior ou nas duas extremidades e complicam-</p><p>se com ressaltos ou chanfraduras nos ângulos.</p><p>O mobiliário tinha tamanhos grandes, simétricos, transmitindo</p><p>bastante opulência e, mesmo com uma decoração suntuosa, tinha</p><p>caráter masculino. Na estrutura dos móveis, possuíam formas</p><p>retas, as curvas eram severas e dignas.</p><p>Além dos móveis já conhecidos do estilo, surgiram outras</p><p>opções, como: secretária, medalheiro (para guardar as joias e</p><p>preciosidades), cômoda (no estilo Boulle – três gavetas e tampo</p><p>de mármore), canapé (semelhante a um sofá), console (estreito e</p><p>encostado na parede) e armários-bibliotecas.</p><p>O estilo Luís XV, o primeiro estilo Luis XV de acordo com Ducher</p><p>(1992), é reconhecido pelo uso de formas curvas e contracurvas,</p><p>pela sinuosidade e ondulações das linhas, bem como a tendência</p><p>de suprimir as ordens clássicas. O segundo estilo ficou registrado</p><p>pela circunspecção da ornamentação e pela volta das ordenações</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 45</p><p>da época Luís XIV e uma cópia perfeita da antiguidade, que acabaria</p><p>no “Neoclassicismo”. Para Castenoul (1999), o reinado de Luis XV,</p><p>também chamado de estilo Pompadour (Madame de Pompadour,</p><p>favorita do rei), era um estilo rico e elegante, que definia a Corte</p><p>francesa da época, apontada pela frivolidade. A linha foi abolida e</p><p>tudo passou a ser torneado, ondulado e entalhado.</p><p>Características de identificação próprias desse estilo foram:</p><p>forma curva, suave, material (madeira natural ou pintada de</p><p>dourado), entalhes de desenhos nas madeiras, feitos em mármore,</p><p>bronze ou madrepérola. Para acabamento, podiam usar laca</p><p>ou verniz. A pintura usava o exotismo das singeries (desenhos</p><p>com macacos) e chinoiseries (imitação ou prenunciação dos</p><p>estilos chineses na arte ou na arquitetura ocidentais). Todos os</p><p>móveis possuíam pernas finas, com linha curva em forma de S,</p><p>normalmente finalizadas em metal (bronze ou cobre) trabalhado.</p><p>Em geral, as cadeiras, poltronas e sofás tinham encosto e assento</p><p>forrado de seda com emprego de flores ou folhas que repetiam</p><p>o mesmo motivo dos outros móveis. Criaram móveis pequenos</p><p>e para vários fins, como: toucadores (mesas com espelho);</p><p>cômodas (com ausência de traves horizontais); secretárias com</p><p>várias gavetas e compartimentos; mesas pequenas para escrever,</p><p>jogar, costurar etc.; assentos estofados para diferentes funções,</p><p>como: pentear cabelo, para sentar duas pessoas, para sentar em</p><p>frente à lareira, entre outros.</p><p>O estilo Luís XVI provém da mistura de outros, conjuga nas</p><p>suas peças muitos elementos opostos, com um visual marcante</p><p>e próprio. Referente ao mobiliário, suas principais características</p><p>foram:</p><p>• Uso dos mesmos materiais do estilo anterior, surgindo,</p><p>ao final do período, o mogno. Usam-se ainda os bronzes</p><p>(dourado fosco).</p><p>• Simplicidade, reserva e austeridade. Formas geométricas,</p><p>ângulos retos e superfícies planas.</p><p>• Nos objetos de decoração, utilizam terrinas, medalhões,</p><p>formas ovais, grinaldas. Estes, muitas vezes, são mesclados</p><p>com temas da natureza, entre outros.</p><p>• Havia dois tipos de troféus: os do amor, coroas de rosas,</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário46</p><p>tochas inflamadas e os atributos rústicos, instrumentos</p><p>aratórios (que pertenceram à agricultura e à lavoura,</p><p>especialmente ao arado, cesto de vime, entre outros).</p><p>• Os arabescos continuaram sendo usados, devido ao</p><p>sucesso das pinturas de Pompéia e dos grutescos da</p><p>Antiguidade e do Renascimento.</p><p>• Nos mobiliários surgiram também sistemas mecanizados</p><p>para as mais diversas funções.</p><p>Para Castenoul (1999), o estilo Luís XVI foi um retorno ao</p><p>antigo, porém visto com um novo olhar: voltado para as ruínas de</p><p>Herculano e de Pompéia, revelação da arte grega, após viagem</p><p>de estudos realizada por um grupo de artistas, pela Grécia e Ásia</p><p>Menor.</p><p>Para fugir da solidez exagerada das linhas, a maior parte</p><p>dos móveis possuíam os cantos facetados, feitos de mogno,</p><p>envernizados ou encerados. Outras opções eram a utilização das</p><p>pinturas ou laqueados em cores claras, como branco, cinza, verde,</p><p>rosa e lilás, com filetes dourados nos desenhos ou molduras.</p><p>Teve uma decoração mais neutra, inspirada no antigo, em</p><p>formas delicadas. Segundo Ducher (1992), usaram bastantes</p><p>apliques, com formas curvas e guirlandas.</p><p>Assimile</p><p>Uma das evoluções nos mobiliários estilo luíses foi o surgimento</p><p>de sistemas mecanizados para as mais diversas funções. Mesas</p><p>começaram a ter gavetas e compartimentos.</p><p>Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:C%C3%B3moda_de_%C3%A9poca_Luis_XVI_-_</p><p>Ferdinand_Bury.jpg. Acesso em: 27 jul. 2016.</p><p>Figura 1.16 | Cômoda estilo Luís XVI</p><p>U1 - Estilos históricos do mobiliário 47</p><p>Usaram muitos desenhos em forma de guirlanda, como mostra a</p><p>Figura 1.17. Geralmente, continham folhas de loureiro ou oliveira, que</p><p>se encontravam pequenininhas, reunidas em guirlandas. Arabescos</p><p>também continuaram a ser usados.</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_Lu%C3%ADs_XVI#/media/File:A_Sofa_En_Suite.jpg.</p>
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